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CAMPO GRANDE: PORCENTAGEM DOS ESTABELECIMENTOS POR TIPO DE ATIVIDADE DESENVOLVIDA NO TRECHO INICIAL DA 14 DE JULHO –

Tipo de atividade desenvolvida Trecho Inicial

%

Prédios desocupados 40 21,62

Comércios e serviços direcionados ao ramo de veículos automotores 31 16,76 Profissionais liberais, serviços públicos e outros ramos de prestação de serviços 27 14,59

Prédios residenciais 21 11,35

Comércios e serviços direcionados ao ramo de lanchonetes, restaurantes e lazer 14 7,57 Comércios e serviços direcionados ao ramo de móveis e decorações 11 5,95 Comércios e serviços direcionados ao ramo de materiais de escritórios 8 4,32 Comércios e serviços direcionados ao ramo de saúde e beleza 8 4,32

Outros ramos de comércios 7 3,78

Outros ramos de serviços e industrias 6 3,24 Comércios e serviços direcionados ao ramo da construção civil 5 2,70

Lotes vagos 3 1,62

Ambulantes 3 1,62

Bancas/barracas 1 0,54

Comércios e serviços direcionados ao ramo da moda 0 0,00 Comércios e serviços direcionados ao ramo de ótica, relógios e jóias 0 0,00 Comércios e serviços direcionados ao ramo de fotos, celulares e eletrônicos em geral 0 0,00 Comércios e serviços direcionados ao atendimento de fazendas 0 0,00 Galerias com múltiplas atividades 0 0,00

Total 185 100,00

Os 1300 metros da 14 de Julho, entre a rua 26 de Agosto e a travessa Themístocles Brasil, que dá acesso à estação ferroviária, é o único dos três trechos analisados que existe desde a primeira planta da cidade de 1909. Como a parte mais antiga da rua, esses 10 quarteirões representam em suas fachadas todas as marcas de um passado grandioso deixadas na paisagem. São prédios antigos que, embora degradados ou quase totalmente desfigurados, ainda demonstram a imponência de outrora. O primeiro deles, na esquina com a rua Cândido Mariano teve a sua obra terminada em 1939, então como o maior e mais elegante prédio da cidade. Levando o nome do seu proprietário José Abraão, nos seus dois andares instalou-se o Hotel Americano, que apesar da precariedade, continua em funcionamento até os dias de hoje, ficando o térreo destinado a algumas lojas. No final da Segunda Guerra Mundial, na esquina com a avenida Afonso Pena, foi construído o primeiro prédio com elevador de Campo Grande. O edifício Olinda que, embora com o funcionamento de uma farmácia no seu nível térreo, encontra-se totalmente desocupado nos demais pisos, ainda mantém suas características originais com quatro pavimentos próprios para escritórios e cobertura, abrigou desde a sua inauguração o Bar Cinelândia, um dos mais importantes pontos de diversão e encontros da elite campo-grandense. O edifício Nakao, no cruzamento com a Dom Aquino, inicialmente tinha o nome de Santa Elisa e foi construído em 1948, exclusivamente para abrigar salas comercias. Com os seus seis andares, tornou-se o mais alto prédio da cidade, superando o Olinda.

Embora ainda restem outros prédios, também imponentes, ao longo desse trecho da 14 de Julho, como o das Casas Pernambucanas ou o da Casa Said Name, ambos construídos em 1939, os três edifícios anteriormente citados traduzem dupla representação. Ao mesmo tempo em que representavam a riqueza proveniente do grande volume de mercadorias circulantes pela rua, já que eram os maiores e mais suntuosos prédios da cidade nas suas épocas, representam também a importância do trem. Após observações feitas por alguns comerciantes, é possível verificar que os três prédios em questão estão construídos em esquinas e têm a sua fachada principal voltada para o norte, em direção à estação da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, concretizando assim, em formas arquitetônicas, toda a expectativa que a população da cidade tinha com a chegada do trem.

Talvez a mais importante das marcas deixadas pelo dinamismo econômico, político e social da rua 14 de Julho na sua paisagem, não esteja em nenhum grandioso prédio, mas no chão, ou melhor dizendo, no seu asfalto. Ela começou a ser asfaltada pelo método macadame32, ainda em 1928, num rasgo de precocidade, se comparada com outras cidades brasileiras daquela época. Segundo Paulo Coelho Machado, o intendente Manoel Joaquim de Morais, procurando externar toda a satisfação da população do lugar com o início das obras, exclamou:

Com a execução deste extraordinário melhoramento, que há longo tempo constituía uma das mais acariciadas aspirações do nosso povo, remove o último obstáculo que ainda entrava a marcha brilhante do seu desenvolvimento.33

Nos dias atuais, como pode ser observado no quadro 4, o trecho central da 14 de Julho apresenta uma forte concentração de comércios e serviços direcionados para o ramo da moda, representando mais de 30% dos itens registrados na pesquisa. Se forem adicionados às lojas de roupas, sapatos e acessórios, os estabelecimentos que vendem óculos, relógios e jóias, que também estão diretamente ligados à moda, esse percentual chega próximo aos 40%.

Os mais de 8% dos itens que representam os estabelecimentos, que estão direcionados ao ramo de móveis e decorações, diferem substancialmente daqueles apontados no trecho inicial, pois dizem respeito às lojas voltadas para venda de artigos populares – Casas Bahia por exemplo – com variadas formas de financiamentos, amplamente divulgadas nos meios de comunicação.

Se a esses três tipos de atividades econômicas, forem somados os bares, restaurantes e lanchonetes, típicos de centro de cidades e ainda os

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processo de pavimentação inventado na Inglaterra por Mac Adam, constituído de uma ou mais camadas de pedra britada, compactada por máquinas pesadas, adicionada de piche ou massa asfáltica.

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MACHADO, Paulo Coelho. A Rua Principal... p. 21/22

Cabe ressaltar que o asfalto chegou em Campo Grande, antes mesmo do paralelepípedo, que só foi utilizado em 1947 nas imediações da estação ferroviária, incluindo a travessa de acesso e a travessa da vila dos ferroviários, assim com na rua Y Juca Pirama (atual Cândido Mariano), do outro lado do córrego Segredo. Atualmente, esse tipo de calçamento resta apenas nas imediações da antiga estação do trem, sendo que na rua Cândido Mariano, durante a década de 1970, retiraram-se os paralelepípedos e o seu canteiro central, substituindo-os pelo calçamento asfáltico e uma faixa pintada ao centro, dando-se sempre a desculpa de que os mesmos atrapalhavam o trânsito. Interessante que no início da década de 1990, a prefeitura foi obrigada a reconstruir o canteiro central, desta vez já sem as frondosas árvores de outrora e novamente a desculpa foi a melhor circulação de veículos.

estabelecimentos voltados ao comércio de celulares, fotos e eletrônicos em geral, tem-se um percentual próximo de 60% de atividades que refletem diretamente nas calçadas do trecho central da rua 14 de Julho. Elas possibilitam uma intensa movimentação de pedestres, que entrando e saindo das lojas, em busca de variedades e preços menores, atraem vendedores ambulantes de pequenas peças vendidas nas próprias mãos e de entregadores de panfletos com todos os tipos de ofertas e promoções.

QUADRO 4

CAMPO GRANDE: PORCENTAGEM DOS ESTABELECIMENTOS POR TIPO DE ATIVIDADE