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2 O TUTOR NO CONTEXTO DA EAD ,,

2.5 A FORMAÇÃO DO TUTOR

superiores responsáveis pela formação docente (dos quais se originam os tutores) não incluem em seus currículos disciplinas para a formação profissional específica para atuação na modalidade EaD. Abordagens genéricas e pouco específicas também são observadas na questão da formação específica, as quais se estendem às disciplinas optativas – problema ampliado já que apresentam carga horária reduzida na totalidade do curso.

Verificamos ainda que a EaD não configura na proposta curricular dos cursos de Pedagogia analisados como modalidade de ensino, que incluem apenas: Educação Infantil, Educação Especial, Educação de Jovens e Adultos e Contextos não-escolares. Esta configuração de modalidades de ensino se repete na proposta/grade das disciplinas obrigatórias e optativas.

Dentre os cursos de formação docente analisados, apenas o curso de Pedagogia oferece a disciplina Tecnologias como optativa. Os demais não fazem nenhuma menção a modalidade a distância. “A articulação com as novas tecnologias para mediação na educação científica não apareceu nas ementas de praticamente nenhum dos cursos analisados” (GATTI e BARRETO, 2009, p. 151).

Com base nas especificidades apontadas acima podemos iniciar um ensaio sobre a formação do tutor no contexto da EaD apresentado na próxima seção.

2.5 A FORMAÇÃO DO TUTOR

De acordo com a Resolução/CD/FNDE nº 8, de 30 de abril de 2010, art. 9º, para exercer atividades típicas de tutoria é exigida “formação de nível superior e experiência mínima de 1 (um) ano no magistério do ensino básico ou superior, ou ter formação pós-graduada, ou estar vinculado a programa de pós-graduação” (BRASIL, 2010, p.9, grifo nosso). Tomando este princípio como ponto de partida, todo tutor é professor, mesmo que sua atuação como tutor não lhe exija o trabalho de professor. O que se vem discutindo é de que formação/capacitação adicional este professor necessita para atuar na modalidade a distância.

A necessidade de se suprir a EaD com uma base teórica fez com que se desenvolvessem diferentes estudos e pesquisas sobre o que pode ser feito nesta

modalidade de ensino, posto que o avanço da tecnologia e do incentivo à ampliação da oferta – LDB, 1996 - passou a exigir maiores reflexões sobre o modelo de mediação utilizada bem como de suas possibilidades, seus impactos e resultados.

Nesse contexto, surgem as inquietações acerca da formação do tutor. A EaD não se limita ao uso correto e eficaz das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), principalmente quando acreditamos que o tutor deve ter grande capacidade de mediação. Podemos inferir que o tutor se qualifica na medida em que se apropria de diferentes instrumentos, metodologias e saberes, que possui as habilidades de partilhar, orientar e motivar, as quais poderão contribuir para o processo de mediação. Segundo Bruno “a mediação pedagógica é parte ou alicerce das relações co-construídas pela ação didática e deve promover encontros entre os sujeitos da aprendizagem” (BRUNO, 2007, p. 200). A autora argumenta que a mediação deve se constituir em uma ponte “entre o sujeito aprendente, o educador e a aprendizagem, o processo de mediação só terá sentido se promover encontros entre os envolvidos” (BRUNO, 2007, p. 200).

Sendo o tutor responsável pela condução do aluno ao encontro com a aprendizagem, Bruno (2007) defende que a mediação é carregada de intenções e Tavares complementa dizendo que

[...] é preciso que o docente-tutor tenha pleno entendimento sobre em quais bases epistemológicas está atuando, que concepção de educação defende e que sujeito pretende formar, pois esta compreensão influenciará de forma direta na interação tutor-aluno e sua relação com o conhecimento (TAVARES, 2011, p. 86).

Por compreendermos que o tutor necessita de conhecer bem o campo em que atua, corroboramos com a colocação de Tavares (2011). Assim, voltamos à questão geradora desta pesquisa: a UFJF tem institucionalizada uma política de formação do tutor que atuará na EAD?

A educação é um processo flexível, permanente, em que o saber está em constante (re)construção. A educação tem por objetivo promover o pleno desenvolvimento do estudante, tornando-o capaz de viver e conviver, de forma autônoma, com a pluralidade do mundo atual.

Para Luckesi “a educação dentro de uma sociedade não se manifesta como um fim em si mesma, mas sim como um instrumento de manutenção ou transformação social” (LUCKESI, 2004, p. 30-31). Assim, consideramos que a formação do tutor deve ser alicerçada em pressupostos, em conceitos que fundamentem e orientem sua prática.

A EaD rompeu com barreiras históricas de acesso à educação, contribuindo para melhorar o quadro de exclusão social, cultural e econômica de milhares de pessoas em todo o mundo e se mostrando como uma ferramenta eficaz no combate à discriminação, à exclusão e ao preconceito que decorrem da falta ou pouca escolaridade.

O educador Paulo Freire (1995), filósofo da educação, defendeu a educação como prática libertadora, como forma de proporcionar a autonomia do estudante, rompendo com a educação elitizada ao buscar uma escola para o povo e para a formação da consciência política. Sua visão é da educação como prática transformadora. Neste sentido, a Pedagogia deve se pautar em uma reflexão filosófica da educação e que se revele não só uma política educacional, mas uma política de país e da sociedade que intentamos transformar.

Para a psicologia da educação, segundo Tolentino e Taddei (s.d., s.p.), Rogers defende que a aprendizagem é potencializada quando é mediada pela animação, orientação e empatia que o professor deve assumir um papel facilitador da aprendizagem, acreditando que cada pessoa tem a tendência inata de atualizar suas capacidades e potencialidades.

Bruno (2007) aponta que

O adulto aprende a partir de experiências, que se desenvolvem por meio de ciclos, em espiral crescente, e permeiam toda a sua vida. Estes ciclos são vivenciados a partir do conceito de plasticidade e obedecem ao funcionamento orgânico, às integrações sociais, ao desenvolvimento individual, co-construídos pelos aspectos bio-psico-socio-educacionais. Compreendendo que a plasticidade é o elemento fundante do organismo humano, por sua possibilidade de adaptação, adequação e transformação, todos os elementos que envolvem a aprendizagem humana devem ser coerentes com tal conceito (BRUNO, 2007, p. 7).

Observamos que os estudiosos, ao discorrerem sobre aspectos relacionados à aprendizagem, defendem que o ser humano está sempre em processo de adaptação e de transformação.

Considerando a plasticidade do processo de aprendizagem, ponderamos que o tutor deve se apropriar de diferentes teorias da aprendizagem a fim de que sua atuação frente as plataformas de ensino a distância não aconteça de forma ingênua e experimental, impulsionada pelo instinto, mas baseada em estudos e pesquisas que apresentem confiabilidade em seus conceitos e resultados. Segundo Bruno, “diversos pesquisadores pontuam a necessidade de articulação e de interação para a produção do conhecimento” (BRUNO, 2007, p. 101). Sendo assim, apontamos que para atuar como tutor, é necessário que o professor se capacite e que se atente aos pressupostos teóricos apresentados pelos diversos autores consultados.

Com base nas características apresentadas acima, torna-se fundamental apresentar a tutoria na UAB/UFJF.

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