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5 GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE E GRAU DE MATURIDADE

5.2 GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE

Como dito anteriormente, a atenção dada à incorporação de práticas sustentáveis nas empresas aumentou nas últimas décadas, assim como a pressão de vários elementos da sociedade ligados direta ou indiretamente a elas. Nesse contexto, é essencial entender a forma como as organizações gerenciam e integram os aspectos da sustentabilidade em suas atividades, bem como sua evolução ao longo do tempo (DELAI; TAKAHASHI, 2016).

A gestão ambiental lida com questões estratégicas que impactam toda a empresa, por isso deve-se ter uma visão holística da companhia (SEIFFERT, 2011). Ou seja, é fundamental que a sustentabilidade seja integrada em todos os aspectos organizacionais (DUNPHY; GRIFFITHS; BENN, 2007; LASZLO; ZHEXEMBAYEVA, 2011). A literatura ainda aponta que deve haver desenvolvimento de novas competências de gestão da sustentabilidade, ou seja, alterações em todos os aspectos de gestão de uma organização para que esta se torne uma empresa sustentável (DELAI, 2014).

Segundo Seiffert (2011), a gestão ambiental, ou da sustentabilidade, é um processo adaptativo e contínuo em que as metas empresariais devem estar relacionadas à proteção do meio ambiente e à saúde dos funcionários, dos clientes e das comunidades. Além disso, as estratégias devem visar o alcance desses objetivos em um determinado período de tempo. Nesse sentido, o conceito de gestão da sustentabilidade que será utilizado neste trabalho, apresentado por Delai (2014, p.104), é o seguinte: “Gerenciamento dos aspectos da sustentabilidade de forma

sistêmica e integrada ao sistema de gestão e ao processo decisório estratégico e operacional central da organização”. Esse conceito é ilustrado na Figura 6 e aborda as seguintes competências da gestão da sustentabilidade: gestão estratégica, integração nos processos internos, organização da sustentabilidade e relacionamento externo.

Figura 6 - Competências da gestão da sustentabilidade

Fonte: Delai (2014).

A Gestão Estratégica visa direcionar a empresa rumo à sustentabilidade e garantir o alinhamento organizacional para seu alcance (DELAI, 2014). Para isso, segundo Delai (2014), deve-se repensar os elementos estratégicos da organização, que incluem visão, missão, valores, identidade, estratégia corporativa/ competitiva, alinhamento estratégico e comprometimento da alta administração.

Para que a empresa esteja focada em práticas que não agridam o meio ambiente e que gerem valor para a empresa, sua missão deve envolver a preocupação com as questões ambientais (MACHADO; OLIVEIRA, 2009). Também é fundamental o alinhamento estratégico das diversas áreas da empresa para o entendimento do conceito de sustentabilidade e para a promoção do mesmo no ambiente corporativo (LINS; WAJNBERG, 2007). Nessa linha, as metas e objetivos também devem estar alinhados com a política e estratégia ambiental da empresa (FOGLIATTI et al., 2011; BARBIERI, 2011). Assim como o comprometimento

gerencial, que segundo Donaire (1999), é o passo mais importante na busca da sustentabilidade dentro da empresa.

Estas podem utilizar a gestão estratégica como um reforço ou como fonte de vantagem competitiva (DELAI, 2014). O primeiro envolve a ecoeficiência e as ações de responsabilidade social, que buscam reforçar e manter o posicionamento atual da empresa através da redução de custos ou da diferenciação de produto, geralmente com foco no curto prazo (HART, 2006; LASZLO; ZHEXEMBAYEVA, 2011). As estratégias mais comuns que visam a melhoria ambiental ou social e econômica são a prevenção da poluição, para redução do consumo de recursos e da geração de resíduos, e o manejo de produtos, através do gerenciamento do ciclo de vida dos produtos e do envolvimento dos stakeholders (HART, 2006).

O uso da gestão estratégica como vantagem competitiva pode-se dar através da eco-eficácia, já que a análise do sistema como um todo permite uma visão ampla e abre oportunidades para repensar e criar novos negócios (LASZLO; ZHEXEMBAYEVA, 2011). Dentro desse posicionamento também deve ser criado um conjunto de estratégias sustentáveis de curto e longo prazo (HART, 2006).

A Integração nos Processos Internos está relacionada com a inclusão das questões da sustentabilidade na forma de fazer negócios da empresa e envolve a incorporação dessas nos processos da cadeia interna de valor e o engajamento do público interno. Os elementos da sustentabilidade são incluídos nos principais processos, com a aplicação da visão de ciclo de vida e o desenvolvimento e comercialização de produtos ambientalmente corretos (DELAI, 2014). Essa integração deve ocorrer no desenvolvimento de produto, na gestão de logística e suprimentos, nos canais e mercado e no marketing. Isso acontece, por exemplo, através de um apelo para o consumo de produtos ambiental ou socialmente amigáveis, do uso de técnicas de ecodesign e de sistemas de gestão ambiental (DELAI, 2014).

Além disso, para obter bons resultados, é imprescindível o engajamento de todos os colaboradores com a causa ambiental; e para isso, a empresa deve fornecer treinamentos específicos para a conscientização dos funcionários em relação à sustentabilidade (FOGLIATT, 2011). Donaire (1999) também defende essa ideia, já que para ele, uma empresa que deseja se tornar sustentável precisa, além de investimentos em infraestrutura e tecnologias, de colaboradores competentes e treinados de forma que possam colocar em prática ações eficientes e eficazes.

Após o treinamento, os colaboradores devem estar familiarizados com alguns conceitos como: a importância de estar em conformidade com a política ambiental, os aspectos ambientais significativos e seus impactos reais ou potenciais, as suas funções e responsabilidades para atingir a conformidade com os requisitos, e as potenciais consequências do descumprimento de procedimentos especificados (BARBIERI, 2011).

A Organização está ligada à forma como a sustentabilidade está integrada na estrutura formal da empresa e seus cargos e responsabilidades. A inclusão da sustentabilidade na tomada de decisão gerencial deve estar presente em todos os níveis, tanto na colaboração interfuncional, quanto na gestão interfuncional (DELAI, 2014). Segundo Fogliatti (2011) e Barbieri (2011), todos os funcionários da empresa devem estar engajados com a causa ambiental, independente do tamanho da organização. Em relação ao sistema de mensuração, Barbieri (2011) afirma que a empresa deve estabelecer, implementar e manter procedimentos que monitoram e mensuram atividades com impacto significativo sobre o meio ambiente.

Relacionamentos Externos dizem respeito ao relacionamento da empresa com todas as suas partes interessadas, que podem buscar a melhoria da reputação ou oportunidades (DELAI, 2014). Segundo Delai (2014), para a melhoria da reputação e legitimidade, deve ser mantido envolvimento, diálogo e integração das perspectivas dos stakeholders nas atividades da organização. Por isso, a transparência dos desempenhos, a adesão a normas externas voluntárias e o diálogo com os

stakeholders são elementos fundamentais (HART, 2006). Assim como realizar

atividades de responsabilidade social junto às comunidades, divulgar os relatórios de sustentabilidade e selecionar e avaliar fornecedores a fim de obter uma cadeia de suprimentos verde (DUNPHY; GRIFFITHS; BENN, 2007). A divulgação de suas práticas e valores de maneira clara e transparente possibilita a agregação de valor para a empresa, devido à preocupação crescente da sociedade com as questões ambientais (SOUZA et al., 2015).

Para a busca da melhoria de oportunidade, deve-se estabelecer parceria, colaboração e co-desenvolvimento com stakeholders, tanto primários, quanto secundários (DELAI, 2014). Segundo Lins e Wajnberg (2007), uma empresa sustentável deve reconhecer e valorizar sua interdependência, não apenas com agentes internos, mas também com atores externos, como clientes e fornecedores.