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Funcionalidades das Normas Técnicas

NORMAS TÉCNICAS

1.6.2 Funcionalidades das Normas Técnicas

Para que se possa compreender de que forma as normas técnicas impactam o comércio e em qual contexto as normas incentivam ou restringem o comércio mundial Swann58 desenvolveu o conceito de “Black Box”. Este modelo elaborado com base no conhecimento teórico e empírico do autor visa explicar porque as normas técnicas favorecem o comércio em determinadas situações e dificultam em outras.

Neste sentido é essencial levar em consideração o cenário em que cada estudo é realizado. Dado que os estudos podem se referir a diferentes países e indústrias com condições socioeconômicas distintas. Além disso, a relevância de uma norma técnica pode ser diversa de um país para outro.

58 Vide SWANN G.M.P. (2009), “2009 Workshop and Policy Dialogue on Techinical Barriers to Trade:

Promoting Good Practices in Support of Open Markets - International Standards and Trade: A Review of The Empirical Literature", Organisation for Economic Co-operation and Development - OECD Headquarters, Paris,

27 Assim o modelo desenvolvido apresenta uma série de variáveis correlacionadas com as possíveis rotas que tentam definir o modo pela qual as normas influenciam o comércio. Ressalte-se que as variáveis apresentadas não constituem um modelo completo, e portanto não é exaustivo. Tampouco as rotas de influência das normas técnicas são similares, pois as condições estabelecidas para cada caso analisado não são idênticas. Swann denomina esta perspectiva de se estabelecer uma diversidade de rotas e fatores que influenciam e são influenciados pelas normas técnicas de “Mixed Bag”.

Swann também recomenda que as futuras pesquisas se concentrem em avaliar as relações estabelecidas no “black box”. Por fim é importante dizer que existe uma extensa bibliografia em que se trata da relação entre normas técnica e as variáveis correlacionadas na “Black Box”.

Reproduzimos abaixo o modelo desenvolvido por Swann59:

59

28 Figura 2: Esquema Black Box 60

A caixa preta, conforme a figura elaborada por Swann seria um modelo para explicar o impacto das normas ou padrões na economia. Destaca-se que alguns dos elementos desta caixa podem gerar efeitos negativos ou positivos no comércio. Os vetores vinculam as diversas caixas e representam as conexões entre os elementos e que Swann denomina de “Mix Bag”, conforme já mencionamos.

Segue a avaliação de alguns elementos baseados na literatura existente:

Normas Técnicas, Análise Empírica, Sistemas Regulatórios e Comércio.

Blind61 (2004) apresenta uma série de análises empíricas que revelam a força motriz da normalização, o seu impacto na obtenção de produtos e serviços, nos sistemas regulatórios, o vínculo com os direitos de propriedade industrial, a relação com o fluxo de comércio e o desenvolvimento econômico dos países.

Normas Técnicas, Efeitos da Redução da Variedade, Economia de Escala, Capital Intensivo, Inovação e Pequenas Empresas.

O mesmo texto trata também da redução da variedade dos produtos e os efeitos decorrentes do estabelecimento dos padrões presentes nas normas. A redução da variedade permite que economias de escala sejam alcançadas, no entanto maiores volumes de produção também tendem a promover processos tecnológicos mais intensivos em capital. Esse padrão comum de evolução de tecnologia restringe o número de ofertantes e acaba por aumentar o tamanho destes. Tal tendência pode reduzir a competição, excluindo a possibilidade de firmas pequenas e potencialmente inovadoras (esta categoria é uma das mais difíceis de ser analisada, pois tanto pode promover quanto reduzir a inovação) de entrar no mercado porque não alcançariam um limite mínimo de eficiência para atuar.

Normas Técnicas, Estratégia, Divisão Internacional do Trabalho, Crescimento

Econômico, Conhecimento Codificado, “Catch-up”, Redução de Preço, Aumento do Consumo, Ganhos de Escala.

60

Fonte: SWANN G.M.P. (2009), 2009 “Workshop and Policy Dialogue on Techinical Barriers to Trade: Promoting Good Practices in Support of Open Markets - International Standards and Trade: A Review of The Empirical Literature", Organisation for Economic Co-operation and Development” - OECD Headquarters, Paris, 05 e 06 de Outubro de 2009. p. 38-42

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29 O tema normalização e divisão do trabalho são abordados por Junjiro e Hirofumi em Standardization, International Division of Labour and Plattaform Business 62 (2010). Os autores afirmam que a normalização tornou-se ferramenta estratégica para as empresas na década de 1980, a partir do estabelecimento de políticas industriais nos países desenvolvidos. Isto implicou na formação de consórcios entre empresas e definição de “normas ou padrões de consenso” com requisitos técnicos de produtos e processos de produção. Surge, portanto, o conceito de “plataforma de negócios” em que prevalece a divisão internacional do trabalho, concretizada pela implantação destas “normas ou padrões de consenso”, entre empresas dos países desenvolvidos, responsáveis pelo desenvolvimento tecnológico avançado dos produtos e empresas dos países emergentes que desejam crescer, responsáveis por agregarem trabalho com menor intensidade tecnológica na cadeia produtiva.

No futuro, os países industriais avançados poderão construir plataformas com indústrias de países com muito menos acumulação tecnológica em detrimento de países em que a tecnologia já foi acumulada, como China, Coréia e Taiwan. Em síntese, o trabalho conclui que a normalização cria um enorme mercado global, promove a divisão internacional do trabalho, e contribui para o crescimento de economias de países em desenvolvimento, bem como a economia dos países desenvolvidos.

Com base no mesmo modelo, Junjiro et al 63(2006) também aborda para o caso da produção de DVDs, o vínculo entre a normalização, o impacto no crescimento econômico e a divisão internacional do trabalho. O processo de normalização estabelece a cadeia que interconecta normalização, progresso tecnológico, queda de preço do produto, expansão dos benefícios econômicos, aumento do consumo e crescimento da atividade produtiva. Identifica-se assim a correlação entre normalização e expansão do mercado para DVDs, CD- Rom, CD-R/RW e DVD-player. Na medida em que as grandes empresas detentoras dos direitos de propriedade industrial (ex: Philips e Sony) tornam disponíveis em normas técnicas a preços acessíveis, como estratégia de mercado, parte do conhecimento codificado necessário para produção destes equipamentos, se verifica o aumento na produção e no consumo de tais bens. Isto ocorre em decorrência do deslocamento para países emergentes da atividade produtiva, o que possibilita a divisão do trabalho e o catch-up de novos entrantes o

62 Versão original publicada no Journal of Intellectual Property Association of Japan, Vol, 5, Nº 2, pp. 4-11 (2008). Vide também publicação JUNJIRO S. e HIROFUMI T. ISO Focus. New Busisiness model –

Empowering emerging markets. Junho de2010. p 28-30.

63 JUNJIRO S. (autor), OGAWA K. e YOSHIMOTO T., (co-autores) "Architecture-based approaches to

international standardization and evolution of business models" Universidade de Tóquio - Manufacturing

30 que implica na redução do preço do produto final e no aumento de forma progressiva do seu consumo. Em contrapartida parte do conhecimento codificado relacionado às patentes de tais produtos retornam às empresas detentoras de tais direitos de propriedade industrial, que por sua vez aumentam os seus lucros em decorrência dos ganhos de escala.

Normas Técnicas, Padrões, Credibilidade do Estado, Coordenação da Atividade Econômica e Convergência.

Velkar´s64 (2007) analisa diferença na adoção de padrões de fios na Inglaterra do século XIX. A conclusão do trabalho mostrou o caso de grupos rivais da indústria que não concordavam com um "one size fits all 'padrão, uma solução de compromisso surgiu depois que o Estado envolveu-se como árbitro na disputa. A solução, na forma de uma norma de jure, foi buscada para substituir as várias normas de facto, que surgiram ao longo do tempo. O aspecto interessante deste caso é que a norma de jure não era obrigatória, mas um padrão oficial: uma norma de último recurso. Isso teve algumas implicações gerais no que diz respeito à normalização e metrologia na indústria. Para o autor, os exemplos indicaram que as normas de jure, mas voluntárias, podem encorajar a concorrência, e ainda manter a flexibilidade para o uso de outras normas nos casos de aplicações específicas, ocasionais e marginais. A questão chave aqui é que as medições legais se tornaram imperativas não porque os tamanhos poderiam ser definidos e medidos com maior precisão, mas porque a maioria dos grupos concordara que os tamanhos eram mais desejáveis. Essa noção de tamanho desejável, produzindo exatamente os tamanhos que eram procurados por usuários e produtores, acabou por ser importante para a convergir para padrões uniformes.

Normas Técnicas, Cadeia Produtiva Global, Pequenos Produtores, Custo de Adequação e Superação de Barreiras, Consumidores e Nível de Renda, Participação dos Países em Desenvolvimento em Organismos Internacionais de Normalização.

O Departamento de Comercio Internacional do Banco Mundial publicou em Agosto de 2010 um interessante estudo sobre o papel das normas na cadeia de valor global. Nesse sentido, Kaplinsky 65 (2010) observa como as normas se tornaram uma dimensão cada vez mais importante no comércio global. Isso porque os produtores, especialmente os pequenos, podem ter dificuldade em atender ao crescente conjunto de normas para entrar no mercado, ou ainda podem acabar renegados a nichos pouco rentáveis ou de baixa margem de lucro. Assim,

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VELKAR, A. (2007), “Accurate Measurement and Design Standards: Consistency of Design and the Travel

of „Facts? Between Heterogeneous Groups”, Working Papers on The Nature of Evidence, No. 18/07,

Department of Economic History, London School of Economics, Londres, 2007.

65 KAPLINSKY R. "The Role of Standards in Global Value Chains" The World Bank. Poverty Reduction and Economic Management Network. International Trade Department. Agosto, 2010.

31 o trabalho inclui um histórico sobre normas técnicas, explica as diferenças entre os principais tipos de normas e identifica as principais partes interessadas no processo de normalização. Além disso, o estudo analisa o papel das normas nas empresas e considera os custos de adequação para os produtores, inclusive abordando o tema da criação de barreiras para pequenas empresas. O estudo também analisa a extensão e intensidade com que as normas nas cadeias de valor global serão afetadas quando o mercado final se move dos consumidores de alta renta do norte para aqueles de baixa renda na China e Índia. O autor conclui a discussão abordando as implicações políticas do crescimento do papel das normas técnicas nas cadeias de valor global alertando, por exemplo, para importância da participação dos países em desenvolvimento nos organismos internacionais de normalização.

Normas Técnicas, Objetivos de Regulamentação, Interoperabilidade e Custos de Produção.

Maskus, Otsuki e Wilson66(2009) desenvolveram, no âmbito do Banco Mundial, um importante estudo sobre o papel das normas técnicas para os países em desenvolvimento. Segundo os autores, as normas e regulamentos técnicos servem para garantir a segurança do consumidor ou para alcançar outras finalidades, como, por exemplo, estabelecer a interoperabilidade de sistemas de telecomunicações. Entretanto, normas regulamentos podem aumentar significativamente os custos de produção das empresas. Nesse sentido, os autores desenvolveram um modelo economêtrico para estimar os custos incrementais para empresas de países em desenvolvimento para garantir conformidade com as normas demandas pelos principais países importadores. Para tanto, utilizaram dados gerados para 16 países a partir da base sobre Barreiras Técnicas ao Comércio do Banco Mundial. Os resultados indicam que as normas aumentam os custos de curto prazo de produção, exigindo a introdução adicional de trabalho e capital. Os resultados apresentados podem ser interpretados como uma indicação do grau em que normas e regulamentos técnicos podem constituir barreiras ao comércio.

Normas Técnicas, Exportações de Países em Desenvolvimento, Regulamentos dos Países Industrializados.

Existe, no âmbito do Banco Mundial, uma série de estudos sobre normas e regulamentos técnicos e suas implicações no comercio internacional. Nesse contexto destaca-

66 WILSON S. J; MASKUS K. E. e OTSUKI T. "The Cost of Compliance with Product Standards for Firms in

Developing Countries: An Econometric Study" . Policy Research Working Paper Series. The World Bank. Maio,

32 se o estudo de Chen, Otsuki e Wilson67 (2006) denominado: “São as normas importantes para o sucesso das exportações?” em que os autores examinam como a adequação às normas estrangeiras afetam as exportações, refletidas na propensão a exportar e na diversificação de mercados. A fonte de dados para o trabalho é a base de dados do Banco Mundial para Barreiras Técnicas de 619 empresas em 17 países em desenvolvimento. De tal sorte, os resultados indicam que os regulamentos técnicos dos países industrializados influenciam negativamente a propensão das empresas para exportação em países em desenvolvimento. Os testes e inspeções reduzem as exportações em 9% e 3% respectivamente. Ademais, a diferença de normas entre os países estrangeiros causa uma não economia de escala para as empresas e afeta as decisões sobre a possibilidade de entrar nos mercados de exportação. A análise empírica apresentada pelos autores sugere que normas impedem a entrada de exportadores no mercado, reduzindo a probabilidade de exportar para mais de três mercados em 7%. Finalmente, os autores concluem que as empresas que terceirizam os componentes são mais desafiadas pela conformidade com diferentes normas do que aquelas que não terceirizam.

Normas Técnicas, Compatibilidade, Interoperabilidade, Interface,

Modularização e Indústria.

Segundo pesquisadores, a utilização de normas técnicas pode ser explicada devido a relação da normalização com a necessidade de se compatibilizar padrões face o conceito de modularização na indústria, conforme afirma Yamada68 (2006). Yamada cita Baldwin e Clark69 que ressaltam os objetivos da modularização:

“to make complexity manageable; to enable parallel work; and to accommodate future uncertainty..

They found “hidden modules” and claim that “design decisions in those modules do not affect decisions in other modules” and “in the hidden modules, designers may replace early, inferior solutions with later superior solutions”

(YAMADA, cita BALDWIN e CLARK, 2006, p. 108)

67 CHEN M. X; OTSUKI T. e WILSON S. J. "Do Standards matter for export sucess?". Policy Research Working Paper Series. The World Bank. Janeiro, 2006

68 YAMADA H. , TOYO University, Japão. "Standardization and Patent Pools: Using Patent Licensing to Lead

the Market", International Standirzation as a Strategic Tool. International Electrotehcnical Commission - IEC,

Genebra, 2006, p. 108.

69 BALDWI e CLARK citado por YAMADA, p. 108.

"Para tornar a complexidade gerenciável; para assegurar o trabalho paralelo, e para acomodar a incerteza no futuro.”

Eles descobriram os "módulos ocultos" e afirmam que "as decisões de forma (design) nesses módulos não afetam as decisões em outros módulos" e "nos módulos ocultos, designers podem substituir as primeiras soluções inferiores por soluções superiores posteriores”.

33 Yamada complementa e ressalta que a conectividade entre computadores pessoais e a rede de telecomunicações exemplificam o papel atribuído aos módulos ocultos. A rede de telecomunicações pode ser alterada de “dial-up” para “Digital Subscriber Line (DSL)” ou adicionalmente para “Fiber-to-the-Home (FTTH)” sem que haja a necessidade de se substituir o computador. O computador também poderá ser trocado por outro modelo com um desempenho melhor sem que seja necessário mudar a rede de telecomunicações. Isto somente ocorre porque os módulos ocultos de interface são padronizados através das normas técnicas com a função de estabelecer os padrões de interface. A modularização é importante, em especial para a indústria de telecomunicações, onde as mudanças são extremamente dinâmicas.

Normas Técnicas, Patentes, Conhecimento Codificado, Competitividade e Crescimento Econômico.

Blind e Jungmitag70 (2008) trataram do impacto das patentes e das normas técnicas sobre o crescimento macroeconômico. Nesse sentido, com base na hipótese de que o conhecimento tecnológico codificado contribui para o crescimento econômico, o estudo destes autores apresentou a estimativa de uma função Cobb-Douglas considerando um conjunto de 4 países e abrangendo 12 setores. Os resultados empíricos obtidos confirmam que tanto o estoque de patentes quanto o estoque de normas técnicas contribuiram significativamente para o crescimento econômico na década de 1990. Enquanto os resultados para os países foram bastante semelhantes, diferenças significativas foram encontradas em relação aos setores, indicando que as normas são mais importantes para o crescimento em indústrias menos intensivas em P&D. Por outro lado, as patentes são mais significativas para indústrias intensivas em P&D.

Normas Técnicas, Áreas de Livre Comércio, Barreiras Não Tarifárias, Exportação e Barreiras de Entrada.

Reyes71 (2011) parte da constatação de que o número de áreas de livre comércio tem crescido substancialmente. Em contrapartida, observa-se a redução das alíquotas tarifárias no âmbito destas áreas e o aumento de barreiras não tarifárias. Neste sentido, as exigências técnicas se refletem no conteúdo das normas técnicas regionais e internacionais. Tais

70 BLIND K. e JUNGMITTAG J. (2008), “The impact of patents and standards on macroeconomic growth: a

panel approach covering four countries and 12 sectors”, Journal of Productivity Analysis, 29 (1), 51–60

71 REYES J.S.; "International Harmonization of Product Standards and Firm Heterogenity in International

34 exigências podem implicar em custos adicionais, além de aumentar o tempo demandado para exportar determinado produto. O autor, dessa forma, examina de que forma as empresas americanas do setor de eletroeletrônicos podem superar exigências técnicas para acessar o mercado europeu. Os resultados apresentados demonstram que a harmonização técnica, via normalização, aumenta a exportação de produtos americanos para o bloco europeu. Uma característica importante dos novos entrantes neste mercado é de que tais firmas são menores e menos produtivas do que as empresas que já exportavam para a União Européia, antes da harmonização. Sob esta perspectiva, o autor conclui que o processo de harmonização técnica pode favorecer a entrada de novos produtores americanos (pequenas e médias empresas) no mercado europeu.

Governança, Normas Técnicas e o “The World Economic Triangle”.

Messner (2002) apresenta o modelo de “World Economic Triangle” resultante do processo de interação entre indústria, compradores globais, cadeias global de valor e redes composta por organismos de normalização e formuladores de política. O modelo sugere que os governos locais e regionais tendem a se tornarem cada vez mais influenciados por formas de “governança privada global” no que tange a aspectos técnicos, sociais, ecológicos, dentre outros, presente em normas que são influenciadas e monitoradas por redes de política global. Portanto o modelo de “Triângulo da Economia Mundial” visa demonstrar de que forma ocorre a interação entre atores globais face aos desafios, limites e atribuições estabelecidas para cada um deles no cenário econômico mundial, impostas mediante a adoção de normas técnicas.

35 Fonte: MESSNER D., "The concept of the "World Economic Triangle": Global Governance

Patterns and Options for Regions". Insitute of Development Studies - IDS Working Paper 173, p. 5-7,

Inglaterra, Dezembro de 2002.

Fleury (2006), com base no modelo do “World Economic Triangle”, discorre sob a forma em que as grandes empresas globais, legitimamente, face aos Acordos da OMC, em especial ao Acordo de Barreiras Técnicas, influenciam o processo de formulação de políticas públicas nos âmbitos regionais e locais. Este processo ocorre na medida em que as escolhas tecnológicas são verificadas em padrões técnicos que se consolidam em normas técnicas de organizações internacionais tais quais a ISO e a ITU. O mesmo processo é observado em níveis regionais e locais, vide, por exemplo, o setor de telecomunicações, especificações técnicas do sitemas CDMA, padrão de telefonia móvel adotado nos Estados Unidos estão presentes nas normas americanas. Por outro lado, requisitos do sistema GSM de telefonia

36 móvel europeu são observados em normas regionais européias. No âmbito global se observa a disputa para disseminação de cada um destes padrões no mercado.

Normas Técnicas, “Patent Pools” (Grupo de Patentes) e Acesso a Mercados.

Yamada (2006) avaliou, sob a perspectiva econômica, a política adotada por empresas no desenvolvimento de patentes e o seu vínculo com as normas técnicas. Neste sentido conceitos econômicos foram utilizados: “Tragedy of the Anti-Comons” (Tragédia dos Anti- Comuns),“Game Teory expression” (expressão da Teoria dos Jogos), “Leap-Frogging” (Salto do Sapo) e o “Innovator´s Dilemma” (Dilema do Inovador).

Os conceitos de “Tragedy of the Anti-Comons72”, e “Game Teory expression73.” (expressão da Teoria dos Jogos) foram aplicados para explicar por que as empresas constituem “patent pools” e abdicam do direito exclusivo de explorar uma patente, optando por licenciar esses direitos de forma cruzada (“cross-license”) com outras empresas detentoras de patentes, particularmente para as tecnologias referenciadas em normas técnicas desenvolvidas em fóruns nacionais, regionais, internacionais ou fóruns privados de normalização. Yamada ilustra seu modelo a partir do setor de Telecomunicações, Informação e Comunicações – TICs. Tal setor é caracterizado pelo alto investimento em pesquisa e desenvolvimento o que gera a obtenção de diferentes patentes relacionadas a uma mesma