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O ENSINO PARA A RESPONSABLIDADE

CAPÍTULO II APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

3. O ENSINO PARA A RESPONSABLIDADE

 A importância do seu ensino

CATEGORIA INDICADORES

A importância do seu ensino

A responsabilidade como uma importância inerente A importância da formação não é mensurável

É referido que a responsabilidade tem a importância inerente à própria responsabilidade - “A importância é a importância inerente à responsabilidade (…) (S2). Dão-lhe a importância que ela merece - “Eu dou á formação a importância que ela merece, não a consigo classificar se é grande ou pequena, é a importância que ela merece, que é igual à importância que eu acho aos enfermeiros que prestam cuidados” (…) (S2).

É uma importância que não é mensurável - (…) “a importância, a importância, quer dizer eu não consigo classificar quando me pergunta que importância atribui, não sei que, que lhe diga, se é muito se é pouco quer dizer eu não sei dizer isso” (…) (S2).

Havendo um dos supervisores que vão mais longe, dizendo mesmo que - (…) “é uma outra actividade dos enfermeiros” (…) (S2).

Síntese:

Neste tema sobre a importância que é atribuída à responsabilidade pelos professores supervisores foi referido que a responsabilidade tem um valor inerente, e que dava à

responsabilidade a importância que ela merecia, não a conseguindo quantificar ou classificar. 3.1 – COMO ENSINA

A informação relativa a este tema foi organizada nas seguintes categorias:  Na assumpção da responsabilidade

111  Responsabilização pelos actos

 A responsabilidade é sempre atribuída  O aluno responde perante o utente  Através do ensino de princípios éticos

 Disciplinas que formam para a responsabilidade

CATEGORIAS INDICADORES

Na assumpção da responsabilidade

Ensina-se para a responsabilidade levando o aluno a assumir o acto praticado

Reflexão sobre a acção O meio preconizado para o ensino da responsabilidade é a constante reflexão sobre a acção

Responsabilização pelos actos

O aluno é informado que vai ser responsabilizado pelos seus actos

A atribuição da responsabilidade

A responsabilidade deve ser sempre atribuída

O aluno responde perante o utente

O aluno responde pelos seus actos perante o utente Através do ensino de

Princípios éticos

Os princípios da ética começam a ser leccionados desde o primeiro ano

Disciplinas que formam para a responsabilidade

Ensina-se para a responsabilidade em todas as disciplinas A ética, desenvolvimento pessoal e ética profissional era a

disciplina transversal ao ensino para a responsabilidade

É referido que o ensino para a responsabilidade, no ensino teórico é feito em todas as disciplinas - “Há não, não, eu acho que se forma para a responsabilidade em todas as disciplinas” (…) (S2) embora se deva por uma questão de organização, embora na prática as coisas nunca estão separadas” (…) (S2), a verdade é que nós nos cursos temos que nos organizar” (…) (S2), no entanto é reconhecido que existem disciplinas mais vocacionadas para esse ensino – (…) é evidente que para mim tem que haver uma disciplina que se dedique mais a essa área” (…) (S2), mas para mim, eu só me remeto à minha experiência” (…) (S2). No ensino clínico ensina-se para a responsabilidade levando o aluno a assumir o acto praticado.

(…) “agora sempre nesta perspectiva, qualquer coisa que o enfermeiro faz, é sempre assumida a responsabilidade desse acto, isto é uma coisa que é transversal” (…) (S2).

(…) “eu da mesma maneira que obrigatoriamente tenho que ensinar os senhores enfermeiros a colocar um soro para infundir determinados medicamentos para salvar a vida de uma criança, na mesma ordem de importância tenho que lhe ensinar que as decisões que eles tomam durante esses actos é da sua responsabilidade, da sua única responsabilidade, portanto eu não consigo”…(S2).

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A ética, desenvolvimento pessoal e ética profissional era a disciplina transversal ao ensino para a responsabilidade.

(…) “nós tínhamos durante o curso inteiro, durante os quatro anos tínhamos sempre uma disciplina que era transversal, que era ética, desenvolvimento pessoal e ética profissional” (S2).

Síntese:

Procurámos saber como se ensina para a responsabilidade, foi referido por um dos professores supervisores que esse ensino passa por se levar o aluno a assumir o acto praticado, é nessa assumpção para a responsabilidade que o aluno é ensinado. A decisão que o aluno toma durante os actos é da sua única responsabilidade.

Ensina-se para a responsabilidade em todas as disciplinas, sendo a ética, desenvolvimento pessoal e ética profissional a disciplina transversal ao ensino para a responsabilidade

3.2 - EVOLUÇÃO DO ENSINO PARA A RESPONSABILIDADE A informação relativa a este tema foi organizada nas seguintes categorias:

 A influência da história

 A enfermagem antes e depois de 1998

CATEGORIAS INDICADORES

A influência da história Grande número de enfermeiros ainda não se adequou à sua própria responsabilidade profissional

Ainda estamos a sofrer a influência da nossa história A enfermagem antes e

depois de 1998

O ensino para a responsabilidade foi introduzido no currículo escolar depois de 1998

Seria de esperar que os enfermeiros formados depois de 1998 tivessem uma atitude deferente perante a prática Antes de 1998 só cabiam aos enfermeiros as intervenções

interdependentes

Depois da criação da ordem dos enfermeiros a profissão passou a ser autónoma

Sobre a evolução do ensino para a responsabilidade, é referido que grande número de enfermeiros ainda não se adequou à sua própria responsabilidade profissional.

“Por outro lado posso-lhe dar outra opinião que tem a ver com o meu cargo de Presidente do Conselho Jurisdicional da Ordem dos Enfermeiros” (…) (S2), tem a ver, e eu não fiz nenhum estudo sobre isto, mas o meu sentimento, e o meu sentimento, é só na base do sentimento, é que grande parte dos enfermeiros, ainda não, ainda não , se apropriaram da sua própria responsabilidade profissional” (…) (S2),

Depois, é feita uma alusão ao ano em que foi criada a Ordem dos Enfermeiros, numa referencia clara, de que a partir dessa altura os enfermeiros deveria ter uma maior consciência das suas responsabilidades profissionais – (…) agora eu não lhe sei dizer se estes enfermeiros são aqueles formados antes de 98, ou os que são formados depois de 98, eu isto não lhe posso

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dizer, nem sei se há alguma relação” (…) (S2). É também entendido que a imputação da responsabilidade aos enfermeiros não era tão efectiva pelo facto de a profissão não ser autónoma - (…) “eu não fiz um estudo sobre isto, nem li ainda nada ultimamente, e leio várias coisas sobre esta questão da responsabilidade” (…) (S2), é que ainda estamos a sofrer uma influência muito forte daquilo que é a nossa história, e que tem a ver com esta questão de a profissão não ser uma profissão autónoma até 98, e os enfermeiros não terem uma apropriação desta questão da responsabilidade” (S2). Diluindo-se assim as responsabilidades inerentes à função - (…), e isto há ainda uma forte influência ainda dessa história, desse passado, dessa vivência” (…) (S2), há uma cultura instituída que ainda tem muito peso no meu entender,” (…) (S2) não fiz, não estou a dizer nada…nada, é apenas um sentimento” (…) (S2), eu acho que tem muito a ver com isto” (…) S2).

Também é referido que os enfermeiros serão mais responsáveis se tiverem uma atitude crítica sobre a prática - (…) “as pessoas ainda funcionam muito naquela cultura de que se faz assim porque sempre se fez” (…) (S2).

Os enfermeiros mais recentemente formados, deveriam estar mais preparados para assumir essas responsabilidade, no entanto copiam muito os modelos das pessoas mais velhas - “Os outros mais recentes embora já tenham sido preparados para tal” (…) (S2) …mas eles copiam muito os modelos que vêem” (…) (S2), portanto há aqui ainda um cruzamento, uma mistura, é como se fosse uma mistura” (…) (S2).

O ensino para a responsabilidade foi introduzido no currículo escolar depois de 1998.

“Quer dizer, eu acho em relação à minha experiência, vamos lá a ver, eu tenho uma experiência de ensinar isto” (…) (S2), portanto a minha experiência da actividade lectiva tem a ver…já é depois da profissão ter sido considerada profissão, que é depois de 98” (…) (S2), e a partir daí estas questões foram introduzidas nos cursos” (…) (S2), e estas, ou seja, enquanto eu estive no ensino todo o currículo que eu conheço já tem contemplado esta questão” (…) (S2).

Seria de esperar que os enfermeiros formados depois de 1998 tivessem uma atitude deferente perante a prática.

(…) “será expectável que estes enfermeiros tivessem uma postura na prática um bocadinho diferentes dos outros, que provavelmente não foram ainda preparados, até pelas circunstâncias da própria profissão” (…) (S2).

Antes de 1998 só cabiam aos enfermeiros as intervenções interdependentes sendo considerado, por tal facto, ser-lhes mais difícil de atribuir responsabilidades porque não havia uma tomada de decisão autónoma.

(…) “mas eu acho que tem um pouco a ver com isso, com o efeito que tem sido a nossa profissão, de uma história, de um passado histórico que é muito pesado e que tem a ver com esta…e que tem a ver realmente com o facto de antes de 98, como nós, aos enfermeiros só cabiam as intervenções interdependentes” (…) (S2), o enfermeiro não tinha tomada de decisão autónoma” (…) (S2), nada lhe era imputado à sua própria responsabilidade” (…) (S2), a não ser no domínio criminal só, é evidente, no domínio disciplinar da profissão, não havia disciplina da profissão (S2).

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“Sim há o antes e depois da criação da ordem, antes do código da criação da própria ordem, que é quando a profissão passa a ser autónoma” (…) (S2).

Síntese:

Sobre a evolução do ensino para a responsabilidade é referido, que este ensino foi introduzido no currículo escolar depois de 1998, e sendo assim seria de esperar que os enfermeiros formados depois de 1998, tivesse uma atitude diferente sobre a prática. É também referido por este professor que pensa que grande número de enfermeiros ainda não se adequou à sua própria responsabilidade profissional, mas que não sabe se são os formados antes ou depois de 1998.

Ainda estamos a sofrer a influência da nossa própria história pelo facto de a profissão não ser uma profissão autónoma até 1998 e de os enfermeiros não terem esta apropriação da responsabilidade. Antes de 1998 só cabiam aos enfermeiros as intervenções interdependentes, o enfermeiro não tinha tomada de decisão autónoma, e assim nada lhe era imputado à sua própria responsabilidade, a não ser a responsabilidade criminal. Outra situação é a de que os enfermeiros mais recentes embora tenham sido preparados e ensinados para assumirem as suas responsabilidades, eles copiam muito os modelos que vêem. Há uma cultura instituída que ainda tem muito peso em seu entender.

Só depois da criação da ordem dos enfermeiros a profissão passou a ser autónoma. 3.3 - O QUE ALTERARIA

A informação relativa a este tema foi organizada nas seguintes categorias:  Promoção de uma melhor coordenação entre as escolas e o ensino clínico  Maior rigor na escolha dos campos de estágio

CATEGORIAS INDICADORES

Promoção de uma melhor coordenação

entre as escolas e o ensino clínico

Os ensinos clínicos deveriam ser uma continuação dos objectivos de formação das escolas

Fragmentação entre o ensino teórico e o ensino clínico Maior rigor na escolha

dos campos de estágio As escolas não são rigorosas nas escolhas

Está subjacente ao discurso dos professores supervisores que neste processo formativo há duas realidades que se complementam (ensino teórico e ensino clínico) mas não perseguem os dois o mesmo objectivo - (…) “agora vamos ver, depende da perspectiva, para mim só faz sentido haver ensino clínico, não como eles são estruturados neste momento” (…) (S2), sendo referido que os ensinos clínicos deveriam ser uma continuação dos objectivos de formação das escolas - mas se este ensino clínico é um meio para se atingir qualquer coisa” (…) (S2), e esse meio tem que resultar de uma continuação entre aquilo que é a escola e aquilo que são os contextos” (S2). Vai depois mais longe ao afirmar que há um desligamento entre as escolas e os ensinos clínicos - “Não acho, tenho a certeza” (…) (S2), mas conhece também realidades onde foram conjugados esforços para que os ensinos clínicos respondessem adequadamente

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aos objectivos pedagógicos das escolas (…) portanto, acho que…vivenciei momentos em que se fez um trabalho importante nessa área” (…) (S2).

É também referido que as escolas deveriam ser mais rigorosas nas escolhas dos campos de estágio. (…) “qualquer coisa serve” (…) (S2). Com locais interessantes no desenvolvimento de competências - (…) “e os próprios contextos também são pouco rigorosos” (…) (S2), os critérios de aceitarem ou não aceitarem”…(S2) isto portanto…não vêem a formação no enquadramento que ela merece, é tudo muito doméstico” (S2).

Nesta linha de opinião é também referido por outro professor supervisor que “A cisão entre prática dos cuidados e o ensino, revelou-se catastrófica (do meu ponto de vista) ” (…) (S1).

Síntese:

Nesta temática foi referido que há um desligamento entre as escolas e o ensino clínico quando os ensinos clínicos deveriam ser uma continuação dos objectivos de formação das escolas. Se houvesse uma melhor articulação surgiriam benefícios mútuos não só para os alunos mas também para os docentes e os formadores da prática e ainda para as instituições envolvidas. Conhecendo melhor a realidade, a escola identificaria os problemas e poderia fazer uma aproximação entre os conteúdos programáticos e os problemas mais sentidos na prática. Há uma crítica à forma como são estruturados neste momento. O ensino clínico é apenas um meio para que os objectivos da escola sejam atingidos, e esse meio tem que resultar de uma continuação entre aquilo que é a escola e aquilo que são os contextos.

Por outro lado estes professores pensam que as escolas, dada a falta de campos de estágio, não são rigorosas nas suas escolhas. Os contextos em que o aluno é formado, são pouco rigorosos tem que haver critérios para se aceitarem ou não.

4. FORMAÇÃO PARA A RESPONSABILIDADE