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O objetivo deste capítulo é evidenciar o referencial teórico sobre o tema Gestão do Conhecimento, o qual serve de subsídio para a escolha do instrumento de pesquisa, bem como aspectos metodológicos, análise dos resultados e considerações finais deste trabalho.

A gestão do conhecimento, nos seus aspectos tácito e explícito e o contexto em que o mesmo é propagado, possibilita a conversão do conhecimento, sendo um fator estratégico e diferenciador. Desta maneira, a empresa que se destacar nesta forma de gestão poderá obter uma fonte de Vantagem Competitiva Sustentável para o seu negócio.

Para tanto, este capítulo está dividido em três partes, facilitando o entendimento dos aspectos teóricos com a preservação da visão do tema de uma forma global. Na primeira parte destaca-se os conceitos e definições sobre conhecimento, na visão dos principais autores da área.

A seguir, trata-se da definição da Gestão do Conhecimento, a qual pode produzir efeitos práticos nas empresas desde que esteja fundamentada e alinhada ao projeto estratégico da organização. Apresentam-se ainda as ondas do conhecimento, sintetizando a sua evolução ao longo do tempo. E, aborda-se a temática dos trabalhadores do conhecimento – knowledge workers –, os quais constituem a equipe que pode disseminar, criar e editar o conhecimento adquirido para incorporá- lo às atividades da empresa. (DAVENPORT, JARVENPAA, BEERS, 1996; DAVENPORT, VÖLPEL, 2001; DAVENPORT, THOMAS, CANTRELL, 2002; SCHÜTT 2003; HAMMER, LEONARD, DAVENPORT, 2004; METAXIOTIS, ERGAZAKIS, PSARRAS, 2005).

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Na última parte, descreve-se à criação do conhecimento organizacional, definindo os aspectos relacionados aos componentes tácito e explícito. Assim sendo, o modelo SECI, desenvolvido por Nonaka e Takeuchi (1997), mostra a interação entre estes conhecimentos na forma de espiral, criando o processo de conversão do conhecimento.

Explicita-se, dentro deste modelo, as duas possibilidades de espiral – a epistemológica e a ontológica – a primeira converte conhecimento tácito em explícito enquanto a segunda permite a visualização dos níveis individual, grupal, organizacional e interorganizacional que permeiam à empresa. Para a criação do conhecimento, destaca-se também o contexto ‘Ba’ que representa o espaço físico compartilhado que serve como a fundação para o conhecimento.

Discorre-se, a seguir, sobre cada parte, considerando que as empresas são entidades capazes de criar e gerir conhecimento e tornar esta gestão fonte para o alcance de Vantagem Competitiva Sustentável. O delineamento deste tema representa o recorte realizado no arcabouço teórico desta área, focado nos objetivos e diretrizes necessários para a execução desta pesquisa.

O capítulo pode ser visualizado, esquematicamente, na Figura 1 – Mapa Conceitual Gestão do Conhecimento – a seguir.

Figura 1 - Mapa Conceitual Gestão do Conhecimento Fonte: Elaborado pela autora (2008)

1.1 - Conhecimento

Segundo Nonaka e Takeuchi (1997) a sociedade industrial do pós-guerra evoluiu, transformando-se em uma sociedade de serviços e, atualmente, na sociedade da informação. Assim, os setores de produção, serviços e informações serão baseados no conhecimento.

Desta maneira, quando as organizações inovam elas não só processam informações com o intuito de resolver os problemas existentes como também criam novos conhecimentos e informações, a fim de redefinir tanto os problemas quanto as soluções, recriando seu meio.

Sveiby (1998) mostra que ao contrário da terra, do petróleo e do ferro, o conhecimento e a informação não são intrinsecamente escassos. Eles podem ser produzidos pela mente humana a partir do nada e ainda crescem quando são

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compartilhados. Assim, uma economia baseada no conhecimento e na informação possui recursos ilimitados. Para tanto:

“A palavra conhecimento pode significar informação, conscientização, saber, cognição, sapiência, percepção, ciência, experiência, qualificação, discernimento, competência, habilidade prática, capacidade, aprendizado, sabedoria, certeza e assim por diante. A definição depende do contexto em que o termo é empregado.” (SVEIBY, 1998, p.35)

A abordagem do conceito de conhecimento pode ser identificada como fatos formais, regras, políticas e procedimentos, habilidades e competências que genericamente explicitam o conhecimento, sendo uma capacidade de agir continuamente a partir de um processo de saber. O conhecimento emerge a partir de um potencial confronto de idéias e reformulação de pensamentos que gera uma solução e um conhecimento. (DAVENPORT; JARVENPAA; BEERS, 1996; SVEIBY, 1998; BODER, 2006).

Neste contexto Davenport, Long e Beers (1998); Zhou e Fink (2003); Meyer e Sugiyama (2007) mostram que o conhecimento não é uma pintura ou uma representação da realidade, mas um processo interelacionado ou um mapa de ações que levam à realidade. É um repertório de conceitos, relações semânticas e ações criadas e transmitidas por meio de processos e da interação entre as pessoas, constituindo um estágio central que provém formas para a organização atingir seus objetivos.

A informação e o conhecimento apesar de serem usados como termos intercambiáveis apresentam uma distinção entre si. A informação é um meio ou material para extrair e construir o conhecimento, sendo representada por um fluxo de mensagens. O conhecimento diz respeito a crenças e compromissos, sendo função de uma atitude ou intenção específica. Desta maneira, o conhecimento difere da informação, pois está ancorado nas crenças e compromissos de seu detentor, sendo essencialmente relacionado à ação humana (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). Assim sendo, o conhecimento é a informação combinada com experiência, contexto, interpretação e reflexão, sendo continuamente construído e, o conhecimento individual, revela-se como uma pré-condição para o desenvolvimento do

conhecimento da organização (DAVENPORT; LONG; BEERS, 1998; MEYER; SUGIYAMA, 2007).

Para tanto, Daza (2003) mostra que quando se aceita que o conhecimento é adquirido como um produto acabado, corre-se o risco de fechar-se para as opções de construir criativamente um novo conhecimento. O conhecimento deve ser visto como algo inacabado, sendo uma fonte de possibilidades suscetíveis de serem construídas ou reconstruídas pelos grupos humanos.

Desta maneira, Metaxiotis; Ergazakis e Psarras (2005) abordam o conhecimento como um recurso crítico para as empresas sendo que na nova economia, os indivíduos e as organizações são obrigados a focar e manter seus conhecimentos para inovar. Assim, torna-se necessário aprender, adaptar e mudar para a própria sobrevivência do negócio.

Bhardwaj e Monin (2006) relatam que no mundo globalizado e turbulento dos tempos atuais o conhecimento é construído e desconstruído rapidamente, havendo a necessidade de redefinir as regras para os sistemas de gestão do conhecimento dentro das organizações.