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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.4. Fotobiomodulação a Laser e Cicatrização

A partir das descobertas de Mester, diversos estudos foram realizados e os principais aspectos da cicatrização que são reportadamente afetados são a proliferação de Fibroblastos e Queratinócitos, a síntese do colágeno com um

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maior padrão de produção de matriz extracelular e de estimulação da angiogênese. Enquanto alguns trabalhos relatam um efeito mínimo ou a falta de efeitos após a irradiação com Laser não-ablativo, a maioria demonstra um efeito positivo na atividade celular, com aumento na produção de colágeno e melhoria de cicatrização (CONLAN et al., 1996).

Com o objetivo de investigar o comportamento de feridas cutâneas circulares de 10mm de diâmetro, provocadas na região dorsal de 12 ratos Wistar, outra pesquisa foi idealizada. Os animais foram divididos aleatorimente em dois grupos, um sem tratamento, e outro, submetido à terapia a laser de baixa intensidade. O aparelho de laser utilizado foi o Twin Laser (GaAs), λ870nm, potência de pico de 70mW, potência média de saída de 0,5 a 3,5mW, com fibra óptica. A aplicação foi realizada pelo método de varredura na área central da ferida. O protocolo utilizado foi de 3,8J/cm2 de dosagem, 15mW de potência e tempo de aplicação de 15s, num intervalo de 48H. Após 10 dias do ato cirúrgico foram colhidas amostras das lesões para realização de estudo histológico e histomorfométrico, que evidenciaram um aumento da neovascularização e da proliferação fibroblástica e diminuição da quantidade de infiltrado inflamatório. Os resultados em conjunto sugeriram que a terapia a laser é um método eficaz no processo de modulação da reparação tecidual, contribuindo para uma cicatrização tecidual mais rápida e organizada (ROCHA JÚNIOR et al., 2006).

Num estudo para avaliar a interferência do laser de baixa intensidade sobre as fibras colágenas e elásticas, foram realizados ferimentos cutâneos padronizados no dorso de setenta e dois ratos Wistar. O laser utilizado foi o diodo de Ga-Al-As (Dentoflex-Brazil), λ670nm, CW, 9mW. Em seguida, com

aplicações pontuais do raio laser com diferentes densidades de energia (grupo 2, 4J/cm2 e grupo 3, 8J/cm2) deu-se início à fototerapia. Os animais foram sacrificados com 24, 48 e 72 horas e aos quinto, sétimo e 14º dias. Através da análise histológica, observou-se que nos grupos submetidos à terapia a laser, houve maior redução do edema e infiltrado inflamatório, além disso, uma maior expressão de fibras colágenas e elásticas foi também evidenciada. Em relação à fluência, o grupo de 4J/cm2 apresentou melhores resultados em relação ao de 8J/cm2. Sendo assim concluiu-se que o laser contribuiu para uma maior expressão de fibras colágenas e elásticas na cicatrização (PUGLIESE et al., 2003).

Já com o objetivo de avaliar a relação existente entre os diferentes comprimentos de onda e a intensidade utilizada, outra pesquisa foi idealizada analisando o processo cicatricial e a fotobiomodulação a Laser. Nesta, 30 ratos

Wistar, adultos, jovens foram selecionados e submetidos a procedimentos

cirúrgicos e a fotobiomodulação a Laser. Sendo assim, eles foram anestesiados, e uma ferida circular (8 X 1mm) foi criada no dorso de cada animal. Os animais foram divididos em dois grupos, cada um com 15 animais. Os mesmos foram subdivididos em mais três grupos, contendo cinco animais cada. As feridas foram irradiadas com o Laser diodo (Thera Laser®, DMC, São Carlos, SP, Brazil) com comprimentos de onda de λ670nm e λ685nm e dose de 10J/cm2, em dois pontos distintos da borda da ferida. Diferentes intensidades foram testadas: 2, 15 ou 25mW durante sete dias. Em todos os grupos foi observado o processo de reparo. No entanto, o tratamento mais efetivo foi quando houve uma combinação da maior intensidade com o menor

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comprimento de onda, ou menor intensidade e maior comprimento de onda (NASCIMENTO et al., 2004).

Outro estudo teve como objetivo avaliar In Vitro o efeito da laserterapia na proliferação de Fibroblastos de gengiva humana, utilizando laseres diodo de diferentes comprimentos de onda (λ670nm, λ780nm, λ692nm e λ786nm) e potência de energia (10mW, 30mW e 50mW), com uma única densidade de energia (2J/cm2). Como conclusão, foi observado que a FBML promoveu em todos os grupos experimentais um aumento na proliferação de Fibroblastos, sendo que os comprimentos de onda infravermelhos e os tempos de exposição menores apresentaram melhores resultados (ALMEIDA LOPES et al. 2001).

Outra pesquisa com o objetivo de avaliar o efeito dos Laseres de GaAlAs (λ830nm – 35mW, spot 0.60mm) e Índio-Gálio-Alumínio-Fosforo (InGaAlP) (λ685nm – 35mW, spot 0,60mm) com doses de 20 e 50J/cm2, ambos Thera Laser®, DMC, São Carlos, SP, Brazil. Sessenta animais foram divididos em sete grupos e em todos foi realizada uma ferida cutânea circular de 8mm2. Os ratos Wistar foram sacrificados após três, cinco e sete dias do início do tratamento. Análises histológicas dos grupos irradiados utilizando as colorações HE e Picrosírius mostraram aumento na produção e organização do colágeno quando comparados com os grupos controle. A inflamação esteve presente em todos os grupos e em todos os tempos. Os grupos Laseres λ830nm e λ685nm, com densidade de energia de 20J/cm2, apresentaram melhores resultados ao final dos períodos experimentais (MENDEZ et al. 2004).

Apesar do grande número de trabalhos mostrando os efeitos desejáveis da irradiação com Laser, há aqueles com um efeito contrário ou falta de efeito

(ALLENDORF et al., 1997; BRAVERMAN et al., 1989; CAMBIER et al., 1996; HALL et al., 1994; HALLMAN et al., 1988; HUNTER et al., 1984; KREISLER et

al., 2001; LAGAN et al., 2001; SCHLAGER et al., 2000).

Questiona-se os parâmetros usados, tais como comprimento de onda, dose, densidade de potência, tempo de irradiação, além do calendário de dias de aplicação; e complementou destacando que antes de iniciar um trabalho de pesquisa com Laser é preciso considerar a importância desses parâmetros e de como eles podem influenciar os resultados, para evitar controvérsias e conclusões empíricas (WALSH, 1997).

Alguns estudos que não encontraram efeitos da fotobiomodulação a Laser não-ablativo, têm algum problema na metodologia empregada, não levando em conta o efeito sistêmico ou usando feridas contralaterais como controle (SILVA JÚNIOR et al., 2002).

A fotossensibilidade das células à irradiação Laser não é do tipo “tudo ou nada”. Ao contrário, existem diversos graus nos quais as células dos tecidos podem ser menos ou mais sensibilizadas, dependendo do estado fisiológico das mesmas, prévio à irradiação. Sendo assim, não provoca admiração o fato de o Laser não-ablativo exercer um efeito menor ou uma falta de efeito sobre organismos “saudáveis”, que estejam em um estado de equilíbrio fisiológico, podendo o pesquisador desatento encontrar resultados falso-negativos (KARU, 1989; SCHINDL et al. 2000).

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