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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.3. GOVERNANÇA CORPORATIVA, DESEMPENHO E RISCO

Nos últimos anos são crescentes os estudos sobre Governança Corporativa, porém com menos ênfase na indústria bancária. Os poucos estudos encontrados sobre o setor são basicamente teóricos, com discussões sobre o que é governança corporativa para setores altamente regulados, como é o caso dos bancos. Poucos possuem algum tipo de análise quantitativa, em especial em instituições de capital aberto e utilizando questionários de governança corporativa mencionados na literatura.

Leal (2004) propôs um questionário dividido em 4 blocos, com 16 perguntas, utilizando as recomendações do IBGC e CVM sobre: I) Transparência, II) Conselho de Administração, III) Controle e Conduta e IV) Direitos aos Acionistas para a mensuração do Índice de Governança Corporativa. Silveira (2004) propôs um questionário também de 4 blocos, porém com 20 perguntas distribuídas entre: I) Acesso às informações, II) Conteúdo das Informações públicas, III) Estrutura do Conselho de Administração e IV) Estrutura de Propriedade e Controle. Já Almeida (2010) trouxe um questionário menor, dividido em 3 blocos com 14 perguntas relacionadas a I) Transparência, II) Conselho de Administração e III) Controle e Conduta.

Esses questionários foram desenvolvidos por meio de blocos de perguntas direcionadas a responder se as empresas adotam ou não as práticas de governança corporativa preconizadas pelo IBGC. Todos os questionários possuem perguntas cujas respostas são binárias e visam identificar as práticas de governança corporativa nas companhias brasileiras de uma forma geral.

Outros estudos internacionais como Gompers, Ishii e Metrick (2003) e Black, Jang e Kim (2005) também elaboraram índices de qualidade de governança. Os primeiros estudaram as restrições de poder dos acionistas frente ao poder gerencial de 1500 empresas americanas.

O segundo criou um índice de respostas binárias com cinco divisões sobre direito dos acionistas; estrutura do conselho; normas do conselho; transparência; e, igualdade de propriedade. Entretanto, todos os questionários encontrados foram criados para mensurar empresas em geral, em setores não regulados.

Oliveira e Silva (2004) buscaram identificar as normas e práticas adotadas pelas instituições financeiras e a importância da governança corporativa para o setor bancário. As normas encontradas foram aquelas relacionadas com o exercício de cargos em órgãos estatutários em instituições financeiras; ao controle acionário de tais instituições; aos investidores; à auditoria independente; aos analistas de investimento nas instituições financeiras; e à regulamentação. O objetivo foi conciliar essas normas do Setor com o conceito de governança corporativa. O resultado foi que as normas regulamentadoras da indústria bancária são os próprios mecanismos de governança corporativa das instituições financeiras. Entretanto, destaca que mesmo com a busca por melhores práticas de governança corporativa, o setor ainda tem a melhorar nesse quesito, não somente com normas novas, mas com o efetivo cumprimento das que já existem.

Marcassa (2000) publicou um estudo que visa verificar a influência dos mecanismos de GC na forma de remuneração dos executivos e no desempenho das instituições financeiras.

O estudo teve como objetivo analisar a coletânea de pesquisas internacionais sobre o assunto.

Seus achados são qualitativos e verificaram a existência de diversos métodos de avaliação da relação governança e desempenho.

Barros (2014) estudou os determinantes da governança corporativa no segmento bancário por meio de um estudo econométrico sobre empresas de capital aberto na BM&Bovespa no período de 2007 à 2014. Ao concluir seu trabalho de final de curso, identificou que existe uma relação de 99% entre o índice de Governança Corporativa (IGOV) desenvolvido por Silveira, Barros e Fama (2004) e os índices da metodologia americana Capital, Ativos, Eficiência, Rentabilidade e Liquidez (CAMEL)

Silva (1998) demonstrou que a quantidade de informações evidenciadas por 24 instituições constituídas como capital fechado era baixa e insuficiente para atender a demanda de diversos usuários. Oliveira e Silva (2004) complementa que esses resultados indicam a necessidade de desenvolvimento de novas regulamentações que viabilizem a melhor transparência das informações, mesmo que o estudo seja restrito a entidades fechadas. Os autores relatam também em seus estudos que o conceito de GC no sistema bancário está presente no conjunto de normas que regem as operações das instituições financeiras.

Destacam que é preciso melhorar os mecanismos de GC nas instituições financeiras, mas não somente instituindo novas normas e sim fazendo cumprir as que já existem.

Vieira (2007) relata que no processo de reestruturação do SFN foram constatadas as piores práticas de GC em instituições financeiras, gerando graves problemas de gestão e consequente insolvência dos bancos. Salviano (2004) destaca casos em bancos estaduais que fizeram empréstimos a controladores e a má gestão bancária sem as garantias mínimas de liquidez.

Castilho (2015) estudou a relação entre a remuneração de executivos e o desempenho financeiro dos bancos brasileiros de capital aberto ente 2009 e 2013. Seus achados, por meio de uma regressão múltipla OLS com 26 bancos, demonstraram que 63% da remuneração dos executivos é composta pela remuneração variável como incentivo de busca de melhores resultados para as instituições. Porém, não foi possível estabelecer uma relação linear entre a remuneração dos executivos e as variáveis de desempenho financeiro das instituições.

Macedo e Machado (2015) analisaram a conexão política e desempenho dos bancos listados na BM&Bovespa entre 2010 e 2013. Os autores utilizaram a estrutura de propriedade dos bancos para identificar se a rentabilidade dos mesmos estaria sendo explicada quando há participação do governo no seu controle. Os resultados apontam que o fato do banco ter participação majoritária do governo é mais significativo, influenciando algumas métricas de desempenho. Relatam que o governo não visa somente o lucro, mas também resultados sociais em favor das políticas públicas. Essas divergências políticas interferem diretamente na governança das instituições públicas, podendo ser o início dos conflitos entre acionistas.

Barth, Caprio e Levine (2001) relatam que o controle estatal é correlacionado diretamente com medidas de gestão ineficiente, com altos spreads bancários e elevadas despesas operacionais. Relatam ainda que o controle estatal também está correlacionado com o desenvolvimento do setor, porém a correlação é negativa. Calcado et al (2013) ao estudar a existência de impacto nos indicadores econômico-financeiros dos bancos brasileiros causados

pela adoção do padrão IRFS, constatou que não há impactos significantes nos indicadores financeiros entre o padrão contábil COSIF e IRFS.