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BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT

2.6.1 União Europeia

Segundo posicionamento da Comissão Européia105 a normalização tem desempenhado papel essencial: na formulação da política de integração dos países na Europa, nas mais diversas áreas, tecnologia da informação, ambiente, transporte, energia, saúde, proteção do consumidor, etc.; na facilitação de acesso ao mercado internacional, via alinhamento do processo de normalização nacional, regional e internacional, e na promoção da competitividade e desenvolvimento de projetos inovadores.

No passado o mecanismo de harmonização dos regulamentos técnicos na Europa foi bastante lento. Principalmente em decorrência do procedimento adotado no processo de elaboração dos regulamentos técnicos comunitários, em que se visava eliminar eventuais divergências vinculadas às características técnicas de um produto, fossem essas características associadas ou não aos objetivos legítimos (proteção ao meio ambiente, segurança, defesa do consumidor dentre outros). Além disso, a adoção dos regulamentos técnicos deveria ser aprovado por unanimidade pelos membros do bloco europeu.

A Resolução 07 de Maio de 1995 do Conselho da União Européia estabeleceu as condições para implementação da política do “New Approach” (“Nova Abordagem”) e aplicação das diretivas106 “Nova Abordagem”. Recentemente a legislação referente à “Nova Abordagem” e a “Abordagem Global107” foram revistas pelas Decisões: 765 e 768/2008/EC publicadas no Jornal Oficial das Comunidades Européias, número L/218 de 13 de Julho de 2008.

A partir de então a normalização passa a se constituir mecanismo central de apoio ao desenvolvimento da Política de “Nova Abordagem” da União Européia108, como instrumento de suporte a regulamentação. O “New Approach” se baseou, portanto, na necessidade de se

105 Vide EUROPEAN COMISSION, ENTERPRISE AND INDUSTRY. Disponível em

http://ec.europa.eu/enterprise/policies/european-standards/index_en.htm#top (acesso em 19/08/2010) 106

“A Diretiva é instrumento jurídico supranacional que permite às instituições comunitárias agir, em graus

diferentes, sobre as ordens jurídicas nacionais. Os atos jurídicos supranacionais estão previstos nos Tratados europeus: Tratado CECA – artigo 14º; Tratado CEE – artigo 249º; Tratado CEEA – artigo 161º.” (p. 64 – O

ABC do Direito Comunitário) 107

A abordagem global trata das orientações gerais e procedimentos a serem seguidos na execução das atividades de avaliação da conformidade no âmbito das diretivas “Nova Abordagem”.

108 A União Européia é um bloco constituído por 27 países, que transferem parte da sua soberania e

competências legislativas para as instituições supranacionais políticas e administrativas responsáveis pela gestão do mercado comum

51 eliminar as barreiras à livre circulação de mercadorias, para que se consolidasse o mercado único europeu.

Todavia é preciso esclarecer que política da “Nova Abordagem109” não foi aplicada a setores em que a legislação comunitária se encontrava muito adiantada, antes de 1985, momento em que foi implementada, ou nos casos em que não foi possível estabelecer disposições para os produtos acabados e os riscos relacionados. Assim não seguem os princípios da “Nova Abordagem”; a legislação comunitária relativa a gêneros alimentícios, produtos químicos, farmacêuticos, veículos a motor e tratores.

A política “Nova Abordagem” é uma técnica de regulamentação em que se visa a harmonização da legislação técnica. As Diretivas “Nova Abordagem” estabelecem os requisitos essenciais vinculados a proteção do ambiente, segurança e a saúde do consumidor que devem constar dos regulamentos técnicos.

Desta forma a harmonização legislativa a ser seguida pelos países membros da União Européia é alcançada pelo atendimento aos requisitos essenciais relacionados nas Diretivas.

Neste sentido organismos normalizadores regionais da União Européia, tais quais o CEN e o CENELEC publicam normas técnicas harmonizadas que definem as condições necessárias para se cumprir os requisitos essenciais relacionados nos regulamentos técnicos ou nas Diretivas. Assim as instituições que atendam as exigências das normas técnicas harmonizadas têm a presunção de conformidade ou de cumprimento aos requisitos técnicos das Diretivas “Nova Abordagem”.

2.6.1.1 Integração da Normalização Nacional, Regional e Internacional

Estrategicamente, no sentido de garantir a competitividade e inserção dos produtos no mercado mundial, via harmonização das normas técnicas, os organismos regionais europeus estabeleceram acordos com os organismos internacionais de normalização: ISO e IEC.

Assim foi implementado entre a ISO e o CEN, o Acordo de Viena110, e entre a IEC e o CENELEC foi assinado o Acordo de Dresden. Neste sentido as organizações de normalização

109 Vide Guia Para Aplicação das Directivas Elaboradas com Base nas Disposições da Nova Abordagem e da Abordagem Global – Comissão Européia - Bruxelas, 2003, p. 09.

110

The Agreement on technical cooperation between ISO and CEN (Vienna Agreement) is an agreement on technical cooperation between ISO and the European Committee for Standardization (CEN). Formally approved on 27 June 1991 in Vienna by the CEN Administrative Board following its approval by the ISO Executive Board at its meeting on 16 and 17 May 1991 in Geneva, it replaced the Agreement on exchange of technical

52 regional européias podem submeter projetos de normas técnicas para apreciação da ISO e da IEC, assim como podem trocar informações e adotarem projetos de normas ISO como normas européias.

O alinhamento da normalização regional, ou seja, das normas técnicas elaboradas pelo CEN e pelo CENELEC com a normalização internacional, ou seja normas desenvolvidas pela ISO e IEC garantem uma presunção de conformidade dos produtos e serviços desenvolvidos na União Européia com as exigências do mercado internacional, e se constitui em mecanismo estratégico na superação de eventuais entraves que porventura restrinjam o acesso ao mercado global.

Por fim constata-se que a política adotada pela União Européia assegura a legitimidade dos regulamentos técnicos europeus desenvolvidos com base em normas regionais que estejam harmonizadas com normas internacionais, face ao disposto em Acordos da OMC111.

Constata-se, portanto, a relevância estratégica das normas técnicas no processo de remoção de obstáculos técnicos e integração comercial e econômica da União Européia.