• Nenhum resultado encontrado

FORMULAÇÕES INTEGRAIS DE CONTORNO SINGULAR E HIPER

O Segundo BREBBIA & DOMINGUEZ (1989) a equação integral de contorno que governa os problemas elastostáticos pode ser obtida a partir do conjunto de equações diferenciais do PVC partindo-se do Método dos Resíduos ponderados (MRP). O MRP é uma técnica clássica de resolução de problemas da engenharia sendo o mesmo a base da formulação de outros diferentes métodos numéricos como o MEF e MDF.

Para introduzir a formulação, considere um sólido contínuo em estado de equilíbrio com domínio Ω e contornos complementares e sujeito as seguintes condições de contorno:

a) – Condições de contorno essenciais ou de Dirichlet: = ̅ em

b) – Condições de contorno naturais ou de Neumann: = � = ̅ em

A equação de equilíbrio representa a forma forte do PVC e deve ser satisfeita para atender ao estado de equilíbrio do sólido:

� , + = Ω (3.16)

Considerando uma aproximação numérica, a equação acima passa a não ser atendida em todos os pontos e, portanto restará um resíduo ao se proceder o somatório dos valores resultantes da equação em todos os pontos. Sendo assim, o MRP propõe que tal resíduo deve ser minimizado sendo para isso necessário ortogonalizar o produto escalar entre a função a ser aproximada e a função ponderadora. Utilizando então o MRP e tomando a solução fundamental ∗ como função ponderadora obtém-se:

� ′ + , ∗ = ⇔ ∫ (� ′ + ) ∗ Ω Ω = (3.17) Ou ainda: ∫ � ′ ∗ Ω Ω + ∫ ∗ Ω Ω = (3.18)

Procedendo a integração por partes do primeiro termo do membro esquerdo da equação é possível obter:

∫ � ∗ − ∫ � , ∗ Ω Ω + ∫ ∗ Ω Ω = (3.19)

Utilizando a relação deslocamento deformação e o equilíbrio de forças de superfície a Equação 3.19 pode ser reescrita como:

− ∫ � Ω

Ω + ∫

Ω

Ω = − ∫

(3.20)

Considerando o teorema de reciprocidade de Betti, = , e integrando por

partes o primeiro termo a esquerda da Equação 3.20 resulta: ∫ �∗ , Ω Ω + ∫ ∗ Ω Ω = − ∫ ∗ + ∫ (3.21)

Note que os termos a direita da equação acima correspondem a integrais de contorno. Considere ainda a subdivisão do contorno em e . Dessa maneira, é possível reescrever a equação como: ∫ �∗ Ω Ω + ∫ ∗ Ω Ω = − ∫ ∗ − ∫ ̅+ ∫̅ + ∫ ∗ (3.22)

Na Equação 3.22, as barras em cima de p e u representam valores conhecidos da solução. No intuito de retornar da Expressão 3.22 para a 3.17 integra-se por partes duas vezes o primeiro termo da equação anterior. No entanto, como as condições de contorno foram impostas, a equação resulta em:

∫ (� ′ + ) ∗ Ω

Ω = ∫ ( − ̅ )

+ ∫ (̅ − )(3.23)

A Expressão 3.23 corresponde a uma forma em resíduos ponderados generalizada, utilizada como ponto de partida para formulação integral. Em termos gerais, pode-se observar que a solução aproximada deve ser tal que o resíduo por ela gerado no domínio, ponderada por uma função peso, deve ser igual ao resíduo por ela gerado no contorno, também ponderado pela mesma função peso. Desta maneira considera-se, por exemplo, que a função peso não necessariamente seja homogênea nas condições de contorno.

Definido o ponto de partida agora retornemos à Expressão 3.22. Observe que devido ao equilíbrio, o integrante do primeiro termo da equação pode ser apresentado como:

� , ∗= − (3.24)

Sendo que as soluções fundamentais podem ser escritas como:

=

= ∗ (3.25)

u ∗ e p são o deslocamento e a forças de superfície na direção em qualquer ponto

do problema devido a uma carga unitária aplicada na direção em um ponto . Considerando o ponto localizado no interior do domínio, levando-se em conta as propriedades do Delta de Dirac e substituindo a Equação 3.24 na primeira integral da Equação 3.22 obtêm-se para uma particular direção:

∫ �∗′ Ω

Ω = − ∫ ∆Ω Ω= −

(3.26) Assim, a Equação 3.22, pode agora ser escrita em termo de componentes independentes de deslocamento no ponto :

+ ∫ ∗ ̅ + ∫ ∗ = ∫ ∗ + ∫ ̅ ∗ + ∫ ∗ Ω

Ω

(3.17) Onde representa a componente do deslocamento no ponto devido a uma carga unitária aplicada na direção .

Pode-se observar que quando uma carga unitária é aplicada numa direção específica , os deslocamentos e forças de superfície têm componentes nas duas (ou três) direções enquanto que os termos do tipo , são diferentes de zero apenas ao longo da direção . (BREBBIA e DOMINGUEZ, 1989). A Expressão 3.27 pode ser escrita de uma maneira mais compacta como:

+ ∫ ∗ = ∫+ ∫Ω

Ω

(3.28) A Equação 3.28 é denominada identidade Somigliana em homenagem ao matemático Carlo Somigliana ou ainda equação integral singular. Essa permite calcular os deslocamentos em qualquer ponto do domínio desde que sejam conhecidos os deslocamentos e forças de superfície dos pontos de contorno, as forças de domínio atuantes e a solução fundamental.

Na ausência de forças de volume a identidade Somigliana pode ser apresentada como:

+ ∫ ∗ = ∫(3.29)

Vale lembrar que essa equação é denominada singular devido à ordem de singularidade ⁄ da solução fundamental ∗. A partir da Equação 3.28, é possível resolver

os PVC’s utilizando a então chamada formulação singular do MEC conforme será apresentado no tópico seguinte.

No entanto, além da representação integral 3.28 dos problemas elastostáticos, é possível a partir da identidade Somigliana obter outra equação integral denominada de equação hiper singular com a qual também é possível solucionar os PVC’s da teoria da elasticidade. Visando obter tal equação é valido lembrar que a Expressão 3.29 é diferenciável uma vez que os termos ∗ e ∗ dependem unicamente da distância entre o ponto fonte e o ponto de interesse na análise denominado ponto campo. Portanto, procedendo a derivações obtém-se:

, + ∫ ∗ , = ∫ ∗ , (3.30)

Em 3.30, a diferenciação das soluções fundamentais é referente à distância

r

, tomando como referência o ponto fonte. Introduzindo a relação deslocamento deformação e lei constitutiva isotrópica, Equações 2.12 e 2.31, é possível então escrever a identidade Somigliana em termos de tensões conforme apresentado a seguir.

� + ∫ = ∫ (3.31)

Onde os termos e contêm as derivadas das soluções fundamentais ∗ e

em relação à direção respectivamente. Admitindo que as soluções fundamentais obtidas para problemas em EPD os termos e podem ser apresentados como:

= { ,�[ − , + ( , + , ) − , , ,] (3.32)

+ ( , , , + , , , ) + − ( , , , + , + , ) − − , }

A Equação 3.31 é então denominada equação integral hiper singular. Isso devido a maior ordem de singularidade da expressão, ⁄ , a qual é encontrada no termo .

No caso de EPT, As soluções fundamentais ∗ e ∗ e os núcleos e permanecem iguais aos apresentados nas Equações 3.12, 3.14, 3.32, 3.33, porém, as constantes elásticas do material isotrópico devem ser alteradas da seguinte maneira:

= + +