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Gestão socioambiental e seus desdobramentos na administração pública

2.2 Gestão socioambiental

2.2.2 Gestão socioambiental e seus desdobramentos na administração pública

A exigência da sociedade por uma postura responsável e de comprometimento com o meio ambiente vem atingindo as organizações contemporâneas. Esta cobrança influencia a forma de gestão destas instituições, que sofrem as pressões também de órgãos reguladores e fiscalizadores. A busca por um sistema de gestão que alie o crescimento empresarial com a sustentabilidade tem sido uma preocupação atual. Neste contexto, as

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organizações têm enfatizado a busca de uma gestão socioambiental, visando à melhoria de suas imagens no ambiente em que estão inseridas (SOUZA et al., 2017)

Segundo Tachizawa (2011), atualmente, existe uma expectativa nas pessoas de interagir com instituições que sejam éticas, tenham boa imagem e atuem de forma ecologicamente responsável. Com essa preocupação, a gestão socioambiental emerge nas organizações para ajudar, prevenir, ou ainda, resolver problemas, determinando políticas e responsabilidades. Assim, a gestão socioambiental e o desenvolvimento econômico nas instituições devem ter interesses comuns, havendo uma harmonia de interesses para diminuir os custos e evitar riscos ambientais. Considerar os problemas relacionados à saúde dos envolvidos com a organização, também é um fator importante para gerar diferencial competitivo. Todos esses aspectos da gestão socioambiental garantem a manutenção de recursos naturais e a redução da poluição, motivando o envolvimento com as práticas adotadas.

Tachizawa (2011) reforça que a gestão socioambiental emerge para enfatizar o compromisso pela sustentabilidade junto aos stakeholders (clientes, fornecedores, consumidores, colaboradores internos, instituições financeiras e comunidade em geral), sendo também um importante instrumento gerencial para a otimização econômica das instituições. Uma gestão orientada para quesitos socioambientais necessita, portanto, considerar uma ampla gama de fatores – internos e externos – à organização e que envolve uma nova perspectiva de gerenciamento de recursos (materiais, físicos, humanos, entre outros).

As instituições socialmente responsáveis possuem uma postura ética em que o respeito da comunidade passa a ser um grande diferencial. O reconhecimento destes fatores pelos consumidores e o apoio de seus colaboradores faz com que se criem vantagens competitivas e, consequentemente, atinja maiores níveis de sucesso (SABONARO et al. 2017). Paralelamente a estes fatos, a necessidade de uma gestão, cada vez mais habilidosa, tornou-se evidente para todo mundo. Na gestão pública moderna não pode ser diferente, assim, atualmente já se verifica uma constante necessidade de combater os problemas administrativos. É crescente a cobrança por menores impostos, governos mais eficazes, mais programas sociais e melhores serviços. Barbieri (2016) destaca que as pressões exercidas pela opinião pública e pelos setores organizados da sociedade civil têm levado os governos de praticamente todos os países a incorporarem de modo crescente as dimensões ambientais. Por essa razão, a busca de modelos de gestão para alcançar um desenvolvimento sustentável através de uma série de reformas administrativas contribuem, de forma direta e indireta, para a entrega de produtos e serviços mais eficientes aos cidadãos (SANTOS et al., 2017; VALDO,

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2011).

No entanto, precisa-se de uma revisão de paradigmas para que a gestão socioambiental seja de fato inserida nas atividades cotidianas das instituições, já que existe por parte de algumas organizações o conceito de uma gestão social organizacional que envolve principalmente ações de gestão ambiental, com o objetivo de criar uma sustentabilidade ambiental e econômica. É importante considerar a importância de uma gestão ambiental para evitar riscos ambientais, que deve ser considerada muito mais que uma atividade filantrópica ou uma preocupação de ambientalistas e ecologistas. No entanto, deve existir uma estreita relação entre o desenvolvimento econômico, social e o meio ambiente (LOPES; SCHAFFER; BERTÉ, 2014).

O Estado tem o papel fundamental na sustentabilidade e deve agir como facilitador na redução das tensões entre crescimento econômico e proteção ambiental, incentivando ações voluntárias e realizando sensibilizações (SILVA; BARKI, 2012). A década de 70 foi um importante momento para uma mudança na percepção dos problemas de ordem ambiental, fazendo surgir a necessidade de uma administração pública que utilize as ciências política e administrativa, em uma estrutura de Estado que seja democrática e eficiente para atingir as demandas sociais (MEZZOMO; LAPORTA, 1994).

No entanto, no Brasil, o setor público apresentou um atraso na execução de ações socioambientais. Desta forma, as organizações da administração pública, criadas por lei com vistas à satisfação de necessidades coletivas, devem buscar ações e práticas para satisfazer ao interesse da sociedade na prestação de serviços públicos. No entanto, é preciso considerar que as organizações públicas têm características e exigências específicas, em termos de organização e de gestão, já que precisa seguir uma série de preceitos legais e burocráticos, bem como otimizar a alocação de recursos limitados. Assim, o novo contexto exige administradores públicos com habilidades de administrar democraticamente e gerenciar a participação das comunidades, conciliando demandas sociais a as relações de poder entre Estado e sociedade (VASCONCELOS, 2015; MEZZOMO; LAPORTA, 1994).

Para Kanaane (2010) o Estado, como órgão máximo de governança, deve fixar objetivos claros a todos os seus órgãos e avaliar os desempenhos, promovendo ações constantes de melhoria e estimulando uma atuação organizacional ética. O debate socioambiental ganha respaldo em diferentes setores da sociedade nos últimos anos, incluindo quanto a sua aplicação na administração pública.

A Lei 6.938/81, que estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, é um importante marco legal para ordenamento da questão ambiental na administração pública,

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pois representa uma mudança no tratamento das questões ambientais. Por essa legislação, os instrumentos de gestão ambiental são considerados como os mecanismos utilizados pela administração pública com o escopo de alcançar os objetivos da política ambiental (BRASIL, 1981).

Bases para um funcionamento com a inserção de práticas socioambientais estão lançadas sob a forma de diretrizes que, apesar de legais e teóricas, fornecem ferramentas para ações e práticas concretas. Percebe-se ainda que acontecimentos e eventos de sustentabilidade em IESs tem sido uma preocupação mundial, impulsionando a mudança de práticas. A subseção seguinte apresenta uma discussão sobre gestão socioambiental em instituições de ensino.