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4. RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS

4.2. VARIÁVEIS DEPENDENTES

4.2.1. Indicadores de Desempenho

Os 4 indicadores de desempenho propostos estão dispostos no bloco E (Earnings/Resultados) da metodologia CAMELS e serão analisados nesse tópico. Para cálculo do ROA, ROE e R11 foram utilizados os relatórios Top 50 Bacen dos meses de dezembro de cada exercício financeiro por ser um relatório que possui informações resumidas contendo as principais contas (Ativo Total, Patrimônio Líquido, Lucro Líquido, Resultado da Intermediação Financeira e Resultado Operacional). Foram utilizados os balancetes dos meses de dezembro de cada exercício para calcular o R11, visto que exigem contas COSIF específicas que não constam no relatório Top50.

Ao se buscar os dados nos relatórios Top50 e balancetes, restou prejudicada a coleta de informações de todos os bancos em todos os anos de análise. Por isso, a quantidade de instituições na contagem é diferente entre os anos da ROA e ROE, entretanto crescente, demonstrando que com a evolução do tempo, as informações tornaram-se disponíveis nos relatórios do BACEN. Já para os cálculos do R9 havia disponíveis somente informações de 44 instituições das 50 contempladas na amostra. Os resultados dos cálculos dos indicadores de desempenho médios do período constam no Apêndice 7.

 Rentabilidade do Ativo (ROA)

A rentabilidade do ativo (ROA) é um dos indicadores que, em conjunto com outros, visa analisar a alavancagem financeira das instituições. A tabela 4 apresenta o comportamento estatístico dos resultados dos cálculos da ROA para as intuições financeiras da amostra.

TABELA 4 –COMPORTAMENTO ESTATÍSTICO DA ROA (2010-2014) (%)

2010 2011 2012 2013 2014 Média

Média 1,63 2,51 1,56 1,45 1,66 1,96

Mediana 0,90 0,87 0,76 0,77 0,90 0,88

Mínimo -5,69 -0,66 -1,70 -1,19 0,15 -1,11

Máximo 30,11 44,29 23,06 20,59 18,90 26,71

Contagem 37 46 48 48 50 50

FONTE: O autor (2016)

Observa-se que os retornos do ativo anuais médios são baixos. As menores taxas de ROA são negativas no início do período e teve uma melhora em 2014, sendo pequena, mas positiva. Um dos motivos para ter essa melhora das taxas é em função do maior número de informações dos bancos no último ano.

Os outliers são os retornos médios do período inferiores à - 1,24% ou superiores à 3,59%. Os resultados demonstram que na média não há outliers inferiores. Porém, há 6 outliers superiores, pontos demonstrados no gráfico 14 acima da linha vermelha: Banco CSF S.A (3,86%), Midway (4,79%), Credicitrus (5,77%), Pernambucanas (6,25%), Porto Seguro (7,49%) e Crefisa (26,71%). A maioria das instituições fica com suas médias de retornos sobre o ativo em torno da média geral.

GRÁFICO 15– ROA MÉDIO POR INSTITUIÇÃO (2010-2014)

FONTE: O autor (2016)

 Rentabilidade do Capital (ROE)

O comportamento estatístico do retorno do capital (ROE) é demonstrado na tabela 5.

O retorno do acionista médio é baixo quando comparado à taxa básica de juros da economia (Selic), ou seja, o investidor não teve um retorno expressivo em comparação à um investimento no tesouro direto, onde se supõe que o risco seja menor. A tabela 5 apresenta o comportamento do ROE, com média de 9,03%, e da SELIC com média de 10,15% no período de 2010-2014.

TABELA 5 –COMPORTAMENTO ESTATÍSTICO DA ROE (2010-2014) (%)

2010 2011 2012 2013 2014 Média do período

Média 7,38 10,68 7,68 7,36 9,05 9,03

Mediana 9,10 9,63 7,32 7,19 8,11 7,63

Mínimo -42,86 -9,03 -12,67 -8,92 1,18 -11,71

Máximo 33,68 56,12 28,67 24,92 23,43 33,08

Contagem 37 46 48 48 50 50

SELIC 10,75 11,00 7,25 10,00 11,75 10,15

FONTE: O autor (2016)

Os outliers dos retornos médios sobre o capital do período de análise são os valores inferiores à -1,73% ou superior à 18,38%. Os resultados demonstram que há outliers inferiores e superiores do ROE médio, conforme apresentados no gráfico 16.

GRÁFICO 16– ROE MÉDIO POR INSTITUIÇÃO (2010-2014)

FONTE: O autor (2016)

Os outliers inferiores médios são os 2 pontos apresentados abaixo da linha vermelha:

Banco Votorantim (-2,05%) e Banco PAN (-11,71%). Os outliers superiores médios são os 5 pontos apresentados acima da linha vermelha: Porto Seguro (20,26%), Credicitrus (20,27%), Pernambucanas (25,34%), Banco do Estado do Pará (25,88%) e Crefisa (33,08%).

Percebe-se com esses dados, em conjunto com o ROA (Apêndice 7), que o Banco Porto Seguro teve uma alavancagem financeira em 2010, possuindo retornos elevados sobre o ativo e sobre o patrimônio líquido neste ano. Nos demais exercícios esteve na média dos bancos da amostra. O Banco Original, que em 2010 trouxe prejuízos ao investidor, alavancou financeiramente em 2011 trazendo retorno significativo neste ano para o acionista (15,43%), porém nos demais anos as taxas de retorno caíram consideravelmente.

Na sequência, optou-se por demonstrar por meio do gráfico 17 os resultados dos ROA e ROE médios do período por tipo de instituição financeira. Em geral, não há uma diferença expressiva dos retornos dos ativos por tipo de instituição. Percebe-se uma melhora das taxas quando se trata de instituições independentes, controle nacional e de capital fechado.

GRÁFICO 17– ROA VERSUS ROE MÉDIO POR TIPO DE INSTITUIÇÃO

FONTE: O Autor (2016)

Ao analisar o ROE por tipo de instituição, observa-se que instituições listadas no Novo Mercado da BM&FBovespa são os que trazem maior retorno ao acionista, seguidas do controle público e independentes. Importante destacar que o Banco do Brasil é a única instituição da amostra listada no Novo Mercado, também de controle público e de um conglomerado financeiro, com taxas de retorno médio de 10,84% ao ano. Salienta-se também que as instituições de controle privado estrangeiro possuem a menor média de retorno do período em detrimento das companhias de controle nacional.

 Margem financeira (R9)

A margem financeira das instituições, calculada seguindo a fórmula R9 de Bressan et al (2010), tem como objetivo mensurar o resultado das atividades de intermediação financeira em relação às receitas operacionais. A tabela 6 apresenta o comportamento estatístico desta variável entre os anos 2010 e 2014.

TABELA 6 –COMPORTAMENTO ESTATÍSTICO DE R9 (2010-2014) (%)

2010 2011 2012 2013 2014 Média do período

Média 166,70 -47,15 304,88 224,21 138,74 169,24

Mediana 144,74 162,99 195,60 181,82 168,87 175,34 Mínimo -157,44 -8470,36 -257,43 -896,96 -1394,95 -1420,07 Máximo 570,43 701,94 2778,03 2785,03 1298,78 840,38

Contagem 36 44 47 47 50 50

FONTE: O autor (2016)

Observa-se que os percentuais são altos, denotando que o resultado oriundo das atividades de intermediação financeira das instituições analisadas possui bastante relevância quando comparado ao resultado operacional. Há outliers inferiores, ou seja, percentuais abaixo de -52,98%: BMG (- 1420,07%), Goldman Sachs (-90,51) e Pan (-85,46). E há 3 outliers superiores, com percentual acima de 433,32%: Mercedes-Benz (840,38%), Ape Poupex (543,65%) e BRB (439,86%). O gráfico 18 mostra como a distribuição dos resultados da equação R9, com médias próximas de zero e limites de outliers em vermelho.

GRÁFICO 18 – R9 MÉDIO POR INSTITUIÇÃO FINANCEIRA (2010-2014)

FONTE: O autor (2016)

Das instituições analisadas nesta variável, percebe-se na tabela 7 que há diferenças significativas quanto ao tipo de instituição. O resultado de intermediação financeira em relação às receitas operacionais das instituições independentes foi equivalente a quase o dobro

dos conglomerados financeiros. No bloco de controle, as que possuem capital público detêm maiores receitas de intermediação financeira comparado ao resultado operacional. E no terceiro bloco de controle, as instituições listadas na BM&Bovespa como tradicionais investem mais nos serviços de intermediação financeira em relação às outras companhias de capital fechado e aberto.

TABELA 7– R9 MÉDIA DO PERÍODO POR TIPO DE INSTITUIÇÃO Bancos Média (%)

Conglomerado 28 127,65

Independente 22 222,17

Controle Público 10 252,98

Controle Privado Nacional 21 98,04 Controle Privado Estrangeiro 19 203,85

Capital Fechado 35 158,68

Capital Aberto - Tradicional 8 246,92

Capital Aberto - Nível 1 3 83,33

Capital Aberto - Nível 2 3 173,43 Capital Aberto - Novo Mercado 1 162,47

Fonte: O Autor (2016)

 Rendas de prestação de serviços em relação às Despesas Administrativas A variável R11 tem como objetivo medir o custo das instituições, mensurando o percentual de despesas administrativas cobertas pelas receitas de prestação de serviços. A média do período retrata que 50% das despesas administrativas das instituições são cobertas por estas receitas (TABELA 8). Esta variável possui resultados bastante diversificados, mas com alguns outliers.

TABELA 8 –COMPORTAMENTO ESTATÍSTICO DE R11 (2010-2014) (%) 2010 2011 2012 2013 2014 Média do período

Média 63,62 53,19 43,78 44,36 45,07 50,00

Mediana 45,76 36,28 37,72 35,69 33,78 37,84

Mínimo 0,11 0,19 0,10 0,09 0,15 0,13

Máximo 686,05 417,72 149,89 172,78 148,80 315,05

Contagem 44 44 44 44 44

FONTE: O autor (2016)

Como demonstrado no gráfico 19, na média não há outlier inferior, ou seja, valor abaixo de -64,51% (linha vermelha). Porém, há 2 outliers superiores, valores acima de 151,19% (linha vermelha) que são o Banco Morgan Stanley que obteve taxas elevadas em 2010 e 2011 e foram normalizando no decorrer do período, mas puxou a média do período

para 254,91%; e o Banco BTG Pactual que também obteve R11 considerável, acima da média nos anos de análise e na média foi de 153,23%.

GRÁFICO 19 – R11 MÉDIO POR INSTITUIÇÃO

FONTE: O autor (2016)

Em relação aos resultados de R11 por tipo de instituição, observa-se na tabela 12 que os conglomerados financeiros possuem melhor desempenho em relação às instituições independentes. Bancos de controle estrangeiro também administram melhor esse custo em relação às companhias de controle nacional. E companhias de capital aberto administram melhor em detrimento das de capital fechado.

TABELA 9 – R11 MÉDIO POR TIPO DE INSTITUIÇÃO (2010-2014) Bancos Média (%)

Conglomerado 28 59,69

Independente 22 33,05

Controle Público 10 42,61

Controle Privado Nacional 21 37,54 Controle Privado Estrangeiro 19 63,73

Capital Fechado 35 49,87

Capital Aberto - Tradicional 8 60,02

Capital Aberto - Nível 1 3 46,63

Capital Aberto - Nível 2 3 23,46

Capital Aberto - Novo Mercado 1 63,60 FONTE: O Autor (2016)