• Nenhum resultado encontrado

PARTE II – CONCEPTUALIZAÇÃO DO PROJETO PSICOTERAPEUTICO ‘DA

3.1. Fundamentação, Objetivos e Metodologia Geral

No decorrer do estágio final, no âmbito do Mestrado Integrado e Especialização de Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica, bem como o desenvolvimento teórico do projeto psicoterapêutico ‘Da Depressão à Autocompaixão’, permitiu-me um contato privilegiado com vários indivíduos com doença mental, no serviço de internamento.

A partir das condições de estágio e a recolha bibliográfica de aportes para a fundamentação do presente trabalho, foi proposto ‘percorrer o caminho’ definido do projeto psicoterapêutico ‘Da Depressão à Autocompaixão’.

Neste sentido, foi realizado um pedido formal à direção de administração e comissão de ética, correspondente ao serviço de internamento onde foi realizado o estágio (Anexo XI) a apresentação do projeto a realizar, bem como a intenção de colheita de dados para análise. Tendo um parecer positivo (Anexo XII) procedeu-se à recolha de dados, de acordo com o definido no pedido de investigação.

Salienta-se que o guião de entrevista padrão também foi submetido à apreciação da direção de administração e comissão de ética (Anexo III). Por outro lado, foi utilizado para colheita de dados o instrumento Forms of Self- Criticizing/Attacking and Self- Reassuring Scale (Gilbert et al, 2004) na sua versão portuguesa, Escala das Formas do Auto-Criticismo e Auto-Tranquilização, e validada para esta população (Castilho &

31/03/2019 | 91

Título | O Fenómeno do Autocriticismo e a sua relação com a Depressão – Concetualização de um Projeto Psicoterapêutico

Gouveia, 2011) (Anexo IV) tendo sido formalizada o pedido de utilização, apresentando- se em anexo (Anexo V) a autorização respetiva.

Foi também realizado um modelo de consentimento informado (Anexo XIII) para cada um dos indivíduos participantes, frisando a sua livre participação, bem como o objetivo pretendido com as respostas recolhidas, tanto a nível dos questionários, como nas entrevistas.

Salienta-se o cumprimento de todos os critérios éticos e deontológicos, que atestam a seriedade do procedimento, e como, e não menos importante, salvaguardam a confidencialidade e privacidade de todos aqueles que aceitaram colaborar, salientando a disponibilidade e generosidade destas pessoas, mesmo em situação de doença.

É de referir que, no presente trabalho, foi também considerado a salvaguarda do serviço de internamento em questão, bem como os profissionais que contribuíram para o meu processo formativo, de forma a reconfirmar a confidencialidade e privacidade dos utentes que colaboraram neste trabalho. Neste sentido, foi tida em conta a Declaração de Helsínquia da Associação Médica Mundial (2013).

Salienta-se que a parte III do presente trabalho, não pretende a validação do projeto terapêutico, bem como apenas são contemplados dados recolhidos em contexto de internamento, que ao serem recolhidos no âmbito dos diversos planos de intervenções individuais traçados, permitiu a avaliação dos mesmos (Anexo X).

Neste sentido, é de referir que, em contexto prático, foram realizadas as intervenções traçadas no ponto 2.4.5. Planeamento das Intervenções Psicoterapêuticas e a sua organização, pertencente à parte II, do presente trabalho, anteriormente explanado, cuja as intervenções-chave foram adotadas para a construção de planos individuais realizados. Ressalta-se que não foram realizadas as intervenções traçadas para o pós-alta, descritas no projeto psicoterapêutico pois, por questões temporais, não foi possível o acompanhamento dos utentes em contexto de domicílio, como já foi referido.

31/03/2019 | 92

Título | O Fenómeno do Autocriticismo e a sua relação com a Depressão – Concetualização de um Projeto Psicoterapêutico

Desta forma, a amostra em análise, foi selecionada de forma não probabilística, em que a seleção foi realizada por conveniência. Apesar de tal procedimento comprometer a real representação da população, e apenas representar a amostra em si, pode identificar aspetos gerais, focalizando pontos de discussão importantes, ainda que sem grande valor científico (Fortin, 2003; Quivy & Campenhoudt, 1995).

A recolha de dados foi realizada em contexto de internamento, após estabilização clínica dos indivíduos. O preenchimento do instrumento Escala das Formas do Auto- Criticismo e Auto-Tranquilização validada para esta população (Castilho & Gouveia, 2011), foi feito de forma autónoma, tendo sido feito, antes do contato com a escala, uma breve explicação sobre o objetivo dos dados e sobre a temática. Por sua vez, através da entrevista foram recolhidos dados sociodemográficos, bem como a sintomatologia depressiva existente. Foi utilizado como referencial os sintomas definidos pelo DSM-5 (American Psychiatric Association, 2014). Desta forma, foram avaliados a existência dos seguintes sintomas: i) humor deprimido, ii) perda acentuada de interesse ou prazer, iii) perda/ganho de peso, iv) insónia/hipersónia, v) agitação psicomotora vi) lentificação psicomotora, vii) fadiga/perda de energia, viii) sentimentos de inutilidade, ix) culpa excessiva/inapropriada, x) capacidade de concentração diminuída, xi) capacidade diminuída de pensar xii) alteração da funcionalidade social/familiar e xiii) pensamentos recorrentes de morte (American Psychiatric Association, 2014).

Salienta-se que o instrumento Escala das Formas do Auto-Criticismo e Auto- Tranquilização validada para esta população (Castilho & Gouveia, 2011), apresenta-se em anexo (Anexo IV).

É de referir que no presente estudo foram realizadas duas avaliações em tempos diferentes, referentes aos níveis de autocriticismo e autocompaixão, bem como a sintomatologia depressiva existente. A primeira avaliação foi realizada no início do internamento, após estabilização clínica, e a segunda avaliação foi feita nos dias em que já estaria a data da alta clínica preconizada.

31/03/2019 | 93

Título | O Fenómeno do Autocriticismo e a sua relação com a Depressão – Concetualização de um Projeto Psicoterapêutico

Os dados foram recolhidos entre dezembro de 2018 (especificamente a partir de 12/12/2018 após aprovação do presente estudo pela comissão de ética) e janeiro de 2019. Para tratamento dos dados, foi utilizado o programa Statistical Package for the Social Sciences Versão 23.

Desta forma, para a presente análise de dados, foram identificados os seguintes objetivos gerais e específicos:

Objetivos Gerais:

I. Compreender a relação entre os níveis de autocriticismo (nas suas formas ‘eu inadequado’ e ‘eu detestado’) e autocompaixão e os sintomas depressivos.

II. Explorar o papel significativo do autocriticismo e autocompaixão no transtorno depressivo major, para que este fenómeno seja reconfirmado e considerado no planeamento de intervenções, concretizando-se como uma mais valia nas respostas de saúde mental a esta patologia.

Objetivos Específicos:

I. Caraterizar os níveis de autocriticismo (nas suas formas ‘eu inadequado’ e ‘eu detestado’) em indivíduos com transtorno depressivo major.

II. Caraterizar os níveis de autocompaixão (na sua forma ‘eu tranquilizador’ em indivíduos com transtorno depressivo major.

III. Identificar correlações predominantes entre os níveis de autocriticismo e autocompaixão com sintomatologia depressiva específica e dados sociodemográficos.

IV. Identificar correlações entre as duas avaliações dos níveis de autocriticismo e autocompaixão após intervenções no âmbito do projeto psicoterapêutico

31/03/2019 | 94

Título | O Fenómeno do Autocriticismo e a sua relação com a Depressão – Concetualização de um Projeto Psicoterapêutico

V. Identificar correlações entre as avaliações da sintomatologia depressiva e os níveis de autocriticismo e autocompaixão após intervenções no âmbito do projeto psicoterapêutico.

Hipóteses de Investigação:

Hipótese I. Existe maior nível de autocriticismo (nas suas formas ‘eu inadequado’ e ‘eu detestado’) em indivíduos com transtorno depressivo major.

Hipótese II. Existe menor nível de autocompaixão (eu tranquilizador) em indivíduos com transtorno depressivo major.

Hipótese III: Existe diminuição dos níveis do autocriticismo (nas suas formas ‘eu inadequado’ e ‘eu detestado’) após intervenções no âmbito do projeto psicoterapêutico.

Hipótese IV: Existe aumento dos níveis do autocompaixão (eu tranquilizador) após intervenções no âmbito do projeto psicoterapêutico.

Hipótese V: Existe diminuição da sintomatologia depressiva após intervenções no âmbito do projeto psicoterapêutico.