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PARTE I – DIMENSÃO REFLEXIVA

2. Contextualização do contexto educativo – 1.º CEB

2.3. Aprendizagens realizadas e dificuldades sentidas em contexto de 1.º CEB

2.3.5. Gestão de comportamentos em sala de aula

Tal como já referi, anteriormente, a minha PP na turma do 3.º ano de escolaridade, ficou marcada por algumas situações comportamentais dos alunos tornando, por vezes, o clima dentro da sala de aula pouco motivador à exploração dos conteúdos. No entanto, um ambiente de aprendizagem e motivação adequado é imprescindível para um clima educativo significativo e facilitador das aprendizagens dos alunos.

O clima dentro da sala de aula é composto por duas dimensões, a social e a pessoal, sendo a interação entre estas duas que

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(…) determina o comportamento no contexto da sala de aula e dá forma a um clima particular na turma (…) a interacção social na sala de aula é um resultado de pessoas individualmente motivadas respondendo umas às outras num contexto social. É destas interacções eu-outro que o clima da sala de aula surge, se mantém e produz determinados comportamentos dos alunos para a aprendizagem social e escolar (Arends, 1995, p.111).

Neste sentido, uma turma pode ser entendida como um sistema social onde interagem vários fatores que influenciam o clima da sala de aula, tendo em consideração as suas relações com o comportamento dos alunos. Desta forma, devido à existência de uma diversidade de crianças com personalidades muito diferentes umas das outras, senti que não foi fácil conseguir gerir os comportamentos/atitudes dos alunos, pelo que foi essencial o auxílio da professora titular da turma e da minha colega de estágio, visto que, sempre que as crianças estavam mais agitadas, tentavam acalmá-las para não perturbar a aula e para que conseguisse explorar as propostas educativas planificadas, para além de também tentar encontrar estratégias que as mantivessem concentradas e motivadas na aprendizagem.

Verifiquei que estas três crianças, apesar de não terem um comportamento adequado dentro da sala de aula e, segundo o que é esperado à luz do desenvolvimento e aprendizagem para a sua faixa etária, ao nível das atitudes, conseguiam captar alguns dos conhecimentos que estavam a ser explorados, contudo, como havia alunos com mais dificuldades, os comportamentos não facilitavam a aprendizagem destes, pelo que foi muito desafiante tanto para mim como para os restantes adultos.

Tentando minimizar este tipo de situações diárias, estas crianças estavam a ser acompanhadas por psicólogos e terapeutas, no entanto, não estava a nutrir efeitos positivos, pois cada uma destas tinha picos de comportamentos desajustados, tornando- -se, praticamente, impossível dar uma aula. Assim, tentando corrigir essas atitudes, em conversa com a professora da turma, recorri a diversas estratégias, para tentar que as crianças se sentissem motivadas, concentradas, empenhadas na aprendizagem e deixassem que os restantes colegas também conseguissem fazê-lo.

Exemplo disso são as estratégias, tais como: criação de uma folha do comportamento que consistia em - durante cada dia de estágio (de segunda a quarta-feira), ao final do dia, as

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crianças refletiam sobre o seu comportamento durante este e pintavam no dia do mês correspondente, o smile que aí aparecia, utilizando uma das três cores estipuladas (verde - comportamento correto; vermelho - comportamento incorreto; amarelo - comportamento intermédio entre os dois anteriores). Terminada a semana de estágio, era oferecida uma recompensa apenas a quem tivesse tido comportamento verde nos três dias. Quando as crianças estavam mais agitadas, tentava falar com elas, calmamente, demonstrava compreensão perante as atitudes e tentava auxiliá-las durante as atividades a realizar naquele momento (mas, algumas vezes, rejeitavam), também colocava música relaxante e, por vezes, fazia exercícios de relaxamento, tendo havido uma professora da escola que se disponibilizou para realizar mindfulness com esta turma, de segunda a quarta-feira, na parte da manhã antes da aula começar, pois tinha experiência nessa área e praticava com os seus alunos.

O facto de a professora vir praticar com as crianças esta técnica, para além de auxiliá-las a manterem-se em silêncio e a libertar o stress, também me auxiliava a descontrair e a sentir-me menos nervosa para a exploração dos conteúdos com a turma e a ter mais coragem e paciência para gerir os comportamentos dos alunos. Ao praticar mindfulness não é obrigatório meditar, contudo, auxilia-nos a libertar o stress, a lidar com as nossas emoções, sendo este um aspeto fulcral e bem visível nestas três crianças, isto é, observava-se que sentiam imensa dificuldade em gerir as suas emoções, extravasando-as para comportamentos inapropriados. De acordo com Övén (2015),

A meditação ensina-nos a entrar no fluir da vida e mantém-nos presentes, abertos e aptos para lidar com qualquer emoção que possa aparecer (…) Através da meditação ficamos mais enraizados, aumentamos o nosso autoconhecimento, o nosso amor-próprio e a nossa autoestima (p.68).

Perante as várias estratégias utilizadas, não considero que houvesse uma que tenha resultado, plenamente, porém, penso que se esta técnica tivesse sido implementada, por exemplo, desde o início do ano letivo, talvez se tivesse verificado melhorias no comportamento dos alunos. Observei ainda que estas três crianças, por vezes, acalmavam quando as propostas educativas consistiam na realização de jogos ou atividades de expressão plástica ou quando lhes era permitido auxiliar um adulto numa tarefa dentro

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e/ou fora da sala de aula, pois apesar de serem crianças com este tipo de atitudes gostavam muito de ajudar o próximo, tendo espírito de ajuda.

Para concluir, este último semestre do mestrado foi de facto muito desafiante para mim, dado que, ainda não me tinha sido atribuída uma turma com estas caraterísticas, todavia, permitiu-me adquirir conhecimentos e atitudes, através da experiência/vivência em contexto de sala de aula e através de leituras de referência realizadas. Posso referir que apesar de tudo, foram crianças que ficarão sempre na minha memória e que me proporcionaram adquirir competências essenciais para o meu futuro profissional, pois, em pleno século XXI, considero que, cada vez mais, existirão turmas deste género e que exigem de nós, professores, a capacidade para saber lidar com elas, proporcionando-lhes um desenvolvimento e aprendizagem significativa, com os valores necessários para que se tornem cidadãs exemplares numa sociedade que tanto exige delas.

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