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Face à complexidade da vida contemporânea, a educação geral tal como a profissional, ou quaisquer outros processos de formação humana têm que estar cada vez mais atentos aos novos desafios que os indivíduos e os grupos sociais precisam de enfrentar (Burnier, 2001).

Infere-se neste âmbito que o nível educacional exigido é cada vez mais elevado: primeiro, porque os indivíduos estão expostos, na sociedade moderna, a um grande número de relações interpessoais que também são mais complexas; em segundo lugar, os cidadãos estão em contacto cada vez mais intenso com informações das mais diversas fontes, que eles precisam de seleccionar, analisar e utilizar.

Nesta continuidade o ensino difere de uma concepção positivista da prática do ensino definida como a aplicação de teorias científicas com a finalidade de resolver problemas em ambiente controlado (Martinet, Raymond & Gauthier, 2001). Segundo estes mesmos autores a situação do ensino caracteriza-se mais pela ambiguidade, a complexidade, a incerteza e a indeterminação. Infere-se aqui a rapidez com que hoje os saberes se tornam obsoletos, pelo que os processos formativos para potenciar o desenvolvimento de competências tem que se centrar mais que em metodologias discursivas, em estratégias que fomentem o espírito inquiridor do formando, lhe despertem a avidez pela aprendizagem contínua, a capacidade interpretativa, numa adequação às mudanças constantes em termos de qualificação no campo da prática.

As competências como a “prova visível do saber” são um efectivo desafio para quem se encontra na área do ensino. No âmbito da “pedagogia das competências”, é fundamental que o aluno seja um processador activo no seu processo de formação, pois como nos diz Burnier (2001), o aluno implicado, envolvido e interessado aprende com uma energia incomparável. Por isso, é preciso tornar os saberes significativos interessantes. O aluno precisa compreender o valor real do que está a ser trabalhado e acreditar nisso.

Actualmente, face aos desafios que se colocam nos contextos da prática, o diploma já não pode certificar um nível de competência “ad eternum”, pois as competências certificadas não dão resposta à rápida evolução dos saberes, e às necessidades das organizações, (Le Boterf 1999).

Não queremos com isto questionar o valor da formação formal, pois, ela na nossa perspectiva é estruturante da atitude de aprendizagem ao longo da vida, (Kobayashi & Leite 2004).

Efectivamente, não se pode desconsiderar a importância que assume para os indivíduos o acesso ao domínio das bases dos conhecimentos científico e filosófico contemporâneos, mediante a inserção nos sistemas de ensino, seja como condição para o exercício técnico do trabalho, seja também como garantia de uma autonomia mínima dos mesmos dotados de um diploma que lhes possibilite uma posição de força no mercado em virtude da importância da qualificação como um valor económico nas sociedades contemporâneas (Saraiva & Masson, 2003).

A eficácia e eficiência dos processos formativos resultam de múltiplos factores, nomeadamente da interacção com os contextos da prática. Neste sentido, a formação deve assumir – se como um motor impulsionador de novas práticas, e por sua vez estas devem promover novas formas de formação, numa dialéctica interactiva que subjaz ao desenvolvimento epistemológico.

O desenvolvimento das competências resulta de uma análise dinâmica dos processos psíquicos mobilizados pela confrontação do sujeito com os contextos da prática. Na especificidade da formação em enfermagem constata-se que a preparação dos formandos (independentemente do nível), processa-se entre a aquisição de conhecimentos teóricos que se reportam às necessidades de cuidados de enfermagem por parte dos indivíduos, o que implica uma ligação ao mundo do trabalho onde se processa a socialização e se constroem os pilares da identidade profissional (Lee, Yeh, Chen & Lien, 2005 Cowan, Norman& Coopamah, 2005).

Que condições de trabalho são geradoras de prazer ou de sofrimento de saúde mental ou física? Existe uma “decalage” irredutível entre o trabalho prescrito – o que devemos fazer e o trabalho real – o que fazemos. O espaço aberto ligado à subjectividade para remodelar a organização prescrita do trabalho a fim de realizar a tarefa de uma maneira melhor depende da possibilidade de construir a sua saúde e a identidade. Quando a deslocação entre tarefa e a actividade não podem ser negociadas o trabalho não permite mais a construção da identidade, pelo contrário, pode provocar um sofrimento necessitando de activar as defesas, (Dejours, 1993). As pessoas não se defendem do sofrimento pelo trabalho, somente a nível individual mas também a nível colectivo. No trabalho não há o ”homem” mas os homens e as mulheres, e toda a actividade supõe cooperação, deliberação e construção de regras do trabalho, (Altet 1998)

A capacidade terapêutica de uma equipa de enfermeiros é uma capacidade colectiva, sem a qual os indivíduos não tem possibilidade de desenvolver as suas competências pessoais e de as por ao serviço de uma qualidade real dos cuidados.

Contrariamente às ideias pré-concebidas e ao mito «a enfermeira sozinha no quarto do doente», a capacidade terapêutica não resulta de um saber-ser individual. A eficácia de uma resposta terapêutica resulta antes de mais, do saber-fazer (Rey, 2002) de uma equipa que se adquire principalmente pelo intermédio do estratagema, das conversas que se trocam nas pausas do café. Queremos mostrar com isto que longe de ser uma conversa inútil estas tradições das enfermeiras são “técnicas” que visam responder às exigências da acção.

A capacidade terapêutica de uma equipa pode chegar a desenvolver-se ou pelo contrário, ser contrariada, pela organização pontual do trabalho ao ponto de provocar sofrimento nos enfermeiros, por um lado; por outro lado de agravar o estado psíquico dos doentes pois numa organização, tomando por exemplo o hospital, o organigrama, é também tão teórico como a divisão das tarefas que pressupõe representar. A actividade real dos trabalhadores em situação de trabalho é, no entanto, sempre uma interpretação do trabalho prescrito que tende a resolver as contradições.

Comparemos as duas dinâmicas:

• a da rotina, uma vez que a organização do trabalho é demasiado rígida para deixar espaço à habilidade e à criatividade e que de alguma forma vem de encontro à ideia de que “um dos principais motivos da actual crise da sociedade consiste na sua incapacidade de mobilizar as virtualidades criativas das pessoas” Pires (1994:7). Paradoxalmente, esta rigidez para ser suportada constrange por vezes os profissionais levando-os a não investir num trabalho dinâmico e a aderir à rotina. Conseguem, assim, defender-se mais ao menos do sofrimento de fazer “mal” o seu trabalho; visto que, uma adesão apoiada apenas numa execução restrita dos gestos monótonos reprime, com efeito, a capacidade de pensar e de julgar. Todavia, esta defesa para ser eficaz expõe-nos ao risco de com isso perderem também um pouco da sua humanidade; e agirem de forma a que a indiferença e a violência não estejam longe de se perfilar perante os doentes as e suas famílias;

• a do saber prático que, apoiando-se numa experiência adquirida, permite pelo, intermédio da deliberação colectiva, responder às perguntas dos doentes respeitando o seu carácter sempre singular e imprevisível.

As turbulências do contexto sócio-económico obrigam os indivíduos a evoluírem, anteciparem-se, adaptando-se assim o melhor possível à natureza do trabalho e ao ambiente institucional.

Nesta perspectiva, o enfermeiro do tempo de Florance Nightingale foi tão competente como são os de hoje. Contudo, se nós os pudéssemos apresentar uns e outros através

dos tempos verificaríamos que eles teriam alguma dificuldade em perceber que eram da mesma profissão.

Construir o futuro implica um investimento nos domínios materiais mas ao mesmo tempo no domínio do saber e do saber fazer visto que as competências são a chave do desenvolvimento das instituições. (Clinton, Murrells, & Robinson, 2005).

Assim, o desenvolvimento de competências com que os enfermeiros se confrontam na prática do seu quotidiano exige estratégias, que segundo a opinião de Guitter (1998), se caracterizam por atitudes que se definem por um conjunto de qualidades intrínsecas ao próprio indivíduo, utilizadas ou não para realizar a tarefa; atitudes físicas nomeadamente as atitudes sensoriais ou motoras como a destreza manual, e a resistência física; as atitudes intelectuais nomeadamente o raciocínio abstracto, concreto e criativo; as atitudes relacionais como a autonomia e estabilidade emocional.

As capacidades inerentes à operacionalização das competências definem-se a partir das operações mentais necessárias para dominar o saber e o saber fazer: informar, analisar, decidir, argumentar, negociar. Uma capacidade não é objectivamente observável, ela infere-se a partir da acção. As capacidades dependem das atitudes mas resultam particularmente das aquisições da formação em geral.

Há assim uma interface entre as capacidades adquiridas num processo de formação e as competências, que por sua vez são o produto da transmutabilidade dos saberes adquiridos para um melhor desempenho da prática. Isto implica um saber fazer fundamentado, o que distingue a prática de um profissional (Martinet, Raymond & Gauthier, 2001). De facto “ la compétence apparaît être la notion clé reliée aux diverses dimensions de la «formation qualifiante et transférable (Bélanger, Legault, Beaupré, Voyer, B. & Trottier, 2004 :14).

O profissional competente faz apelo aos recursos que possui e mobiliza-os em contexto de acção (Martinet, Raymond & Gauthier, 2001). Segundo estes autores estes recursos podem ser os saberes, o saber-fazer, as atitudes e também outras competências mais específicas utilizadas num determinado contexto. Assim, na prática de enfermagem há competências específicas no âmbito da prática profissional, como por exemplo, as competências comunicacionais e relacionais. Efectivamente, um bom profissional de saúde, e de enfermagem em particular, tem que mobilizar recursos científicos (saber- saber; saber-fazer), mas a sua eficácia só é operacionalizada se a conversão desses saberes se realizarem no contexto de uma relação humana e humanizadora de cuidados. De facto, “une compétence n`est ni un savoir, ni un savoir-faire, ni une attitude, mais elle se manifeste quand une personne utilise ces ressources pour agir (Martinet, Raymond & Gauthier, 2001: 51). É neste sentido que as competências se demonstram, se visualizam, em contextos da prática, evidenciando a capacidade de transferir os saberes para a

singularidade inerente a cada situação concreta da prática. A competência exige necessariamente o saber que dê sustentabilidade à acção. Está inerente a este processo os atributos subjectivos mobilizados para a prática profissional, sob a forma de capacidades cognitivas, sócio-afectivas e psicomotoras (Ramos, 2002).

Desenvolver as competências não se limita a uma assimilação do saber e do saber fazer é preciso também trabalhar ao nível dos papéis do comportamento e das relações. Assim, a aquisição de atitudes por um técnico pode por vezes revelar-se num processo longo e difícil dar o sentido do serviço de qualidade nos modos de organização, dos papéis, dos valores e das mentalidades.

O peso dos hábitos e o contexto são também aqui factores incontornáveis, e que irão influenciar quer o clima organizacional quer o desenvolvimento de competências individuais.

O desenvolvimento da autonomia no exercício profissional de Enfermagem conduz a uma renovação de interesses pelas práticas, as identidades e seus envasamentos cognitivos, (Deluiz, 2001). Consequentemente, os modelos mecanicistas verificam-se inadaptados para analisar as actividades profissionais, que jamais são estruturas totalmente determinadas pelos constrangimentos de produção mas construções elaboradas nas situações de trabalho. No campo das actividades profissionais, o modelo do “sistema de actividades profissionais” privilegia o estudo das representações, práticas e identidades em relação com o contexto do exercício da actividade. O interesse de uma especificação de representações profissionais contêm capacidades de leitura múltiplas e contextualizadas de práticas e de identidades que se jogam nas múltiplas interacções. Numa análise psicossocial das actividades profissionais, na nossa sociedade, os indivíduos exercem geralmente as suas actividades profissionais nos contextos organizacionais. Estas actividades correspondem a uma construção que resulta de uma negociação permanente entre todos os actores; os estudos do ponto de vista psicossocial são ainda de considerar o profissional como um ser socialmente inserido pois esforça-se por construir sistemas de explicação articulando o individual e o social. Situando-nos no contexto profissional de Enfermagem, é indiscutível que ser enfermeiro, implica ser competente, pois, para que “possa haver um efectivo reconhecimento dos cuidados de enfermagem como tais, as enfermeiras dos nossos dias têm que demonstrar que os cuidados de enfermagem são a expressão de um serviço indispensável” Colliére (1989:284).

As situações profissionais são complexas porque contêm uma diversidade de actividades apoiando-se sobre uma multiplicidade de interacções. Para que o Enfermeiro não seja apenas submetido aos constrangimentos objectivos, é necessário fazer referência ao significado das situações e à sua construção social. Neste contexto

os actores em situação profissional desenvolvem as práticas tendo em conta as exigências, constrangimentos e imposições nos limites da ética e deontologia profissional. Esta supõe a capacidade de pensar por si mesma e dentro do seu grupo de trabalho, das suas actividades, dito doutra forma, concebê-las, organizá-las, pô-las em prática e também dar-lhes o sentido. A exploração da linguagem, dos actos de comunicação colocadas num contexto organizacional é por isso indispensável encontrar o sentido das actividades profissionais.

Por outro lado, os processos cognitivos aparecem constantemente ligados aos processos da acção que presumem um actor capaz de construir uma representação da situação tal qual é e como poderá tornar-se depois da sua intervenção. O estudo das práticas concretas mostra que os actores constroem a sua realidade através das suas acções. O carácter reflexivo do actor está sempre ligado à sua experiência adquirida e à acção em curso que tem no entanto uma influência sobre os processos de representações e sobre construções identitárias. A noção de acção conduz não somente a procura das causas mas encontrar as razões, dando a palavra ao actor que terá com certeza o seu ponto de vista e uma identidade capaz de filtrar a realidade social e participar na construção e reconstrução dela (Leplat, 1995; Manso, 2000; Perrenoud, 2000).

As actividades profissionais são colocadas num sistema geral das actividades com outros domínios da existência do indivíduo, em cada um dos domínios da vida, o sujeito manifesta as actividades cuja natureza e intensidade dependem dos recursos e dos constrangimentos próprios à situação, daí os modelos de acção próprios a esta situação. As actividades profissionais são, então, complexas, e é necessário colocar modelos de análise que tem em conta os seus componentes e as relações que os unem. A abordagem em termos de “sistema de actividades profissionais” permite um corte teórico menos redutor da complexidade real observada. As actividades profissionais são concebidas como um conjunto de componentes interdependentes não tendo sentido, senão umas em relação às outras, dito doutra forma, constituindo uma totalidade.

O “sistema de actividades profissionais” corresponde a uma disposição ordenada das práticas, das representações e das identidades capazes de se adaptarem aos constrangimentos da organização e auto-regular-se sob a pressão dos actores colectivos. Como sublinha Mendes (1999); Mullins (2002) é necessário uma aproximação combinada no que toca às organizações, ás representações e ás identidades afim de tornar inteligíveis as situações reais.

O modelo sistémico é entendido como um referencial teórico e não como um modelo de acção, tende, então, descrever, explicar e de compreender as relações que compreendem:

• as condições reais do exercício das actividades – o contexto;

• a emergência de grupos construindo as suas próprias regras – identidades; • os estilos de intervenção próprios a cada grupo – práticas;

• os saberes implicados partilhados pelo próprio grupo – representações; • as capacidades de mobilizar toda ou parte dos recursos – competências.

Fonte: Adaptado Molinier P, (1997) Como se depreende deste esquema, as actividades profissionais não são estudadas unicamente pelos seus modos operatórios, mas analisadas através das dinâmicas que ligam os seus componentes. Esta formalização da actividade real permite tomar em consideração as regras informais que fundamentam as múltiplas “bricolages” permitindo aos actores de exercer as suas práticas tendo em conta os fins. A acção profissional, ou mais precisamente as práticas profissionais assim como as identidades que lhe estão associadas fundem-se em parte sobre um sistema mais ou menos explicito de representações dos objectos do campo da actividade profissional.

O sistema de actividades profissionais concede igual importância à intersubjectividade (relações entre os indivíduos) á intrasubjectividade (pluralidade de identidades por um mesmo individuo) e inscreve-se em abordagens apreendidas pelos sujeitos como

Figura 5 - Sistema de actividades profissionais

Meio social COMPETÊNCIAS:

mobilização de recursos

Auto-regulação REPRESENTAÇÕES

IDENTIDADES PRÁTICAS

CONTEXTO : estrutura social das actividades quadro de actividades, organização, instituição SISTEMA DE ACTIVIDADES PROFISSIONAIS

recursos

produtos e produtores de ligações sociais diversificadas. Nesta perspectiva, as actividades profissionais são entendidas como estando ligadas a construções históricas (função de representações anteriores) e de construções quotidianas (transformação de representações no exercício das actividades) dos actores individuais e colectivos. As representações participadoras da construção de actividades profissionais estão longe de esgotar esta realidade social.

Se as representações activadas num campo profissional são sociais, porque construídas e partilhadas pelos grupos, a conceptualização das representações sociais manifestam- se insuficientes para ser transferida para “o campo autónomo problemático” das actividades profissionais e então o recurso às representações profissionais impõe-se. A natureza ambígua e polissémica da noção mobilizada em alguns estudos exige a abertura de um trabalho de especificação do conceito de representações profissionais. É necessário, no entanto, precisar o que se entende por representações profissionais de mostrar em que é que estas são representações sociais, mas sobretudo de salientar a especificidade a fim de “agarrar” este saber particular (nem cientifico, nem de sentido comum) o mais próximo do quotidiano profissional.

Uma primeira abordagem à representação profissional pode ser avançado da seguinte maneira: a actividade profissional funde-se em parte sobre um sistema mais ou menos coerente e mais ou menos consciencializada das representações do que a profissão e das suas actividades. Um tal conjunto de representações profissionais corresponde a um modelo profissional. Cada modelo caracteriza-se por algumas finalidades, de crenças, de concepções, de valores, de esquemas de acção, de atitudes que constituem uma aproximação profissional privilegiada e orientam as escolhas inerentes às decisões e às acções. Trata-se, no entanto, de analisar as representações como produtos e processos, subjacentes a práticas levadas a cabo nos contextos profissionais por indivíduos socialmente situados, de outra maneira pela qual os sujeitos representam a sua profissão e as actividades associadas num contexto de exercício particular.

O interesse, segundo a perspectiva de Molinier, (1997:163) desta “demarche” é triplo: • “através da verbalização e da racionalização do que é essencialmente uma

prática, analisar o processo de posicionamento dos grupos no interior da mesma população de profissionais. O que é comum é o referencial partilhado pelos profissionais para comunicar a partir de uma base que não tem necessidade de se definir.

• Referenciar como as representações profissionais se ligam e se reproduzem nos grupos, mas participam também nos processos de transformações identitárias nos contextos da mudança organizacional.

• Estudar a maneira como as representações e as práticas profissionais se articulam mutuamente, uma vez que as representações profissionais servem para responder utilmente e economicamente aos problemas práticos, em particular quando os saberes, os procedimentos ou as regras que são suportadas de os informar verificam-se dificilmente mobilizáveis. Estas situações de incertezas encontram-se mais especificamente nas esferas profissionais ou nas actividades que nelas se exercem e que são dificilmente assimiláveis e formalizáveis a um referencial.”

As representações profissionais são elaboradas na acção e na comunicação profissional (interagir e inter-reagir) e são especificadas nos contextos; pelos actores pertencentes a grupos e objectos pertinentes e úteis para o exercício das actividades profissionais. As turbulências do contexto sócio-económico obrigam os indivíduos a evoluírem, anteciparem-se, adaptando-se assim o melhor possível à natureza do trabalho e ao ambiente institucional.

O modo como o desenvolvimento pessoal e o desempenho profissional se interpenetram permite configurar um conjunto de princípios e de estruturas conceptuais, cujo potencial interno é susceptível de se concretizar no plano da acção, (Palm 1995, Tennant & Field 2004).

O sistema de comportamentos daí decorrente, que poderá ser percepcionado como um conjunto de competências não exclusivamente técnicas, mas de uma outra natureza, de