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5 A RELAÇÃO ARQUITETURA E ARTE NO INHOTIM

5.2 PAVILHÕES DE INTEGRAÇÃO

5.2.3 GALERIA COSMOCOCA

A equipe do escritório Arquitetos Associados8, formada por Alexandre Brasil, André Luiz Prado, Bruno Santa Cecília, Carlos Alberto Maciel e Paula Zasnicoff Cardozo, tem sede em Belo Horizonte, MG. O projeto da Galeria Cosmococa foi realizado em 2008, e a edificação com área de 835,00 m2 foi aberta ao público no ano de 2010. As obras de arte9 na Cosmococa são de autoria de Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 1937-1980) e Neville de D’ Almeida (Belo Horizonte, MG, 1941)

8 De acordo com informações no site do escritório na internet, “O trabalho dos arquitetos é desenvolvido em

paralelo à prática docente, o trabalho do escritório lida com uma extensa variedade de escalas e programas, da moradia individual a edifícios públicos e espaços urbanos, sempre comprometido em repensar as questões programáticas e construtivas para além das aplicações usuais”. (Fonte: www. http://www.arquitetosassociados.arq.br. Acesso em 15 de julho de 2015)

9 À época em que residiu em Nova York, no início dos anos 1970, Hélio Oiticica trabalhou em parceria com o

cineasta Neville D’Almeida na criação de instalações pioneiras chamadas de “quasi-cinemas”. Estas obras transformam projeções de slides em instalações ambientais que submetem o espectador a experiências multissensoriais. Os quasi-cinemas representam o ápice do esforço que Oiticica empreendeu ao longo de sua carreira para trazer o espectador para o centro de sua arte e para criar algo que é tanto um evento ou processo quanto um objeto ou produto — um desafio da tradicionalmente passiva relação entre obra e público (Fonte: Informações constantes em http://www.inhotim.org.br/inhotim/arte-contemporanea/obras/galeria- cosmococa/. Acesso em 15 de julho de 2015).

Figura 69 – Cildo Meireles. Instalação Desvio para o vermelho (1967- 1984).

A edificação foi implantada em uma área de pasto da antiga fazenda, caracterizada por vegetação rasteira e árvores de pequeno porte, localizada numa parte alta do parque, de topografia irregular. A cobertura, um teto-jardim (Fig. 71) foi nivelada pela cota mais alta do terreno, dando continuidade ao gramado que circunda a edificação. Foi criado, assim, um mirante que permite usufruir da paisagem do parque pelo novo ponto de vista.

Na apreciação de Serapião, a Galeria Cosmococa:

É uma espécie de labirinto, onde as cinco salas de tamanhos diferentes e externamente revestidas de pedra estão isoladas entre si; o vazio entre elas forma a circulação e os acessos”. Acrescentamos também que é um labirinto de salas a baixa temperatura e iluminação indireta. O projeto de arquitetura instalou as Cosmococas em espaços em acordo com as especificações das instalações, cada obra no seu lugar, pensando no funcionamento dos trabalhos. No interior, não observamos aberturas na edificação que façam comunicação visual com a paisagem e o entorno, contudo, a partir do teto jardim do pavilhão, a paisagem envolve a arquitetura de pedra (SERAPIÃO, 2012, p. 22-23).

Neste “labirinto”, as instalações, donas de seus espaços, produzem ambientações nas quais imagens projetadas nas paredes se misturam aos objetos espalhados pelas salas como colchões e redes de dormir, ao som do rock pesado de Jimmy Hendrix e das experiências musicais de Yoko Ono. As obras dos artistas provocam a interação do usuário e nos convidam para participar do ambiente criado com esta finalidade. A figura 72 mostra a planta com o hall central que articula a distribuição dos espaços expositivos.

Figura 70 – Vista exterior do pavilhão

Foto: Isaias Ribeiro, 2012

Figura 71 - Vista aérea do pavilhão

O memorial descritivo do projeto ressalta os seguintes aspectos:

Todas instalações são compostas por projeções nas paredes, em alguns casos também no teto, e possuem diferentes trilhas sonoras. Assim, as salas expositivas são escuras e tem pé-direito duplo. Elas estão ligadas a um hall, sobre o qual se encontra toda a área técnica, onde estão parte da casa de máquinas do ar- condicionado e as salas para equipamentos audiovisuais necessários para a instalação das obras. As paredes que limitam as salas expositivas são duplas, conformando um corredor técnico que promove melhor isolamento acústico entre as salas e permite a instalação dos equipamentos e instalações necessárias para o funcionamento das obras (Fonte: www. arquitetosassociados. com. br).

O hall da edificação assume a função de orientar o fluxo de passagem entre as salas. O público envolvido pela participação nas instalações é norteado por esta área central, apesar da penumbra dominar o espaço interno do pavilhão.

Figura 72 – Planta: Nível das salas de exposição da Galeria Cosmococa.

Fonte: www.arquitetosassociados.com.br

Hélio Oiticica, reconhecido internacionalmente pelo caráter inovador de seu trabalho, criou as Cosmococas a partir de 1973. No Inhotim, pertencem ao acervo cinco destes trabalhos, os quais apresentamos a seguir10.

10 Foram criadas nove Cosmococas, cinco das quais se encontram no Inhotim.

Figura 74 – Cosmococa CC1/Trascapes.

Fonte:

http://andrezzamartinsalves.blogspot.com.br/

Figura 75 – Cosmococa CC2/Onobject.

Figura 77 – Cosmococa CC4/Nocagions.

Fonte: www.arquitetosassociados.com.br

A nosso ver, a Galeria Cosmococa se aparenta com uma grande escultura minimalista: um monólito de pedra cinzenta que marca a sua presença no verde da natureza circundante. A arquitetura não fornece pistas do que está acontecendo no seu interior. As obras de arte, provocativas, estimulam a participação do público que, envolto pelas fortes imagens das Cosmococas projetadas nas paredes, tetos e piso, encontra aqui um “lugar divertido”, um playground para crianças e adultos. Neste pavilhão, a obra de arte é potencializada por meio da solução projetual que, seguindo a proposição artística de Hélio Oiticica, permite aos visitantes imergir em ambientes que estimulam e redimensionam os sentidos.

Figura 78 – Cosmococa CC5/Hendrix War.

Fonte: www.arquitetosassociados.com.br Figura 76 – Cosmococa CC3/Maylerin.

Fonte:

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