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Áreas de peneplanície ou de serra com altitude máxima reduzida (inferior a 500 m), à excepção da Serra de S. Mamede (1000 m), e altitude média inferior a 400 metros. Possuem, como principal característica agrícola e florestal, o domínio de formações de sobreiro e azinheira, com densidades variáveis, e a utilização agrícola do subcoberto sobretudo pela exploração pecuária extensiva, que utiliza metade da área florestal.

Áreas classificadas incluídas 1. S. Mamede 2. Cabeção 3. Monfurado 4. Cabrela

5. Nisa / Lage da Prata 6. Moura / Barrancos

7. Tejo Internacional, Erges e Ponsul 8. Moura/Mourão/Barrancos

Caracterização dos valores naturais

Os valores naturais desta área estão muito associados à presença de grandes áreas de montado de sobro e azinho (6310), sendo também muito frequentes os matos termomediterrânicos pré-desérticos (5330), os charcos temporários mediterrânicos (3170), as subestepes de Thero-Brachypodieta (6220), as pradarias húmidas mediterrânicas (6420), e as florestas de Quercus suber (9330) e de Quercus rotundifolia (9340). Também ocorrem muitos habitats associados aos cursos de água mediterrânicos, incluindo os freixiais termófilos (91B0), as florestas aluviais de amieiro (91E0), as florestas galeria de Salix alba e Populus alba (92A0), os cursos de água mediterrânicos com Paspalo-Agrostidion (3280 e 3290), entre outros. Em termos de espécies, as espécies da Directiva Habitats mais características deste grupo incluem Microtus cabrerae e Lynx pardinus. Relativamente às aves este grupo é bastante heterogéneo, sendo caracterizado pela presença de algumas aves de rapina e de aves estepárias.

Representatividade

Este tipo representa 20% da superfície terrestre, 35% da SAU, 21% da superfície florestal estreme e 65% da superfície de montado da rede Natura 2000 em Portugal Continental.

Grandes usos do território

A agricultura e o pastoreio utilizam 54% da superfície terrestre do tipo (máximo de 70% em Moura/Mourão/Barrancos), dos quais cerca de metade (26%) corresponde a aproveitamentos agrícolas e pastoris do subcoberto de povoamentos de sobro e azinho, isto é, montado. A floresta estreme ocupa, em média, uma área (26%) semelhante à de montado. Os restantes 20% do território terrestre consistem sobretudo em formações herbáceas e arbustivas diversas.

Usos da superfície florestal

A floresta representa, assim, 51% da superfície do conjunto das áreas deste tipo, predominando a floresta estreme em Nisa, S. Mamede e Tejo Internacional e a floresta com culturas sob coberto nas restantes, sendo que é em Moura/Mourão/Barrancos que o equilíbrio é maior e que o peso da área florestal é máximo (cerca de 70%). Em termos de espécies, o sobreiro predomina com percentagens superiores a 40% (atingindo os 60% em Nisa e os 80% em Monfurado e Cabeção), predominando a azinheira apenas em Moura/Mourão/Barrancos (85%) e o eucalipto (45%) no Tejo Internacional. Mesmo neste último caso, as duas quercíneas em conjunto ultrapassam os 50% da área. De referir que S. Mamede, em virtude da altitude, apresentava a ocupação de 14% da área com pinheiro-bravo.

Usos da superfície agrícola utilizada (SAU)

As terras aráveis ocupam, em média, 34% da SAU, os prados e pastagens permanentes 60%, e as culturas permanentes 10% (máximo de 20% em Moura/Barrancos).

Nas terras aráveis, é praticada uma agricultura muito extensiva de sequeiro. Os principais usos da terra arável são: o pousio (14% da SAU), os cereais (8%) e as culturas forrageiras anuais (11%).

O olival é a única cultura permanente com alguma expressão em termos de uso do solo, atingindo um máximo de quase 20% da SAU em Moura/Barrancos, situando-se entre 10 e 15%, no Tejo Internacional, S. Mamede e Nisa, e abaixo de 7% em Cabeção, Cabrela e Monfurado.

Orientação produtiva das explorações agrícolas

A pecuária extensiva constitui a orientação produtiva dominante das explorações agrícolas deste tipo de áreas classificadas: as explorações especializadas em pecuária extensiva ocupam, em média, 61% da SAU, percentagem que sobe para 97% em Monfurado. Dentro desta orientação geral, as explorações especializadas em bovinicultura ocupam, em média, 23% da SAU (máximo de 58% em Monfurado), as especializadas em ovinicultura, 15% (máximo de 44% no Tejo Internacional), e as mistas, 23% (máximo de 35 % em Nisa).

Além das explorações especializadas em pecuária extensiva, só as mistas de cereais e pecuária extensiva (11% da SAU), as especializadas em olivicultura (11%) e as mistas de olival e pecuária extensiva (8%) têm alguma expressão significativa em termos de uso do solo. Em Mourão/Moura/Barrancos, as explorações especializadas em suinicultura atingem também expressão significativa (9% da SAU).

Intensidade dos usos agrícolas

O índice de intensidade cultural relativamente baixo (cerca de 0,9 culturas por ano) e, sobretudo, o índice de intensidade económica da terra muito baixo (18% da média comunitária) reflectem o carácter extremamente extensivo da produção agrícola e pecuária neste tipo de áreas classificadas, do qual resulta também um baixíssimo nível de emprego (cerca de 2 UTA/100ha).

Dinâmica do uso agrícola e sua sustentabilidade futura

Na década de 90, registou-se, nas áreas classificadas deste tipo, uma manutenção ou ligeiro acréscimo da superfície utilizada pela agricultura e pelo pastoreio, sendo que nenhuma das áreas registou declínio de SAU.

Cerca de 3/4 da SAU está incluída em explorações de média ou grande dimensão económica e quase 1/2 da SAU gera um rendimento do trabalho agrícola igual ou superior a 75% da média comunitária, o que reflecte alguma sustentabilidade económica futura de uma parte significativa da SAU destas áreas.

O declínio no número de explorações durante a década de 90 permitiu um aumento médio de 34% da área média por exploração para 66 hectares em 1999 (máximo de 161 hectares em Cabrela). Apesar de as pequenas e muito pequenas explorações representarem 86% do número de explorações, elas apenas incluem 26% da SAU. Assim, o ajustamento estrutural das explorações agrícolas parece prosseguir a um ritmo capaz de manter a sustentabilidade económica do uso de uma parte significativa da SAU.

A natureza das actividades agrícolas regionais, permite-nos concluir que a dinâmica futura dos usos agrícolas será, neste tipo de áreas classificadas, pouco sensível ao desligamento das ajudas directas, o qual deverá apenas ter uma incidência local naquelas explorações em que a pecuária extensiva de ovinos, o olival ou os cereais tenham maior peso económico.

Contudo, a disponibilidade de direitos adicionais a prémio às vacas aleitantes, no contexto da reforma da PAC de 2003, cria um incentivo significativo à reconversão de terras aráveis em pastagem permanente, ao aumento dos encabeçamentos e, sobretudo, à substituição de ovinos por bovinos.

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