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CAPÍTULO V. ANÁLISE DOS RESULTADOS

5.1 Caracterização geral dos Professores da EJA

5.1.4 Formação Continuada

Habitualmente, e os dados recolhidos demonstram isso, encontramos educadores que não priorizaram suas formações, interromperam-nas devido a múltiplas causas, a maior delas o não oferecimento por parte da escola ou da SEDUC dessas formações, como podemos observar pelas respostas que favorecem essa justificativa, quando perguntados “porque não realizam formação para EJA”, entre várias respostas, aquela em que “a instituição não oferece” ganhou destaque nos inquéritos das quatro escolas e 18 educadores definiram sua falta de formação através dessa justificativa (Tabela 23).

SE NÃO REALIZA FORMAÇÃO DIRECIONADA PARA EJA ENSINO MÉDIO PORQUE NÃO O FAZ

A B C D TOTAL

Falta oportunidade 6 1 1 - 8

Nunca informaram 2 - - - 2

Não tive conhecimento - 1 - - 1

A instituição não ofereceu 10 3 1 4 18

69

Falta tempo 1 - 1 - 2

Excesso trabalho e pouca oferta de formação 1 - - - 1

Ainda tenho esperança 1 - - - 1

Falta tempo e oportunidade 4 - - - 4

Faltou tempo e formação na região - 2 - - 2

Comodismo e falta incentivo - 1 - - 1

Excesso trabalho e faltou oferta - 1 - - 1

Excesso de trabalho e falta oportunidade - - - 1 1

Falta curso específico p formação em EJA - 1 - - 1

Faltam rec. financeiros e suporte pedagógico - - - 1 1

Não informou 16 13 5 3 37

TOTAL 41 24 8 9 82

Tabela 23-Razões para a não realização de formação para EJA

Nesse contexto, prosseguiram no magistério, inventando, improvisando aquilo que consideram saberes e que lhes permite avaliar, aferir, ponderar sobre o conhecimento internalizado de seus educandos a partir de suas práticas. Há que enfatizar que a EJA ainda não

“[...] possui especificidade que requer um profissional preparado para o exercício da função. As concepções de EJA variam dependendo do lugar em que ela é oferecida. Enquanto há lugares que se baseiam na idéia de que “qualquer pessoa pode ensinar para jovens e adultos”, há outros que enxergam a habilitação como um requisito essencial e outros, ainda, que concebem a que a formação inicial, apesar de seu valor não é preponderante para o trabalho”. (Soares L. , O educador de jovens e adultos e sua formação., 2008, p. 96)

Em razão disso, dessa inconstância nas concepções da modalidade, e a não exigência de um profissional voltado para os processos formativos da EJA, é recorrente no quadro docente, elementos que não contribuem para a configuração de novas iniciativas para a formação. A preocupação em reconhecer o profissional da EJA em sua especificidade e próximo das exigências pedagógicas da modalidade, foi preocupação na elaboração dos inquéritos.

As experiências formativas, sejam elas contínuas ou não, permeiam propostas deste estudo. Indicar o perfil dos educadores no que se refere à suas experiências de estudo, dentro da estrutura de formação implantada ou não pelas instituições ou órgãos públicos, permite responder as questões relacionadas no objetivo da investigação.

As particularidades das primeiras habilitações já informadas no início das análises, evidenciam restrições na constituição de espaços formativos para os educadores. As informações dos inquiridos mostram, que mais da metade do total das quatro escolas nunca realizaram formações específicas para EJA, 14 realizam de 2 em 2 anos e uma minoria menos que dois anos. Não existe assim, uma preocupação com a formação mais contínua. As formações informadas foram adquiridas pela SEDUC ou através de cursos, seminários, conselhos comunitáriose outros.

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Se para alguns a formação mesmo que em períodos intervalares longos, ocorreu, como no caso de formações de 2 em 2 anos, para outros, inúmeras justificativas indicam que os docentes não estão/são estimulados a estudar, que não há preocupação do educador em aperfeiçoar-se epistemologicamente no âmbito profissional, isso podemos deduzir a partir das várias justificativas: “Falta oportunidade, Nunca informaram, Não tive conhecimento, Desconheço oferta do governo, Falta tempo, Excesso de trabalho e pouca oferta de formação, Ainda tenho esperança, Comodismo e falta incentivo, Excesso de trabalho e falta oportunidade, Falta curso específico para formação em EJA, Faltam recursos financeiros e suporte pedagógico, A instituição não ofereceu” esta última, de um universo de 82 educadores, 18 responderam que não há apoio das instituições no âmbito de formações continuadas direcionadas a EJA.

Podemos deduzir também, que não há investimentos para uma formação continuada, proveniente de políticas públicas, para superar as fragilidades dos educadores, sejam elas didático-pedagógicas e outras de toda ordem, desde financeira até pessoal, visto que esta superação pode significar a ruptura da inércia, nas práticas educativas da modalidade, que requer uma epistemologia mais reflexiva dentro da práxis educacional.

No entanto, a valorização profissional passa também pelo compromisso pessoal, como lembra Alentejano (2011, p. 57) ao citar Freire. “O professor que não leve a sério sua formação, que não estude, que não se esforce para estar à altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as atividades em classe” (Freire, 1978, p. 103).

Assim a cooperação do educador o insere em suas próprias experiências de formação, visto que ninguém pode viver a experiência do outro. A partida para a formação então, está condicionada a elementos subjetivos, que permitem dar sentido ao movimento da própria história, e em segundo plano a história na qual está inserido e da qual faz parte.

Em análise destaca-se também a preferência dos educadores quando perguntados “Por que razões trabalham na EJA como professor”. A maioria dos educadores de três escolas foram unânimes em afirmar duas razões: carga horária disponível e complementação de carga horária (Tabela 24) Essas duas razões constroem regras que possibilita aos educadores, apenas estarem ministrando suas aulas na EJA, por um motivo que os condiciona a isso e os exime de qualquer esforço para desvelar a realidade presente no diálogo educador-educando.

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RAZÕES QUE TRABALHA NA EJA COMO PROFESSOR

A B C D TOTA

L

Carga horária disponível 7 7 2 1 17

Identificação com EJA 4 1 1 6

Necessidade da escola 5 5

Determinação gestores 1 1

Gosto de trabalhar com educação de adultos 1 1

Compatibilidade de horário 1 1

Gosto e necessito 1 1

Por serem turmas rejeitadas pelos colegas 1 1

Interesso-me em ensinar pessoas com dificuldades 1 1

Oportunidade de trabalho 1 1

Não há razão, sinto-me útil 1 1

Falta opção 1 1

Complementação de carga horária 8 3 2 1 14

Acho necessária a formação de adultos 1 1

Não informou 7 4 1 1 13

Por gostar e estar disponível 2 1 3

Compromisso 1 1

Afinidade e carga horária disponível 2 2

Alunos são mais interessados 1 1

Atende financeiramente e porque gosto 1 1

Não tinha outro profissional para assumir a carga horária

2 2

Porque a disciplina faz parte da EJA 1 1

Devido a dificuldade dos alunos 1 1

Desenvolver disciplina de atuação 1 1

Faz parte da grade curricular 1 1

Gosto da profissão e adquiro experiência 1 1

Necessidade minha, da escola e do aluno 1 1

Lotação 1 1

TOTAL 41 24 8 9 82

Tabela 24– Razões para trabalhar na EJA como professor

Diante disso, permanecer na EJA, apenas pela carga horária disponível ou para complementá-la, evidencia as experiências formativas e de mundo, que os educadores trazem consigo, justificadas por não se constituírem em saberes provenientes das formações (não) oferecidas pelas instituições de ensino, pela instituição em que trabalham ou porque dentro dessa especificidade da EJA, as habilidades necessárias não constituem para eles, a construção de sua profissionalidade e a conquista de novos saberes.

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