• Nenhum resultado encontrado

4. CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA ÁREA ENVOLVENTE

4.3. G EOLOGIA E G EOMORFOLOGIA

De acordo com o extracto da Carta Geológica de Portugal 13-C, à escala 1:50.000 dos Serviços Geológicos (figura 1 do anexo I), podemos diferenciar duas zonas na área concelhia. Uma zona a norte onde ocorre a formação de Xistos de Arada, pertencente ao complexo Xisto- Grauváquico Ante-Ordovícico e derivados, do período Primário, cerca de 500 milhões de anos atrás, coberto por depósitos de praias antigas e terraços fluviais que se dispõem para oeste em cotas sucessivamente mais baixas. Esta zona, a oeste, é caracterizada por extensas áreas aplanadas, constituindo a parte setentrional do delta de Aveiro, ocupadas por aluviões actuais e areias de duna com transição progressiva para este de praias antigas e terraços fluviais originários do período Plio- Plistocénico, indiciando as sucessivas posições que a linha da costa ocupou durante esse período. As linhas de água presentes no concelho desenvolvem-se em direcção ao mar em vales pouco cavados e ligeiramente encaixados, excepção feita ao Rio Antuã que se desenvolve em vale

0 5 10 15 20 25 30 N NE E SE S SW W NW Frequência (%) Velocidade Média (km/h) Calmos : 16,4%

Uma outra zona, na parte nascente do concelho, é caracterizada por relevo mais acidentado e com maior altitude, constituindo um complexo de depósitos Argilo-Gresosos ou mais vulgarmente chamado de Arenitos de Requeixo, originários do período do Cretácico, cerca de 100 milhões de anos atrás, e de um complexo de Xisto de Arada. Estes Arenitos de Requeixo são arenitos caulínicos, brancos ou róseos, tanto finos como grosseiros. Os Xistos de Arada são rochas duras, constituídas por xistos argilosos e finos orientados de noroeste para sudeste. Estas rochas xistentas estão geralmente cobertas por depósitos modernos essencialmente arenosos e aluvionares (Caracterização Física-CME, 2012).

Do ponto de vista hidrogeológico, a área em estudo apresenta permeabilidade média-alta, sobretudo nos depósitos de cobertura modernos constituídos pela componente arenosa (a poente da instalação), ocorrendo circulação freática aliada à percolação da água de infiltração. No entanto na componente argilosa (a Nordeste da instalação), apresenta permeabilidade média-baixa, quanto maior a componente argilosa menor será a capacidade do solo em reter ou transmitir a água (Estudo Geológico-CIRES, 2012). O complexo xistento apresenta permeabilidade fissural, isto é, a circulação da água processa-se por uma rede de fracturas e fissuras, estando a circulação da água subterrânea dependente das características geométricas das fissuras e do tipo de material de preenchimento destas. A presença de material argiloso no preenchimento tende a impermeabilizar a rocha. Estudos geotécnicos realizados na área em estudo, com recurso a sondagens (Estudo Geológico-CIRES, 2012), mostraram a existência de lençóis freáticos a uma profundidade entre os 3,5m e os 4,5m.

4.3.1.

A

LTIMETRIA E

R

ELEVO

Através da análise da figura 10, carta de relevo, permite efectuar a distinção no concelho de três zonas diferenciadas entre elas e por conseguinte com um uso específico para cada uma.

Pode-se então caracterizar uma ―zona baixa‖, aplanada, com uma altimetria inferior a 10 metros onde se pratica agricultura de regadio e predominam os pastos naturais, com grandes problemas de drenagem dos solos e com riscos prenunciados de inundação, por isso mesmo muito pouco ocupada para habitação, integrando as freguesias de Pardilhó, Veiros, Beduído, Salreu, Canelas e Fermelã.

Uma outra zona, ―intermédia‖, entre os 10 e 50 metros e onde reside a maior parte da população, sem grandes problemas de drenagem dos solos e de risco de inundação, praticando-se a mesma forma de agricultura que na ―zona baixa‖.

Por fim, com uma altimetria a variar entre os 50 metros e os 150 metros, encontra-se a ―zona alta‖, onde praticamente não existe actividade agrícola nem população residente, encontrando-se

parcialmente coberta por floresta. Nesta zona, a nascente, ocorrem as vertentes mais acentuadas, onde se encaixa o Rio Antuã, observando-se declives que chegam a atingir os 25%( Caracterização Física-CME, 2012).

Assim, e de um modo geral, podemos afirmar que o relevo é mais acentuado na parte nascente da zona concelhia, não ultrapassando contudo os 150m de altitude, diminuindo progressivamente em direcção a poente, onde se encontra a zona mais plana do concelho, não ultrapassando os 10m de altitude, local com graves problemas de inundação e de drenagem dos solos, pois além das características geológicas dessa zona, anteriormente descritas, toda a água que precipita no concelho movimenta-se por escorrência para a ―zona mais baixa‖.

4.3.2.

S

ISMICIDADE

Segundo o Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes (RSAEEP) o território português encontra-se dividido em 4 zonas sísmicas, A, B,C e D, sendo a zona A aquela que apresenta maior perigosidade sísmica e a zona D com menor perigosidade.

O RSAEEP considera ainda 3 tipos de terrenos que definem espectros de potência, são eles o tipo I, caracterizado por rochas e solos coerentes rijos, o tipo II, solos coerentes duros e de consistência média e os solos incoerentes compactos e do tipo III, solos coerentes moles e muito moles e incoerentes soltos (LNEC, 2009). Em geral, Portugal é considerado um país com risco moderado de sismicidade, resultado da proximidade com a falha entre as placas africana e euro- asiática. A região objecto de estudo, concelho de Estarreja, insere-se na zona ―C‖, de risco intermédio, como se pode verificar através da figura 11a. Conforme a descrição no ponto 3.4, os solos de cobertura incluem-se no tipo III, enquanto os solos do complexo Xisto-Grauváquico apresentam tipologia do tipo I e II. Relativamente ao efeito dos sismos nas pessoas e nas estruturas antropogénicas e naturais, escala de Mercalli, a área em estudo apresenta intensidade máxima de grau VII, traduzindo uma zona de alguma susceptibilidade a abalos sísmicos (figura 11b) (Estudo Geológico-CIRES, 2012).

Figura 11 – Distribuição das zonas sísmicas em Portugal Continental (a); Carta de isossistas de intensidade

5. APLICAÇÃO

DO

REGIME

DE

RESPONSABILIDADE