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Fundamentos de Competitividade

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2. REVISÃO LITERÁRIA

2.2. Fundamentos de Competitividade

A competitividade existe no processo de concorrência. Esse processo envolve

diferentes dimensões competitivas de disputa (Possas, 1999, p.174-175): a firma e suas estratégias, o produto e as características do mercado e o ambiente competitivo.

Cada dimensão define as particularidades que formam o ambiente concorrencial, como as estratégias das firmas, o tipo de estrutura de mercado e os fatores sistêmicos que afetam o mercado.

A competitividade das firmas está relacionada às características do ambiente concorrencial e à capacidade de compreender as dimensões competitivas, ou seja, como essas dimensões afetam esse ambiente e quais são as estratégias e capacitações das firmas que participam do mesmo mercado. Pode-se avaliar a competitividade em cada uma dessas dimensões entre as firmas, indústrias e nações. A análise sob a ótica da firma e os fatores que a afetam é o nível de maior complexidade para compreensão da dinâmica econômica que a envolve, e dos fatores que determinam sua evolução, pois trata-se do maior nível de desagregação de informações, aumentando significativamente os aspectos a serem considerados para analisar sua competitividade.

Segundo Porter (2004,p.86), ao enfrentar as cinco forças competitivas, existem três abordagens estratégicas genéricas potencialmente bem sucedidas para superar as outras empresas em uma indústria.

1. Liderança no custo total - Habilidade da empresa em desempenhar as

atividades necessárias, a um custo total inferior aos dos rivais.

2. Diferenciação - A propaganda, os serviços aos clientes, o pioneirismo no setor

e as peculiaridades do produto estão entre os principais fatores que fomentam a identificação com a marca.

3. Enfoque - Os competidores com alvo concentrado, buscam a vantagem

através de atividades sob medida para atender às necessidades de um segmento específico (Porter,1999 p.332).

As cinco forças mencionadas pelo autor são:

1. Ameaça de novos entrantes

2. Poder de negociação dos compradores.

3. Ameaça de produtos ou serviços substitutos.

4. Poder de negociação dos fornecedores.

5. Rivalidade entre os atuais concorrentes.

A empresa pode seguir com sucesso mais de uma abordagem como seu alvo primário, embora isso seja raramente possível.

As estratégicas genéricas são métodos para superar os concorrentes em uma indústria, alcançando a competitividade.

Apesar de aparentemente trivial, competitividade ainda é um conceito virtualmente indefinido. São tantos os enfoques, as abrangências e preocupações que se buscam para associá- la, que não é sem razão que os trabalhos sobre o tema têm por norma iniciarem estabelecendo uma definição própria para o conceito.

Em ampla resenha sobre o assunto, Haguenauer (1989 p.1-2) organiza os vários conceitos de competitividade em duas famílias:

1. Competitividade como desempenho: nessa vertente, a competitividade é de

alguma forma expressa na participação no mercado (market-share) alcançada por uma firma em um mercado em um momento do tempo. A participação das exportações da firma ou um conjunto de firmas (indústria) no comércio internacional total da mercadoria apareceria como seu indicador mais imediato, em particular no caso da competitividade internacional.

2. Competitividade como eficiência: nessa versão, busca-se de alguma forma

traduzir a competitividade através da relação insumo-produto praticada pela firma, na capacidade da empresa de converter insumos em produtos com o máximo de rendimento. Nessa versão a eficiência e a competitividade estão associada s à capacidade de uma firma/indústria em produzir bens com maior eficácia que os concorrentes no que se refere aos preços, qualidade (ou a relação preço-qualidade), tecnologia, salários e produtividade, estando relacionados às condições gerais ou específicas em que se realiza a produção da firma/indústria vis a vis a concorrência.

Segundo Kupfer (1991, p.2), na primeira visão, é a demanda no mercado que ao arbitrar quais produtos de quais empresas serão adquiridos, estará definindo as posições competitivas das empresas, sancionando ou não as ações produtivas, comerciais e de marketing que as empresas tenham realizado. Na segunda visão, é o produtor que ao escolher as técnicas que utiliza submetido às restrições impostas pela sua capacitação tecnológica, gerencial, financeira e comercial, estará definindo a sua competitividade.

É sabido que a possibilidade de conciliação analítica entre as duas visões encontra obstáculos. Para os que entendem competitividade como desempenho, a eficiência na utilização de recursos produtivos definiria algumas das eventuais fontes de competitividade existentes em uma firma/indústria, mas nunca a competitividade em si, já que esta depende de vários outros fatores, muitos deles subjetivos ou não mensuráveis. Fajnzylber (1988 apud Kupfer 1991, p.2), por exemplo, raciocina nessa linha ao avaliar competitividade como desempenho, porém atribuindo- lhe os qualificativos de autêntica (aumento de produtividade via progresso técnico) ou espúria (baixos salários, taxa de câmbio, subsídios, etc.) conforme as fontes que a originam. Os fatores determinantes da competitividade, para o autor, podem ser extremamente abrangentes como sugere ao afirmar que competem no mercado (internacional) não apenas empresas, mas sistemas produtivos, esquemas institucionais, organizações sociais e que a competitividade depende também de externalidades, como o sistema educacional, infra-estrutura de PeD, aparato institucional público e privado, sistema financeiro etc.

Em termos práticos, a incompatibilidade entre as duas vertentes conceituais pode ser resumida ao seguinte dilema:

Segundo Kupfer (1991, p.3), para os que advogam a versão desempenho, competitividade, como um fenômeno ex-post, é o resultado de um vasto conjunto de fatores, dentre os quais a eficiência técnica produtiva é apenas um deles e nem sempre o mais importante. Assim, competitividade é uma variável que sintetiza fatores preço e não preço – estes últimos incluem qualidade de produtos de fabricação e outros similares, a habilidade de servir ao mercado e a capacidade de diferenciação de produtos, fatores esses parcial ou totalmente subjetivos.

Para os que seguem a vertente “eficiência”, por sua vez, competitividade é um fenômeno ex-ante, ie, é um grau de capacitação detido pelas firmas, que se traduz nas técnicas por elas praticadas. O desempenho no mercado “seria uma provável conseqüência da competitividade e não sua expressão”. Considera-se assim, que é o domínio de técnicas mais produtivas que, em última instância, habita uma empresa a competir com sucesso, isto é, representa a causa última da competitividade.

Concretamente, acreditar que a maior eficiência produtiva se traduza mesmo que no longo prazo em maior participação no mercado, implica em aceitar os cânones da concorrência perfeita (ou contestabilidade perfeita nas versões modernizadas), no sentido de que há total mobilidade do capital. Isto implica aceitar que inexistem barreiras à entrada e saída de qualquer natureza no mercado considerado, não há preferência dos consumidores por marcas, não há discriminação de preços nos mercados e outras premissas pouco realistas.

Há, no entanto, outra ordem de problemas com o conceito de competitividade que não está relacionada às dificuldades teóricas de conciliação das vertentes desempenho e eficiência, mas às insuficiências apresentadas por ambas, decorrentes do tratamento estático que lhes é habitualmente conferido.

Aceitando-se essas ponderações, constata-se que a análise da competitividade possui caráter intertemporal incontornável. Além disso, ao envolver os gastos realizados pelas empresas para fazer frente à competitividade, não existe como retirar do centro da discussão o processo de decisão desses gastos, que necessariamente depende de expectativas quanto ao futuro por parte dos empresários e, portanto, se dá sob incerteza. A entrada em cena das noções de tempo e de expectativas exige uma formulação teórica própria (Make to Order –

MTO). Em uma situação concorrencial, as firmas escolhem estratégias competitivas em função de suas expectativas quanto as que lhe pareçam mais eficientes, mas só posteriormente ao desempenho no mercado sancionará o acerto ou erro na escolha.

Entretanto uma conclusão tentando sintetizar semelhanças e disparidades nos vários conceitos e medidas de competitividade, dada às várias abordagens encontradas seria repetitiva e sem sentido. Parece mais eficaz tentar chegar a uma proposta adequada à análise da economia brasileira a partir de aspectos mais relevantes dentro da bibliografia pesquisada.

Em suma, acredita-se que:

Competitividade poderia ser definida como a capacidade de uma indústria (ou empresa) produzir mercadorias com padrões de qualidade específicos, requeridos por determinados mercados utilizando recursos em níveis iguais ou inferiores aos que prevalecem em indústrias semelhantes no resto do mundo durante certo período de tempo.

Depois de descrever os fundamentos de competitividade, vale levantar o que se tem nas literaturas a respeito dos processos de tomada de decisões dentro das organizações.

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