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Marshal Law: o antagonista dos heróis dos EUA

2.2 Um futuro repleto de “medo e aversão”

A maioria das tramas de Marshal Law se passam entre os anos de 2020-2022 na cidade de San Francisco, no estado da Califórnia, que foi destruída por um grande terremoto e reconstruída com o nome de San Futuro. A cidade ficou dividida em duas partes, uma rica e relativamente próspera, habitada pela elite local; e os restos da antiga San Francisco, ocupada pelos mais pobres e dominada por gangues e criminosos. O desastre natural é um dos elementos que os autores escolheram para justificar a existência do cenário de destruição e caos disputado por gangues rivais, no qual Marshal Law combate seus adversários. O diferencial dessas HQs é que os autores partem da ideia de que nesse mundo futurista, há uma grande quantidade de pessoas com superpoderes, que se denominam “super-heróis”. Esses super-heróis foram criados a partir de experimentos secretos do governo dos Estados Unidos, que desenvolveram uma droga que possibilitou a criação de supersoldados, para combater soldados comunistas na “Zona”, local que abrange praticamente todo o território da América Latina187. Esse cenário futurístico foi palco de uma guerra com altos custos militares e humanos, e com consequências políticas e sociais gravíssimas nos moldes da do Vietnã188, envolvendo, porém, soldados com superpoderes.

187 Há uma certa imprecisão quanto a delimitação geográfica da Zona em algumas edições, os autores dizem que a ela abrangia do Panamá à Floresta Amazônica; em outras, indicam que os combates se estenderam do México até o centro do Brasil; em entrevistas, afirmam que a Zona era na América Central.

188 A Guerra do Vietnã foi a intervenção militar do EUA na guerra civil que dividiu o país em dois; ao Sul, constituiu- se um governo capitalista apoiado pelos EUA; e ao Norte, formou-se uma República Socialista apoiada pela URSS. A intervenção dos EUA começou oficialmente em janeiro de 1965 e durou até 1975, quando houve a retirada das tropas estrangeiras do país e o Vietnã do Norte assumiu o poder reunificando a nação. A Guerra do Vietnã é considerada um dos grandes marcos da Guerra Fria devido à quantidade de mortos, principalmente do lado vietnamita, e por ter sido a maior derrota militar sofrida pelos EUA. O conflito contribuiu para mudanças internas nos EUA e para uma reavaliação na forma como o país interferiria externamente no futuro. Para uma análise detalhada sobre a história do Vietnã e a guerra civil recomendo a leitura de: VISENTINI, Paulo Fagundes. A revolução Vietnamita. São Paulo: UNESP, 2007.

Marshal Law é o alter ego de Joe Gilmore, um ex-combatente dessa guerra empregado pela polícia de San Futuro como um caçador de super-heróis, pois, com o fim da guerra na Zona, os supersoldados que voltaram passaram a agir de forma agressiva e arbitrária, formando gangues e ameaçando as pessoas comuns. Marshal Law é quem tem a missão de controlá-los e/ou exterminá-los. O nome Marshal Law, que traduzido de forma literal seria “Marechal Lei”, indica que ele ocupa uma determinada hierarquia militar e também que o personagem é um agente da lei – nos Estados Unidos Marshal, é um cargo público equivalente ao de um delegado aqui no Brasil –, reforçando a ideia de que ele, por ocupar um cargo público, possui total autoridade para aplicar a lei.

A capa da primeira edição da minissérie Fear and Loathing (figura 2) apresenta Marshal Law saindo de uma explosão em um cenário urbano, com carros e edifícios ao fundo; abaixo e à direita do personagem, vemos parte de um aviso em vermelho: “danger ahead” [perigo à frente]. Ele está trajando seu característico uniforme de policial, feito de couro e com detalhes e palavras em azul, vermelho e branco – as cores da bandeira dos Estados Unidos, também presentes no logotipo do personagem, composto pela silhueta de uma arma de fogo estampada com a bandeira dos Estados Unidos ao fundo e com o nome do personagem em primeiro plano. A Lei é representada por um policial bem armado: Law usa um quepe que contém cápsulas de munição em suas laterais e ao centro, há uma insígnia do Departamento de Polícia de San Futuro (SFPD, San Futuro Police Departament), que pode ser vista em seu peito e na fivela do cinto, onde ele carrega uma máscara de super-herói com uma marca de tiro bem no centro da testa. Law esconde seu rosto com uma máscara de couro que deixa apenas seus olhos à mostra; a manga direita do uniforme foi rasgada e, no braço exposto, ele usa um pedaço de arame farpado enrolado; no braço esquerdo pode-se ver a palavra “LIBERTY” [LIBERDADE] escrita na manga do uniforme e, no abdômen, está escrito “FEAR AND LOATHING” [MEDO E AVERSÃO]. Há correntes, pequenos crânios e estrelas que complementam a indumentária.

Alguns detalhes visuais do uniforme do personagem (quepe e insígnia) remetem aos que eram usados pelas tropas nazistas da SS (Schutzstaffel) e outros (máscara, correntes e arames farpados) aludem ao sadomasoquismo. As armas que ele porta trazem as inscrições “looking for trouble” [procurando problema] e “kiss it goodbye” [beijo de adeus], indicando que ele tem uma relação especial com elas, já que se deu ao trabalho de colocar nomes nelas. A construção visual do personagem é uma mistura de diversas referências estéticas que trazem informações contraditórias, indicando que ele é um indivíduo com disposição, tanto para infligir dor, quanto para recebê-la. Vale destacar que devido ao processo para se tornar um supersoldado, Law ganhou força sobre-humana e perdeu a capacidade de sentir dor; logo, ele não sente os arames farpados

em seu braço direito. Esse braço sugere um desejo de autopunição, enquanto o braço esquerdo indica liberdade. Por fim, a concepção estética do personagem indica aos leitores que estão diante de um protagonista com uma imagem extremamente ameaçadora.

Figura 2. Capa da primeira edição de Marshal Law na qual podemos ver alguns detalhes de seu uniforme

de combate (Marshal Law, n. 1, 1987).

Na primeira página da HQ, o leitor é apresentado a um cenário urbano de destruição completa, prédios desmoronados, carros batidos e abandonados, pedaço de um avião em meio a prédios destruídos, escombros por todos os lados, letreiros de estabelecimentos comerciais abandonados, e diversas pichações por todo o local. Um quadro indica que o espaço é o que restou de San Francisco após o grande terremoto e posterior retorno dos super-heróis que lutaram na

Zona. É um cenário inadequado para se habitar, porém é nesse local onde residem a maioria dos super-heróis que voltaram da Zona e pessoas comuns que não têm condições financeiras para se mudar para uma região melhor. O estilo de desenho caricato de Kevin O’Neill contribui para gerar uma impressão de caos nos cenários, com uma grande riqueza de detalhes e diversas frases em pichações, cartazes ou anúncios, conferindo uma sensação de poluição visual. Muitos dos super- heróis, assim como Marshal Law, apresentam alguma frase escrita em seus uniformes. Em meio a essa destruição, ao fundo, há a silhueta de duas pessoas, uma mulher que pede ajuda a um homem, pois está sendo perseguida por alguém. Ela não recebe nenhum tipo de apoio e nas páginas seguintes, é perseguida e assassinada. Esse crime faz parte da trama da minissérie, na primeira edição, que apresenta ao leitor o cenário e alguns dos principais personagens envolvidos na narrativa.

O primeiro personagem é um super-herói que se autodenomina “The Sleepman” [O homem do sono], ele é um estuprador e assassino em série, veste um uniforme negro com capa, tem grandes garras de metal nas mãos e esconde seu rosto com um saco de papel. Logo que aparece na HQ, o personagem se define como uma bactéria: “Sou a menor forma de vida. Sou um super-herói. Minhas mãos são meus flagelos. Vejo o mundo através do meu vacúolo. Uso um saco na minha cabeça por ter vergonha do que sou e do que farei” (MILLS; O’NEILL, 1987, p.6-7, tradução nossa)189. The Sleepman extermina mulheres fantasiadas de forma semelhante à super-heroína “Celeste”, ele faz isso como um treino para conseguir matar a verdadeira. Essa super-heroína é a companheira do maior super-herói dos Estados Unidos “The Public Spirit” [O Espírito Público], que é uma versão do Superman190, concebida por Mills e O’Neill como um homem arrogante e

com ideais religiosos e conservadores.

A HQ também apresenta os heróis que fazem parte da “Gangreen” (possível trocadilho com gangrena e gangue verde), gangue formada por ex-combatentes da Zona, que se vestem de verde, vivem e dominam os escombros da antiga San Francisco. De acordo com sua perspectiva perturbada por causa da guerra, acreditam que “protegem” esse local da invasão de algum grupo de super-heróis rivais ou qualquer um que considerem indigno de estar naquela área. Eles possuem diversas armas e superpoderes e agem sempre de forma violenta e arbitrária. Seu líder é um ex- combatente chamado “Suicida”, que se veste de verde, usa um colar de orelhas e no seu peito está

189 “I am a bacteria. I am the lowest form of life. I am a super hero. My flagella are my hands. I see the world through my vacuole. I wear a bag over my head because I’m ashamed of what I am and what I’m going to do” (MILLS; O’NEILL, 1987, p.6-7).

190 Para uma análise histórica bem abrangente desse personagem, recomendo a leitura de: GORDON, Ian. Superman:

escrito a frase “Nuke me slowly”191. Ao fim da edição, os autores nos apresentam um pouco da

psique atormentada do personagem. Ele ficou mentalmente insano devido ao período em que combateu na Zona, não consegue mais parar de matar pessoas.

Os autores mostram aos leitores uma outra parte da cidade, o distrito Barbary Coast, área urbana conhecida por seu intenso comércio sexual que, na versão de Mills e O’Neill, é um local onde pessoas comuns vão à procura de super-heróis para ter algum tipo de contato sexual com esses seres. O lugar foi desenhado com diversas placas coloridas e luminosas que anunciam e indicam que todo o tipo de sexo está disponível. Esse espaço da cidade mostra que muitos dos super-heróis que retornaram da guerra tiveram que recorrer à prostituição para ganhar a vida. Sugere também que há mescla entre superpoderes e degradação física e moral. É nesse momento que o protagonista é apresentado, a partir da página 13 ele faz uma descrição das pessoas e do espaço que frequentam: “Licenciosidade, devassidão, poluição, doenças repugnantes, insanidade, miséria, pobreza, riqueza, profanação, blasfêmia e morte estão aqui” (Ibid. p.13, tradução nossa)192. Essa fala e a forma como o personagem é introduzido na narrativa – voando em um

pequeno veículo estilizado como uma águia – indicam que Law está acima daquele local e das pessoas, não só fisicamente, mas moralmente. A passagem também apresenta uma de suas motivações, limpar aquele local, exterminando todos os que não cumprem as leis. O cenário ficcional de San Futuro desenvolvido por Mills e O’Neill pode ser considerado, portanto, um espaço caótico e que é fonte de profunda degradação material e moral, marcado por uma clara e acentuada divisão social entre ricos e pobres.

Nas páginas seguintes, enquanto combate os membros da Gangreen, Law se apresenta dizendo seu bordão “I’m a hero Hunter. I hunt heroes...” e, na página 17, expõe outra de suas motivações: “Muitas pessoas dizem que eu odeio os super-heróis... Isso não é verdade, você sabe… Bem, está certo… É quase verdade... Okay, é verdade” (Ibid., p. 17)193. Portanto, inicialmente, os

autores nos apresentam, usando um recurso de discurso direto, três personagens da trama, dois super-heróis com problemas psicológicos e o protagonista, um policial movido por um certo moralismo e um forte sentimento de justiça que resulta em um grande ódio contra os super-heróis. É possível inferir que Law sofra de distúrbios psicológicos, que o transformaram em um vigilante furioso e implacável. A diferença principal é que o transtorno de Law é utilizado ou controlado pelo Estado para conter os outros. Assim, temos uma história em quadrinhos que apresenta um

191 Frase de difícil tradução para o português, ela transmite a ideia de que o personagem deseja ser atacado lentamente por armas nucleares (nukes).

192 “Licentiousness, debauchery, pollution, loathsome disease, insanity, misery, poverty, wealth, profanity, blasphemy and death are here” (Ibid., p.13).

193 “Lot of people say I hate super heroes... That’s not true, you know... Well, all right... It’s partly true... Okay, It’s true” (Ibid., p. 17).

policial mentalmente transtornado que persegue outros com um problema similar em um cenário de caos quase que total, onde literalmente predomina a lei do mais forte – no caso, Marshal Law é o mais forte, pois é a lei.

A trama central da minissérie é pautada na investigação que Marshal Law realiza para desvendar os assassinatos em série cometidos pelo Sleepman. A princípio, Law acredita que os crimes estão relacionados com o Public Spirit, já que as vítimas são mulheres fantasiadas como Celeste, a parceira do personagem. Ele chega a suspeitar que o próprio Public Spirit é o assassino, pois suas investigações preliminares indicavam que o assassino era um super-herói que pode voar; no mundo de Law, o Public Spirit é um dos poucos que têm esse poder. Ao longo da narrativa, Law descobre que os crimes são cometidos por seu jovem assistente supostamente cadeirante, Danny, que na verdade é um filho bastardo do Public Spirit. Danny, além de ser mentalmente perturbado, comete os crimes a mando de sua mãe Virago, que foi a primeira parceira do Public Spirit. A ação de Virago visa vingar-se de seu ex-amante que tentou assassiná-la anos atrás, quando soube que ela estava grávida, pois esse acontecimento o impediria de realizar sua missão espacial. Ao longo de cerca de vinte anos, ela foi dada como morta e escondeu sua verdadeira identidade trabalhando em um supermercado, atendendo pelo nome de Mrs. Mallon e, secretamente, treinando seu filho para destruir o Public Spirit e sua nova companheira, Celeste.

Além da trama central de assassinato, um dos focos da narrativa é revelar o quanto Public Spirit está envolvido em esquemas corruptos com o governo. E que sua imagem de herói altruísta e generoso não passa de uma propaganda idealizada pelo governo para estimular os cidadãos a se alistarem no programa de criação de supersoldados. O ponto alto dessa primeira minissérie é o confronto inevitável de Marshal Law com o Public Spirit. No caminho dessa derradeira batalha, os autores aprofundam alguns aspectos psicológicos de ambos e também nos apresentam mais alguns personagens de apoio, como o superior de Law, o comissário McGland, e Lynn Evans, estudante de comunicação, militante feminista e namorada de Law, ou melhor, de seu alter ego Joe Gilmore.

O Public Spirit é o super-herói que Law mais odeia. Law o odeia por diversos motivos, um deles é que o grande herói nunca participou de nenhum combate na Zona, enquanto a guerra ocorria ele estava em uma suposta missão especial no espaço para expandir os domínios dos EUA até à estrela Nêmesis, que privou o planeta de seu grande herói por vinte e cinco anos. A ideia do grande herói ausente foi usada para estimular homens comuns a se alistarem no projeto S.H.O.C.C. (Super Hero Operational Command and Control), desenvolvido pelo médico Dr. Shocc (ele desenvolveu a droga e o doloroso procedimento que permitiu ao governo dos EUA transformar homens comuns em supersoldados para combaterem tropas comunistas na América Latina). O Public Spirit é, na

verdade, o Coronel Buck Caine, sua identidade é do conhecimento de todos e sua imagem é usada em diversas propagandas, na maioria delas o herói transmite mensagens de otimismo, diz que tudo vai bem nos EUA e que o progresso segue, apesar das mazelas naturais e da crise econômica. Ele é um símbolo para todos, é considerado um tipo de redentor, sua existência é comparada à de Jesus Cristo, no passado ele liderou um grupo de heróis chamado “Jesus League of America” [Liga de Jesus da América]. O Coronel Buck Caine seria o próprio filho de Deus vivendo entre os homens. Na quarta edição da minissérie, os autores mostram outra face desse grande herói, ele é um homem extremamente arrogante e viciado em anabolizantes, a primeira página da edição mostra o Public Spirit sentado em um vaso sanitário, injetando anabolizantes em sua veia e, abaixo da imagem, há o título do capítulo, “Conduct Unbecoming” [Conduta Imprópria], indicando que esse ato do herói não pode ser considerado apropriado. Ele usa a droga constantemente e isso faz com que sofra com os efeitos colaterais, como um supermau humor, que deixa sua companheira Celeste muito preocupada, pois teme o que pode acontecer com ela se um dia isso passar dos limites. A HQ indica que o uso de anabolizantes é comum entre os super-heróis, já que seus poderes tendem a sofrer uma deterioração com o tempo. E que há uma diferença entre os super-heróis modelos – como Public Spirit e Celeste, que vivem em grandes mansões e têm ótimas condições de vida, e os ex-combatentes da Zona, que foram abandonados a sua própria sorte e vivem em péssimas condições, em meio aos escombros da cidade destruída pelo terremoto.

Outro personagem importante na trama é o comissário McGland, apresentado aos leitores com mais detalhes na terceira edição da minissérie; ele também é um ex-combatente da Zona, um super-herói, ou como ele se define: “Sou um supermentiroso” (MILLS; O’NEILL, 1988, p.21, tradução nossa)194. Sua função é manipular os outros super-heróis e Marshal Law. McGrand tem um incrível dom de influenciar diversas pessoas, seu poder consegue convencer até o implacável Law a parar de perseguir (temporariamente) o Public Spirit. Com Law, ele usa seu poder da seguinte maneira: “Eu explico sobre o escândalo, apelo para seu patriotismo. Ele parece incomodado. Ele sempre teve essa grande fraqueza, até mesmo na Zona. Ele continua acreditando no Sonho. É por isso que ele odeia o Public Spirit. Porque ele pensa que ele traiu o Sonho” (Ibid., p.22, tradução nossa)195.

No excerto, o personagem apresenta o que podemos considerar uma motivação oculta de Law, ele tem um grande senso de patriotismo, acredita em seu país e no Sonho Americano, apesar de tudo. Sua percepção de patriotismo o motiva a lutar contra todos que ele considera inadequados

194 “I’m a super liar” (MILLS; O’NEILL, 1988, p.21).

195 “I explain about the scandal, and appeal to his patriotism. He looks uneasy. He always had that one big weakness, even in The Zone. He still believes in the dream. That’s why he hates the public spirit. Because he thinks he’s betrayed the dream” (Ibid., p.22).

a sua visão particular do que os EUA deveriam ser. Como foi indicado, seu ódio ao Public Spirit vem do fato de que ele acredita que o maior herói dos EUA é um traidor, que não é digno de representar a nação, pois estava ausente enquanto ocorria a guerra na Zona. O poder simbólico construído em torno do Public Spirit é tão grande que o próprio Law acredita nele. Na história “Marshal Law: Rites of Passage”, os autores revelam que Joe Gilmore cresceu adorando e venerando o Public Spirit; alguns anos depois, o jovem Joe se alistou no projeto do Dr. Shocc, pois queria seguir seu ídolo ao espaço, mas acabou na Zona. Além disso, o supermentiroso afirma que seu dom é fundamental para manter as coisas do jeito que estão, suas mentiras e as do governo serviriam a uma causa maior, a de manter viva a crença no mito dos super-heróis e no poder dos EUA frente a seus inimigos – no caso, a União Soviética. Ele também diz que não faz parte da função de Law ofender ou destruir os super-heróis exemplares, como o Public Spirit. Ao longo das páginas finais da terceira edição, McGrand explica qual é a “verdadeira” razão para a existência de Law e seu papel naquele mundo caótico:

Por que o D.P. de San Futuro emprega um lunático com arame farpado enrolado no braço, quem soltou o Rambo dos Rambos... Bem, no centro da cidade, onde