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Segundo Gadotti (2005), Paulo Freire é o brasileiro que mais se destaca como educador nos panoramas nacional e internacional, tendo como principais referências literárias a “Educação como Prática da Liberdade” (1967) e a “Pedagogia do Oprimido” (1970), que serviram de alicerce para a construção do seu pensamento pedagógico.

representatividade na primeira etapa da construção do pensamento pedagógico, como “Educação e Atualidade Brasileira” (1959) “Conscientização: teoria e prática de libertação” (1980). Além disto, infere o autor (1999), no interior destas obras é possível encontrar mudanças nos conceitos referentes à relação educação e política, pois, no contexto da situação histórica do país à época, Freire vinha tecendo suas preocupações e apresentando seu método pedagógico para a alfabetização de adultos, enquanto “pedagogia da resistência”.

De acordo com Freire (1979), a obra intitulada “Educação e Atualidade Brasileira” trata de sua tese, apresentada no concurso para a carreira docente na Escola de Belas Artes da Universidade de Pernambuco. Sabe-se que autores críticos de suas obras citam esta produção como base de seu livro “Educação como prática de Liberdade”.

É importante mencionar que tais obras foram alicerçadas por temáticas que se relacionavam com a realidade histórica e social do educador, marcadas em tempos e lugares. A propósito, segundo Scocuglia (1999), nos anos 50 e 60 a sociedade brasileira encontrava-se em franco processo de modernização, época em que a trama de forças provenientes de segmentos como agrocomercial, urbano e comercial exercia uma sobre as outras, ações de poder. Comenta o autor (Op.cit.) que Freire começou a pensar na educação enquanto prática pedagógica e política, chegando à produção da consciência-crítica das massas populares sobre a situação que se instalava no país.

Scocuglia et al. (1999) citam que nas primeiras obras escritas de Freire, “Educação e Atualidade Brasileira” e “Educação como Prática de Liberdade”, é possível encontrar em seus conteúdos temáticos a defesa de uma educação voltada para o desenvolvimento nacional, a construção da democracia e a humanização, viabilizada por um processo de consciência crítica. Entretanto, a “Pedagogia do Oprimido” demanda um processo educativo capaz de conscientizar o oprimido acerca de sua realidade opressora, eliminando sua consciência oprimida, deste modo, tornando-se um ato político-dialógico.

Porém, na opinião de Paulo Freire, a “Pedagogia do Oprimido”, dentre os seus escritos, é o que mais desponta, assumindo particularmente sua preferência, como ele descreve:

...Talvez, porém, deva deixar claro aos leitores e leitoras que, ao reportar-me à Pedagogia do Oprimido e falar hoje das tramas vividas nos anos 70, não estou assumindo uma posição saudosista. Na verdade, meu encontro com a Pedagogia do oprimido, não tem o tom de quem fala do que já foi, mas do que já é. [...] As tramas, os fatos, os debates [...] que participei nos anos 70, tendo a Pedagogia do Oprimido como centro, tão atuais quantos outros a que me refiro dos anos 80 e de hoje. (FREIRE, 1994, p 74)

Como foi visto anteriormente, a referida obra assume sua importância pela contemporaneidade da temática abordada, pela progressão e projeção de seu pensamento voltado à Educação, numa vertente de transformação do que se deve fazer, mas que não está sendo feito.

De acordo com Zitikoski et al. (2008), esse paradigma pedagógico de Freire, inicialmente oriundo da realidade da América Latina, atualmente está disseminado mundialmente como obra coletiva em processo de construção e reinvenção nas diferentes experiências de lutas e organizações das classes populares em todo o mundo, pois a obra literária de Freire vem, ao longo dos anos, dialogando com inúmeros estudiosos que se dedicaram e se dedicam ao arcabouço metodológico para uma educação libertadora.

Os escritos literários de Freire, segundo a análise de Zitikoski et al. (2008), vêm servindo de referência e fonte inspiradora, marcadas por inúmeras características imprescindíveis quando se trata de questões que envolvam a educação, por sua “ousadia epistemológica”, “engajamento político” e” pensar esperançoso”.

As obras de Paulo Freire reúnem conceitos provenientes de inúmeras correntes filosóficas, mantendo flexibilidade à construção de seu pensamento pedagógico, desafiada pelas realidades. Nesta vertente, a realidade opressora desafia Paulo Freire a trilhar suas idéias para a educação libertadora, enquanto prática política. Pensamento pedagógico que ao mesmo tempo é gerado pelo desafio da opressão, em que denuncia e anuncia novas formas de viver.

Segundo Scocuglia (1999) e Zitikoski et al. (2008), as obras literárias de Freire “Pedagogia do Oprimido”, “Extensão ou Comunicação” e “Ação Cultural para a Liberdade”, foram escritos durante seu exílio político. A estadia de Paulo Freire no continente africano, onde esteve em contato com a realidade daqueles países em processo de separação de suas colônias, inspiraram o educador a escrever livros, como: “Carta a Guiné-Bissau”, “Aprendendo com a Própria História” e “Sobre educação”, dentre outros.

Paulo Freire escreveu, com a participação de outros educadores, diversas obras literárias consideradas “livros dialogados”. Destacam-se algumas delas, a saber: “Paulo Freire ao Vivo”, “Por uma Pedagogia da Pergunta”, “Pedagogia da Esperança” “Pedagogia da Autonomia” e “Esta Escola Chamada Vida”.

De acordo com Simões & Santos (2004), este educador comprometeu-se o tempo todo com a vida, mas não pensava a vida, e sim, a existência. Centrou o seu pensamento em uma prática pedagógica libertadora na qual a praxis humana pode totalizar-se como prática de liberdade, tornando os indivíduos empoderados na condução de suas vidas.

Esperança”. Nele, o discurso da temática central de Freire está voltado para a necessidade da atualização do pensamento freiriano à educação problematizadora. Dizem os autores (Op.cit.) que Paulo Freire propõe uma pedagogia humanista-libertadora voltada para a construção de uma cultura de libertação, e complementam afirmando que este livro enfatiza que, mesmo desafiados, nossos sonhos devem ser mantidos como forma de nos mantermos fiel à utopia por uma sociedade mais justa, onde as pessoas possam ser felizes.

4 BASES METODOLÓGICAS DO ESTUDO

“O mundo pronunciado, por sua vez, se volta problematizado aos sujeitos dialogantes e problematizantes..., que ad-miram um mesmo mundo; afastam-se dele e com ele coincidem; nele põem-se e opõem-se [...] o diálogo não é produto da história, é a própria história.”