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FORMAÇÃO PARA A RESPONSABILIDADE

CAPÍTULO II APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

4. FORMAÇÃO PARA A RESPONSABILIDADE

 Aprendizagem  Formação

CATEGORIAS INDICADORES

Aprendizagem Aprendizagem da responsabilidade passa por se aprender a ser autónomo

Aprendizagem da responsabilidade passa por se ser reflexivo A construção da responsabilidade passa por se interiorizar os

valores da profissão

O aluno tem que ter capacidade de se interrogar sobre as suas práticas

Auto reflexão do formando enquanto portador e conhecimentos

Capacidade para equacionar os seus conhecimentos, as suas vivências com as situações concretas

Formação Formar para a responsabilidade é incutir na formação a responsabilidade.

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A responsabilidade cívica deve ser acrescentada á responsabilidade profissional

É relevante na formação colocar o doente como elemento central dos nossos cuidados

Na formação para a responsabilidade é referido que esta passa por uma reflexão sobre a prática - “Educar para a responsabilidade, pode e deve ser um conteúdo da reflexão da prática quotidiana” (…) (S1). Por se aprender a ser autónomo - “Associo a aprendizagem da responsabilidade, à aprendizagem da autonomia” (…) (S1), mas também reflexivo - (…) da capacidade de pensar e à criatividade” (…) (S1), competindo aos professores o desenvolvimento dessas competências pessoais dando-lhes mais autonomia, criatividade e respeito - (…) “promover esse tipo de competências pessoais é ajudar a crescer os formandos enquanto pessoas. (S1).

“Dotar os formandos das competências de autonomia, criatividade e respeito por outros seres humanos” (S1).

A construção da responsabilidade passa também por se interiorizar os valores da profissão. (…) “a perspectiva da responsabilidade profissional é uma reflexão e elaboração necessária durante a formação profissional” (…) (S1).

Na mesma linha do que foi referido pelos professores de ética e deontologia formar um enfermeiro para a responsabilidade é formar enfermeiros competentes - (…) “o que é para mim formar para a responsabilidade, é formar um enfermeiro competente” (…) (S2). Incutindo-lhes na formação a responsabilidade. “Não se pode, tem que se incutir, é obrigatório, voltamos ao princípio, nós já não estamos na fase em que, há mas eu não quero saber disso para nada…responsabilidade? Mas eu não quero saber disso para nada, não é uma questão de querer ou não querer, é assim e ponto final, tal qual como eu tenho que ir pagar os impostos, eu também não concordo que me descontem do meu ordenado a parte do IRS, mas é a vida, é a lei do País, a questão da responsabilidade é igual, eu neste momento…os enfermeiros já não estão nesse paradigma, não é uma questão de escolher, é assim e ponto final, não há escolha (S2).

A responsabilidade cívica deve também ser acrescentada à responsabilidade profissional - (…) “essa laboração sobre a responsabilidade pessoal e profissional, tem que ser acrescentada com a responsabilidade cívica” (S1).

Síntese:

Neste tema sobre como se formam os alunos para a responsabilidade foi-nos referido que educar para a responsabilidade pode e deve se um conteúdo da reflexão da prática quotidiana. A construção da responsabilidade passa por se interiorizar os valores da profissão.

A aprendizagem da responsabilidade passa por se aprender e a ser autónomo e reflexivo, promover esse tipo de competências é ajudar os formandos a crescer enquanto pessoas. Devem-se dotar os formandos de competências de autonomia, criatividade e respeito por outros seres humanos. Outro professor supervisor diz que formar um enfermeiro para a responsabilidade é formar um enfermeiro competente. E formar para a responsabilidade é incutir na formação a responsabilidade

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4.1 – ASPECTOS RELEVANTES NA FORMAÇÃO A informação relativa a este tema foi organizada nas seguintes categorias:

 Competências  Disponibilidade  Contextos  Conteúdos

CATEGORIAS INDICADORES

Competências Os enfermeiros que fazem supervisão clínica têm que ter determinadas competências

Disponibilidade A disponibilidade do formador para compreender e pensar com os formandos os seus comportamentos profissionais A disponibilidade do formador para estabelecer a relação

com os conteúdos teóricos

Contextos São os contextos significantes que desenvolvem as aprendizagens

Conteúdos Todos os conteúdos na formação para a responsabilidade são valorizados

Foram identificados como aspectos relevantes da formação as competências, a disponibilidade dos formadores, as estratégias de aprendizagem, o autoconhecimento, os contextos de aprendizagem e os conteúdos.

Competências

Foi referido que os alunos não se questionam muito sobre a responsabilidade profissional “eu acho que eles não fazem questões dessa matéria” (…) (S2), eles, eles…mas também não é esperado que o façam” (…) (S2), agora, agora, esse é o grande dever e a grande obrigação de quem supervisiona os estágios” (…) (S2), e de um acompanhamento que eu não discuto aqui se é do professor da escola, por acaso no meu entender não deva ser, mas isso é outro assunto” (…) (S2), que é do enfermeiro do serviço, por isso os enfermeiros que fazem supervisão clínica têm que ter determinadas competências” (S2).

“Eles não sabem, eles fazem questões, que tem que ser o próprio enfermeiro que acompanha a desconstrui-las, nesse sentido” (…) (S2), porque eles, quer dizer, pode haver um ou outro, mas a maior parte deles o seu estádio não lhes permite ainda chegar tão longe, já que é um estádio de desenvolvimento avançado” (S2).

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Deve existir disponibilidade do formador para compreender e pensar com os formandos os seus comportamentos e estabelecer a relação com os conteúdos teóricos.

“A disponibilidade do formador para compreender e pensar com os supervisandos nos seus comportamentos profissionais” (…) (S1).

(…) “e a inter-relação com as aprendizagens dos conteúdos teóricos” (S1).

Estratégias de aprendizagem

É relevante que o aluno tenha que ter capacidade de se interrogar sobre as suas práticas. Há portanto uma auto reflexão do formando enquanto portador de conhecimentos e enquanto pessoa. O aluno tem que ter a capacidade para equacionar os seus conhecimentos, as suas vivências com as situações concretas

“A discussão das práticas” (…) (S1).

“A capacidade para se por em causa enquanto pessoa e portador de conhecimentos” (…) (S1).

(…) “elaborar as aprendizagens de acordo com a reflexão sobre as suas práticas” (…) (S1). (…) “pensar as vivencias profissionais no decurso da aprendizagem, de acordo com o seu relato autobiográfico” (…) (S1).

É relevante na formação colocar o doente como elemento central dos nossos cuidados (…) “a elaboração do pensamento na perspectiva clínica e centrada no cliente” (…) (S1).

Autoconhecimento

É também salientado que o enfermeiro deve usar o autoconhecimento como instrumento terapêutico

(…) “o autoconhecimento do enfermeiro que se utiliza como instrumento terapêutico” (S1).

Contextos

É também referido que são os contextos significantes que desenvolvem as aprendizagens referindo-se explicitamente ao ensino clínico

(…) “que deverá ser um contexto ele próprio qualificante em termos de aprendizagem” (…) (S2), o contexto é fornecedor de novas aprendizagens dos alunos” (…) (S2), que competências é que têm que ser desenvolvidas, esta é a principal questão” (…) (S2).

Conteúdos

Todos os conteúdos na formação para a responsabilidade são valorizados.

“Os conteúdos…eu valorizo muito…todos os conteúdos” (…) (S2), estou-me um bocadinho a remeter novamente àquilo que é a minha experiência” (…) (S2), todos os conteúdos que

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levam aquele estudante…o próprio estudante a reconhecer-se ele próprio como uma pessoa que tem direitos e deveres enquanto cidadão e enquanto pessoa” (…) (S2), eu tenho que começar por aí” (…) (S2), é fundamental em questões básicas, a questão do respeito é uma questão básica e o que eu senti é que estes jovens às vezes a rasarem os 18, 19 anos…mas não têm muito às vezes a noção disto” (…) (S2), a questão do respeito para com o outro” (…) (S2) e depois vamos evoluindo, vamos, vamos, evoluindo na questão… daí se passa rapidamente para os princípios”…(S2).

(…) “a começar pela ética e a seguir…e a partir daí é que se começa então para a questão da profissão, para a deontologia da profissão que percorre todos os princípios éticos que se falou, para mim isso é fundamental toda essa parte da ética, da cidadania… (S2).

Síntese:

Nesta temática sobre os aspectos relevantes da formação é focado que os enfermeiros que fazem supervisão clínica têm que ter determinadas competências. É também relevante na formação a disponibilidade do formador para compreender e pensar com os formandos os seus comportamentos e estabelecer a relação com os conteúdos teóricos. Por outro lado o aluno tem um papel importante como elemento pró activo na sua formação, ao interrogar-se sobre as suas práticas. O aluno tem que ter a capacidade para equacionar os seus conhecimentos e as suas vivências com as situações concretas. Deve fazer uma auto-reflexão enquanto pessoa e enquanto portador de conhecimentos.

Todos os conteúdos na formação para a responsabilidade são valorizados, desde o reconhecimento do próprio estudante dos seus direitos e deveres enquanto cidadão e enquanto pessoa, a questão do respeito, vai-se evoluindo até se chegar à ética e à deontologia.

É relevante na formação colocar o doente como elemento central dos nossos cuidados, e por fim são os contextos significantes que desenvolvem as aprendizagens.

4.2 - ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO PARA A RESPONSABILIDADE

Adequação dos objectivos ao plano de cuidados

Ao se adequar os objectivos dos planos de cuidados aos utentes forma-se para a responsabilidade.

“Durante a supervisão da actividade perguntei-lhes, qual o sentido, a motivação, e a importância para a prática dos cuidados, “treino da autonomia”, que teriam os seus comportamentos profissionais? (S1)

O comprometimento sobre a desadequação dos comportamentos (julgamento da profissional e aluna) exigiu uma análise sobre os sentimentos não conscientes sentidos pela aluna e profissional durante a prática dos cuidados” (…) (S1), ambas falavam sintónicamente, sobre a falta de autonomia das suas irmãs” (…) (S1) e como cada uma delas substituía as respectivas irmãs em tarefas que não eram cumpridas pelas irmãs, se elas não as realizassem” (S1).

Reflexão sobre a acção

O meio preconizado para o ensino da responsabilidade é a constante reflexão sobre a acção.

A identificação introjectiva a que as, enfermeira e aluna sujeitaram as suas pacientes era

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empatia”, as “doentes referenciadas enquanto suas irmãs” (…) (S1) no entanto o facto de não terem consciência desses sentimentos influenciaria as expectativas das enfermeiras sobre as suas “doentes referenciadas incapazes de sobreviver sozinhas como as suas irmãs” (…) (S1) e essa expectativa, poderia enquanto força inconsciente, determinar uma avaliação subjectiva” (…) (S1), as “doentes referenciadas, não são capazes de desenvolver actividades, enquanto pessoas autónomas” (…) (S1) e como tal um desinvestimento inconsciente, da prestação de cuidados” (…) (S1), direccionados para a aquisição de autonomia, que são da responsabilidade da enfermeira, mas que por uma forma de identificação projectiva seria atribuído como da responsabilidade dos clientes, que afinal são incapazes” (S1).

(…) “na supervisão do ensino clínico a metodologia é sempre esta, constante, eu numa sei se lhe hei-de chamar metodologia, ou um meio, um meio, de atingir um determinado fim” (…) ) (S2), vamos lá a ver a forma como eu costumo fazer, e, e, e também na supervisão dos enfermeiros que orientam alunos é esta constante reflexão-acção, sobre a acção nos vários domínios” (…) (S2), é isso, para mim só se consegue assim, que decisões é que eu tomo o que é que eu tomo para a pessoa ter consciência que a responsabilidade daquelas decisões é sua e como é que ele responde sobre isso” (…) (S2), isto só com uma constante reflexão- acção” (…) (S2).

“Eu continuo a dizer na formação para a responsabilidade, o meio para fazer isso é sempre igual ao outro, é reflectir sobre a acção” (…) (S2), pronto, portanto é sempre este meio, agora quando me coloca algumas situações, por exemplo situações de fim de vida, imagine, aí a estratégia também é a mesma, é reflectir o que é que é melhor, quais os princípios éticos que estão subjacentes àquela tomada de decisão” (…) (S2),

(…) “eles têm o enfermeiro orientador, e eles têm que ter determinadas actividades que os remetem para uma reflexão sobre a acção” (…) (S2), isso não pode ser estarem 8 horas, das 8 às 16 num serviço por exemplo” (…) (S2), eles têm que fazer alguma pesquisa bibliográfica nessas 8 horas” (…) (S2), têm que fazer portanto…tem que haver aqui…é a mesma metodologia de ensino-aprendizagem, uma constante reflexão sobre aquela acção” (…) (S2), porque é que eu faço assim” (…) (S2), quais são as implicações disto” (…) (S2), exactamente para ter a noção, qual é a minha responsabilidade nas minhas decisões” (S2).

Síntese:

Nesta temática sobre as estratégias na formação para a responsabilidade foi referido pelos professores supervisores que o meio preconizado para o ensino da responsabilidade é a constante reflexão sobre a acção. É a constante reflexão-acção sobre os vários domínios. É reflectir sempre sobre a acção e quais os aspectos éticos que estão subjacentes àquela tomada de decisão.

Devem-se também adequar-se os objectivos dos planos de cuidados aos utentes. Ao fazê-lo forma-se para a responsabilidade.

5. CÓDIGO DEONTOLÓGICO E RESPONSABILIDADE