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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO DA ANÁLISE DA AMOSTRAGEM

4.5 Comercialização da Produção pelos Agricultores Familiares

4.5.1 Forma de comercialização e motivações

Em relação comercialização dos produtos agrícolas as famílias afirmaram utilizar basicamente três formas, sendo: produto in natura, semi-processado e/ou industrializado. Todas as famílias vendem parte da produção de forma in natura, enquanto que 57,3% também transformar parte dos alimentos por meio de cooperativa para atender a demanda de mercados institucionais, sendo eles o PAA e o PNAE. Essa comercialização basicamente é feita por meio da COPARPA, cooperativa que não possui parque agroindustrial, e para suprir essa necessidade terceiriza o processo para a Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (COMIGO) e empresas privadas que atuam na região. A COMIGO transforma o leite cru em leite pasteurizado e outros derivados e processa a soja para produção de óleo, enquanto os sub produtos do milho são obtidos a partir dos contratos de prestação de serviços com empresas da região que transformam o milho para a COPARPA comercializar.

Ainda no quesito leite, em torno de 2% das unidades familiares processam o leite em sua propriedade transformando em produtos artesanais, sendo: queijo e doce de leite. O queijo trata-se de uma produção em pequena escala que é

comercializada no próprio assentamento e/ou para as padarias na cidade de Jataí. O doce de leite por sua vez, é comercializado em diversos municípios do Estado de Goiás. Trata-se de um empreendimento com registro no Serviço de Inspeção Estadual (SIE). Além dessas unidades familiares que promovem a agregação de valor no próprio estabelecimento, havia uma produção artesanal de açúcar mascavo, rapadura e cachaça, a qual segundo as informações obtidas está temporariamente paralisada.

Em relação ao frango a maior parte atende aos mercados institucionais do município. As aves são abatidas no próprio assentamento por meio de abatedouro familiar localizado em um dos lotes que possui autorização da Prefeitura Municipal, sendo a comercialização realizada por meio da COPARPA. Trata-se de um projeto de iniciativa de uma assentada rural que buscou incrementar a renda e percebeu a oportunidade criada pelos mercados institucionais. Após iniciar o empreendimento e com aumento da demanda se associaram mais três unidades familiares que passaram a abastecer com frango, a rede de escolas do município de Jataí.

Há ainda 5,6% de famílias do assentamento que semi-processam os produtos para atender aos mercados institucionais e comercializar na feira local. Os semi- processados são o milho verde embalado, a mandioca descascada e congelada, hortaliça e legumes lavados, higienizados e embalados. Essa produção é comercializada diretamente entre as unidades familiares e os órgãos públicos.

A unidade familiar que atuam com a produção de doce de leite, bem como o grupo de quatro famílias que vendem o frango para os mercados institucionais e os produtos semi-processados, não fazem parte da amostragem. Foram levantadas em separado a partir de informações obtidas da COPARPA e das visitas as famílias para aplicar o questionário sobre o cooperativismo, realizado após levantamento da amostragem.

Das unidades familiares que promovem a agregação de valor, 63,2% afirmam o fazer pelo fato da organização a qual estão filiados promover a agroindustrialização. Importante destacar que essa transformação da matéria prima em produto acabado é realizada por meio de terceirização, ou seja, contratação de serviços uma vez que a cooperativa não possui parque industrial. Constata-se que poucos teriam condições ou se sentiriam à vontade para realizar a transformação da matéria prima individualmente.

A tabela 10 apresenta os motivos da venda dos produtos in natura, semi- processados e/ou agroindustrializados. Entre os agricultores familiares, 39,4% ressaltam que vendem a produção de forma in natura, devido à sua natureza. Destacam que a soja e o milho são basicamente vendidos em grãos para as empresas, não havendo muita margem para o processamento de forma individual e a cooperativa a qual estão associados não possui parque industrial, apenas uma pequena fábrica de ração para atender a demanda local. A estas motivações se agregam os 15,1% das famílias que afirmam ser uma exigência do cliente que os produtos estejam in natura.

Tabela 10 – Quantidade de unidades familiares e motivos da venda (in natura, semi- processado e/ou agroindustrializado)

Motivos da venda Unidades

familiares

Percentual (%)

Devido à natureza dos produtos (in natura) 13 39,4 É sócio de organização que processa e/ou industrializa 12 36,4 Não tem condições de processar e/ou industrializar 6 18,2 Devido ao fato do cliente querer os produtos in natura 5 15,2 Não compensa processar e/ou industrializar (in natura) 5 15,2 Cooperativa a qual é sócio não processa / industrializa

(in natura) 2 6,1

Por ser mais fácil e prático (in natura) 2 6,1 Cliente exige os produtos processados e/ou

industrializados 2 6,1

Por que procura agregar valor 2 6,1

Total * - -

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados de campo coletados no ano de 2014.

* As 33 unidades familiares da amostragem tinha a opção de apontar mais de um motivo para a venda.

Para 15,2% das unidades familiares não é compensador processar e/ou industrializar, ou seja, os investimentos necessários para a transformação e agregação de valor ao produto não garante renda maior. Para eles os possíveis resultados que poderão ser gerados não compensaram os riscos inerentes à atividade. A estes podem ser somados os 6,1% de estabelecimentos que destacam ser mais prático e fácil à venda dos produtos primários.

Outros 18,2% das unidades familiares ressaltam que vendem a matéria prima, grãos e leite, por não terem condições financeiras de processar e/ou industrializar. Ainda 6,1% ressaltam como motivo o fato da cooperativa a qual são filiados não

processar e/ou industrializar. Por outro lado 36,4% afirmam promover a transformação da produção pelo fato da cooperativa a qual estão filiados realizar este processo, mesmo que seja por meio da terceirização com outra cooperativa ou empresa.

Ainda 6,1% dizem o fazer por que buscam agregar valor, mesmo percentual aponta que os clientes exigem os produtos processados e/ou industrializado. Neste último caso são produtos destinados para os mercados institucionais.

Fica evidente a partir dos relatos que a agregação de valor pela transformação da matéria prima, soja, leite, milho e frango em produtos agroindustrializados ocorrem principalmente, devido aos mercados institucionais, pois exceto os 2% de empreendimentos que trabalham com queijo e doce de leite acima citados, as demais famílias processam apenas a parte da matéria prima destinada a estes mercados.