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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.7 Formulação das hipóteses de pesquisa

Diante do problema estabelecido nesta pesquisa, foram propostas algumas hipóteses passíveis de verificação que investigam as relações entre os construtos da inovação, sustentabilidade ambiental e social, e desempenho, na conjuntura das empresas pertencentes a economias desenvolvidas e em desenvolvimento.

2.7.1. Inovação e desempenho

A inovação, antes de qualquer coisa, é considerada como a ferramenta que impulsiona e mantém o sistema capitalista, porque através dela novos bens de consumo, métodos de produção, novos mercados e novas formas de organização são criadas (SCHUMPETER, 1961). Low e Kalafut (2003, p. 141) asseguram piamente que, além de favorecer o sucesso da organização e a criação de riqueza, a inovação “sempre foi o principal condutor do desenvolvimento econômico”. Tidd, Bessant e Pavitt (2008), por sua vez, são taxativos ao afirmarem que, independentemente das condições tecnológicas, sociais e mercadológicas, tanto a criação como a manutenção da vantagem competitiva provêm das organizações que inovam regularmente. Isso é explicado, porque “produtos novos permitem capturar e reter novas fatias de mercado, além de aumentar a lucratividade em tais mercados” (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008, p. 25).

Tigre (2006) corrobora o exposto ao apontar a inovação como ferramenta essencial para a produtividade e a competitividade – em nível organizacional. Assim, ela mostra-se presente nas empresas mais dinâmicas e rentáveis, pois através da inovação que essas organizações constituem seus próprios nichos de mercado e apropriam-se de monopólios temporários. Em uma perspectiva macro, a inovação também contribui no desenvolvimento econômico de regiões e países, fortalecendo, dessa forma, a concepção do potencial benéfico da inovação e sua relação, positiva, com o desempenho.

Todavia, não há unanimidade quando se discutem os reflexos da inovação, em termos de desempenho, porque “as evidências empíricas não suportam consistentemente essa relação no nível da empresa” (BRITO; BRITO; MORGANTI, 2009, p. 2). Como resultado, os autores observaram que, em 62 empresas do setor químico, a inovação afetava mais o crescimento que a própria lucratividade.

Por sua vez, Mahlich (2010) encontrou, em relação a 34 empresas do setor farmacêutico, no período de 1987-1998, relação negativa e ausência de relação entre o

número de patentes e a rentabilidade. Apesar disso, Teh, Kayo e Kimura (2008, p. 88) assertam que “a inovação é um importante ativo intangível. Ele gera vantagens competitivas sustentáveis que permitem erguer barreiras contra algumas ameaças competitivas”. Enquanto que Lev (2001) defende que inovações são criadas, primariamente, por investimentos em ativos intangíveis.

Muito embora as definições teóricas sugiram reflexo positivo da atividade de inovação e alguns estudos ratifiquem essa relação (CHANEY; DEBINNEY; WINER, 1991; GEIKER; MAKRI, 2006; LIMA; CARMONA, 2011), não se observa a consistência dos resultados visto que outras pesquisas não favorecem tal interferência (TEH; KAYO; KIMURA, 2008; BRITO; BRITO; MORGANTI, 2009; HATZIKIAN, 2013; SANTOS et al., 2014).

De acordo com a RBV, recursos específicos da firma podem levá-la ao alcance de vantagens competitivas, posteriormente traduzidas em desempenho diferenciado. Villalonga (2004) recorda que esses recursos são de natureza intangível (capacidades, competências e conhecimento), dentre eles a inovação, principais impulsionadores da perpetuidade econômica. Se “em geral, a importância da inovação para a criação de valor econômico parece evidente” (TEH; KAYO; KIMURA, 2008, p. 87), as investigações empíricas demonstram-se conflitantes acerca dos benefícios da inovação, o que pode ser tomada essa como uma lacuna passível de contribuições.

Assim, considerando os pressupostos teóricos da RBV e as sinalizações evidentes na literatura, o presente estudo considerou as hipóteses supracitadas. As métricas para avaliação do engajamento estratégico à atividade de inovação e do desempenho das empresas pesquisadas encontram-se explicitadas na seção destinada à descrição do método da pesquisa.

H1: A inovação tem relação positiva com o desempenho das empresas participantes dos índices de sustentabilidade da BM&FBovespa e da NYSE Euronext.

2.7.2. Sustentabilidade ambiental e social e desempenho

O “dilema” da divulgação para a minimização de riscos na escolha do investimento foi pioneiramente lapidado no trabalho de Akerlof (1970), com seu trabalho circunscrito na seara do mercado automobilístico (“Market for Lemons”). Considerando-se que há alternativas para se investir no mercado, boas e ruins, a priori, todas as potenciais aquisições dos compradores são avaliadas por um preço paritário. Nessa conjuntura, a forma de alcance da diferenciação é através da prática do disclosure informacional.

Em outras palavras, quanto melhor o patamar de evidenciação, maiores são as chances de expressão fidedigna do valor de um determinado bem. Obviamente que transferir essa compreensão ao escopo dos arranjos organizacionais não é nada falacioso, principalmente quando informações acerca da responsabilidade ambiental e social das empresas encontram-se em evidência e agregam importância aos stakeholders.

Denota-se evidente que, ante a dualidade da produção com baixo custo e alto nível de qualidade, tendo em vista a eficiência das operações, demandas ambientais e sociais têm se mostrado necessários à sobrevivência organizacional.

A competitividade, avaliada quando da decisão de investimento pelo stakeholder, passou a aglutinar, conjuntamente ao desempenho econômico, os desempenhos ambiental e social da empresa (SCANDELARI, 2011). O porquê da pretensão por graus informacionais maiores sedimenta-se, inicialmente, na ideia de que por meio da evidenciação, ações e estratégias de credores e acionistas sofrem alguma interferência e os fatores de mercado (origem dos recursos da empresa) ganham em liquidez. Isso tende a favorecer investidores atuais e potenciais (SUNDER, 2014).

Depois, no que tange ao report de informações ambientais, além da importância crescente dada ao impacto de questões desta natureza no negócio e desempenho financeiro, viu-se que a capacidade para geração de caixa poderá ter como contingência a variável ambiental (sendo esta composta por riscos, perdas ou benefícios correlatos ao meio ambiente) (MASULLO, 2004). Com informações de natureza social, percebeu-se que, no longo prazo, vantagens competitivas podem ser absorvidas com a melhoria do desempenho, também na seara social, da empresa. Destacam-se como aspectos do desempenho social das empresas a justiça com trabalhadores, a transparência, iniciativas de ordem comunitária cultural ou desportiva, por exemplo. Com o desenvolvimento da esfera social da empresa, a sua imagem projetada à sociedade melhora, bem como a satisfação e o desempenho dos trabalhadores (ALMEIDA, 2007).

Esta pesquisa entende que a mensuração da sustentabilidade, ambiental e social, pode ser consolidada através da informação divulgada pelas empresas em seus diversos relatórios, assim como o fazem os stakeholders. O usuário da informação disponibilizada pela empresa no mercado toma a divulgação como proxy que subsidia sua tomada de decisão.

Nos estudos de Borba (2005) e Holanda et al. (2011) os resultados foram inconclusivos acerca da relação que envolvia a divulgação de informações que retratassem o

comprometimento ambiental e social de empresas brasileiras com o desempenho. Já Kitahara (2007), Cunha e Ribeiro (2008) e Farias (2008), por seu turno, observaram relacionamento linear envolvendo essas variáveis. Em Wang et al. (2014) a relação supramencionada deu-se positiva em firmas americanas, mas em Pätäri et al. (2014) a conclusão é que a responsabilidade social da empresa tem diferentes efeitos no desempenho e esse impacto depende da medida de performance (retorno ou valor de mercado). As inferências observadas por Saeidi et al. (2015) são ainda mais interessantes, pois elas sugerem a responsabilidade social com papel indireto no desempenho corporativo, mediada essa interferência pela reputação e vantagem competitiva.

Essas inconsistências vêm a mostrar como tal relação pode ser contraditória, conclusão obtida no estudo de revisão empírica de Lu et al. (2014), analisando o período de 2002 a 2011. Para os autores, os conceitos de responsabilidade social corporativa e desempenho social são sinônimos. Menezes et al. (2011b) expõem que a sustentabilidade nas empresas [dimensões ambiental e social] ganha respaldo graças à sua associação com vantagens competitivas viabilizadas por meio da incorporação de práticas de responsabilidade ambiental e social na estratégia da firma.

Neste estudo o perfil sustentável da empresa pode se configurar como uma fonte de vantagem competitiva, à luz da RBV. Logo, considerando-se as disposições observadas na literatura, as hipóteses de pesquisa foram levantadas. As métricas para avaliação do engajamento estratégico à sustentabilidade das empresas pesquisadas encontram-se expostas na parte que se destina à caracterização dos métodos empregados no estudo.

H2: A sustentabilidade, nas dimensões ambiental e social, relaciona-se positivamente com o desempenho de empresas brasileiras constantes nos índices de sustentabilidade da BM&FBovespa e da NYSE Euronext.

2.7.3. Inovação e sustentabilidade ambiental e social

Parece contraditório, mas o mercado exige das organizações, ao mesmo tempo, novos produtos, processos e serviços, capazes de abocanhar parcelas ainda maiores de consumidores e com isso alcance da maximização do valor da firma no longo prazo; e ainda a demonstração de que suas atividades são sustentadas por princípios que pressupõem ações realizadas com intuito de mitigar impactos ambientais e sociais derivados da operacionalização da firma. O que era dúbio, ou incoerente, a princípio, tornou-se um imperativo estratégico, visto que ante

as exigências concorrenciais do mercado, inovação e sustentabilidade precisam caminhar em união, com vistas à sobrevivência da empresa.

Scandelari (2011) compreende que a crise socioambiental estourada no fim do século XX pôs em xeque as estratégias e os processos técnico-científicos orientadores do processo de produção, até então, vigente. Reconhece-se que esta conjuntura propiciou avanço econômico, mas também trouxe consigo danos ambientais e sociais significativos. O fato é que a inovação pode corroborar com a sustentabilidade e, mais que isso, precisa incorporá-la imediatamente a suas diversas etapas de consecução do novo. Bessant e Tidd (2009) fortalecem essa exposição ao interporem que as múltiplas preocupações que englobam a sustentabilidade influenciam, e de maneira fundamental, sobre os rumos da inovação.

Assim, enquanto que a sustentabilidade, quando incorporada à cultura organizacional, reflete políticas gerais da empresa tais como “reconhecimento da necessidade informacional dos stakeholders” e a “necessidade de demonstrar parceria social e gerenciamento responsável” (MUSSOI; VAN BELLEN, 2010, p. 58); a inovação volta-se à demanda específica da vantagem competitiva sustentável, decorrente de temporária desorganização do mercado, em virtude da introdução de um novo produto, o que lhe assegura arquitetar um planejamento de longo prazo (SCHUMPETER, 1961). Seguindo estes aspectos, a sustentabilidade e a inovação aparecem, cada vez mais, no cerne das estratégias corporativas, afetando, portanto, as estruturas organizacionais em função das pretensões de adaptação.

A atividade de inovação é comumente apontada como a mais representativa fonte para a degradação ambiental em virtude de ser ela atrelada a maiores patamares de consumo e de crescimento econômico. Todavia, a inovação pode vir a propiciar diversas soluções possíveis a questões ambientais críticas, como exemplo, produtos mais limpos, tecnologias alternativas e processos mais eficientes (BESSANT; TIDD, 2009).

Maurer (2011) dá ainda mais sentido ao estreitamento estratégico da atividade de inovação e a sustentabilidade ambiental e social quando, para a autora, apesar dos avanços tecnológicos e comerciais já concretizados ao longo do tempo, persistem desafios de ordem ambiental e social. A alternativa para suplantá-los é o desenvolvimento de inovações sociais, soluções em potencial das necessidades emergentes da sociedade.

Em suma, a inovação passa a ser considerada ainda um fator determinante da sustentabilidade ambiental e social, resultando nas “inovações verdes” e nas “inovações sociais”, que possuem objetivos específicos em relação àqueles incorporados ao conceito

tradicional da inovação (OECD, 2009; MAURER, 2011; ANGELO; JABBOUR; GALINA, 2012).

Scandelari e Cunha (2013, p. 186) asseguram que, “para colocar em prática as estratégias e os fundamentos preconizados pelo desenvolvimento sustentável, alguns modelos de gestão da produção foram desenvolvidos”. Esses novos modelos, por conseguinte, apuram o conceito de organização ou firma sustentável.

Deste modo, “a organização dita sustentável é aquela que, sendo eficiente economicamente, de maneira paralela, qualifica-se como respeitadora da capacidade de recuperação do meio ambiente e atua como fonte e canal de práticas que beneficiem a equidade e a inclusão social” (BARBIERI et al., 2010, p. 150).

O estudo de Gomes et al. (2009) evidenciou, ao analisar como as práticas de inovação conjunta à responsabilidade socioambiental influem as empresas brasileiras na inserção internacional, que o sucesso da internacionalização e a competitividade da empresa avaliada baseavam-se em soluções tecnológicas inovadoras, mas comprometidas com a sustentabilidade ambiental e social.

O fortalecimento conceitual-empírico dado por Corrêa et al. (2010) é preciso, já que os autores buscaram verificar se as práticas de responsabilidade social, a inovação e a sustentabilidade são desdobramentos decorrentes da estratégia corporativa da empresa. Observou-se que as decisões sobre inovação tecnológica e sustentabilidade devem estar diretamente vinculadas às questões e ações sociais e ambientais, bem como emergir da base das concepções estratégicas do negócio.

Recentemente, Kim (2015) buscou examinar como os comportamentos ambientais e sustentáveis influenciam as atividades de inovação e, inclusive, o desempenho da empresa. Os resultados apontam relações positivas entre o ambiente empresarial e atividades inovadoras, sendo, portanto, o investimento em inovação demanda para se atingir o desenvolvimento sustentável.

Diante do exposto, acredita-se que as empresas que buscam excelência operacional e ainda sustentar vantagens competitivas, como desempenho diferenciado, precisam, para além da proposta estratégica de renovação pautada na atividade de inovação, deter um olhar crítico às questões atreladas à sua responsabilidade ambiental e social. Conjectura-se, ante a reflexão, que haja relação entre esses dois perfis estratégicos corporativas contemporâneas. As disposições observadas embasaram as hipóteses de pesquisa levantadas.

H3: Há relação positiva entre a inovação e a sustentabilidade ambiental e social nas empresas brasileiras que participam dos índices sustentáveis da BM&FBovespa e da NYSE Euronext.

2.7.4. Inovação e sustentabilidade ambiental e social: economias emergentes versus economias desenvolvidas

Tanto inovação, como práticas de sustentabilidade ambiental e social, aparentemente, possuem perfis distintos, quando confrontadas as realidades de economias emergentes e de países desenvolvidos.

As razões para essas diferenças são variadas e permeiam, dentre outras coisas, realidade e conjuntura econômica, oportunidades de negócio e concepções ideológicas. Sobre o processo de inovação, defende-se que se ele não tem origem na geração e na conquista de novos conhecimentos, findará rapidamente.

Sendo a inovação no Brasil marcada, basicamente, pela atualização de produtos e processos, por isso, não derivando da geração e da obtenção de novos conhecimentos, “ela não enseja uma liderança competitiva, a médio e longo prazos, com base no conhecimento, que permeia a diferenciação das empresas no processo de concorrência” (ARRUDA; VERMULM; HOLLANDA, 2006, p. 50). Talvez por isso o Brasil seja o último colocado em relação ao grupo do BRICS. Sabe-se ainda que o Estado é responsável pela experiência dos países com gastos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), pois é ele que constrói um cenário favorável a esse setor.

Segundo dados da United Nations Conference on Trade and Development (UNCTAD), os países desenvolvidos são majoritários em relação ao investimento em P&D. Em 1991, a parcela referente a esses países correspondia a 97%, reduzindo em 2002 para 91%, mas devido aos países China, Índia e Coréia. Neste último ano os Estados Unidos respondiam por mais de 25% do total do valor investido (ARRUDA; VERMULM; HOLLANDA, 2006).

Apesar disso, Faro e Faro (2010) asseguram que há evidências acerca da existência de um modelo comportamental onde se percebe ausência de distinções marcantes no que tange a velocidade e o ímpeto do desenvolvimento tecnológico, seja qual for o país analisado. Mesmo em alguns países com forte desenvolvimento, onde a inovação aparece como traço evidente da evolução econômica, a organização e efetivação de processos tecnológicos inovadores não

afeta, equilibradamente, todos os segmentos produtivos. Ou seja, setores serão mais ou menos propensos à inovação, muito em função das atividades desempenhadas e do mercado-alvo.

Por outro lado, países emergentes são vistos como oportunidades futuras de negócio, porque, considerando a perspectiva dos países em desenvolvimento, a compreensão do tema inovação é fundamental para a construção de estratégias que viabilizem a competitividade local. Em geral, nesse grupo de economias, há um alto índice de competitividade, definido por um sistema regulatório forte que, ao influenciar e ser influenciado por transições tecnológicas, visa atender demandas cada vez maiores atreladas ao desenvolvimento sustentável (GOMES et al., 2009).

Emenda Figueiredo (2012) que, muito embora a responsabilidade ambiental e social tenha se mostrado temática pouco desenvolvida em economias emergentes, o status começa a se modificar, visto que o mercado consumidor se encontra cada vez mais atento ao comportamento das empresas nesses países.

Não coincidentemente que Gomes et al. (2009, p. 35) concluíram que “a questão socioambiental faz parte das definições globais e tecnológicas da empresa, levando em consideração os interesses institucionais e dos grupos de interesses envolvidos na ação empresarial” ao avaliarem uma empresa brasileira do setor de máquinas e equipamentos.

Em convergência àquilo apresentado, Gonçalves et al. (2013, p. 65) defendem que “um maior incentivo por parte dos organismos reguladores poderia fazer com que houvesse uma melhor prática acerca da divulgação social em empresas brasileiras”.

A disseminação ideológica das ações vinculadas ao desenvolvimento sustentável, que pressupunha coexistência perene entre as searas ambiental, social e econômica, em economias desenvolvidas e emergentes, deu-se de maneira diferenciada. Enquanto que aqueles tinham preocupações em torno dos crescentes níveis de degradação que ameaçavam sua qualidade de vida; os últimos temiam atividades restritivas econômicas de seus produtos e obstrução do seu desenvolvimento, na época ainda tímido. O fato é que muitas fontes de recursos se localizam em países emergentes, provocando novo panorama econômico: países desenvolvidos poupam seus recursos e buscam alternativas; países em desenvolvimento dão maior relevância a essas questões (NASCIMENTO, 2012).

Fatidicamente, alguns aspectos como poluição, perda da biodiversidade, aquecimento global e discrepâncias na qualidade de vida, consequentemente, geram impactos sociais negativos, graças ao atual modelo de desenvolvimento adotado. Pode-se indagar como as

responsabilidades das economias em desenvolvimento e desenvolvidas podem ser diferentes, mesmo que as ações para mitigação dos impactos carecerem de atenção conjunta por ambos os grupos de países. Países emergentes ainda possuem alguns problemas antigos – alto crescimento populacional e baixa tecnologia à exploração eficiente de recursos naturais; enquanto que economias desenvolvidas consomem em demasia tais recursos em função do modelo de crescimento que possuem (PEREIRA, 2009).

Freitas et al. (2013), ao analisarem indicadores de responsabilidade ambiental em empresas brasileiras e espanholas, observaram que, para alguns grupos de evidenciação informacional de caráter ambiental, as firmas espanholas superaram as brasileiras. Os autores atribuíram as diferenças, dentre outras coisas, aos imperativos proeminentes da Comunidade Europeia, que não afetam o Brasil. Em ambas as conjunturas econômicas, as origens do comprometimento com práticas ambientais e sociais responsáveis pode ser a mesma: as pressões derivadas da sociedade. Os stakeholders incentivam as firmas nesse sentido e as elas, rumo à adequação e conformidade, absorvem essas “exigências”, mesmo que essa postura redunde em custos adicionais e desempenho não favorável (DAGILIENĖ, 2013; ZHENG; LUO; MAKSIMOV, 2014).

Pelo descrito, tem-se expectativa de que as empresas brasileiras e europeias possuam níveis de engajamento estratégico distinto quanto à inovação e à sustentabilidade ambiental e social, muito devido aos contextos econômicos, visões e focos ideológicos sobre as estratégias e oportunidades de absorção de vantagens futuras. Apesar disso, permanece a ideia de que inovação e sustentabilidade são perseguidas e reconhecidas como fontes de competitividade. Com as disposições observadas as hipóteses elencadas foram elaboradas.

H4a: Há diferenças significativas de inovação se comparadas as empresas brasileiras e europeias que compõem os respectivos índices de sustentabilidade da BM&FBovespa e da NYSE Euronext.

H4b: Há diferenças significativas de sustentabilidade ambiental e social se comparadas as empresas brasileiras e europeias que compõe os respectivos índices de sustentabilidade da BM&FBovespa e da NYSE Euronext.