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De acordo com Erixon (1998) os critérios ou razões (drivers de módulo) para agrupar as funções ou componentes em módulos, podem ser encontrados por todo ciclo de vida do produto. A seguir são descritos os doze drivers de módulos propostos pelo autor, agrupados nas seguintes categorias: desenvolvimento de produto e projeto, variedade, produção, qualidade, compra/aquisição e pós-vendas. Estes drivers de módulo são genéricos, porém podem ser complementados pela empresa de acordo com a sua estratégia.

Categoria: Desenvolvimento de produtos e projetos

Driver de Módulo 1: Carry Over

Carry over é uma parte/função do produto, ou de um subsistema, que pode ser reutilizada, ou seja, pode transitar de uma geração anterior para uma futura geração, ou de uma família de produtos para outra. Esta possibilidade deve ser examinada em toda a empresa, em toda a gama de produtos e em produtos relacionados.

Driver de Módulo 2: Evolução Tecnológica

Evolução tecnológica refere-se a um componente, função ou subsistema que provavelmente irá sofrer uma mudança de tecnologia durante o seu ciclo de vida. A tecnologia pode evoluir rapidamente, novos materiais e componentes podem ser desenvolvidos e introduzidos no mercado afetando o custo e a demanda. A concorrência também pode introduzir novas soluções mais eficientes e deve ser constantemente monitorada.

Driver de Módulo 3: Planejamento de mudanças e planejamento de produtos

Planejar mudanças e planejar produtos indica o momento correto de realizar uma mudança planejada em uma peça, componente ou subconjunto que seja portador de uma função com características específicas. Também, de acordo com Erixon (1998), reflete na qualidade oferecida ao cliente e na diferenciação do produto no mercado. O diferencial

esperado como resultado depende de quão bem as escolhas estratégicas são feitas e qual tecnologia é escolhida para ser desenvolvida.

Categoria: Variedade

Driver de Módulo 4: Especificação Técnica

Para atender aos requisitos de variação do produto e sua personalização é preciso tratar todas as especificações técnicas variantes. Tais variações não devem ser distribuídas por todo o produto, a parametrização de alguns módulos ajuda a manter um controle mais preciso. Outro fator importante é a vantagem de realizar a diferenciação do produto o mais tarde possível dentro da cadeia de produção, mantendo um produto genérico por mais tempo na linha de montagem, gerando mais economia no estoque e diminuindo o tempo de atendimento ao cliente.

Driver de Módulo 5: Estilo

Alguns produtos são fortemente influenciados por tendências e moda, outros possuem partes que são fortemente ligadas a uma marca ou marca registrada. Nestes casos, é benéfica a criação de módulos de “estilo” que podem ser alterados livremente sem intervenções na totalidade do produto.

Categoria: Produção

Driver de Módulo 6: Unidades Comuns

Embora o aumento da personalização signifique um elevado grau de variação, ainda é possível encontrar componentes e subfunções que podem ser definidas como unidades comuns usadas ao longo de toda uma variedade de produtos. As unidades comuns podem ser encontradas realizando uma comparação entre vários desenhos de vários tipos de produtos ou pela verificação de subconjuntos existentes. Componentes que contenham funções básicas ou subfunções exigidas por todos os clientes são possíveis candidatos.

Driver de Módulo 7: Reutilização de processo ou organização

O trabalho da equipe de produção pode ser reorganizado em torno da produção de um módulo, o processo torna-se menor e pode ser organizado de diferentes formas, envolvendo todos os níveis de responsabilidade, gerando maiores oportunidades para o crescimento do trabalhador e resultando em um aumento da sua satisfação no trabalho. Esta organização em áreas menores melhora a possibilidade de automação, uma vez que determinados tipos de operações podem ser inseridas na mesma área de trabalho e isoladas, além disso, torna-se mais fácil reutilizar equipamentos e habilidades no processo. Esta forma de reorganização permite ainda, realizar a adequação de determinadas áreas para a produção de módulos por pessoas com necessidades especiais, através da montagem pedagógica e ergonomia gerenciável.

Categoria: Qualidade

Driver de Módulo 8: Qualidade

Cada módulo pode ser testado separadamente antes de seguir para o fluxo principal de montagem, a realização do teste e controle de qualidade imediato gera uma realimentação mais rápida de informações sobre o processo.

Categoria: Compra / aquisição

Driver de Módulo 9: Compras “caixa preta”

A modularização permite a aquisição de módulos padrões completos (engenharia de caixa preta) de fornecedores especializados, reduzindo o tempo de compra. A aquisição de módulos completos ao invés de várias peças individuais reduz o trabalho de compra, além de melhorar a logística, pois o módulo é adquirido de um local específico ao invés de vários locais distintos.

Duas importantes razões podem ser apontadas para procurar um fornecedor externo segundo Erixon (1998): 1) conhecimento competitivo: o fornecedor possui um know-how muito maior sobre a sua especialidade, isso aumenta a qualidade e a habilidade de produzir; 2) visibilidade ao cliente e diferencial de mercado: uma empresa deve ter seu foco em produzir o

que mais importa ao cliente ou o que torna o produto diferenciado no mercado em que se encontra inserido.

Categoria: Pós-vendas

Driver de Módulo 10: Manutenção e serviço

Agilidade no serviço e na manutenção em campo são fatores importantes para muitas empresas, uma capacidade única dos módulos é a obtenção de serviços muito mais rápidos. Um módulo danificado pode ser facilmente substituído por um novo e ser consertado dentro da empresa em uma área especializada.

Driver de Módulo 11: Upgrade

A modularidade oferece a oportunidade de melhorar os produtos, caso necessário, ao longo de sua vida útil. Várias empresas utilizam uma estrutura bem definida de módulos e ferramentas de apoio aos vendedores de modo a oferecer opções de upgrade ao cliente.

Driver de Módulo 12: Reciclagem

Para permitir um elevado grau de reciclagem pode existir uma limitação de diferentes tipos de materiais que compõem um módulo. Materiais agressivos ao meio ambiente podem ficar separados dos materiais recicláveis em diferentes módulos, permitindo fácil desmontagem e encaminhamento para os serviços especializados de reciclagem.

Matriz MIM – Aplicação dos drivers de módulo

Os drivers de módulo são usados como base para uma avaliação sistemática das subfunções de um produto. Para realizar esta avaliação uma matriz é criada, onde cada subfunção é avaliada em comparação aos drivers de módulo. Segundo Erixon (1998) esta avaliação somente pode ser feita quando as subfunções tiverem sido traduzidas em soluções técnicas com um detalhamento razoável, gerando considerações mais plausíveis.

A matriz MIM constitui o coração do método MFD. Utiliza uma abordagem semelhante ao QFD gerando uma indicação de quais subfunções devem formar os módulos.

Nesta etapa, também é realizada uma simplificação, onde cada subfunção é isolada em conjuntos que formam módulos, de modo a analisar o produto como um conjunto de subfunções e incentivar o pensamento criativo e livre, encontrando novas formas e arranjos (ERIXON, 1998).

Cada subfunção é ponderada em escala, 9 (driver de módulo forte), 3 (driver de módulo médio) e 1 (driver de módulo fraco), de acordo com a importância das razões para se tornar um módulo. O dimensionamento irregular é utilizado para apoiar a identificação dos drivers de módulos mais importantes (ERIXON, 1998). Na figura 3.6 encontra-se um exemplo de uma matriz MIM, nota-se um espaço destinado para que novos drivers de módulo sejam acrescentados conforme a necessidade da empresa.

Figura 3.6 – MIM – Matriz de indicação modular.

Fonte: Adaptado de Erixon (1998).

A matriz MIM forma uma imagem de quais funções ou subfunções têm muitas ou poucas razões para formar um módulo. Com o objetivo de apoiar na elaboração da matriz um questionário, apresentado no quadro 3.1, é proposto por Erixon (1998). Para cada driver de módulo existe uma questão de apoio que ajuda a equipe a ponderar cada função ou subfunção.

Quadro 3.1 – Questionário de apoio.

Desenvolvimento de produtos e projetos

Carry over Existem

⃝ fortes ⃝ médias ⃝ poucas

razões para que a solução técnica seja separada em um módulo por que poderá ser utilizada em um novo projeto de

futuras gerações?

Evolução tecnológica Existe um

⃝ grande risco ⃝ médio risco ⃝ pequeno risco

que o componente sofra uma mudança tecnológica durante a vida útil do produto?

Planejam ento de m udanças, planejamento de produtos. Exist em ⃝ fortes ⃝ médias ⃝ poucas

razões para que a solução técnica seja separada em um módulo por que ocorrerão mudanças de atributos de acordo

com o planejamento do produto?

Variedade

Especificação técnica Este componente é

⃝ fortemente ⃝ parcialmente ⃝ pouco

influenciado por requisitos de variedade?

Estilo Este componente é

⃝ fortemente ⃝ parcialmente ⃝ pouco

influenciado por marcas ou pela moda de modo que sua forma e/ou cor deverá ser alterada?

Produção

Unidade com um Pode esta função ter a

mesma forma física

⃝ em todas ⃝ na maioria ⃝ em algumas variantes do produto? Reutilização de processo ou organização. Existem ⃝ fortes ⃝ médias ⃝ poucas

razões para esta parte se tornar um módulo por que:  um processo específico ou especial é necessário?  o trabalho é específico de um grupo?

 uma montagem pedagógica pode ser formada?  o tempo de produção é muito diferente dos outros?

Qualidade Teste separado de funções Existem ⃝ fortes ⃝ médias ⃝ poucas

razões para esta parte ser separada em um módulo por que a função pode ser testada separadamente?

Compra / aquisição

Fornecedor oferece uma

caixa preta Existem

⃝ fortes ⃝ médias ⃝ poucas

razões para esta parte ser um módulo separado por que:  existem especialistas que podem fornecer uma

solução em forma de caixa preta?  Os custos de logística podem ser reduzidos?  A capacidade de produção e desenvolvimento pode

ser balanceada?

Pós-Vendas

Manutenção e serviço É possível que

⃝ todo ⃝ grande parte ⃝ algum

serviço de conserto seja facilitado se a parte se tornar um módulo destacável?

Upgrade Poderá

⃝ todo ⃝ grande parte ⃝ algum

futuro upgrade ser simplificado se esta parte for facilmente alterada?

Reciclagem É possível que

⃝ todo ⃝ grande parte ⃝ algum

material altamente poluente seja separado e reciclável nesta parte?

Fonte: Adaptado de Erixon (1998).

A avaliação da matriz MIM, conforme explica Erixon (1998), em primeiro lugar, é relacionada com o número de drivers de módulo aplicáveis por subfunção e pelo tipo de driver aplicado. Drivers de módulo com alta ponderação são susceptíveis de formar um

módulo em si, ou ao menos, uma base para um módulo. Um padrão muito singular de driver de módulo pode indicar que a subfunção deve ser mantida única tanto tempo quanto possível. Ainda de acordo com o autor, drivers de módulo com baixa ponderação, por outro lado, indicam que a subfunção pode ser de fácil integração e agrupada juntamente com outras subfunções. Isto somente será possível se existir uma compatibilidade entre as funções e não existirem contradições, como por exemplo, um módulo de carry over não deve ser combinado com uma subfunção que exija atualização gradual de tecnologia, pois uma das duas características desejadas seria perdida.

A matriz MIM funciona como uma base para análise da possibilidade de integração funcional, evitando que cada subfunção seja tratada automaticamente como um módulo separado, correndo o risco de obter um produto que consista simplesmente de um emaranhado de funções amarradas. As ponderações da matriz MIM deixam claro quais subfunções tem os mesmos, ou contraditórios, drivers de módulo (ERIXON, 1998).

Nesta fase, que deve ser criativa, podem ser formados diferentes conceitos que devem ser trabalhados e conter algum dimensionamento preliminar, sendo posteriormente comparados. Erixon (1998) sugere o uso de uma matriz de avaliação, com o mesmo procedimento usado na segunda etapa do método, conforme pode ser observado na figura 3.7. Os critérios que devem ser usados para a análise dependem da estratégia de cada empresa. Os melhores conceitos devem ser selecionados para uma avaliação mais detalhada, que é realizada no próximo passo do método.

Figura 3.7 – Matriz de avaliação dos conceitos modulares.

Fonte: Adaptado de Erixon (1998).