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Gaia/Espinho – apresentação do programa

Telma Santos, Helena Felgueiras pelo Grupo da Consulta da Memória e Cognição do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho

Introdução: A demência representa um problema de saúde

com importante impacto socioeconómico. Exige uma aborda- gem multidisciplinar que foque não só o diagnóstico/trata- mento do doente, como também na sua integração sociofami- liar.

Programa: O Centro Hospitalar de Vila Nova de

Gaia/Espinho desenvolveu um programa que visa o diagnós- tico e tratamento precoces das perturbações da memória/cognição. Destina-se a doentes com mais de 60 anos com queixas cognitivas de início precoce, sintomas pre- cursores de demência ou com diagnóstico de demência/ence- falopatia. A referenciação é efetuada pelo médico assistente excluindo-se os doentes com demência grave dependentes. A avaliação é dividida em três fases que decorrem durante duas semanas. Na primeira efetua-se a abordagem diagnóstica ini- cial em consulta de Neurologia e Neuropsicologia e a avalia- ção social. Na segunda fase decorre uma reunião multidisci- plinar (Psiquiatria, Neurologia, Psicologia, Enfermagem e Serviço Social) como objectivo de discutir as primeiras con- sultas (diagnóstico, orientação terapêutica, determinação de avaliação psiquiátrica/alteração comportamental grave, determinação de critérios para Apoio aos Cuidadores por Enfermagem e Serviço Social e Reabilitação Cognitiva), tomando-se numa terceira fase, a decisão de permanência no programa ou alta orientada para cuidados de saúde primários (CSP). As consultas subsequentes são discutidas numa reu- nião mensal, incluindo estudo neurorradiológico. Quando o benefício clínico não justificar a manutenção neste programa, o doente pode integrar um sub-programa que visa a orienta- ção em estadios moderados-graves (mobilidade preservada) para consulta de Psicogeriatria/Neurologia; orientação de doentes em estadios graves (sem mobilidade) para CSP com apoio em consultadoria das equipas de intervenção comuni- tária; e Consulta do Cuidador/Grupo de Auto-Ajuda/Suporte para os cuidadores interessados.

Nos primeiros seis meses de implementação do programa foram avaliados 76 doentes.

Conclusões: No contexto atual de envelhecimento popula-

cional acentuado e consequente aumento da prevalência de doenças neurodegenerativas torna-se urgente orientarmos e adaptarmos os cuidados de saúde a esta nova realidade.

7.Memórias em Flor – um Programa de

estimulação cognitiva em idosos

Inês Martins, Duarte Falcão

Introdução: É uma evidência que a população mundial

está a envelhecer e Portugal não contraria esta tendência. Contudo, o progresso na assistência à saúde contribuiu para que as pessoas vivam mais e melhor, pelo que o processo de envelhecimento não deve associar-se ao comprometimento do funcionamento sócio-psico-cultural da pessoa (Apóstolo & Cardoso, 2012). Não obstante, o envelhecimento pode ser

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acompanhado pelo declínio das capacidades físicas e cogniti- vas. Porém, a literatura indica que o treino cognitivo pode tra- zer benefícios na manutenção e reabilitação das funções cog- nitivas (Tavares et al., 2009).

Metodologia e Objetivos: O Grupo de Estimulação

Cognitiva, Memórias em Flor, constituído por 6 utentes idosas (média de idades 62 anos) com doença psiquiátrica de uma unidade de residentes, pretende, sobretudo, manter e a reabili- tar as funções cognitivas, assim como promover a interação social, com o objetivo de melhorar a sua qualidade de vida e bem-estar. O programa é constituído por 18 sessões, com dura- ção de cerca de 60 min, trabalhando as várias funções cogniti- vas (memória, atenção, orientação, linguagem, funções execu- tivas). O objetivo deste trabalho é avaliar a eficácia do progra- ma, recorrendo para o efeito à aplicação antes e após o progra- ma, do instrumento Addenbrooke’s Cognitive Examination, que avalia cinco domínios cognitivos: Atenção/Orientação, Memória, Fluência, Linguagem e capacidade Visuo-Espacial, assim como da Escala de Depressão Geriátrica, que avalia a sin- tomatologia depressiva, dado que em idosos com declínio cog- nitivo, a estimulação cognitiva pode representar uma potencial e promissora intervenção na redução dos sintomas depressivos (Raes, Williams e Hermans, 2009). Para além disso, foi aplicada uma atividade padrão inicial, intermédia e final para avaliar a evolução do desempenho das utentes.

Resultados e Conclusões: Os resultados mostram uma

evolução positiva do primeiro para o segundo momento, quer em termos de funções cognitivas, permitindo a sua persevera- ção e reabilitação, quer em termos de sintomatologia depres- siva, evidenciando a eficácia deste tipo de intervenção.

8. Programa Multidisciplinar da Memória e

Cognição - Consulta de Enfermagem

Ana Cristina Silva, Jorge Amorim, Fernanda Castro, Lília Viana, Paula Rangel

Introdução: O cuidado informal ao doente com síndrome

demencial pode estar associado a tensão e/ou sobrecarga ori- ginando frequentemente problemas físicos, psicológicos, emocionais, sociais e financeiros, que interferem com o bem- estar do doente e cuidador (Martins, Ribeiro e Garrett, 2003). Torna-se emergente desenvolver intervenções especializadas junto deste grupo de pessoas. A Consulta de Enfermagem da Memória e Cognição pretende dar resposta a esta problemáti- ca, habilitando o cuidador para a prestação de cuidados que visem dar uma resposta mais eficaz às necessidades eviden- ciadas pelos doentes e apoiá-lo no decurso deste processo.

Objetivos: Apresentar a Consulta de Enfermagem da

Memória e Cognição descrevendo a intervenção terapêutica; Caracterizar os cuidadores referenciados no período de 1 Novembro de 2013 a 30 Abril de 2014 e divulgar os resultados do inquérito de avaliação das sessões de psicoeducação.

Consulta de Enfermagem da Memória e Cognição: A

abordagem psicoterapêutica desenvolve-se em contexto de consulta de enfermagem individual, grupos de psicoeducação e grupos de suporte a cuidadores.

A amostra é constituída por 21 cuidadores na sua maioria do sexo feminino (86%), casados (86%), aposentados (43%), com uma idade média de 63,7 anos e o grau de parentesco mais presente é o de cônjuge (67%). Nas sessões de psicoedu-

alterações inerentes à mesma. No final de cada grupo foi pas- sado um inquérito aos cuidadores com o intuito de avaliar o programa, sessões e interação com o grupo. Mais de 80% dos inquiridos responderam favoravelmente a todas as questões.

Conclusões: O cuidador é um recurso terapêutico primor-

dial e as intervenções específicas junto do mesmo revestem- se de uma grande importância no tratamento dos doentes com síndrome demencial.

9.Glioblastoma de alto grau em doente

com Doença de Alzheimer

Pedro Correia, Ricardo Varela, Liliana Letra, Olinda Rebelo, Hermínio Tão, Beatriz Santiago

Introdução: O diagnóstico de Doença de Alzheimer (DA)

na nossa prática clínica é fundamentado na maioria dos casos utilizando os critérios da DSM-IV. Raras vezes obtemos confir- mação histológica que nos permitiria um diagnóstico definiti- vo. Recentemente a Direcção-Geral da Saúde publicou a NORMA para o declínio cognitivo. Através deste caso clínico que possui estudo histológico compatível com DA pretende- mos relevar a utilidade e importância desta NORMA.

Caso Clínico: Doente 55 anos, sexo feminino, 4 anos de

escolaridade, inicia aos 53 anos queixas de defeito na memó- ria recente com agravamento progressivo. Aos 54 anos inca- paz de exercer actividade profissional. História familiar positi- va para DA (mãe). Efectua investigação recomendada para estudo do declínio cognitivo, incluindo estudo de imagem crânio-encefálica por tomografia axial computorizada (TAC ce) que não revelou alterações e foi colocado o diagnóstico de DA. Inicia inibidor das colinesterases com baixa resposta. A doente mantém agravamento cognitivo, surgindo nos últimos 3 meses discretas alterações de linguagem e desorientação temporal. Nas últimas semanas náuseas pelo que interrompe o inibidor das colinesterases e inicia a memantina. Permanece o agravamento da linguagem, apatia e agora difi- culdade em executar tarefas simples domésticas. Repete TAC ce que revelou extensa lesão tumoral temporal esquerda, com efeito de massa. Perante este resultado foi questionado o diag- nóstico inicial. Apoia esta questão, a idade da doente, o perfil evolutivo rapidamente progressivo não habitual para DA e a localização temporal do tumor. O estudo histológico (após remoção cirúrgica) evidenciou a existência de Glioblastoma de alto grau (não foram encontradas mutações associadas a Glioma de baixo grau) mas também foram encontradas as alterações histológicas compatíveis com a coexistência de DA.

Conclusões: O presente caso clínico ilustra a necessidade

de vigilância regular da evolução, despiste de comorbilidades e mesmo revisão diagnóstica em todos os doentes com agra- vamento clínico mais rápido do que o estimado para a DA.

10. Consulta da Memória e Cognição do

Centro Hospitalar de Vila Nova de

Gaia/Espinho: Protocolo de estudo

estrutural e funcional por ressonância

magnética encefálica.

André Cunha, Telma Santos, Helena Felgueiras, Daniela Seixas

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das alterações cognitivas, e a relevância crescente dos estudos funcionais e moleculares in vivo. Um estudo protocolado neste contexto permite ao médico neurorradiologista uma avaliação qualitativa mais fácil do exame, e a realização de estudos comparativos com maior sensibilidade e especificida- de. Possibilita também o estudo quantitativo volumétrico e facilita a investigação científica.

Objetivos: Comunicar, explicar e discutir o desenvolvi-

mento, a qualidade e utilidade do protocolo de RM utilizado na Consulta da Memória e Cognição (CMC) do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.

Metodologia: Revisão das guidelines, artigos de revisão e

meta-análises dos últimos cinco anos e optimização técnica das sequências de RM definidas para o protocolo.

Resultados: O protocolo de RM desenhado para o estudo

dos doentes da CMC consiste em sequências no plano axial ponderadas em T1 SE, DP/T2 TSE, T2 FLAIR e T2 GE, no plano sagital em T2 TSE e difusão, para investigação de lesões paren- quimatosas, designadamente caraterização de patologia vas- cular, inflamatória ou infecciosa, e exclusão de lesões expan- sivas. É também adquirido estudo volumétrico T1, para estu- do detalhado do padrão de perda de volume encefálico. O estudo funcional por RM resting-state permite a avaliação das redes neuronais de repouso, designadamente a default-mode

network em doentes que poderão ser não colaborantes. Se

pertinente, o exame é adaptado, designadamente quanto à necessidade de administração de contraste paramagnético. O protocolo de RM é ilustrado com casos de demência fronto- temporal e doença de Alzheimer.

Conclusões: Na nossa opinião a existência de um protoco-

lo de imagem específico, optimizado e estandardizado, pro- move o diagnóstico de qualidade e mais precoce e a orienta- ção adequada dos doentes com alterações cognitivas. A inves- tigação em demências é também facilitada, importante num contexto de crise económica.

11. Mutações no C9orf72 que se

manifestam como Defeito Cognitivo

Ligeiro Amnésico

Sara Varanda, Rosário Almeida, Helena Ribeiro, Diana Duro, Inês Baldeiras, Gil Cunha, Beatriz Santiago, Isabel Santana

Introdução: a expansão de repetições de hexanucleotí-

deos, localizada na região intrónica do cromossoma 9, open

reading frame 72(C9ORF72), é provavelmente a causa genéti-

ca mais comum de degenerescência lobar frontotemporal (DLFT) e/ou Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Estudos casuísticos sugerem, no entanto, que o fenótipo pode ser bas- tante mais pleomórfico, embora seja uma mutação aparente- mente pouco prevalente em doentes com diagnóstico de Doença de Alzheimer (DA).

Casos clínicos: apresentam-se três doentes, com idades

compreendidas entre os 58 e os 81 anos e o diagnóstico de Defeito Cognitivo Ligeiro - Amnésico, confirmado por estudo neuropsicológico. Todos apresentavam biomarcadores atípi- cos para DA, nomeadamente atrofia assimétrica dos hipo- campos, PIB-PET sem depósitos de amilóide e/ouperfil de LCR não compatível e dois tinham história familiar de demên- cia e/ou doença do neurónio motor, tendo-se pedido pesqui- sa da mutação. Todos os doentes tiveram um perfil rapida- mente progressivo, com conversão para estadio de demência em 12 meses. A evolução num dos casos seria compatível com DA, um doente desenvolveu doença do neurónio motor e o

último desenvolveu uma síndrome frontal compatível com DLFT variante do comportamento.

Conclusões: Na nossa casuística, os doentes com clínica no

espectro de Alzheimer são pouco frequentes mas a importân- cia, tanto em termos de tratamento, como de aconselhamento genético, pode justificar uma pesquisa mais sistemática, nomeadamente com painéis de Next Generation Sequencing.

12.A Degenerescência Lobar

Frontotemporal: Desafios clínicos de uma

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