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1.2 Formulação do Problema

No documento Modelo de rating interno. (páginas 31-34)

O objetivo final deste estudo é, a partir das variáveis selecionadas, construir um Índice de Risco de empresas de pequena dimensão – microempresas e PME - que seja, simples de ser construído – função do número e disponibilidade de informação sobre as variáveis envolvidas – e consistente, ou seja, capaz de levar a um ranking de risco compatível com os resultados obtidos por entidades reputadas no ramo e que usam modelos supostamente mais complexos.

Os modelos de risco de crédito compreendem ferramentas e aplicações que têm por objetivo principal medir o risco de tomadores e transações individuais ou de uma carteira de crédito como um todo. Segundo Andrade (2003), os modelos de risco de crédito podem ser classificados em três grupos: modelos de classificação de risco, modelos estocásticos de risco de crédito e

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modelos de risco de portfolio. Os modelos de classificação de risco tentam avaliar o risco de um tomador ou operação, atribuindo uma medida que representa a expectativa de risco de default, geralmente expressa na forma de uma classificação de risco (rating) ou pontuação (scoring). Os modelos de classificação de risco são utilizados pelas instituições financeiras nos seus processos de concessão de crédito.

Enquanto no passado, as empresas tomavam decisões baseadas unicamente em informações financeiras, atualmente o processo de tomada de decisão envolve um maior número de variáveis, exigindo uma grande preocupação entre os gestores com outros indicadores (Machado et al., 2003). Nesta conformidade, sob a ótica das Finanças, as organizações são avaliadas quantitativamente por meio de indicadores económicos e financeiros e qualitativamente por aspetos de qualidade, como fatores comportamentais e sociais dos responsáveis e da própria empresa, satisfação de clientes, qualidade dos produtos, participação no mercado, retenção de clientes, fidelidade dos clientes, inovação, habilidades estratégicas, formação académica, antiguidade, experiência e outros. São assim critérios mais subjetivos e deixados para a interpretação das instituições financeiras e dos supervisores, tais como a necessidade de provar a estabilidade dos modelos, a adequação da filosofia de rating, ou ainda a robustez da metodologia. Mas como poderemos definir rating? Muito simplesmente, rating é uma opinião sobre a capacidade e vontade de uma entidade vir a cumprir de forma atempada e na íntegra determinadas responsabilidades. Segundo Bessis (1998), o risco de crédito pode ser definido pelas perdas geradas por um evento de default do tomador ou pela deterioração da sua qualidade de crédito. Há diversas situações que podem caracterizar um evento de default de um tomador. O autor cita como exemplo o atraso no pagamento de uma obrigação. O crédito geralmente envolve a expectativa do recebimento de um valor em um certo período de tempo. Nesse sentido, Caouette et al. (1999) afirmam que o risco de crédito é a hipótese de que essa expectativa não se cumpra. De forma mais específica, o risco de crédito pode ser entendido como a possibilidade de o credor incorrer em perdas, em razão de as obrigações assumidas pelo tomador não serem liquidadas nas condições acordadas. Risco de crédito pode ser assim considerado como o risco de perda em que se incorre quando se verifica incumprimento de uma contraparte numa operação de crédito. Na maioria das análises, o risco de crédito do tomador está relacionado a fatores

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internos e externos, que podem prejudicar o pagamento do empréstimo contratado junto da instituição financeira. Assim, gestão de risco é o processo de compreender, avaliar e gerir eficientemente os níveis de variabilidade inesperada nos resultados financeiros.

Não raramente, a área de crédito / departamento de análise de risco de uma instituição de crédito tende ao narcisismo e à infalibilidade, considerando-se insuperável e portanto praticamente imune ao erro. Por outro lado, as áreas comerciais, também não muito raramente, classificam esses departamentos de risco como autênticos monstros destruidores de negócios. É preciso conhecer em profundidade o cliente, objetivamente e subjetivamente, para que seja possível classificá-lo corretamente. A boa conjugação destes parâmetros mitiga o risco. Para Ong (2003), o risco de crédito é o risco de fracasso de uma contraparte. Da mesma forma e complementarmente, para Crouhy et al. (2001) risco de crédito é o risco em que uma mudança na qualidade do crédito de uma contraparte afetará o valor da posição de um banco. É assim nuclear encontrarem-se reunidas competências técnicas, bom senso, capacidade de diálogo e confiança nas áreas comerciais (por parte dos departamentos de analise de risco da Instituição financeira), e igualmente competência técnica, capacidades relacionais, o sempre necessário bom senso e um ímpeto comercial devidamente controlado e que nunca seja dominado pelos objetivos comerciais (por parte das áreas comerciais da instituição financeira).

A análise de risco de crédito será seguramente a atividade mais corrente e importante no quotidiano de uma instituição financeira. A concessão de crédito à economia é o “core business” dos bancos, sendo um dos pilares do desenvolvimento económico da sociedade com grande repercussão nos indicadores sociais, além de que é na atividade creditícia que as instituições retiram a grande fatia dos seus proveitos. Para cumprir com as suas responsabilidades sociais e fundamentalmente poder atingir o seu objetivo nuclear – criação de valor para o acionista – é fundamental que toda essa atividade creditícia seja convenientemente avaliada, ou dito de outra forma, que o seu risco seja bem medido. Para o efeito, a banca em geral desenvolveu modelos de

rating interno no âmbito do Programa Basileia II, facto que contribuiu para melhorar a análise

das carteiras e o estabelecimento de normas mais rigorosas de avaliação de crédito no sentido de mitigar o risco.

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A avaliação do risco, quer de operações do ativo, quer de extrapatrimoniais, segundo a Caixa Geral de Depósitos, está suportada fundamentalmente na análise sistemática dos seguintes fatores;

• transparência e qualidade da informação económico -financeira disponibilizada;

• qualidade da gestão, eficiência operacional, influência do meio envolvente do cliente/risco e de mercado/posicionamento concorrencial, área geográfica, setor de atividade, contingências, relacionamento com a Banca, fatos que permitem a deteção de riscos endógenos e exógenos; • qualidade da operação proposta, nomeadamente da sua finalidade, prazo, garantias, partilha de responsabilidades, colateral, risco cambial, etc.

Neste contexto, o problema que é formulado neste trabalho é a construção e demonstração de um modelo que permita uma justa avaliação e classificação de empresas de pequena dimensão, protótipo esse que possibilite às instituições mitigar risco e adequar capital à sua carteira de crédito.

Como meio auxiliar para o consecução do objetivo proposto, neste trabalho foram utilizadas técnicas estatísticas, nomeadamente a Análise Univariada, a Análise Fatorial, a Análise de

Clusters e a Regressão Logística Ordinal, utilizando-se para o efeito o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) – versão 18, pretendendo-se caracterizar o desempenho

das empresas e nesta conformidade classificá-las. Neste sentido, o objetivo principal deste trabalho é estimar um modelo que permita distinguir o desempenho e qualidade entre as micro e PME. Pretende-se assim que o resultado final seja a construção de uma escala de grau de riscos que permita classificar as empresas caracterizadas como microempresas e PME.

No documento Modelo de rating interno. (páginas 31-34)