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5 Resultados e discussão

5.1 Gerenciamento de resíduo químico nas Universidades

Neste tópico foi realizado uma discussão comparando os gerenciamentos de resíduo químico citados nos subtópicos do item 3.5.

No item 3.5, intitulado Gerenciamento de resíduo químico em Universidades foram abordados 4 sistemas de gerenciamento de resíduo químico de Universidades brasileiras onde 1 abrange a Universidade como um todo (PGRBQR/UNICAMP) e os outros 3 abrangem Institutos (IQ/UFRGS), Centros (CENA/USP) e Departamentos (DQUI/UFPR) de suas respectivas Universidades. Também foi abordado um Plano de higiene química para laboratório de uma Universidade dos Estados Unidos da América (UVA).

Todos os sistemas estudados diferem entre si em relação principalmente a suas diretrizes gerais e seus objetivos principais. Assim, tem-se um sistema de gerenciamento que foi calcado na forma de disposição final do resíduo químico, o co- processamento em cimenteira (DQUI/UFPR). Outro onde se segue uma hierarquia de prioridades que possui como objetivo principal a prevenção da geração de resíduo químico, enfocando também a racionalização do uso de água e energia nos laboratórios (CENA/USP). Um terceiro que teve como diretriz principal um Programa de intercâmbio de resíduo visando à reutilização e conseqüente minimização de resíduo químico (IQ/UFRGS). Outro onde foi elaborado um programa para o Gerenciamento de qualquer tipo de resíduo, incluindo o químico, em toda a Universidade (UNICAMP), com os objetivos principais de adequar a disposição final de seu resíduo e também minimizar a sua geração. E por fim um plano onde se fomenta principalmente a segurança e saúde ocupacional dentro de laboratórios onde são gerados resíduo químico (UVA).

Pode-se notar que o sistema de gerenciamento relativamente mais complexo, é o PGRBQR da UNICAMP, o qual tem uma área de abrangência maior que os demais que foram estudados, e uma rede de interação mais complexa, onde vários níveis hierárquicos dentro da Universidade são envolvidos no sistema de gerenciamento. Tem-se, por exemplo, um Grupo Gestor de Resíduos onde todas as políticas e diretrizes principais são elaboradas. Estas diretrizes são passadas a um grupo de pessoas (Célula Operacional de Resíduos) com a função de operacionalizar tais diretrizes passando recomendações e normas de gerenciamento aos Facilitadores de cada Unidade que por sua vez repassam tais recomendações aos geradores de resíduo, que devem colocá-las em prática.

Dentre os sistemas estudados, foi diagnosticado que aquele que enfoca com maior intensidade aspectos de prevenção é o sistema do CENA/USP, o qual cita alguns exemplos de substituição de metodologia para gerar menor quantidade de resíduo químico ou resíduo químico com menor toxicidade: a utilização de novas metodologias para determinação de mercúrio em água e sedimentos; a substituição de

técnicas que empregam buretas de 20 a 50 mL por técnicas em microescala; e, também métodos de recuperação de substâncias químicas, como, por exemplo, a recuperação de bromo gerado em determinações isotópicas de nitrogênio. Além disto, foram empregadas também técnicas de racionalização de uso de água e energia dentro dos laboratórios gerando receita de R$ 103463,00 para o CENA/USP.

Quanto a aspectos de transmissão de informações e reaproveitamento de resíduo químico, um sistema muito interessante foi o desenvolvido pelo IQ/UFRGS no qual foi criado um “software” denominado “Sistema de Reutilização de Resíduo” para ajudar no intercâmbio de resíduo químico entre os laboratórios. Neste sistema o objetivo principal foi o de cadastrar todas as informações possíveis sobre resíduo tornando-as disponíveis aos departamentos do Instituto. No sistema de gerenciamento do CENA/USP as informações a respeito do programa de gerenciamento de resíduos podem ser acessadas por meio de um “site” na internet. Também foi criado no programa um “software” com a finalidade de controle de estoque do resíduo armazenado no laboratório. No PGRBQR da UNICAMP, há um sistema de educação “on-line” (educação a distância) para as pessoas envolvidas com o gerenciamento de resíduo, e também um programa na Internet onde pessoas cadastradas, como os Facilitadores das Unidades, têm acesso para informar sobre as quantidades e os tipos de resíduos gerados em suas respectivas Unidades e a partir dos quais podem ser tirados relatórios de geração de resíduos, de armazenamento, de tratamento e de disposição dados ao resíduo.

Em relação aos aspectos ligados à saúde, segurança ocupacional e higiene em laboratórios, o sistema que mais os enfocou foi o Plano de Higiene Química de Laboratório da UVA, onde constam as principias recomendações quanto a manejo e armazenamento de substâncias perigosas, enfocando minuciosamente os aspectos ligados à segurança para o manejo do resíduo químico.

No que tange à disposição final, o sistema de gerenciamento que mais abordou este assunto foi o do DPQI/UFPR onde todo o sistema foi baseado na

disposição final do resíduo químico para co-processamento em cimenteira. No entanto, caso tal sistema apresente falhas, surge a dúvida de como o resíduo químico seria gerenciado, já que todo o sistema é balizado pela disposição final em co- processamento.

Nota-se que muitos aspectos são comuns entre os sistemas de gerenciamento estudados. Percebe-se, por exemplo, que a maioria deles, com exceção do sistema do IQ/UFRGS, recomenda a segregação de seus resíduos em diversas classes, e também a identificação e acondicionamento em recipientes adequados para posterior armazenamento em local adequado.

No Plano da UVA é aquele onde se propôs o maior número de classes para a segregação, com 18 classes, seguidas de 12 classes do PGRBQR da UNICAMP e de 11 classes para o Programa de gerenciamento do CENA/USP. Nos outros dois sistemas estudados (DPQI/UFPR e IQ/UFRGS) não é apresentado este tipo de informação.

No que tange à identificação do resíduo químico, em todos os sistemas são propostas fichas de identificação de resíduo. Na ficha de identificação da UNICAMP (figura 3.27) apresentam-se os seguintes campos para preenchimento: Unidade, Departamento, Laboratório, Usuário, Resíduo gerado na análise, pH, composição do resíduo e percentagem dos compostos no resíduo. Na ficha de identificação de resíduo presente no programa de CENA/USP (figura 3.13) são apresentados os seguintes campos de preenchimento: constituintes, concentração, quantidade, laboratório gerador, data, horário e responsável pela coleta. Já na ficha de identificação do DQUI/UFPR (figura 3.11) constam os seguintes campos de preenchimento: responsável, laboratório, departamento, setor, telefone, identificação do frasco, classe de resíduo e descrição da composição. No Plano da UVA são propostas duas fichas de identificação, uma alertando a periculosidade do resíduo, com um campo de preenchimento para a relação de substâncias perigosas do resíduo (figura 3.9), e outra onde são oferecidos os seguintes campos de preenchimento (figura 3.10): diretoria do

laboratório, departamento, data, nome, telefone, nome dos constituintes químicos, percentagem dos constituintes químicos, pH e quantidade total do resíduo. As etiquetas de identificação do Programa do IQ/UFRGS são as mais peculiares, pois foram utilizados três tipos de etiquetas para facilitar o intercâmbio de resíduo proposto no Programa, (figuras 3,16, 3,17, 3,18) onde na parte superior das etiquetas tem-se o tipo do material (se é rejeito, insumo ou resíduo), no centro tem-se a classe a que pertence o material e na parte inferior os seguintes campos de preenchimento: responsável, data e NF (número da ficha).

Em relação às embalagens de acondicionamento nos sistemas de gerenciamento estudados, é recomendado a utilização de recipiente em sua maioria de constituição plástica e de capacidade que varia de 1 a 20 L, com exceção de um dos recipientes recomendado pelo Plano da UVA no qual trata-se de um frasco de vidro recoberto por um material plástico (figura 3.6).

Conclui-se que os sistemas estudados apresentam características bastante diferentes entre si. Apresentam, entretanto alguns aspectos similares, como aspectos de segregação, acondicionamento, identificação e armazenamento. Assim, as experiências que foram bem sucedidas nos diversos Programas de Gerenciamento apresentados podem, por exemplo, ser aproveitadas como modelo/possibilidade, respeitando as limitações do local a ser aplicado o sistema de gerenciamento de resíduo.

5.2 Local escolhido para aplicação do inventário e laboratórios