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M2020. Relatório de Estágio no Oceanário de. Joana Coelho Gonçalves. Joana Coelho Gonçalves. Relatório de Estágio no Oceanário M.

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IN ST IT U T O D E C IÊ N C IA S B IO M ÉD IC A S A B EL S A LA Z A R

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Relatório de Estágio no Oceanário de

Lisboa

Joana Coelho Gonçalves

M

2020

M

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AS

2020

MESTRADO EM CIÊNCIAS DO MAR - RECURSOS MARINHOS ESPECIALIZAÇÃO EM BIOLOGIA E ECOLOGIA MARINHAS

(2)

Joana Coelho Gonçalves

Relatório de Estágio no Oceanário de Lisboa

Relatório de Estágio de Candidatura ao

Grau de Mestre em Ciências do Mar

Recursos Marinhos, especialização em

Biologia e Ecologia Marinhas, submetida

ao Instituto de Ciências Biomédicas de

Abel Salazar da Universidade do Porto.

Orientador

Prof. Doutora Margarida Duarte Araújo

Categoria – Professora Auxiliar

Afiliação

Instituto

de

Ciências

Biomédicas Abel Salazar da Universidade

do Porto.

Tutor no Oceanário de Lisboa

Hugo Baptista

(3)

i

A

GRADECIMENTOS

À professora Margarida Araújo e ao Hugo Baptista, pela orientação durante o estágio e atento aconselhamento na elaboração deste relatório;

Ao Oceanário de Lisboa, pela oportunidade que me foi oferecida de estagiar num aquário de excelência;

À equipa de Biologia do Oceanário de Lisboa, pelo tempo despendido para me ensinarem o que de melhor fazem, pela confiança depositada em mim e por toda a convivência durante o estágio;

À minha família e amigos, pelo apoio incondicional ao longo do meu percurso académico, nos bons e nos maus momentos;

A todos os que de alguma forma contribuíram para este momento, muito obrigada.

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

(4)

ii

R

ESUMO

Este relatório descreve as atividades desenvolvidas durante o estágio de natureza profissional realizado com o fim de obter o grau de Mestre em Ciências do Mar – Recursos Marinhos (especialização em Biologia e Ecologia Marinhas), do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar da Universidade do Porto.

De modo a adquirir conhecimentos de aquariologia, sistemas de suporte de vida, biologia e ecologia de diferentes grupos de animais marinhos e seu bem-estar, diferentes atividades foram realizadas no Oceanário de Lisboa, um aquário público de referência mundial, eleito três vezes como o ‘Melhor Aquário do Mundo’ pelo Travelers’ Choice do TripAdvisor.

Ao longo de oito meses, foram desempenhadas atividades nas principais áreas do Oceanário: 1) Habitats – meio terrestre, tipicamente com um grande tanque por habitat (Atlântico, Pacífico, Índico e Antártico); 2) Galerias – meio aquático, sendo cada habitat representado por vários pequenos tanques e 3) Quarentena – área destinada à receção de novos animais, transferências e local de realização de tratamentos, etc. As tarefas desenvolvidas incluíram a manutenção e limpeza dos aquários/habitats, preparação da alimentação de diversas espécies, prestação de cuidados aos animais, zelando pelo seu bem-estar, e manutenção dos sistemas de suporte de vida, entre outras.

Como ao longo do meu percurso académico fui desenvolvendo um interesse particular pelo bem-estar dos animais aquáticos, no final deste relatório é apresentado um capítulo sobre o bem-estar animal em aquários públicos, sendo apresentados alguns casos de estudo que tive oportunidade de presenciar no Oceanário de Lisboa.

Com a realização deste estágio, foi possível desenvolver inúmeras competências, aperfeiçoar técnicas e alargar conhecimentos em diversas áreas, cumprindo todos os objetivos traçados, incluindo a familiarização com o trabalho de aquarista e o seu papel no cuidado e bem-estar animal.

(5)

iii

A

BSTRACT

This report describes the activities performed during the internship of professional nature developed to obtain the degree of Master in Marine Sciences - Marine Resources (specialization in Marine Biology and Ecology), from the Institute of Biomedical Sciences of Abel Salazar of the University of Porto.

In order to acquire knowledge of aquariology, life support systems, biology and ecology of different groups of marine animals and their welfare, different activities were carried out at Oceanário de Lisboa, a public aquarium of world reference, elected three times as the 'Best Aquarium in the World' by TripAdvisor Travelers’ Choice.

Over the course of eight months, activities were executed in the main areas of the Oceanarium: 1) Habitats - terrestrial environment, typically with a large tank per habitat (Atlantic, Pacific, Indian and Antarctic); 2) Galleries - aquatic environment, with each habitat represented by several small tanks and 3) Quarantine - area for receiving new animals, transfers and a place to perform treatments, etc. The tasks carried out included the maintenance and cleaning of the aquariums/habitats, preparation of food for various species, provision of care for animals, ensuring their welfare, and maintenance of life support systems, among others.

As I have developed a particular interest in the welfare of aquatic animals throughout my academic career, a chapter on animal welfare in public aquariums is presented at the end of this report, with some case studies that I had the opportunity to witness in Oceanário de Lisboa.

With the completion of this internship, it was possible to develop numerous skills, perfect techniques and expand knowledge in several areas, fulfilling all the objectives set, including familiarization with the work of an aquarist and its role in animal care and welfare.

(6)

iv

Í

NDICE

Índice de figuras...vi

Índice de tabelas ... viii

Abreviaturas ... ix

1. Introdução... 1

1.1. Aquários públicos ... 1

1.2. Física e química da água: parâmetros e qualidade ... 2

1.3. Filtração da água ... 12

1.4. Sistemas de suporte de vida ... 14

2. Oceanário de Lisboa ... 20

2.1. Estrutura e operação da organização ... 22

2.1.1. Departamento de Biologia do Oceanário de Lisboa ... 22

2.2. Responsabilidade e função social ... 24

3. Descrição das tarefas ... 25

3.1. Habitats ... 25 3.1.1. Aquário central ... 28 3.1.2. Atlântico ... 32 3.1.3. Antártico ... 34 3.1.4. Pacífico ... 38 3.1.5. Índico ... 42 3.2. Galerias ... 43 3.2.1. Galeria do Atlântico... 49 3.2.2. Galeria do Antártico ... 49 3.2.3. Galeria do Pacífico... 50 3.2.4. Galeria do Índico ... 50 3.3. Quarentena ... 51

4. Casos de estudo – Bem-estar animal em aquários públicos ... 58

(7)

v

Referências ... 80 Anexo A – Lista de espécies dos Habitats ... 85 Anexo B – Lista de espécies das Galerias ... 90

(8)

vi

Í

NDICE DE FIGURAS

Figura 1. Esquema do ciclo do azoto. ... 7

Figura 2. Filtros de cartucho plissados... 12

Figura 3. Escumador de proteínas. ... 13

Figura 4. Bio filtro com bio bolas. ... 14

Figura 5. Filtros UV. ... 14

Figura 6. Esquema simplificado dos principais componentes de um sistema de suporte de vida (SSV) encontrado num aquário. ... 15

Figura 7. Bomba de água refrigerada a ar. ... 15

Figura 8. Filtro de areia. ... 16

Figura 9. Permutador de calor com funcionamento em contracorrente... 16

Figura 10. Escumador de superfície. ... 17

Figura 11. Desnitrificador. ... 17

Figura 12. Arejamento de um tanque usando um air lift. ... 18

Figura 13. Reator de cálcio. ... 18

Figura 14. Exemplo de luzes usadas para iluminar um tanque. ... 19

Figura 15. Sonda de ORP. ... 19

Figura 16. Número de visitantes por ano (topo das barras) e percentagem de visitantes distribuída por grupo etário. ... 20

Figura 17. Oceanário de Lisboa. ... 21

Figura 18. Hierarquia do departamento de Biologia do Oceanário de Lisboa. ... 23

Figura 19. Esquema do Oceanário. Do lado esquerdo o piso superior. Do lado direito o piso inferior. ... 25

(9)

vii

Figura 20. Alimentação com target do peixe lua (Mola mola). ... 29

Figura 21. Vara com balde usado na alimentação da manta (Mobula mobular). .. 29

Figura 22. Alimentação do diabo-do-mar-Atlântico (Mobula hypostoma). ... 30

Figura 23. Mergulho de alimentação. ... 31

Figura 24. Habitat Atlântico. ... 32

Figura 25. Alimentação das aves do T2. ... 33

Figura 26. Pinguins-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus). ... 34

Figura 27. Alimentação das lontras-marinhas (Enhydra lutris)... 41

Figura 28. Habitat Índico. ... 42

Figura 29. Alimentação da uge-de-manchas-azuis (Taeniura lymma). ... 43

Figura 30. Sifonagem de um tanque com fundo rochoso. ... 47

Figura 31. Aquário A6, o primeiro das Galerias a ser visto pelos visitantes. ... 49

Figura 32. Tanque S4, exibindo dragões-marinhos-folhosos (Phycodurus eques). ... 49

Figura 33. Aquário P2, onde é possível observar medusas de pintas (Phyllorhiza punctata). ... 50

Figura 34. Vistas para o tanque I7, representativo de um recife de coral. ... 51

Figura 35. Esquema com locais para injeção numa raia (a) e num tubarão (b). ... 53

Figura 36. Sifonagem de um tanque com fundo arenoso. ... 54

Figura 37. Diferentes perspetivas sobre bem-estar animal: Três Orientações, Cinco Liberdades e Cinco Domínios. ... 60

Figura 38. Comparação entre pirâmides de motivação. Em cima (a), uma pirâmide adaptada do trabalho de Maslow (1943). Em baixo (b), uma pirâmide adaptada da WAZA (2015). ... 62

(10)

viii

Figura 39. Cardume de cavalas (Scomber colias) existente no Aquário Central. .. 64 Figura 40. a) Cubos de papa com vitaminas para lontras. b) Cesto onde se pode colocar cubos de gelo para fornecer água doce. c, d) Ice-treats. ... 71 Figura 41. Holding dos alcídeos do Oceanário de Lisboa. ... 73 Figura 42. Andorinhas-do-mar-inca (Larosterna inca) do T3... 74 Figura 43. a) Polvo gigante do Pacífico (Enteroctopus dofleini); b) Exemplo de alimento fornecido ao polvo; c) e d) Comida dentro de um frasco fechado que o polvo demora cerca de um dia a abrir; e) Restos de um cubo de Rubik oferecido ao polvo. ... 76

Í

NDICE DE TABELAS

Tabela 1. Tarefas diárias dos Habitats e sua distribuição ao longo do dia. ... 26 Tabela 2. Bandas de identificação que todos os Pinguins-de-Magalhães da colónia do ODL possuem nas asas. ... 36 Tabela 3. Tabela de alimentação das lontras-marinhas no Oceanário de Lisboa. 70

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ix

A

BREVIATURAS

AITAG AZA Aquatic Invertebrate Taxon Advisory Group

APZA Associação Portuguesa de Zoos e Aquários

BA Back area (Área Técnica)

BC Biologia – Cultura (equipa/aquaristas)

BH Biologia – Habitats (equipa/aquaristas)

BL Biologia – Laboratório (equipa/aquaristas)

BMS Building Management System (Sistema de Gestão do Edifício)

CaCO3 Carbonato de cálcio

CO32- Ião carbonato

CTAG AZA Charadriiformes Taxon Advisory Group

CO2 Dióxido de carbono

EAZA European Association of Zoos and Aquariums

EMAS Eco-Management and Audit Scheme

FAWC Farm Animal Welfare Council

HCO3- Ião bicarbonato

H2CO3 Ácido carbónico

IUCN International Union for Conservation of Nature

MMTAG AZA Marine Mammal Taxon Advisory Group

ODL Oceanário de Lisboa

ORP Oxidation-reduction potential

O2 Oxigénio

PAD Poça de água doce

PM Poça de maré

PTAG AZA Penguin Taxon Advisory Group

QdV Qualidade de Vida

SSV Sistema de suporte de vida

TCO Torre de contacto de ozono

(12)

1

1.

I

NTRODUÇÃO

Inserido no contexto da realização de um estágio curricular profissionalizante, efetuado no âmbito do Mestrado em Ciências do Mar – Recursos Marinhos, com especialização em Biologia e Ecologia Marinhas, do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar da Universidade do Porto, o presente relatório engloba a descrição do trabalho desenvolvido no Oceanário de Lisboa, um aquário público localizado em Lisboa, Portugal.

Este estágio com 8 meses de duração pretendia atingir vários objetivos, entre os quais:

o Contactar com a realidade de trabalhar num aquário público.

o Adquirir conhecimentos de aquariologia e sistemas de suporte de vida. o Familiarização com o trabalho de aquarista e o seu papel no cuidado animal. o Aumentar o conhecimento sobre diferentes grupos de animais, nomeadamente

invertebrados, peixes, aves e mamíferos.

o Entender como garantir e melhorar o bem-estar de animais marinhos.

Neste documento, para além da descrição de sistemas de suporte de vida e parâmetros importantes em aquariologia, enquadramento da instituição e rotinas realizadas, serão apresentados alguns casos de estudo sobre o bem-estar animal em aquários públicos, realizados no Oceanário.

1.1.

A

QUÁRIOS PÚBLICOS

Em Portugal, um parque zoológico é definido como “qualquer estabelecimento, de carácter permanente, geograficamente circunscrito, onde sejam habitualmente alojados animais para exibição ao público durante sete ou mais dias por ano” (Decreto-Lei n.º 59/2003; Decreto-Lei n.º 104/2012). Assim, segundo a lei, jardins zoológicos, delfinários, aquários, oceanários, reptilários, parques ornitológicos e parques safari são considerados parques zoológicos.

(13)

2

Recentemente, a indústria de aquários públicos tem crescido devido a avanços na aquariologia e ao aumento do interesse público no ambiente aquático (Rodrigues et al., 2013). Um dos principais objetivos da exibição de animais marinhos em aquários públicos é educar e sensibilizar os visitantes para a importância da conservação do meio marinho, expondo a biodiversidade marinha no seu habitat natural (Correia et al., 2018). Deste modo, os aquários poderão funcionar como “embaixadores” dos animais, destacando normalmente espécies carismáticas do seu habitat, favorecendo em simultâneo a conservação de espécies menos conhecidas do público, mas que partilham o mesmo ambiente natural (EAZA, 2013). A maioria dos aquários públicos apresenta animais de diferentes taxa, incluindo invertebrados (como cnidários, moluscos, equinodermes, crustáceos, etc.), anfíbios, répteis, peixes (teleósteos e elasmobrânquios), aves e mamíferos. Como se pretende que estes animais manifestem os seus comportamentos naturais, os espaços apresentam um design que espelha o seu habitat natural, com o enriquecimento ambiental mais apropriado (EAZA, 2013; Fernandez, Tamborski, Pickens, & Timberlake, 2009).

Contudo, apesar de atualmente os parques zoológicos desempenharem um importante papel social na conservação, educação, investigação (nas áreas de ecologia, biodiversidade e conservação), recreação e bem-estar animal, alguns desses objetivos podem entrar em conflito (Fernandez et al., 2009). Por exemplo, geralmente os visitantes gostam de aprender e observar o comportamento natural dos animais; no entanto, muitas vezes querem interagir com os mesmos, o que pode ser uma fonte de stress (Fernandez et al., 2009) A maioria das instituições investe na educação dos visitantes sobre a importância da conservação da natureza, exibindo animais em exposições que satisfazem as suas necessidades físicas e psicológicas (EAZA, 2013, Young, 2003).

1.2.

F

ÍSICA E QUÍMICA DA ÁGUA

:

PARÂMETROS E QUALIDADE

Num aquário, os animais vivem na mesma água em que se alimentam e eliminam produtos do seu metabolismo. Logo, se a água não tiver uma qualidade adequada, o bem-estar dos animais fica comprometido, havendo um risco acrescido para apresentarem sinais de stress e para surgirem doenças (Corcoran, 2015).

Um aquário marinho pode ser mantido com água natural e/ou sintética (ou artificial), tendo cada uma as suas vantagens e desvantagens (Delbeek & Sprung, 1994; Moe,

(14)

3

1995). No entanto, com a evolução e melhoria dos processos de filtração e dos produtos disponibilizados pelas empresas especializadas nesta área, neste momento os fatores de conveniência e custo são os que mais pesam na decisão entre uma ou outra (Delbeek & Sprung, 1994; Moe, 1995). A água marinha natural é composta por água pura, sólidos e gases inorgânicos, oligoelementos, poluentes, substâncias orgânicas dissolvidas e formas de vida (Moe, 1995). As maiores diferenças para a água sintética são a concentração de sais inorgânicos, oligoelementos (inferiores em número e concentração) e ausência de matéria orgânica dissolvida (Moe, 1995). Independentemente do tipo de sistema e água usados, devem ser frequentemente recolhidas amostras de água e analisadas para vários parâmetros, de modo a garantir a sua qualidade. Estes podem incluir temperatura, alcalinidade e pH, turbidez, salinidade, gases dissolvidos, certos minerais, produtos nitrogenados, contaminação bacteriana e ozono residual, entre outros (Corcoran, 2015; Joseph et al., 2010; Mohan & Aiken, 2004). Os limites dos parâmetros praticados num tanque podem variar entre sistemas, no entanto devem ser minimamente aceitáveis para as diferentes espécies que nele são mantidas. Para além disso, o fluxo de água, arejamento e filtração também são muito importantes e dependem dos organismos presentes no aquário (Corcoran, 2015).

Nesta secção serão detalhados alguns desses parâmetros físicos e químicos, bem como a sua importância para um aquário marinho.

TEMPERATURA

O intervalo de temperaturas de um sistema determina que tipo de organismos nele podem habitar (Moe, 2009). Isto porque muitos organismos marinhos são ectotérmicos, logo não conseguem regular a sua temperatura interna, estando aproximadamente à mesma temperatura da água que os rodeia (Moe, 1995).

Grandes flutuações de temperatura podem ser diretamente prejudiciais para a saúde dos animais (Delbeek & Sprung, 1994), podendo ainda causar stress ou aumentar a suscetibilidade a doenças (Moe, 2009). Para evitar que estas alterações térmicas se verifiquem, os aquários marinhos necessitam de um sistema de aquecimento/refrigeramento que garanta a manutenção do intervalo ótimo de temperatura estipulado (Moe, 2009).

(15)

4 SALINIDADE

A salinidade indica a quantidade total de sólidos inorgânicos ou sais dissolvidos na água (Moe, 2009).

Na água do oceano a salinidade varia normalmente entre 34 e 37, sendo a média 35. No entanto, em aquários, é frequente manter a salinidade mais baixa, entre 28 e 32, condições em os animais se mantêm confortáveis e que permitem que haja evaporação sem que a salinidade aumente para níveis superiores aos normais, mais difíceis de tolerar (Moe, 2009). Quando é perdida muita água por evaporação, a salinidade aumenta, devendo nessas circunstâncias ser adicionada água doce para repor quer o volume, quer a salinidade (Delbeek & Sprung, 1994; Moe, 1995).

É importante que o valor de salinidade adotado num aquário seja mantido o mais estável possível, uma vez que flutuações constantes não são benéficas para invertebrados, plantas e microrganismos. Contudo, para controlar algumas doenças cujos agentes patogénicos sejam particularmente suscetíveis a este parâmetro, pode-se fazer variar de forma brusca e propositada a salinidade (Delbeek & Sprung, 1994). A salinidade é um parâmero que se associa aos restantes, pois, juntamente com a temperatura, apresenta uma relação inversamente proporcional com os níveis de oxigénio na água. Valores de salinidade mais baixos, para além de manterem mais oxigénio na água, permitem que as bactérias nitrificantes sejam mais eficientes e reduzem a taxa metabólica dos peixes (Delbeek & Sprung, 1994; Moe, 2009).

PH

O pH, definido como “poder do hidrogénio”, é uma medida da quantidade de iões hidrogénio carregados positivamente (H+) e iões hidroxilo carregados negativamente

(OH-) presentes numa solução, indicando a sua acidez e alcalinidade (basicidade).

Traduz-se numa escala de 1 a 14, sendo que 1 é mais ácido, 7 é neutro e 14 é mais alcalino (básico). Uma condição ácida é causada pelo excesso de iões H+, enquanto

que uma condição de alcalinidade é causada pelo excesso de iões OH- (Delbeek &

Sprung, 1994; Moe, 1995). A água do mar é uma solução salina com um pH que varia entre 8.0 e 8.25, tipicamente (Delbeek & Sprung, 1994).

O pH é afetado pela acumulação de detritos e matéria orgânica, atividade biológica, sistema tampão intrínseco da água salgada (será posteriormente detalhado),

(16)

5

atividade de algas/plantas e quantidade de dióxido de carbono (CO2) na água. O

aumento de CO2 na água baixa o seu pH, enquanto que a sua remoção provoca uma

subida (Delbeek & Sprung, 1994; Moe, 1995). Já o aumento da temperatura e da pressão da água diminuem o pH. Em aquários marinhos, o pH da água tem tendência a decrescer devido à acumulação de ácidos orgânicos (que se conjugam com bicarbonatos e carbonato de cálcio), uma situação que se agrava se não houver um arejamento adequado (Moe, 2009). Assim, para manter níveis de pH adequados, deve-se investir num bom arejamento, escumação de proteínas, filtração de algas, trocas de água regulares, bio filtros e adição de bicarbonato e carbonato (Moe, 2009). As mudanças parciais de água devem ser feitas para diluir a acumulação de material orgânico e restaurar a capacidade tampão do sistema (Moe, 1995).

OXIGÉNIO

O oxigénio (O2) é um gás presente na atmosfera (constituindo cerca de 20% do ar)

que é capaz de se dissolver na água através da interface ar-água e da atividade fotossintética verificada durante o dia. Assim, um bom arejamento é essencial para garantir níveis estáveis de O2 (Moe, 2009). Estes devem ser mantidos próximos do

limite de saturação, ou até acima (sem ultrapassar o ponto em que se torna prejudicial), pois se o nível de O2 dissolvido for muito baixo pode causar problemas

aos organismos aí existentes (Delbeek & Sprung, 1994; Moe, 2009).

O O2 dissolvido é usado por todos os animais e pelo bio filtro. A água no aquário

deve circular corretamente, prevenindo a sua estratificação, de modo a renovar e manter níveis adequados por todo o tanque (Delbeek & Sprung, 1994; Moe, 1995). Os escumadores de proteínas e de superfície também ajudam a manter os níveis de oxigénio perto da saturação (Delbeek & Sprung, 1994).

A saturação deste gás depende de vários fatores como: temperatura, salinidade e a sua concentração na atmosfera, verificando-se que a quantidade de O2 que se pode

dissolver na água varia inversamente com o aumento da temperatura e da salinidade (Delbeek & Sprung, 1994; Moe, 1995, 2009).

(17)

6 AZOTO, AMÓNIA, NITRITOS E NITRATOS

O nitrogénio/azoto é, à semelhança do oxigénio, um gás naturalmente presente na atmosfera (aproximadamente 80% da sua constituição). Em condições normais, este gás encontra-se em equilíbrio com a pressão atmosférica no tanque (Moe, 2009). No entanto, muitos animais e plantas não conseguem usar diretamente azoto atmosférico, necessitando daquele que é fixado por bactérias e algas. A matéria orgânica presente num aquário é convertida por bactérias heterotróficas em amónia, uma forma inorgânica de azoto, num processo conhecido por mineralização. Este composto também é produzido como um produto do metabolismo de peixes e outros animais, sendo considerado tóxico para muitas formas de vida (Moe, 2009).

Dependendo do pH, a amónia pode-se apresentar no estado desionizado (NH3) ou

ionizado (NH4+), sendo o primeiro mais tóxico porque é capaz de invadir os tecidos

mais prontamente. Assim, conforme o pH aumenta, os níveis da forma ionizada diminuem e os da forma desionizada aumentam (Moe, 1995). Apesar disso, quase toda a amónia livre se encontra no estado ionizado no pH típico da água salgada (Moe, 1995).

Num processo conhecido como nitrificação, bactérias nitrificantes do género Nitrosomonas convertem amónia a nitritos, que são posteriormente convertidos em nitratos por bactérias do género Nitrobacter. Os nitratos podem depois ser usados por plantas como nutriente, ou reduzidos a gás diazoto através da atividade de outras bactérias, num processo de desnitrificação que ocorre em condições de anaerobiose (Delbeek & Sprung, 1994; Moe, 2009). Estes processos englobam o ciclo do azoto, o qual se encontra esquematizado na figura 1.

Fica assim patente a importância de existirem filtros biológicos em aquários marinhos, capazes de converter as formas de amónia e nitritos (mais tóxicas) em nitratos, que se podem acumular em concentrações maiores (Moe, 2009). Normalmente, num aquário estabelecido, os níveis de amónia e nitritos mantêm-se muito próximos de 0. Se for detetada amónia nesses aquários, será necessário procurar e remover toda a matéria orgânica (animais mortos, comida, produtos de excreção, etc.) ou rocha-viva em decomposição que possa justificar esse desajuste (Delbeek & Sprung, 1994).

(18)

7

Figura 1. Esquema do ciclo do azoto.

ALCALINIDADE E SISTEMA TAMPÃO INTRÍNSECO DA ÁGUA MARINHA

Alcalinidade é, no sentido lato, a capacidade tampão de uma solução. Quanto maior a alcalinidade, maior a capacidade de prevenir rápidas variações de pH. Esta é composta por componentes negativamente carregados como carbonatos, bicarbonatos, boratos e hidróxidos.

À semelhança do oxigénio, o CO2 é dissolvido na superfície da água, formando ácido

carbónico (H2CO3). Esta reação provoca uma descida no pH, mas como o ácido

carbónico forma aniões bicarbonato (HCO3-) e carbonato (CO32-) que vão compensar

essa descida, este acaba por se tornar parte do sistema tampão (Moe, 1995). Este conjunto de reações químicas reversíveis encontra-se esquematicamente representado na seguinte equação:

CO2 + H2O H2CO3 H+ + HCO3- H+ + CO3

2-O carbonato que se forma no final deste sistema une-se com cálcio para formar carbonato de cálcio (CaCO3), que é removido do sistema, passando a integrar

esqueletos de corais, conchas de moluscos, testas de ouriços do mar, entre muitas outras utilizações do cálcio (Moe, 1995).

A quantidade de CO2 dissolvido na água depende de diversos fatores, como: pressão

atmosférica, temperatura, salinidade, pH e atividade biológica. Se houver CO2 em

(19)

8

tampão do sistema, levando a uma diminuição no pH. Por outro lado, se demasiado ácido carbónico for retirado da água, o pH desta aumenta rapidamente (Moe, 1995). Uma forma de manter a alcalinidade é através da adição de soluções tampão comerciais, bicarbonato de sódio (Moe, 1995) e/ou de hidróxido de cálcio (cal) que fornece iões de hidróxido (capaz de neutralizar ácidos) e cálcio (Delbeek & Sprung, 1994). Os recipientes onde são preparadas as soluções de cal devem ser periodicamente lavados para remover todo o carbonato de cálcio que tenha precipitado, de modo a evitar que este entre no tanque (Delbeek & Sprung, 1994).

CÁLCIO

O cálcio é muito importante para a sobrevivência de corais, animais com conchas, algas calcárias, entre muitos outros organismos. Na água marinha natural os seus níveis variam entre 380 e 480 mg/L, mas em aquários é mantido entre 350 e 500 mg/L, para assegurar um crescimento adequado aos organismos que dele dependem (Delbeek & Sprung, 1994). Estes valores podem ser mantidos adicionando hidróxido ou cloreto de cálcio (Moe, 2009).

POTENCIAL REDOX

“Redox” é a expressão usada para referir reações químicas de redução e oxidação, as quais ocorrem por transferência de eletrões e/ou átomos. A oxidação consiste na perda de eletrões para compostos oxidantes (recetores de eletrões), enquanto que a redução implica um ganho de eletrões provenientes de compostos redutores (dadores de eletrões) (Delbeek & Sprung, 1994).

O potencial redox (normalmente usa-se a sigla inglesa ORP - oxidation-reduction potential) é uma medida baseada nas reações redox que estão a ocorrer na água. Quanto maior o valor, maior o potencial para a ocorrência de oxidação; quanto menor, maior o potencial para que ocorra redução (Delbeek & Sprung, 1994). Os níveis recomendados para aquários marinhos variam entre 250 e 400 mV (Moe, 2009).

(20)

9 FÓSFORO E FOSFATOS

O fósforo no ambiente marinho pode estar em três formas distintas: fósforo inorgânico dissolvido (em fosfatos), fósforo orgânico dissolvido (em compostos orgânicos dissolvidos) e fósforo orgânico particulado (em partículas orgânicas e detritos) (Moe, 2009).

O fósforo tem tendência a acumular-se em aquários, devido às excreções de plantas e animais (Moe, 2009). Altos níveis de fosfatos baixam a alcalinidade ao precipitarem em compostos com cálcio e magnésio, interferindo assim com processos de calcificação de corais e algas coralinas (Delbeek & Sprung, 1994; Moe, 2009). A melhor forma de manter os níveis de fosfato baixos é minimizando a sua entrada no sistema (eliminando-o por osmose inversa ou desionização, não alimentando excessivamente os animais) e maximizando a sua remoção (Delbeek & Sprung, 1994).

BACTÉRIAS

Os ciclos dos nutrientes no ambiente marinho dependem grandemente da atividade bacteriana, organismos que também participam nas cadeias tróficas marinhas (Moe, 2009). Para um aquário marinho ter sucesso, é necessária a existência e consolidação de uma população bacteriana diversa, sendo as bactérias normalmente agrupadas nas seguintes “categorias” (Moe, 2009):

o Decompositoras – heterotróficas, decompõem a matéria orgânica libertando amónia e outros compostos orgânicos (mineralização).

o Nitrificantes – oxidam a amónia gerando nitritos e nitratos.

o Desnitrificantes – quimioautotróficas, reduzem nitrato a azoto livre. Este processo só ocorre num aquário caso haja um sistema de desnitrificação.

o Fixadoras de azoto – fixam azoto a partir do gás diazoto livre. Este processo não é muito relevante em aquários marinhos.

OLIGOELEMENTOS

Oligoelementos são elementos que, como a palavra indica, existem em pequenas concentrações na água. Estes tendem a diminuir em aquários marinhos, principalmente nos que têm ozonação e escumadores de proteínas eficientes. A

(21)

10

maioria dos oligoelementos é introduzida através da alimentação, trocas de água e suplementação (Moe, 1995, 2009). Os oligoelementos que são mais comummente adicionados a aquários são: iodo, estrôncio, ferro, molibdénio, bário e lítio (Delbeek & Sprung, 1994).

MATÉRIA ORGÂNICA DISSOLVIDA

Matéria orgânica engloba compostos orgânicos como proteínas, aminoácidos, péptidos, ácidos gordos, ureia, amónia, aminas e fenóis (Moe, 1995). Esta é adicionada ao tanque sob a forma de novos animais ou plantas, comida e, por vezes, nas trocas de água. Esta matéria orgânica é reciclada pelos organismos vivos do tanque, acumulando-se eventualmente sob a forma de detritos ou matéria orgânica dissolvida, que pode depois sofrer processos de mineralização e nitrificação (Moe, 2009). Em excesso, os ácidos orgânicos levam à depleção de bicarbonatos e carbonato de cálcio da água (Delbeek & Sprung, 1994).

SULFETO DE HIDROGÉNIO

Sulfureto/sulfeto de hidrogénio é um gás solúvel e tóxico. É formado pela atividade bacteriana em ambientes em que o oxigénio é muito baixo ou mesmo ausente. Normalmente forma-se em aquários em que a circulação de água é baixa ou ausente (Moe, 2009).

LUZ E FOTOPERÍODO

A luz tem uma importância crítica para muitos organismos marinhos e para o ambiente marinho em si. A luz visível permite que os animais formem imagens (visão) e fornece a energia que possibilita que a fotossíntese ocorra. Assim, a luz influencia o crescimento de algas e plantas, o bem-estar dos animais que possuem algas nos seus tecidos e os efeitos que a sua intensidade e qualidade possam ter nos organismos (Moe, 2009). Deste modo, a iluminação deve ser adequada aos requisitos do tipo de sistema e dos seres vivos presentes no aquário (Moe, 1995).

Algumas das propriedades da luz que podem ser medidas são a intensidade, o comprimento de onda e a energia (Moe, 2009).

(22)

11

O fotoperíodo é o número de horas consecutivas de luz num ciclo de 24 horas (um dia). Num aquário a duração diária de luz deve ser constante ou ter variações muito lentas (Moe, 1995), devendo-se simular o amanhecer e entardecer, reduzindo o choque entre luz e escuridão (Moe, 2009).

CIRCULAÇÃO DE ÁGUA

Para alguns organismos, principalmente os sésseis, é muito importante que haja um forte movimento da água, uma vez que na natureza este traz alimento e detritos, remove partículas de lixo, promove trocas gasosas e estimula o movimento e interação com o meio ambiente (Moe, 2009). Assim, este é um fator a considerar, não esquecendo que para além do volume de água que circula no sistema, também se deve ter atenção à circulação de água dentro de todo o aquário (Moe, 2009).

PROFUNDIDADE

A profundidade no ambiente marinho relaciona-se de forma estreita com a iluminação, movimento da água e pressão a que os organismos estão sujeitos. Assim, é a combinação de todos estes fatores que vai influenciar a sua distribuição e crescimento (Moe, 2009).

SUBSTRATO

O fundo do tanque pode ser composto por vários tipos de substrato, podendo existir formas de vida acima, abaixo ou no seu interior. Juntamente com outros parâmetros já referidos (luz, temperatura, profundidade e movimento da água), o tipo de substrato, a sua granulometria e estabilidade física determinam que organismos nele podem habitar. A circulação da água também é importante neste aspeto, pois pode evitar o desenvolvimento de zonas anóxicas (Moe, 2009).

MATÉRIA PARTICULADA SUSPENSA

Normalmente num aquário há pouca matéria particulada suspensa, comparativamente com a água salgada natural. Estas partículas podem ser vivas (como o plâncton, por exemplo) ou não vivas (partículas orgânicas ou inorgânicas),

(23)

12

terminando ambas por se depositar no fundo do tanque, passando a integrar o substrato (Moe, 2009).

1.3.

F

ILTRAÇÃO DA ÁGUA

Toda a água salgada em sistemas fechados diminui de qualidade ao longo do tempo, dependendo particularmente da filtração e da carga biológica do aquário (Delbeek & Sprung, 1994). Com a passagem do tempo a quantidade de elementos inorgânicos tende a diminuir enquanto a dos orgânicos tende a aumentar; os nutrientes dissolvidos e produtos de metabolismo aumentam e a composição dos oligoelementos na água é alterada (Moe, 1995). Estas mudanças baixam a capacidade do sistema suportar vida marinha, sendo necessário recorrer a uma filtração adequada, trocas de água periódicas e adição de elementos que permitam a manutenção de uma qualidade de água ótima, a longo prazo (Delbeek & Sprung, 1994; Moe, 1995).

FILTRAÇÃO MECÂNICA

A filtração mecânica remove a matéria particulada suspensa. A eficiência do filtro depende da velocidade com que a água se movimenta através das superfícies filtrantes, da área de contacto e da porosidade do filtro. Os filtros mecânicos (figura 2) devem ser limpos ou trocados frequentemente, de modo a que as partículas orgânicas sejam removidas do filtro antes de serem reduzidas/quebradas em nutrientes dissolvidos (Moe, 1995). A filtração mecânica pode ser efetuada recorrendo a diversas superfícies como areia, cascalho, grelhas de metal ou plástico, tecidos, etc. (Moe, 1995).

FILTRAÇÃO QUÍMICA

A filtração química remove compostos dissolvidos e elementos que estejam em solução no sistema. Os principais métodos de filtração química são (Moe, 1995):

Figura 2. Filtros de cartucho plissados.

(24)

13

o Carvão ativado – este carvão contém abundantes poros aos quais as moléculas de compostos orgânicos e inorgânicos da água são adsorvidas. As propriedades de adsorção do carvão alteram-se com o tempo de utilização, perdendo eficácia. o Resinas de troca iónica e absorventes poliméricos – estas estruturas têm grande

especificidade para diversos tipos de moléculas. Algumas resinas são usadas para remoção de compostos nitrogenados, enquanto outras podem remover compostos orgânicos.

o Escumadores de proteínas (figura 3) – nestes aparelhos a água é misturada com bolhas de ar de tamanho reduzido para promover a adsorção das moléculas presentes na água à interface ar-líquido. Muitos compostos orgânicos possuem simultaneamente propriedades hidrofóbicas e hidrofílicas (moléculas anfipáticas), por isso as moléculas orientam-se rapidamente para a interface gás-líquido criada pelas bolhas, ficando o terminal hidrofóbico em contacto com o gás e o hidrofílico com a água. Desta forma as bolhas vão ficando preenchidas, formando uma escuma que se acumula num copo coletor, que é periodicamente limpo. Este método de filtração é muito interessante, uma vez que remove compostos orgânicos dissolvidos antes destes serem quebrados

em nutrientes básicos. Para além disso, os escumadores de proteínas também permitem o arejamento da água.

o Ozono – esta forma instável de oxigénio é um forte oxidante que altera a estrutura dos compostos orgânicos dissolvidos, matando bactérias e parasitas. A injeção de ozono nos escumadores de proteínas aumenta a eficiência dos dois processos, mas sendo o ozono um composto muito perigoso, deve ser usado com precaução.

FILTRAÇÃO BIOLÓGICA

A filtração biológica consiste na transformação, por bactérias nitrificantes, de compostos tóxicos de azoto em compostos menos tóxicos. É um processo natural, que ocorre na fase de nitrificação do ciclo do azoto (Moe, 1995).

Figura 3. Escumador de proteínas.

(25)

14

Apesar de ser denominado de “filtração”, este processo não remove compostos da água, apenas os transforma. Estes vão-se acumulando até serem removidos, geralmente através de trocas parciais de água (Moe, 1995).

Assim, para que esta ocorra, é necessário que haja uma estrutura de suporte onde estes microrganismos possam proliferar e estabelecer uma população ativa (Moe, 1995). Alguns meios de filtração biológica são filtros externos com bio bolas (figura 4), rocha viva, areia viva ou macroalgas (Moe, 1995).

ESTERILIZAÇÃO

A esterilização da água realizada com recurso a lâmpadas UV (figura 5) pode também ser considerada um método de “filtração”, uma vez que elimina formas de vida (Moe, 1995). Isto acontece porque a luz UV (220-300 nm) tem energia suficiente para alterar quimicamente os microrganismos, originando mutações que acabam por matar certas formas de vida microscópicas (Moe, 2009).

Estes sistemas que usam lâmpadas UV têm por isso uma ação germicida, reduzindo o número de organismos que se encontram em natação livre (Moe, 1995).

1.4.

S

ISTEMAS DE SUPORTE DE VIDA

Os componentes e estruturas de um sistema de suporte de vida (SSV) dependem de vários fatores como volume total de água, geometria do aquário, turnover, biomassa, temperatura e até mesmo do objetivo do sistema. Os equipamentos mais comuns encontram-se listados e descritos na próxima secção. Na figura 6 é possível observar um exemplo geral de SSV.

Figura 5. Filtros UV.

Figura 4. Bio filtro com bio bolas.

(26)

15

Figura 6. Esquema simplificado dos principais componentes de um sistema de suporte de vida (SSV) encontrado num aquário.

AQUÁRIO

Também chamado de tanque, é essencial para manter organismos, sendo a estrutura que define o sistema. O seu tamanho, forma e construção podem ser estandardizados ou personalizados, por exemplo para se adequarem a sistemas de filtração, ao design da exposição, etc. Os materiais geralmente usados para construir aquários são vidro, plástico acrílico, contraplacado, fibra de vidro e concreto (Moe, 2009).

BOMBA DE CIRCULAÇÃO DE ÁGUA

A bomba de circulação de água permite que esta circule pelo sistema de suporte de vida, além de fomentar o movimento da água dentro do próprio aquário (Moe, 2009). Normalmente as bombas de água são submersíveis ou

refrigeradas a ar (figura 7) (Moe, 2009).

As bombas refrigeradas a ar geralmente possuem um pré-filtro, que serve para filtrar quaisquer partículas de maiores dimensões que possam ter sido aspiradas, evitando que voltem a entrar em circulação nas tubagens.

Algumas destas bombas também servem para criar correntes, podendo até criar um efeito de reversão do fluxo de água (Moe, 1995).

Figura 7. Bomba de água refrigerada a ar.

(27)

16 SUMP

A sump é um reservatório que pode existir em alguns aquários, estando normalmente localizado abaixo do tanque principal. Pode ser usada para filtração (mecânica ou biológica), podendo também estar ligada a outros equipamentos, como resistências e escumadores de proteínas. A principal vantagem de ter uma sump num aquário é o aumento de água no sistema, tornando-o mais estável e menos propenso a flutuações de pH e salinidade (Delbeek & Sprung, 1994; Moe, 1995, 2009).

FILTROS MECÂNICOS

Existem diversas opções para efetuar filtração mecânica, como filtros de cartucho, filtros de areia (figura 8), draclons, sacos filtradores, entre outros. A escolha de qual usar em cada tanque depende de vários fatores, tais como a biomassa, o tipo de animais mantidos no aquário, o design do sistema, rotinas de manutenção e limpeza, entre outros.

PERMUTADOR DE CALOR

Devido ao ambiente em que um tanque está inserido, pode ser necessário aquecer ou arrefecer a água. Assim, ao invés de usar especificamente uma resistência ou um refrigerador, pode-se utilizar um permutador de calor (figura 9), que pode ser controlado automaticamente. Este permite a transferência de calor entre fluídos (através de um processo de condução de calor), podendo ser usado tanto para aquecer como para arrefecer. Os meios podem ser separados por uma barreira, ou podem estar em contato direto. A eficiência de um permutador de calor depende do material usado na construção, da sua forma, características geométricas, do fluxo, temperatura e coeficiente de condutibilidade térmica dos fluidos (Kakaç & Liu, 2012). Figura 9. Permutador de calor com funcionamento em contracorrente. Figura 8. Filtro de areia.

(28)

17 ESCUMADOR DE SUPERFÍCIE (SKIMMER)

O escumador de superfície (figura 10) remove o filme que se forma na superfície da água, prejudicando as trocas gasosas que nela ocorrem. Deste modo, a água à qual foi removida esta fina camada é exposta ao ar, caindo numa cascata para o reservatório (Delbeek & Sprung, 1994).

ESCUMADOR DE PROTEÍNAS

Como referido anteriormente, um escumador de proteínas permite efetuar filtração química, removendo partículas orgânicas (Moe, 1995). Assim, este remove compostos que de outra maneira se iriam quebrar em compostos mais pequenos e consumir oxigénio, degradando a qualidade da água (Delbeek & Sprung, 1994).

OZONADOR

O ozonador é um dispositivo que permite injetar ozono na água, sendo muitas vezes usado juntamente com escumadores de proteínas. O ozono é misturado com ar e introduzido numa câmara em contacto com a água do aquário, onde as moléculas orgânicas são oxidadas. É importante que quando a água retorne ao tanque não haja vestígios de ozono (Delbeek & Sprung, 1994).

DESNITRIFICADOR

O desnitrificador (figura 11) consiste num equipamento complexo onde ocorre a fase de desnitrificação do ciclo do azoto (conversão de nitratos a azoto gasoso que é libertado na atmosfera). Assim, é possível reaproveitar a água, uma vez que os seus níveis de nitratos são reduzidos, aumentando a qualidade da mesma (Moe, 1993).

Figura 10. Escumador de superfície.

Figura 11. Desnitrificador.

(29)

18 LÂMPADAS UV

Tal como referido anteriormente, as lâmpadas UV permitem esterilizar a água, podendo ser considerada uma forma de filtração (Moe, 2009).

AREJAMENTO

Consiste na mistura de água e ar (Moe, 2009). Para além de permitir trocas gasosas, também impulsiona o movimento da água através do sistema, criando turbulência e auxiliando no turnover da água no aquário ((Delbeek & Sprung, 1994; Moe, 2009). Algumas formas de criar arejamento num aquário incluem bombas de ar, air lifts (figura 12), aparelhos de Venturi, escumadores de proteínas ou mesmo difusão direta de ar no tanque (Moe, 2009).

Figura 12. Arejamento de um tanque usando um air lift.

REATOR DE CÁLCIO

Nos aquários de recifes de coral, um reator de cálcio (figura 13) cria um equilíbrio de alcalinidade e fornece cálcio. Isto ocorre ao produzir-se uma solução ácida através da injeção de CO2 numa câmara com água salgada e meios ricos em cálcio.

O CO2 em contacto com a água forma ácido carbónico

diminuindo o seu pH, o que leva à dissolução do cálcio existente no meio no interior do reator. Esta interação é traduzida pela seguinte fórmula:

CaCO3 + H2O + CO2 Ca2+ + 2 HCO3−

O efluente é depois devolvido ao aquário, sendo o cálcio consumido pelos organismos que necessitam dele para o seu crescimento (Delbeek & Sprung, 1994; Moe, 1995, 2009).

Figura 13. Reator de cálcio.

(30)

19 BIO FILTRO

O bio filtro é responsável, como o nome indica, pela filtração biológica. Um filtro biológico típico junta oxigénio, água que contém compostos nitrogenados e um substrato que suporte colónias de bactérias nitrificantes (Moe, 2009). Tal como outros elementos já referidos, também os bio filtros podem ter diferentes designs, construções e tipo de meio filtrante, podendo servir para outras funções como filtração mecânica, mineralização ou trocas gasosas (Moe, 2009).

ILUMINAÇÃO

A luz (figura 14) é um aspeto muito importante num aquário, pois permite aos aquaristas inspecionar visualmente os animais, influenciando também a forma como os visitantes observam os animais. Tem ainda uma grande influência no comportamento e no bem-estar dos animais, crescimento e manutenção de algumas espécies (Corcoran, 2015; Young, 2003). Independentemente do tipo de luz usada, é importante que haja áreas com diferente intensidade luminosa ao longo do tanque, sendo que a profundidade afeta a penetração da luz através da água (Corcoran, 2015; Moe, 2009). Alguns aspetos a considerar são o espectro da luz, intensidade, temperatura e cor (Moe, 2009).

SONDAS

Quanto às sondas, não sendo essenciais é importante e bastante vantajoso possuir certas sondas no sistema de um tanque, tais como sondas de ORP (figura 15) temperatura e pH (Moe, 1995). Estas devem ser calibradas frequentemente, para manterem a precisão (Delbeek & Sprung, 1994).

Figura 14. Exemplo de luzes usadas para iluminar um tanque.

Figura 15. Sonda de ORP.

(31)

20

2.

O

CEANÁRIO DE

L

ISBOA

O Oceanário de Lisboa (ODL) é um aquário público em Lisboa, Portugal, que recebe anualmente cerca de 1 milhão de pessoas (figura 16), sendo o equipamento cultural mais visitado de Portugal.

Este aquário funciona em sistema fechado, produzindo a sua própria água (make-up). Esta é posteriormente reaproveitada, através de complexos sistemas de filtração da água (água recuperada – água filtrada, mas com níveis de nitratos mais altos) e de um sistema de desnitrificação (água desnitrificada – água filtrada e com níveis de nitratos baixos). Assim, através desta estratégia, é possível reduzir o impacto ambiental do Oceanário.

Figura 16. Número de visitantes por ano (topo das barras) e percentagem de visitantes distribuída por grupo etário.1

Localizado no Parque das Nações, o projeto foi liderado pelo arquiteto Peter Chermayeff e inaugurado em 1998, no âmbito da exposição mundial Expo’98, cujo tema foi “Os oceanos, um património para o futuro”. Os fundadores da Expo’98

1 Relatório de Gestão e Contas do Oceanário de Lisboa 2016, 2018, disponíveis em

disponível em https://www.oceanario.pt/o-oceanario/documentos-oficiais/relatorios-de-gestao-e-contas/ 21% 21% 18% 21% 22% 74% 73% 76% 73% 72% 6% 6% 6% 6% 6% 2014 2015 2016 2017 2018

Criança Adulto Sénior 986 703

1 148 658 1 264 952

(32)

21

planearam construir um aquário, que seguiria a mensagem da exposição e aumentaria a oferta cultural e educacional do país.

Em 2005 o ODL (figura 17) implementa um Sistema Integrado de Gestão da Qualidade e Ambiente, certificado pela SGS S.A., segundo os regulamentos internacionais UM 9001 (Qualidade), UM 14001 (Ambiente) e EMAS (Eco-Management and Audit Scheme). No ano de 2011 é criado o Edifício do Mar, que oferece um novo conjunto de serviços e aumenta o espaço expositivo, com uma área dedicada a exposições temporárias. A atividade de exploração e administração do Oceanário foi concedida à sociedade Oceanário de Lisboa S.A., em 2015, pelo Estado Português. Atualmente, a Fundação Oceano Azul é acionista única, tendo como missão contribuir para um oceano produtivo e saudável. Com o lema “From the Ocean’s Point of View”, baseia a sua atividade em três pilares: 1) Educação e Literacia, 2) Conservação e 3) Capacitação. O Oceanário tem como missão “Promover o conhecimento dos oceanos, sensibilizando os cidadãos em geral para o dever da conservação do património natural, através da alteração dos seus comportamentos”, assumindo que “A conservação dos oceanos é uma responsabilidade de todos”. Assim, desenvolve continuamente atividades educativas que dão a conhecer os oceanos e a sua missão, abordando os desafios ambientais da atualidade. Também colabora com várias instituições em projetos de investigação científica, de conservação da biodiversidade marinha e de desenvolvimento sustentável dos oceanos. 2

Além disso, o Oceanário está afiliado com a APZA (Associação Portuguesa de Zoos e Aquários), a EAZA (European Association of Zoos and Aquariums) e a WAZA (World Association of Zoos and Aquariums). 3

2https://www.oceanario.pt/o-oceanario, consultado a 13.05.2020

3https://www.oceanario.pt/o-oceanario/afiliacoes/, consultado a 13.05.2020

(33)

22

2.1.

E

STRUTURA E OPERAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

Tal como todas as grandes organizações, também o ODL é constituído por vários departamentos, que trabalham coesamente de modo a poder realizar a sua missão de promoção do conhecimento sobre os oceanos. Estes dividem-se em: Operações e Engenharia, Comunicação, Educação, Loja e Biologia, onde foi realizado este estágio.4

2.1.1.

D

EPARTAMENTO DE

B

IOLOGIA DO

O

CEANÁRIO DE

L

ISBOA

O departamento de biologia assegura o cuidado e bem-estar de mais de 8000 espécies, desde invertebrados a mamíferos, operando diversos sistemas de suporte de vida, tanto na exposição temporária, das “Florestas Submersas”, como na exposição permanente. Aqui também se inclui o subdepartamento Building Management System (BMS), que faz a ligação entre os departamentos de Biologia e da Engenharia, fazendo a gestão a nível informático de todos os sistemas de suporte de vida e auxiliando na sua operação.

A hierarquia deste departamento encontra-se ilustrada na figura 18.

4 Relatório de Gestão e Contas 2018, disponível em

(34)

23

Figura 18. Hierarquia do departamento de Biologia do Oceanário de Lisboa.

Cu ra d or Assistente Curador da Exposição Responsável da Exposição Temporária Supervisor das Galerias Responsável da Galeria do Atlântico Responsável da Galeria do Antártico Responsável da Galeria do Pacífico Responsável da Galeria do Índico Responsável da Exposição dos Anfíbios

Supervisor dos Habitats Responsável do Habitat Atlântico Responsável do Habitat Antártico Responsável do Habitat Pacífico Responsável do Habitat Índico Assistente Curador da Quarentena Supervisor da Quarentena Responsável da Quarentena Responsável do Laboratório Responsável da Sala de Cultura Supervisor da Coleção Supervisor BMS

(35)

24

2.2.

R

ESPONSABILIDADE E FUNÇÃO SOCIAL

O Oceanário procura desenvolver atividades no âmbito de conservação, educação e literacia dos oceanos para todas as idades, dentro e fora do ODL.

EDUCAÇÃO E LITERACIA

O ODL explora toda a matéria da literacia dos oceanos através de um programa de atividades educativas que estimulam a descoberta e promovem a ligação aos oceanos. Assim, são realizadas atividades para escolas e workshops para professores, sendo também disponibilizados materiais educativos. Fora de portas, é o projeto Vaivém Oceanário que oferece experiências educativas por todo o país. 5

CONSERVAÇÃO

O Oceanário partilha da visão de que a conservação dos oceanos é uma responsabilidade de todos. Os ecossistemas marinhos são dos maiores ativos que Portugal pode ter, e é fundamental assegurar, através de financiamento e de apoio ao conhecimento científico, a sua integridade no presente e para o futuro.

O ODL, para além de gerir a sua coleção, participa em programas de reprodução e na avaliação do estatuto de conservação de espécies marinhas para a IUCN (International Union for Conservation of Nature). Também colabora, desenvolve ou coordena estudos de conservação na componente da medicina da conservação e financia diversas ações e projetos, tanto a nível nacional como internacional. Em conjunto com a Fundação Oceano Azul, foi criado o Fundo para a Conservação dos Oceanos, com o objetivo de apoiar projetos que possam contribuir para a conservação de espécies ameaçadas e da biodiversidade marinha em geral. 6

5https://www.oceanario.pt/educacao, consultado a 13.05.2020

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25

3.

D

ESCRIÇÃO DAS TAREFAS

Nesta secção são descritas as tarefas e rotinas que foram realizadas ao longo do estágio, nas diferentes áreas: Habitats, Galerias e Quarentena.

Este aquário público possui um grande tanque central, rodeado por quatro habitats representativos dos oceanos Atlântico, Antártico, Pacífico e Índico. A visita ao ODL é desenvolvida em dois níveis (figura 19): o piso superior, terrestre, onde se inserem os Habitats e o piso inferior, subaquático, constituído pelas Galerias.

Estes tanques e a vida marinha que neles existe é mantida através do trabalho de aquaristas, a função desempenhada ao longo deste estágio.

3.1.

H

ABITATS

Como foi referido anteriormente, existem quatro oceanos específicos representados no Oceanário, para além do aquário central, que apresenta uma mistura de todos. Desse modo, esta área encontra-se tipicamente distribuída em 5 Habitats. No Anexo A é possível consultar as diferentes espécies existentes em cada um dos tanques dos diferentes Habitats. Habitat Atlântico Galeria do Atlântico Habitat Antártico Habitat Pacífico Habitat Índico Galeria do Antártico Galeria do Pacífico Galeria do Índico Aquário central Aquário central

Figura 19. Esquema do Oceanário. Do lado esquerdo o piso superior. Do lado direito o piso inferior.

(37)

26

As diversas tarefas nos Habitats são distribuídas ao longo do dia e/ou da semana. No entanto, diariamente, estas encontram-se distribuídas da seguinte forma:

Tabela 1. Tarefas diárias dos Habitats e sua distribuição ao longo do dia.

TAREFAS DIÁRIAS MANHÃ TARDE FINAL DO DIA

Verificações do sistema x x

Verificações do estado dos animais x x x

Limpezas do habitat x

Limpezas da backarea (área técnica) x x x

Rega e podas x

Alimentações e respetivos registos x x

Mergulhos x

Tarefas extra x x x

Registos do habitat x

Os registos do habitat incluem a anotação digital nas folhas respetivas de toda a informação que possa ser relevante, incluindo alimentações, mergulhos, capturas ou tratamentos de animais ou evolução destes, introduções ou transferências, manutenções ou anomalias do sistema, correções de qualidade da água, entre outras. Outras tarefas incluem arrumação geral da backarea (BA) (área técnica), limpeza de ninhos, sifonagem dos escumadores de superfície e poços de aspiração, limpeza dos cones dos escumadores de proteínas, reposição de stocks de material, manutenção do habitat ou atualização de ficheiros, entre outros.

Os sistemas de suporte de vida dos tanques dos Habitats situam-se no piso térreo do edifício e são em grande parte operados pelo BMS.

Seguidamente será descrita a realização das várias tarefas, de modo geral para todos os Habitats. Na secção descritiva de cada Habitat, são apresentadas tarefas que são específicas do mesmo.

VERIFICAÇÕES DIÁRIAS

As verificações diárias variam para cada habitat. No entanto, existem aspetos que são transversais:

(38)

27 o Verificar o estado geral do aquário.

o Estado geral, de saúde e comportamento dos animais, registando sempre qualquer irregularidade observada. Situações anómalas que possam necessitar de intervenção como a captura ou transferência de animais, envolvem normalmente várias pessoas, pelo que se deve avisar de imediato o supervisor da Biologia dos Habitats (BH) ou o responsável do habitat para ser organizado o mais cedo possível, preferencialmente antes da abertura ao público.

o Nível do tanque, dos escumadores de superfície e funcionamento geral do sistema. Caso se verifique alguma situação anómala, avisar de imediato o BMS e o supervisor da BH.

o Funcionamento do nevoeiro, condutas de ar e cortinas de ar à entrada e saída dos habitats, bem como a temperatura do ar e da BA dos ninhos.

o Avaliar a temperatura da água e registar nos documentos do laboratório referentes aos Habitats.

o No final da rotina verificar novamente o funcionamento geral do sistema, indo ao BMS para avaliar a evolução do gráfico de redox do tanque e das torres de contacto de ozono (TCO). Nos Habitats em que se aplique, são avaliados os valores de temperatura máxima e mínima do ar do habitat, que serão passados para os registos do habitat.

LIMPEZA E DESINFEÇÃO

Todas as limpezas no habitat devem ser feitas até às 10 horas, com exceção de alguns mergulhos. A limpeza da BA pode ser realizada ao longo do dia. Todas as limpezas efetuadas são apontadas no registo diário do habitat.

QUALIDADE DA ÁGUA

Os parâmetros da qualidade da água são medidos diariamente pela equipa da Biologia do Laboratório (BL). O aquarista que está no habitat tem de ir ao laboratório durante a tarde buscar os valores de qualidade da água e avaliá-los. Caso ocorra alguma alteração dos valores ou uma tendência considerada anormal, deve-se avisar de imediato o responsável ou o supervisor da área, tentando averiguar a causa dos mesmos e procedendo segundo as necessidades.

(39)

28

Seguidamente passar pelo BMS para avaliar comportamento do ORP dos tanques e registar a temperatura do ar do habitat. Para alguns Habitats pode também ser necessário registar os valores da humidade do ar. Efetuar os registos de qualidade da água, assim como todas as tarefas efetuadas, na folha de registos dos tanques.

3.1.1.

A

QUÁRIO CENTRAL

O Aquário Central, também conhecido como T1, localiza-se no centro do edifício e tem como objetivo mostrar o conceito base da exposição de um Oceano Global, onde todos os animais aquáticos coabitam. A coleção é composta por animais de diferentes proveniências (tropicais e temperados) de modo a compor o habitat global e variado, com animais de pequeno e grande porte, pelágicos e bentónicos.

Devido ao grande volume deste aquário (aproximadamente 5 milhões de litros de água), existem quatro sistemas de suporte de vida praticamente similares a trabalhar em simultâneo. Cada sistema corresponde a um quadrante do tanque, cuja decoração varia ao longo da exposição, acompanhando os Habitats costeiros adjacentes.

VERIFICAÇÕES DIÁRIAS

Para além das verificações diárias gerais para os Habitats, descritas acima na tabela 1, neste aquário também é necessário ter atenção a outras condições:

o Verificar os valores das várias sondas: redox, oxigénio e a turbidez.

o Entradas de água situadas no centro do tanque e nível dos escumadores de superfície.

o Verificar no laboratório, assim que disponível, os valores de oxigénio, pH e temperatura e avaliar a sua coerência de acordo com o esperado e, em caso de necessidade, qual o procedimento a efetuar para resolver a situação.

o Verificar se todos os projetores estão ligados e, caso algum esteja desligado, avisar o BMS para se proceder à sua reparação e/ou substituição da lâmpada. o Todos os dias é importante, após terminarem os mergulhos de limpeza, ou as

lavagens de filtros, verificar se os escumadores de superfície estão a fazer cascata, de modo a limpar a superfície e a promover as trocas gasosas.

(40)

29 ALIMENTAÇÕES

A alimentação dos diversos animais deste aquário é efetuada segundo a tabela de alimentação e a tabela de suplementos vitamínicos. Toda a alimentação fornecida deve ser registada nos registos do tanque. A alimentação é efetuada de forma diferente e em dias diferentes, consoante o animal ou grupo de animais, dividindo-se entre alimentações diárias e dividindo-semanais, podendo estas últimas dividindo-ser alimentações de superfície ou de mergulho.

É importante garantir o fornecimento de alimentos variados e de qualidade, com itens de diferentes tamanhos devido à grande variedade de animais no aquário.

ALIMENTAÇÕES DIÁRIAS o Peixe lua (Mola mola)

A alimentação desta espécie (figura 20) é efetuada individualmente três vezes por dia, exceto ao domingo, em que é feita apenas uma refeição. Consiste na alimentação à mão na plataforma de mergulho, recorrendo a um alvo visual e sonoro, consequência do treino previamente realizado.

o Manta (Mobula mobular)

Nesta espécie a alimentação também é realizada com recurso ao treino, sendo neste caso o “alvo” um balde amarelo acoplado a uma vara (figura 21). Este é colocado à superfície da água, mas só se fornece o alimento

quando o animal passar por ele da forma correta. Nessa altura a manta é recompensada com o alimento, que será despejado mesmo à frente da sua boca. É importante que esta ação seja realizada de forma coerente para não confundir o animal e garantir a segurança do mesmo e do aquarista. O treino/refeição é realizado três vezes por dia, exceto ao domingo, em que é feita apenas uma refeição.

Figura 20. Alimentação com target do peixe lua (Mola mola).

Figura 21. Vara com balde usado na alimentação da manta (Mobula mobular).

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o Diabo-do-mar-do-Atlântico (Mobula hypostoma) A alimentação (figura 22) é realizada à mão usando uma garrafa, na plataforma submersível, de modo a que os animais consigam deslocar-se por cima desta. É efetuada com recurso a treino, quatro vezes por dia, todos os dias.

ALIMENTAÇÕES SEMANAIS

A alimentação dos restantes animais é efetuada três vezes por semana, segundo a tabela de alimentação. As alimentações são, sempre que possível, individualizadas ou dirigidas a um determinado grupo, para permitir um melhor controlo de toda a situação. São complementadas com uma alimentação dispersa pelo aquário para aqueles em que tal não é possível (cardumes ou animais não treinados). Parte da alimentação é realizada a partir da superfície e outra em mergulho.

o Alimentações de superfície

As alimentações de superfície são oferecidas no centro do aquário, de modo a que o alimento não fique depositado em cima da decoração que existe em volta do mesmo. Também é dada uma alimentação dispersa pela superfície do tanque. Esta é fornecida no centro e no fundo, com recurso a um balde com pesos, para os animais que não se aproximam da superfície.

Grande parte dos tubarões e a garoupa gigante estão treinados para serem alimentados individualmente, com itens de comida pendurados em varas, três vezes por semana. É importante individualizar a alimentação destes animais para fornecer os suplementos indicados, efetuando posteriormente os registos individuais.

o Alimentações em mergulho

Para garantir o controlo da alimentação e suplementação de alguns animais é realizado, após a alimentação de superfície, um mergulho de alimentação. Os animais alvo são os tubarões zebra, raias, moreias e violas.

Figura 22. Alimentação do diabo-do-mar-Atlântico (Mobula

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31 Durante o mergulho de alimentação (figura 23) são efetuadas também algumas manutenções do tanque, tais como: limpeza dos acrílicos; reposição da decoração que esteja caída; manutenção dos tubos de entrada de água; limpeza de algumas zonas da superfície e verificação das redes de segurança dos escumadores de superfície.

MANUTENÇÕES E LIMPEZAS

Todas as limpezas a serem efetuadas na área técnica poderão ser efetuadas ao longo do dia, com exceção da lavagem das plataformas, que deverá ser efetuada de manhã, para dar tempo ao sistema de limpar a água. Todas as limpezas efetuadas deverão ser registadas no registo diário do habitat.

MERGULHOS DE LIMPEZA

Habitualmente são efetuados dois mergulhos por semana, antes da abertura ao público, pela equipa de mergulhadores profissionais e/ou mergulhadores da equipa de biologia. É durante este mergulho que se efetua grande parte das trocas de água, sendo a reposição efetuada com água recuperada e/ou desnitrificada. Periodicamente são feitas manutenções extra, como limpeza das paredes ou poços de fundo. No final do mergulho é necessário proceder à limpeza dos filtros de cartucho, desinfeção e retorno dos mesmos.

MANUTENÇÕES DE SUPERFÍCIE

Sempre que necessário, nomeadamente após as alimentações, é importante proceder à limpeza das áreas técnicas sobre ou em volta do tanque. As passadeiras devem estar arrumadas e devem ser lavadas com água do tanque. As áreas de armazenamento devem ser mantidas arrumadas e, periodicamente, deve ser

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