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Capítulo I – Enquadramento Teórico

3. Práticas de Inclusão

3.4. Formação de professores

Como tem vindo a ser destacado, a sala de aula é o local decisivo em termos de concretização de práticas educativas inclusivas. Muito dos sucessos ou insucessos parecem estar sujeitos, ao que vai acontecendo, no contexto das relações pedagógicas, em sala de aula, entre o professor e os alunos e vice-versa.

Tomar um posicionamento de crença ativa e profunda nos valores da inclusão, aceitando a diferença, é um dos primeiros passos para boas práticas inclusivas, pois, só assim é possível o professor conhecer os seus alunos, as suas dificuldades, potencialidades, podendo atender a todos os alunos com a aplicação de métodos de ensino específicos, dando a oportunidade de participação. Paralelamente, é necessário que revele uma postura pessoal de empenho, na procura de formação necessária para a intervenção junto dos alunos com NEE (que tiver em sala de aula) o que leva a um maior conhecimento das estratégias de ensino, estruturação, modificações ambientais, adaptações curriculares e apoios, de forma a permitir que todos os alunos, com e sem NEE, tenham sucesso (Rief & Heimburge, 2006). Neste sentido, o professor é considerado o elemento chave em qualquer mudança que possa ocorrer. Só haverá transformações se tivermos uma noção definida do que pretendemos mudar e como mudar (Fullan, 1993). Julga-se, portanto, que o sucesso vai depender do trabalho pedagógico do professor.

Atualmente, a procura de formação, parece ser inevitável, dado que os professores se deparam cada vez mais com alunos com NEE nas suas salas de aula. Inclusive, os resultados de uma investigação realizada por Stainback e Stainback (1999) revelam que, é fundamental que sejam disponibilizadas aos professores, oportunidades de atualização dos conhecimentos e das competências necessárias às práticas inclusivas, particularmente através do visionamento de filmes com conteúdo de incidência na temática das NEE em questão, participação em seminários e formações.

Práticas de inclusão de Alunos com Perturbação do espectro do Autismo no 1º Ciclo

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Deverá também haver o recurso a diálogos informais com profissionais com maior conhecimento sobre a questão, quer sobre as formas de conceber, quer sobre os modos de levar à prática. Um grande número de professores sente-se naturalmente inseguro, no momento de aceitar e de lidar pedagogicamente, com alunos com NEE, por um lado devido a ausência de formação inicial, e, por outro, devido a dificuldades de natureza metodológica relacionadas com a adaptação à gestão curricular e aos estilos e ritmos particulares de aprendizagem dos alunos.

Entende-se, então, que a formação tanto a nível das atitudes, como a nível dos saberes e dos saberes-fazer, é de grande importância, dado que constitui a via fundamental para promover nos professores atitudes de aceitação e competências de intervenção com Todos os alunos. Não é de todo fácil ajudar os professores a saberem lidar com a diversidade. Em nosso entender, a sua concretização é um processo moroso, e que nem sempre é linear como expõem os autores antes mencionados.

Desta forma, é importante desenvolver processos de formação contínua, que segundo Ribeiro (1993) consiste:

“[num] conjunto de atividades formativas de professores que vêm, na sequência da sua habilitação profissional inicial e do período de indução profissional (quando existe), e que visa o aperfeiçoamento dos seus conhecimentos, aptidões e atitudes profissionais em ordem à melhoria da qualidade da educação a proporcionar aos educandos”. (p. 10)

A sala de aula é um espaço, onde surgem, novos problemas cujas consequentes resoluções devem ser da responsabilidade direta dos profissionais ali envolvidos para o que, normalmente, necessitam da ajuda de mecanismos de formação contextualizada.

Acha-se, que a formação é um recurso indispensável para as práticas dos professores, mas também, não menos importante é a atitude face aos alunos com PEA, determinante do sucesso de todo o processo. Como evidenciam Stainback e Stainback (1990), não vale apena só a formação ou até mesmo a participação em seminários ou formações sobre métodos e técnicas de inclusão, se o professor não aceitar este ou aquele aluno na sua turma, devido à natureza especial da sua problemática.

Também alguns autores (Ferreira & Ferreira, 2004; Skliar, 2001; cit. por Dorziat, 2009) referem que o fato de a inclusão se dar num processo de imposição legal, pode criar barreira, gerando uma cultura de tolerância com os alunos com PEA, no interior da escola, sem envolver a comunidade escolar num processo de compromisso com o desenvolvimento social e académico destes alunos. Desta forma será pouco provável ocorrerem mudanças nas atitudes e atos pedagógicos, através da imposição legal.

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Face a este quadro de “imposição”, afigura-se então que, a forma mais apropriada para minimizar estes obstáculos é a presença e a cooperação do docente de EE e outros técnicos especialistas nas escolas. Partindo do princípio, que os mesmos possuem a formação necessária, para em termos de orientação, colaboração e cooperação, garantirem a gestão, do processo de atendimento aos alunos com NEE (Dorziat, 2009; Rodrigues-lima,2007).

Estes recursos especializados são elementos chave na construção de uma escola inclusiva e poderão, com os seus saberes e experiências, consubstanciarem um meio de formação orientado para as práticas de inclusão, nos locais onde exercem as suas funções. Rief e Heimburge (2006), afirmam que os professores do ER se mostram interessados em receber formação, de forma a atualizarem e a desenvolverem as suas aptidões. E realçam ainda que o trabalho de equipa constitui a base da forma como se deve trabalhar para promover a inclusão.

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ESTUDO EMPÍRICO – PRÁTICAS

DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM

PEA