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3. D ESCRIÇÃO DAS TAREFAS

3.2.4. G ALERIA DO Í NDICO

A Galeria do Índico é o último conjunto de aquários que os visitantes podem observar na exposição permanente. Nesta Galeria, para além dos sete aquários da exposição (I1 a I7), existem também tanques de Quarentena (Q19), nos quais é mantida a coleção de corais. A estes aplicam-se as mesmas rotinas acima mencionadas.

No aquário I1 é possível observar marinhas (animais que fazem parte da família dos signatídeos), no I2 está representado um habitat de mangal e o I3 é um tanque de moreias. O aquário I4 é conhecido pelos peixes-palhaço e o I5 pelas enguias-de- jardim. É também nesta Galeria que se encontra o aquário I6 que apresenta o fotoperíodo invertido, de modo a evidenciar a fluorescência observável em recifes de corais, apresentando as mesmas espécies presentes no aquário I7.

Figura 33. Aquário P2, onde é possível observar medusas de pintas (Phyllorhiza

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Sendo os tanques I6, I7 (figura 34) e Q19 representativos de recifes de corais, para além dos vários componentes clássicos de um sistema de suporte de vida também têm reatores de cálcio, os quais devem ser ligados/desligados de acordo com o pH do aquário. O funcionamento destes equipamentos deve merecer atenção redobrada pela implicação direta que têm na qualidade da água destes aquários. Assim, é importante que se realizem regularmente medições do caudal e do pH da água que passa por estes reatores.

Devido à adição frequente de cal nos aquários desta Galeria, por vezes é necessário adicionar sal, de modo a corrigir a salinidade. Por outro lado, as temperaturas relativamente mais elevadas que se verificam nestes aquários levam a que a taxa de evaporação seja maior que nas outras Galerias.

Também aqui são realizadas adições semanais dos iões I- e Sr2+, na forma das soluções

de KI e de SrCl2, respetivamente.

3.3.Q

UARENTENA

É nesta área que se faz a receção de novos animais, as transferências, os tratamentos, e outros procedimentos. É constituída por duas salas (fria e quente) onde existem aquários de menores dimensões e 18 tanques (Q1 a Q18), sendo dividida em zona fria (Q1 a Q6) e zona quente (Q7 a Q18). A Quarentena tem tipicamente dois aquaristas a trabalhar diariamente. Assim, as rotinas dividem-se pelos dois colaboradores, sendo que um fica tradicionalmente encarregue das alimentações e o outro das rotinas de manutenção dos tanques.

52 SISTEMAS DE SUPORTE DE VIDA (SSV)

Tal como nas Galerias, também na Quarentena é necessário verificar individualmente cada um dos sistemas, no início e no fim do dia:

o Verificar bombas, pré-filtros, filtros UV, filtros de cartucho, nível dos bio filtros, nível de água nos skimmers e nas sumps, escumadores de proteínas, arejamentos, valores e válvulas de ORP (à semelhança do que é feito nas Galerias).

o Verificar se os sacos filtradores/draclons se encontram bem colocados.

o Verificar se as tampas dos tanques que têm animais estão devidamente fechadas. o Registar a temperatura dos aquários na folha de SSV.

o Verificar o estado geral dos tanques (animais, acrílicos, limpeza, etc.).

o Caso existam animais mortos, procede-se da mesma forma que nas Galerias.

TRATAMENTOS E QUARENTENAS

Para se proceder aos tratamentos e quarentenas agendados deve-se começar por consultar a folha com as instruções de trabalho para esse dia. É necessário ter um cuidado especial com os procedimentos que fazem parte de cada tratamento e quarentena medicada preventiva, cumprindo sempre os horários estabelecidos. Os tratamentos não podem ser realizados por estagiários, mas estes podem auxiliar, motivo pelo qual serão brevemente referidos neste relatório.

TRATAMENTOS PONTUAIS

Estes tratamentos específicos só são efetuados após prescrição do médico veterinário. Envolvem geralmente banhos de imersão prolongada com antibióticos (flumequina, nitrofurazona, oxitetraciclina, etc.) ou antiparasitários, como o praziquantel.

BANHOS E IMERSÕES

Todos os banhos, quer sejam de curta ou longa duração, requerem uma observação cuidada dos animais. Os banhos de curta duração que são prescritos mais frequentemente são de praziquantel (antiparasitário), formol ou água doce. Os

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tratamentos de imersão prolongada (mais de 24 horas), costumam ser banhos de formol.

TRATAMENTO ORAL (GEL)

Este tratamento corresponde à administração de medicamento via oral, misturando o medicamento a administrar com gel mazzuri. O cálculo da quantidade de gel e medicamento a preparar depende da biomassa do aquário e do número de dias de administração do mesmo.

TRATAMENTO INJETÁVEL

Em casos pontuais, normalmente em elasmobrânquios, poderá ser necessária a administração de antibióticos por via injetável (figura 35), pelo médico veterinário.

ALIMENTAÇÃO

A alimentação é preparada seguindo as indicações da tabela de alimentações. Certos alimentos (como algas, Calanus sp., nauplii de artémia) são preparados pela Biologia da Cultura (BC)). No entanto, é imperativo seguir as indicações e respetivas recomendações gerais, que incluem:

o Se for realizado um tratamento oral é muito importante perceber se os animais ingeriram de facto o medicamento administrado.

o Saber que animais se encontram nos aquários, para adaptar o tamanho dos alimentos ao seu tamanho e comportamento.

o Alimentar com calma, observando se todos os animais estão a comer.

o Sempre que necessário, alimentar os animais com espeto, target ou em mergulho. Figura 35. Esquema com locais para injeção numa raia (a) e num tubarão (b).

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o Registar a alimentação, suplementos, medicamentos e vitaminas administradas nas folhas respetivas a cada aquário.

LIMPEZA E MANUTENÇÃO

As rotinas de limpeza e manutenção dos aquários principais e das salas frias e quentes da Quarentena são muito semelhantes às realizadas nas Galerias.

o Limpar diariamente, ou sempre que necessário, os copos dos escumadores e os draclons dos tanques.

o Sifonar (figura 36) os tanques e proceder à mudança de água para os cones de recuperação. Sempre que os tanques estejam com algum tipo de tratamento (banho medicamentoso), deve-se fazer mudanças de água para o esgoto, passando primeiro pelo filtro de carvão ativado.

o Fazer backwash (ou retrolavagem – inversão do sentido da água, para limpeza do filtro) sempre que os caudais dos filtros de areia assim o exijam. O backwash normalmente é de 3 minutos, mas poderá ser de 6 ou 12 minutos, consoante a necessidade e se a qualidade da água assim o exigir.

o Os filtros de cartucho deverão ser mudados nos dias estipulados ou sempre que fiquem colmatados. Os filtros de cartucho devem ser lavados na zona de lavagem e ficar a desinfetar durante 24h. Findo este período, devem ser passados por água doce abundante e colocados a secar.

o Limpar os pré-filtros das bombas e as bombas submersíveis sempre que indicado. o Sempre que indicado, limpar os escumadores de superfície, sumps dos sistemas e/ou a casca de ostra, acrílicos, as tampas e tubagens por fora dos tanques a fim de retirar o excesso de sal que se vai acumulando. Ao limpar os acrílicos dos tanques é necessário ter atenção a qualquer impureza que as esponjas possam apresentar.

o Sempre que se justifique, mergulhar nos tanques para otimizar a limpeza e sifonagem dos mesmos.

Figura 36. Sifonagem de um tanque com fundo arenoso.

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o Após a transferência dos animais dos sistemas, deverá ser efetuada uma limpeza geral mais acentuada, com limpeza do fundo, paredes e acrílico, sifonagem, limpeza e desinfeção da decoração, mudança de água e, se possível, mudança dos filtros de cartucho. Não esquecer de informar o laboratório para se proceder às devidas inoculações, caso o aquário fique sem animais.

o O material usado para limpar cada tanque deverá ser desinfetado separadamente após cada utilização e colocado no local respetivo.

o Toda a limpeza, mudanças de filtros de cartucho e restantes tarefas deverão ser registadas nas folhas relativas a cada tanque.

INTRODUÇÕES/TRANSFERÊNCIA DE ANIMAIS

Para se proceder a transferências, de e para a Quarentena, deve-se consultar as instruções de trabalho sobre a receção de animais. É necessário ter um cuidado particular com os procedimentos durante as transferências, cumprindo sempre os horários estabelecidos. Deve-se confirmar sempre com o responsável/supervisor a execução de uma transferência. Sempre que um animal é recebido na Quarentena, é necessário avisar o laboratório e o veterinário.

TRANSFERÊNCIAS INTERNAS

São aquelas que se realizam com animais que já existem no ODL. Envolvem a transferências de animais da exposição para a Quarentena ou vice-versa (após a finalização de tratamentos, permanência para recuperação ou período de quarentena de animais novos). A transferência dos animais apenas pode ocorrer com a aprovação do veterinário.

TRANSFERÊNCIAS EXTERNAS

As transferências externas dizem respeito às importações ou exportações de animais de e para outra instituição, sendo preparadas em conjunto com o Supervisor das Coleções.

56 QUALIDADE DA ÁGUA

À semelhança das outras áreas, também na Quarentena é importante que o aquarista avalie e registe os parâmetros físicos e químicos da água de cada aquário. Caso exista alguma alteração, deve-se proceder segundo o protocolado.

PH

O pH dos tanques da Quarentena deverá ser corrigido sempre para se atinjam valores inferiores a 8.10. Deverão ser consultados os registos anteriores (para perceber as correções efetuadas anteriormente) para verificar os valores de alcalinidade e avaliar a quantidade de bicarbonato de sódio ou combinação de carbonato de sódio/bicarbonato de sódio a adicionar.

Poderá ser necessário fazer um plano de correções diárias de bicarbonato de sódio, durante um determinado período, para normalizar os valores de pH e de alcalinidade de um modo mais gradual. Esta decisão será tomada pelo responsável da área ou supervisor, que acompanhará de perto a situação.

SALINIDADE

O valor de salinidade a partir do qual se faz correção varia conforme os animais que existem em cada aquário. Regra geral, a salinidade dos tanques principais da Quarentena deverá ser corrigida para valores superiores a 33,0, devendo consultar- se as correções efetuadas anteriormente nos respetivos registos.

o Os tanques mais pequenos e sobretudo com temperaturas mais elevadas, têm tendência para ter subidas mais bruscas de salinidade, sendo necessário ter uma atenção redobrada para corrigir a alteração atempadamente.

o A introdução de água doce nos tanques deverá ser feita sempre que possível nas sumps, num aquário que esteja vazio (quando associado a outros) ou no escumador de superfície.

OUTRAS TAREFAS

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o Colocar as folhas de registo dos aquários no final de cada mês.

o Atualizar o quadro de alimentação sempre que haja mudança de animais nos tanques ou que estes deixem de existir (a efetuar pelo responsável da área). o Arrumar o material que se encontra nas prateleiras de secagem e colocá-lo no

devido lugar quando seco.

o Construir ou remendar gaiolas e remendar redes.

o Confirmar que todo o material de cada aquário está identificado de forma visível. Caso não esteja, proceder à sua correta identificação.

o Repor o carbonato de sódio, bicarbonato de sódio, lixívia e o tiossulfato de sódio sempre que acabem.

o Limpar bombas submersíveis, escumadores, etc. sempre que seja necessário; o Limpar tubagens dos filtros de cartucho e UVs;

o Limpar o sal dos bio filtros e dos aquários de vidro das salas Fria e Tropical. o Mudança da água das tinas no final do dia anterior à sua utilização.

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4.

CASOS DE ESTUDO –

BEM-ESTAR ANIMAL EM AQUÁRIOS PÚBLICOS