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2.2 ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO – APLICAÇÃO DAS FINANÇAS PÚBLICAS

2.2.4 Funções Clássicas do Estado

Ao longo da existência e evolução humana, o homem passou a sentir necessidade em aprimorar suas formas de organizações e relações, com forma de modificação do próprio ser. Assim, com a transição da sociedade feudal para a comercial-industrial, as mudanças institucionais começaram a ocorrer com maior intensidade, surgindo uma nova ordem social com fortalecimento do poder do Estado, responsável pela criação dos Estados Nacionais, especialmente na Idade Média, em que reis foram detentores do Poder. A política econômica baseava-se na acumulação de metais preciosos, expansão comercial e exploração agrícola.

Com o passar dos tempos, as transformações sociais continuaram acontecendo, junto com os conflitos e o crescimento dos mercados, necessitando-se, assim, que o Estado também se modificasse. O Estado passa a aumentar a captação de recursos, fazer empreendimentos comerciais de grande vulto, transformando também o processo político, social e econômico.

Com isso, tem-se a chegada do pensamento clássico que coloca em evidência o símbolo da liberdade. O maior pensador da época foi Adam Smith (2001), com o mercado autorregulador, pela mão invisível de mercado, competição perfeita e que negava a intervenção do Estado na economia, cuja importância é exposta por Simonsen (1998).

[...] a maior contribuição de Adam Smith não reside na estrutura lógica de sua teoria de formação de preços dos produtos e dos fatores de produção, mas em identificar como era possível chegar a uma ordem econômica natural a partir de um sistema inteiramente descentralizado de decisões, o livre jogo das forças de mercado (SIMONSEN, 1998, p.286).

No entanto, para Rezende (2001), os mercados de competição perfeita não são comuns para serem tomados como regra, abordando as falhas de mercado e justificando a intervenção estatal na economia. Longo e Troste (1993) discutem que o governo não atua apenas em amenização das falhas de mercado de forma eficiente, abordando também a conduta da política monetária, administração de estatais e regulamentação das empresas privadas, políticas de preço e o desenvolvimento econômico.

Musgrave (1974), por sua vez, traz os aspectos importantes para a administração dos governos, são as chamadas funções clássicas do Estado sendo: função alocativa, redistributiva e estabilizadora.

A função alocativa é responsável por prover bens de caráter público, tendo em vista que o governo não garante a quantidade de necessária de bens necessária para o sistema de mercado. Assim, o governo deve desempenhar a função alocativa de modo a:

a) determinar o tipo e a quantidade de bens públicos a serem ofertados e b) calcular o nível de contribuição de cada consumidor. Em relação a este último ponto, um determinado consumidor não tem motivos para se "apresentar” ao governo e declarar o valor “justo” que ele atribui aos serviços prestados pelo setor público, a não ser que tenha certeza de que os demais indivíduos beneficiados pelo fornecimento dos bens públicos façam o mesmo (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011, p.12).

Além disso, Giambiagi e Além (2011) pontuam a diferença entre produção de bens e provisão desses bens ou serviços públicos, uma vez que prover significa, intrinsicamente, ser responsável por zelar que esse bem seja concedido adequadamente para a população, em termos de oferta e qualidade, mesmo sem ser responsável pela produção desse bem.

A função distributiva diz respeito à alocação justa e coerente dos fatores de produção que são determinados por capital, trabalho e terra, ou seja, refere-se a distribuição de renda determinantes desses fatores.

Para que essa distribuição justa ocorra, o governo faz uso de instrumentos sendo as transferências, os impostos e os subsídios, relacionando-os como demonstrado em Giambiagi e Além (2011, p.14):

Em primeiro lugar, através do esquema de transferências o governo pode promover uma redistribuição direta da renda, tributando em maior medida os indivíduos pertencentes às camadas de renda mais alta, e subsidiando os indivíduos de baixa renda. (...) em segundo lugar, os recursos captados pela tributação dos indivíduos de renda mais alta podem ser utilizados para o financiamento de programas voltados para a parcela da população de baixa renda, como o de construção de moradias populares.

Finalmente, o governo pode impor alíquotas de impostos mais altas aos bens considerados de “luxo" ou "supérfluos", consumidos pelos indivíduos de renda mais alta, e cobrar alíquotas mais baixas dos bens que compõem a cesta básica, subsidiando, desta forma, a produção dos bens de primeira necessidade, com alta participação no consumo da população de baixa renda.

A função estabilizadora, por sua vez, surgiu com a teoria de John Maynard Keynes abordadas em sua obra Teoria Geral do Juro, do Emprego e da Moeda (1936), cujo princípio era de que o nível de emprego dependia do nível da demanda, sendo assim, os empregos na firma dependiam exclusivamente das

expectativas de venda dos produtos. Logo, se o governo viesse a aumentar os gastos na economia, a taxa de desemprego viria a descer, dando importância ao papel do Estado na economia para ministrar políticas monetárias e fiscais.

Como exposto, o governo intervém no mercado porque este, por si só, não é capaz de estabilizar-se sozinho, fazendo com que o governo e seus princípios macroeconômicos, política fiscal e monetária, sejam necessários .

A política fiscal é o planejamento orçamentário do governo, administrando as receitas que são geradas através dos impostos, e as despesas que são o salário das pessoas públicas, as construções, manutenções do que é público etc.

Sendo assim, pode haver superávit ou déficit na economia, e o primeiro acontece quando a receita é maior que a despesa, sobrando dinheiro para que o governo possa quitar suas dívidas, investir no que tiver necessidade, reduzir impostos. O déficit ocorre quando acontece o inverso, há mais gastos que receitas na economia, podendo provocar aumento de impostos e da dívida pública.

A política monetária refere-se ao conjunto de medidas que administram a oferta de moeda, ou seja, a liquidez desse ativo. Assim, cabe ao governo controlar a quantidade desse recurso em circulação. No entanto, a tarefa não é tão simples. Um aumento ou redução na oferta de moeda faz com que as tarifas de empréstimos em instituições financeiras possam também aumentar ou diminuir, que consequentemente diminuem as taxas de juros, podendo causar redução ou aumento do consumo e, por conseguinte, no PIB.