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Formas de violência contra a mulher

No documento Dores no corpo e dores na alma (páginas 39-43)

Em relação às formas de violência, verificam-se vários estágios e variações, que vão desde a discriminação pelo simples fato de serem mulheres, até a violência psicológica, moral, física patrimonial, cárcere privado, tortura e morte.

2.2.1 Violência Física

No âmbito do Brasil, o Ministério da Saúde ressalta que a violência física ocorre quando uma pessoa está em relação de poder com a outra, podendo causar ou tentar causar dano não acidental, por meio do uso da força física ou de algum tipo de arma que possa provocar ou não lesão externas, internas ou ambas. Abrange ainda agressões físicas ou a intenção de realizar tais agressões, como ameaçar de jogar algo ou de dar um soco (BRASIL, 2002).

De acordo com a Lei Maria da Penha violência física é:

Entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal (Art. 7º da Lei 11.340\2006).

São atos violentos, nos quais se faz uso da força física de forma intencional, não acidental, com o objetivo de ferir, lesar, provocar dor e sofrimento ou destruir a pessoa, deixando, ou não, marcas evidentes em seu corpo. Ela pode se manifestar de várias formas, como tapas, beliscões, chutes, torções, empurrões, arremesso de objetos, estrangulamentos, queimaduras, perfurações, mutilações, dentre outras. (BRASIL, 2009, p.26).

A violência física entre parceiros íntimos é um fenômeno que acomete muitas mulheres e, em função da gravidade dos seus atos, podem levar a severas consequências e até mesmo à morte.

A violência sexual ocorre quando há coação, de forma que se obrigue uma pessoa a manter contato sexual com outra com o uso de força física, intimidação, chantagem, suborno, manipulação, ameaça, ou qualquer outro meio que anule ou limite a vontade individual. (COUTINHO, 2011, p.29).

A Lei Maria da Penha traz a seguinte definição:

violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação,

ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de

qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição,

mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o

exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos. (Lei 11.340\2006, art. 7º).

2.2.3 Violência Psicológica

A violência psicológica acontece muito e talvez até em uma proporção maior do que a violência física, geralmente ocorre em casa, na família, afetando diretamente a autoestima e a autoimagem de quem sofre. Algumas pessoas usam a violência psicológica como uma forma de tortura para evitar que seu comportamento fuja, denuncie os maus tratos ou encontre outra pessoa para viver.

Para o Plano Nacional de Enfrentamento a violência Doméstica (2002), a violência psicológica é toda ação ou omissão que cause ou visa causar dano à autoestima, à identidade ou ao desenvolvimento da pessoa que a sofre, e pontua exemplos rotineiros na violência contra a mulher:

[...] Impedir de trabalhar fora, de ter sua liberdade financeira e de sair, deixar o cuidado e responsabilidade do cuidado e da educação dos filhos só para a mulher, ameaçar de espancamento e de morte, privar de afeto, de assistência e de cuidados quando a mulher está doente ou grávida, ignorar e criticar por meio de ironias e piadas, ofender e menosprezar o seu corpo, insinuar que tem amante para demonstrar desprezo, ofender a moral de sua família. (BRASIL, 2005, p.120-1).

Na Lei Maria da Penha a violência psicológica é definida como:

[...] qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação

do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação (Lei 11.340\2006, art. 7º).

O fato da violência psicológica finalmente ser reconhecida por meio de uma lei constitui-se num importante avanço, pois como a violência psicológica não deixa marcas físicas nunca foi vista como uma violência, porém sabe-se que a violência psicológica deixa efeitos permanentes na autoestima e autoimagem tornando-as menos segura do seu valor e mais propensas a depressão. (KRONBAUER; MENEGUEL, 2005).

2.2.4 Violência Moral

Por se tratar de um tipo de violência relativa aos costumes da sociedade, há certa dificuldade em defini-la, e o mesmo ocorre quanto à responsabilização do agressor. A Lei Maria da Penha refere-se à violência moral de forma greve e genérica, deixando para o operador do direito, uma ampla possibilidade para sua aplicação\ definição: “entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria” (Lei 11.340\2006, art. 7º).

2.2.5 Violência Patrimonial\financeira

Na Lei Maria da Penha é considerada violência patrimonial, quando for praticada,

[...] qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades. (Lei 11.340\2006, art. 7º).

A violência patrimonial é frequente por parte do companheiro, com o intuito de intimidar, coagir ou impedir as mulheres a romper um relacionamento violento. A violência patrimonial se configura como forma de cárcere, pois a impede de exercer os seus direitos enquanto cidadã.

Pode-se observar que há variadas formas de manifestação da violência, entre elas física, psicológica, patrimonial, sexual. No capítulo que segue, buscaremos expor a violência em números tanto em nível nacional, estadual e local, relatando a realidade do município de Panambi – RS, estudado nesta dissertação.

Figura 3 - Desenho 3: Autoria Mailson Padilha

CAPÍTULO III

Julho Ontem à noite bateu-me e ameaçou matar-me. Nem a maquiagem ou as magas compridas poderiam ocultar os cortes e golpes que me ocasionou desta vez. Não pude ir ao emprego hoje porque não queria que se apercebessem. Mas eu sei que está arrependido porque ele me enviou flores hoje. E não era Dia das Mães ou nenhum outro dia. Agosto Ontem à noite ele voltou a bater-me, mas desta vez foi muito pior. Se conseguir deixá-lo, o que é que vou fazer? Como poderia eu sozinha manter os meus filhos? O que acontecerá se faltar dinheiro? Tenho tanto medo dele! Mas dependo tanto dele que tenho de o deixar. Mas sei que está arrependido, Porque ele me enviou flores hoje. (Continuação no próximo capítulo)

3 REALIDADE BRASILEIRA CONFORME REGISTROS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

No Brasil, a violência nas relações conjugais tem sido objeto de crescentes denúncias junto à polícia, ao judiciário e aos órgãos públicos de Assistência Social, educação e saúde. A casa, espaço da família, antes considerada lugar de proteção e próprio do mundo feminino, passa a ser um local de grande desproteção, desamor e risco para as mulheres. Nesse capítulo apresenta-se um breve mapeamento dos dados da magnitude da violência doméstica em âmbito Nacional, Estadual e Local, bem como a rede institucional de enfrentamento a violência contra a mulher em Panambi, tendo por objetivo trazer um panorama dos números que acometem as mulheres.

No documento Dores no corpo e dores na alma (páginas 39-43)