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2. Revisão de literatura

2.2. Giardia spp Cryptosporidim spp e microsporídios em amostras de esgoto, efluentes

esgoto, efluentes e valores de remoção dos parasitos pelos sistemas de tratamento de esgoto.

Sistemas de tratamento biológico de esgoto albergam uma grande diversidade de organismos patogênicos e diante desse cenário, há inúmeras pesquisas envolvendo a detecção e a remoção de patógenos como Giardia spp. Cryptosporidium spp. e microsporídios provenientes desses sistemas (KITAJIMA et al., 2014; HACHICH et al., 2013; IZQUIERDO et al., 2011).

Kitajima et al., (2014) avaliaram amostras de esgoto provenientes de duas estações de tratamento por Lodos Ativados e Filtros Biológicos em Arizona (EUA), utilizando como método de concentração das amostras, a filtração em filtro eletronegativo seguida de imunofluorescência direta (FA) e nested-PCR dos genes

GDH (Giardia) e 18S rDNA (Cryptosporidium). As concentrações de Giardia encontradas nessas amostras foram de 4,8 - 6,4 x 103 de cistos/L, sendo também

positivas para PCR, enquanto que para Cryptosporidium, foram detectados 7,4 x 101

- 1 x 102 oocistos/L. Entretanto, pela PCR, não houve positividade para

Cryptosporidium. O estudo do posicionamento filogenético da Giardia encontrada

nessas amostras de esgoto, resultou em grupos genéticos AII (humano-especifico) e B (zoonótico). Quanto aos valores de remoção, o processo de Lodos Ativados obteve o maior valor de remoção de Giardia (2,08 log10) em relação ao Filtro Biológico (1,52

log10). Já para Cryptosporidium, o processo de Filtro Biológico removeu 0,81 log10

enquanto que o processo de Lodos Ativados reduziu o número de oocistos em 0,71 log10.

Concentrações de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium também foram detectados em amostras de esgoto concentradas por centrífugo-concentração e PCR provenientes de duas estações de tratamento na China por Liu et al., (2011). Das 48 amostras de esgoto examinadas, por PCR, 15 foram positivas para

Cryptosporidium das quais 14 amostras foram atribuídas C.andersoni e 1 C. ubiquitum. Para Giardia, 24 foram positivas na PCR sendo caracterizadas como

grupos genéticos AII e B.

No caso de sistemas de tratamento que combinam reatores anaeróbios e aeróbios, Tawfik et al., (2015) pesquisaram Giardia e Cryptosporidium em amostras de efluente provenientes de um sistema combinado constituído por Reator anaeróbio híbrido seguido de biofiltro aeróbio com biomassa hídrida, utilizando a filtração em membranas, centrifugo-concentração e ressupensão em Percoll-sacarose com gravidade específica de 1,15 g/L. Para visualização das formas parasitárias, o sedimento obtido foi corado pelo método de ácido tricromático. Foi encontrada uma positividade para cistos de Giardia em 72% das amostras de esgoto e efluentes, sendo atingida uma remoção de 100% do parasito pelo sistema. Quanto a Cryptosporidium, houve uma positividade do parasito em 81,8% das amostras de efluente. Os autores não relataram valor de remoção para Cryptosporidium

Samie e Ntekele (2014) analisaram 79 amostras de efluentes oriundas de sistemas combinados (reatores anaeróbios e aeróbios) e de lodos ativados na África do Sul, concentrando-as pelas técnicas de centrifugo-concentração, floculação com sulfato férrico e cloreto de césio, e pesquisa de Giardia nos sedimentos pela PCR

usando o gene TPI. A positividade do parasito foi de 31,65%, sendo detectados os grupos genéticos A e B. Em relação aos valores de remoção do parasito foram de 40% (sistemas combinados) e 20% (Lodos ativados).

No Brasil, em Ribeirão Preto-SP, Tonani et al., (2013) pesquisaram ambos os protozoários em amostras de Estação de Tratamento Biológico (Lodos Ativados) utilizando o método 1623 USEPA (IDEXX Filta-Max®, separação imunomagnética e

IFA), sendo então encontradas concentrações de 120 a 2.200 cistos/L e de 0,45 a 3,5 cistos/L de Giardia em amostras de esgoto e de efluente tratado, respectivamente. Já para Cryptosporidium, foram registrados 28,9 oocistos/L em esgoto e 1,05 oocistos/L no efluente tratado. Tonani et al., (2011) encontraram valor de remoção de 67,8% de

Giardia pelo sistema de Lodos Ativados em Ribeirão Preto, concentrando as amostras

pela sedimentação e centrífugo-concentração do sedimento obtido.

No período de Fevereiro e Dezembro de 2009, Hachich et al., (2013) pesquisaram Giardia e Cryptosporidium em 48 amostras de esgoto bruto e de efluente tratado provenientes de 4 estações de tratamento da região metropolitana de São Paulo. Utilizando o método 1623 (USEPA, 2005) e empregados o sistema Filta-Max®

(IDDEX), a separação imunomagnética, e IFA, os autores relataram que 100% e 58,3% das amostras de esgoto foram positivas para Giardia e Cryptosporidium, respectivamente. Das amostras de efluente tratado, 79,2% foram positivas para cistos de Giardia e 25,03% para oocistos de Cryptosporidium spp. A remoção de cistos de

Giardia pelos sistemas alcançou valores de 2 log10 a 5 log10. Os autores não relataram

valor de remoção para Cryptosporidium.

Quanto à ocorrência de microsporídios em amostras de água e de esgoto, Izquierdo et al., (2011) registraram 21,0% de positividade para microsporídios (2 amostras de água de consumo, 5 amostras de efluentes e 1 amostra de água de recreação) de um total de 38 amostras coletadas na Galícia, utilizando técnica de coloração de Weber e PCR, sendo que essa última, registrou positividade para

Encephalitozoon intestinalis nas amostras de água de recreação. Guo et al., (2014)

encontraram E. bieneusi em 58,2% das amostras de águas pluviais nos Estados Unidos utilizando filtração e PCR. Em outro estudo, Hu et al (2014) verificaram positividade de 31,5% para E. bieneusi em amostras de água de consumo na China, após contaminação com carcaças de porcos domésticos. Galvan et al., (2013) verificaram que 61,0% das amostras de efluentes domésticos de Madri continham os

microsporídios E. bieneusi (genótipos C e D), E. intestinalis, E. cuniculi e AnnCALIia

algerae.

Em amostras de lodo condicionado de esgoto, CHENG et al., (2011) verificaram altas concentrações de esporos de E. bieneusi (19.000 esporos/kg), E. intestinalis (16.000 esporos/kg) e Encephalitozoon hellem (32.000 esporos/kg), mostrando uma alta eficiência de remoção do patógeno pelos sistemas de tratamento de esgoto da Irlanda.

No Peru, Yaya-Beas et al., (2016) estudaram a remoção de patógenos (bactérias, helmintos) pelo reator anaeróbio de fluxo ascendente (RAFA). Nesse estudo, a remoção de ovos de Ascaris lumbricoides foi de 89% a 95% e quanto à

Escherichia coli, a remoção variou de 0,8 log10 a 1,6 log10.

Na Espanha, Marín et al., (2014) estudaram a remoção de bactérias e protozoários pelos filtros biológicos em amostras de esgoto, utilizando os métodos de centrífugo-concentração e Ziehl Neelsen e PCR para visualização de oocistos de coccídios. Os autores registraram uma redução de 2,34 unidades de log de E. coli pelos filtros biológicos enquanto que para Entamoeba e Cryptosporidium não foi registrada positividade nas amostras de esgoto. Para Giardia, houve positividade na PCR das amostras de esgoto e lodo.

Apesar das diferentes metodologias de detecção empregadas nos diversos estudos, poucos relataram remoção total de Giardia pelos sistemas de tratamento. Mesmo apresentando ocorrência de Cryptosporidium nessas amostras, não há dados sobre remoção do parasito. Entretanto, sistemas combinados que utilizaram biomassa aderida nos reatores obtiveram maior remoção daqueles com uma só tecnologia.