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Agrupam-se aqui a serra da Estrela e as serras mais altas do norte do país. A altitude média é de 850 m e a máxima ultrapassa sempre os 1200 m. O substrato é predominantemente granítico e as precipitações médias são sempre superiores aos 1000 mm, ultrapassando, nas serras da chamada “barreira de condensação”, os 2000 mm.

Dominam as áreas florestais ou áreas de pastagem em mosaico com formações subarbustivas (tojal e urzal), localizadas geralmente em zonas de altitude e percorridas por efectivos bovinos, ovinos e/ou caprinos.

A agricultura está geralmente associada a depressões planálticas e combina o cereal de sequeiro (centeio), com a batata e os lameiros, geralmente irrigados. As culturas permanentes, sobretudo a vinha e o olival, encontram-se tipicamente ausentes da “montanha” ou “terra fria”, em claro contraste com a sua presença na “ribeira” ou “terra quente” dos vales circundantes.

Áreas classificadas incluídas

1. Peneda/Gerês (ZPE e SIC)

2. Montesinho/Nogueira (ZPE e SIC) 3. Alvão/Marão

4. Serra da Estrela 5. Montemuro

Caracterização dos valores naturais

Este é um grupo bastante homogéneo, caracterizado pela presença mais ou menos generalizada de elementos de alta montanha. Entre os habitats característicos deste grupo destacam-se as águas estagnadas com da Littorelletea uniflorae e/ou da Isoeto-Nanojuncetaceae (3130), as charnecas húmidas com Erica ciliaris e Erica tetralix (4020), as charnecas secas europeias (4030), as charnecas oromediterrânicas endémicas com giestas espinhosas (4090), os prados oro-ibéricos de Festuca indigesta (6160), os prados de fenos pobres (6510), as pradarias com Molinia (6410), as turfeiras de transição e turfeiras ondulantes (7140), as vertentes rochosas siliciosas (8220) e os carvalhais galaico-portugueses de Quercus robur e Quercus pyrenaica (9230). É também característica deste subgrupo a presença de espécies da flora que têm pouca representatividade noutros Sítios, designadamente Veronica micrantha, Narcissus asturiensis, Festuca elegans, e . Em termos faunísticos, estão presentes várias espécies características do

Norte de Portugal, as quais não são de todo exclusivas deste grupo. Contudo, destaca-se a presença generalizada de espécies como Chioglossa lusitanica, Lacerta schreiberi, Galemys pyrenaica e Canis lupus.

Representatividade

Este tipo representa 22% da superfície terrestre, 11% da SAU, 30% da superfície florestal estreme e 4% da superfície de “montado”, da rede Natura 2000 em Portugal Continental.

Grandes usos do território

A agricultura e o pastoreio mais regular utilizam, em média, apenas 15% da superfície terrestre, enquanto que a floresta estreme ocupa, em média, 51% da mesma. Os restantes 34% do território terrestre incluem extensas áreas de vegetação herbácea, em mosaico com formações subarbustivas, que, pelo menos em parte, são percorridas pelo gado.

Usos da superfície florestal

No total da superfície das áreas deste tipo, o coberto florestal representa 53%. Em termos florestais, este tipo apresenta grande diversidade, tendo em conta a influência atlântica, a continentalidade e a altitude. De referir que se trata, essencialmente, de floresta estreme.

A floresta representa sempre mais de 40% da superfície, mas atinge valores superiores na Serra da Estrela (65%), em Montemuro (55%) e no Alvão/Marão (58%). Em termos globais, o pinheiro-bravo é a essência mais representada, abrangendo 40% da área arborizada, seguida dos carvalhos (27%), nos quais há a destacar o carvalho roble, nas áreas atlânticas, e o carvalho negral, nas maiores altitudes e nas serras do interior, e, ainda, as outras folhosas (16%), que incluem um conjunto de essências (freixos, amieiro e bétula, choupos, salgueiros, aceres, etc.) relacionadas com matas ripícolas, lameiros e zonas de solos mais desenvolvidos e férteis. Outras espécies, como o castanheiro ou algumas resinosas (outros pinheiros, pseudotsugas, larícios, abetos), ocorrem de forma mais localizada, relacionadas com características específicas como a altitude, o solo ou os usos locais.

Do conjunto das áreas, Montemuro, o Gerês e Montesinho são as áreas em que as quercíneas, as outras folhosas e o castanheiro (no caso de Montesinho) ocupam mais de 50% do coberto florestal. Nos restantes casos, o pinheiro-bravo domina, representando 82% na Serra da Estrela e 51% no

Usos da superfície agrícola utilizada (SAU)

As terras aráveis ocupam, em média, 32% da SAU, os prados e pastagens permanentes, 55%, e as culturas permanentes, 16%.

Nas terras aráveis, é praticada uma agricultura tradicional, algo intensiva em trabalho, mas em que o regadio tem pouco peso. Os principais usos da terra arável são: as forragens anuais, com 16% da SAU, e os cereais de sequeiro (centeio), com 13%.

No que se refere às culturas permanentes, o castanheiro ocupa 16% da SAU, em Montesinho/Nogueira; o olival apenas tem expressão significativa nas encostas da Serra da Estrela (14%); e a vinha, no Alvão/Marão e no Montemuro (10-13%).

O regadio representa, em média, cerca de 36% da SAU e encontra-se sobretudo associado às áreas de lameiros.

Orientação produtiva das explorações agrícolas

Nestas áreas classificadas, a especialização principal das explorações agrícolas é a pecuária extensiva de bovinos, ovinos e caprinos, que representa, em média 58% da SAU, percentagem esta que só é claramente inferior à média em Montesinho/Nogueira (serras mais secas e continentais). Na maior das áreas deste tipo, as explorações de pecuária extensiva são mistas (diversas espécies): só na Serra da Estrela existe alguma especialização ovina (37% da SAU), e nas do Gerês e do Montemuro, bovina (20 e 12% respectivamente).

Em Montesinho, apresentam peso apreciável as orientações fruticultura (13%) e culturas permanentes mistas (28%); em ambas, o castanheiro joga papel fundamental.

Intensidade dos usos agrícolas

O índice de intensidade cultural assume um valor mediano (cerca de 1 cultura por ano) e o índice de intensidade económica da terra é de 67% da média comunitária, indicando um significativo nível de emprego (cerca de 24 UTA/100ha), o qual torna possível manter engenhosos sistemas colectivos de regadio e de pastoreio – peças chave para a sustentabilidade do sistema agro-pastoril.

Dinâmica do uso agrícola e sua sustentabilidade futura

Na década de 90, registou-se, nas áreas classificadas deste tipo, um elevado abandono da superfície utilizada pela agricultura, que pode ser estimado em cerca de 23% (a superfície de pastagem pode, contudo, ter aumentado).

Com 34% da SAU incluída em explorações de média ou grande dimensão económica e 37% da SAU gerando um rendimento do trabalho agrícola igual ou superior a 75% da média comunitária, é frágil a sustentabilidade económica futura de uma parte importante da SAU. A situação é aparentemente um pouco melhor que a média, nas Serras do Gerês e Alvão, devido à existência de importantes áreas de pastagem comum (baldios) de razoável qualidade pastoril.

A área média por exploração é de 8 hectares, valor pouco sustentável, no contexto de sistemas algo extensivos de montanha. As pequenas e muito pequenas explorações representam 97% do número de explorações e 66% da SAU. O ajustamento estrutural das explorações agrícolas está, em grande parte, bloqueado, pelo que a questão central para a sustentabilidade económica dos sistemas agro-pastoris de montanha é a da gestão eficiente das amplas superfícies de pastagem comum disponíveis nalgumas das áreas.

A natureza da actividade agrícola nestas áreas leva-nos a concluir que a dinâmica futura dos usos agrícolas será, neste tipo de áreas classificadas, pouco sensível ao desligamento das ajudas directas, excepto no que se refere ao pastoreio de rebanhos de ovinos e caprinos de carne.

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