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PARTE I – DIMENSÃO REFLEXIVA

2. Contextualização do contexto educativo – 1.º CEB

2.3. Aprendizagens realizadas e dificuldades sentidas em contexto de 1.º CEB

2.3.4. Importância da diferenciação pedagógica

A diferenciação pedagógica é um tema muito importante em contexto de sala de aula. No decorrer das PP, fui me apercebendo que esta não se deve apenas colocar às crianças com

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NSE/DA, mas também às outras crianças, visto que, todas são diferentes e têm, igualmente, o direito de aprender conforme as suas capacidades e necessidades. No entanto, reflito, principalmente, sobre as crianças com NSE/DA, pois senti maior dificuldade em realizar a diferenciação pedagógica, relativamente, a estas, contudo, não descurando as outras crianças da turma. Tanto na turma do 2.º como na do 3.º ano de escolaridade, deparei-me com a existência de crianças com NSE/DA, isto é, crianças com ritmos de aprendizagem diferentes e que necessitavam de maior apoio do adulto. As

Dificuldades de Aprendizagem é um termo geral que se refere a um grupo heterogéneo de desordens manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e uso da compreensão auditiva, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Estas desordens são intrínsecas ao indivíduo, presumivelmente devem-se a disfunções do sistema nervoso central e podem ocorrer ao longo da vida (NJCLD, citado por Coelho, 2013, p.9).

Neste sentido, ao deparar-me com esta questão, inicialmente, senti alguma dificuldade em compreender/criar estratégias que promovessem uma equidade no processo de ensino- aprendizagem destes alunos, pois todos tinham o direito de aprender novos conhecimentos apesar de existirem processos cognitivos/psicomotores diversos. Desta forma, foi fundamental realizar breves conversas com as professoras titulares de cada turma, visto que, já tinham mais experiência nestas situações e conheciam os alunos há mais tempo, tendo-me auxiliado a compreender como construir materiais didáticos adaptados a cada criança e, sempre que necessário, apoiava-as a realizar estes. Para além disto, realizei também algumas leituras que me auxiliaram a fundamentar e a perceber melhor como poderia explorar os conteúdos com estes alunos.

Considero que a adaptação dos materiais foi essencial para que se sentissem incluídos, acompanhados, auxiliados nas suas necessidades e descobertas diárias, incitando-lhes a curiosidade e facilitando-lhes a aprendizagem. Perante o documento do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória (2018), este refere que a inclusão é um dos princípios escolares, significando que

[a] escolaridade obrigatória é de e para todos, sendo promotora de equidade e democracia. A escola contemporânea agrega uma diversidade de alunos tanto do ponto de vista socioeconómico e cultural como do ponto de vista cognitivo e motivacional.

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Todos os alunos têm direito ao acesso e à participação de modo pleno e efetivo em todos os contextos educativos (p.13).

Partindo deste princípio, na realidade, ao longo da minha ação educativa, senti necessidade de falar, individualmente, com cada aluno durante as suas explorações, recorri à observação direta, de modo a tentar compreender quais as dificuldades/atitudes manifestadas, para que pudesse colmatá-las, dado que, compete ao professor diagnosticar as dificuldades de cada aluno e tentar minimizá-las, tornando o ensino-aprendizagem mais prazeroso e levando as crianças, com as suas diferenças, a chegar aos objetivos pretendidos. Numa das minhas reflexões referi que “É importante não deixarmos de lado as dificuldades e dúvidas que as crianças demonstram, devemos sempre explicar-lhes e recorrer a diversas estratégias que facilitem o esclarecimento dessas” (Reflexão referente à semana de intervenção da minha colega de estágio, 1.º CEB, 3.º ano – 7.ª semana).

Com isto, subentende-se que a diferenciação pedagógica deve ocorrer tanto no tempo como no espaço, pois

Esta necessidade não implica simplesmente implementar um conjunto de técnicas “inovadoras”, mas também saber observar, refletir, intervir e avaliar os resultados obtidos na prática, encontrando estratégias para a igualdade de oportunidades e participação de sucesso de todas as crianças como cidadãs de plenos direitos (Clérigo, Alves, Piscalho & Cardona, 2017, p.99).

Ou seja, esta surge de uma necessidade das escolas, uma vez que, cada vez mais, nas salas de aula, existe uma heterogeneidade de alunos com caraterísticas, valores, ritmos de aprendizagem, culturas, conhecimentos e competências muito diversificadas.

É ainda importante referir, que de acordo com as experiências que vivenciei e tal como já referi, a diferenciação pedagógica não serve só para os alunos que apresentam maior insucesso escolar, ou seja, maiores dificuldades na aprendizagem, esta também serve para os alunos com mais facilidade designados por “melhores alunos”. Pois deve haver uma diferenciação pedagógica para todos os alunos, de forma a continuarem a progredir, a aprender e a desenvolverem-se a todos os níveis (afetivo e social, cognitivo, linguístico e psicomotor), para que não desmotivem, desanimem e se sintam excluídos. Ou seja, o que pretendo referir sobre isto e que, de certo modo, foi ocorrendo, gradualmente, durante a

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minha PP, no caso dos alunos com mais facilidade na aquisição dos conteúdos fui-lhes proporcionando tarefas mais complexas e que necessitavam de maior concentração/tempo de realização, tentando que concretizassem essas no mesmo tempo que as crianças com mais dificuldade e cujas tarefas educativas eram menos complexas, adequadas às suas capacidades.

Segundo Cohen e Fradique (2018), referem

(…) que as metodologias de ensino não podem traduzir-se mais em ações que contemplem apenas o perfil do denominado “aluno médio”. É necessário reconfigurar o modo de ensinar e diversificar estratégias, visando o aluno na sua diversidade. As abordagens pedagógicas diferenciadas assentam no princípio de que os alunos devem assumir uma maior responsabilidade pelo seu próprio desenvolvimento, devendo o professor orientá-los para que pensem por si próprios, para que aceitem a responsabilidade da sua própria aprendizagem (p.60).

Quer isto dizer que, como as DA não são influenciadas por problemáticas cognitivas, significa que estes alunos, para que o professor possa realizar um trabalho diferenciado entre todos, devem assumir a responsabilidade da sua própria aprendizagem, aceitando as suas diferenças e capacidades. Pois, perante o que vivenciei, realizar um trabalho diferenciado para todos os envolvidos em sala de aula, não é tarefa fácil e quanto mais autónomas as crianças forem, maior facilidade terá o professor em diversificar as estratégias e dar apoio a cada criança, individualmente.