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Este tipo compreende as áreas classificadas situadas no Maciço Calcário Extremenho, na Arrábida/Espichel e no Barrocal Algarvio, bem como o sítio das Minas de Santo Adrião.6 A litologia calcária é um traço comum a todas as áreas deste tipo.

O tipo é constituído por serras, promontórios ou vales de ribeiras, de altitude média abaixo dos 400 m. A proximidade do mar faz-se sentir principalmente pelos níveis de precipitação, cuja média se situa sempre acima dos 600 mm. O calcário acentua, no entanto, a secura edáfica e as águas superficiais escasseiam. As grutas e o escoamento subsuperficial das águas são elementos centrais da paisagem cársica.

Foi excluído deste grupo o Caldeirão, apesar de em algumas análises demonstrar com ele bastantes afinidades. Esta opção foi tomada devido à serra do Caldeirão ser xistosa e não calcária, apresentando portanto valores e usos do solo bastantes diferentes das outras áreas deste grupo. Desta forma, assumiu-se que os resultados obtidos derivaram de insuficiente informação relativamente aos valores e a artefactos dos dados agro-florestais. Quanto aos valores naturais, as afinidades poderão ter sido estabelecidas devido a similaridades nas comunidades piscícolas e em alguns morcegos, sendo contudo a maioria da área claramente dos territórios calcários adjacentes. Os artefactos decorreram provavelmente dos dados agro-florestais terem sido obtidos ao nível da freguesia e de as freguesias do Caldeirão ocuparem frequentemente áreas de barrocal, o que leva a que sejam estabelecidas afinidades devido à presença destas últimas.

O sítio Arade/Odelouca apresenta áreas calcárias e não calcárias. Apesar disso, decidiu-se neste caso aceitar os resultados das análises, uma vez que é uma área pequena e parte dos seus valores são partilhados com outras áreas do sul do Algarve.

Áreas classificadas incluídas

1. Arade / Odelouca 2. Arrábida/Espichel 3. Barrocal 4. Cabo Espichel 5. Cerro da Cabeça 6. Minas de St. Adrião

6 Esta última área é muito heterogénea face às restantes no que se refere a muitas das variáveis utilizadas para caracterizar os usos agrícolas e florestais, pelo que se exclui geralmente dos comentários que se seguem

7. Ribeira de Quarteira 8. Serra de Montejunto 9. Serras d'Aire e Candeeiros 10. Sicó/Alvaiázere

Caracterização dos valores naturais

Os valores naturais deste grupo estão principalmente associados aos habitats e espécies característicos de áreas calcárias. Os morcegos cavernícolas tendem a ser um dos elementos mais típicos deste grupo de sítios, incluindo espécies como Miniopterus schreibersii, Rhinolophus hipposideros, Rinolophus mehelyi, Myotis blythii, e Myotis myotis. Em termos florísticos, dominam as espécies calcícolas, se bem que apenas Narcissus calcicola tenha uma distribuição generalizada dentro do grupo. Outras espécies preferencialmente calcícolas, como Arabis sadina, Juncus valvatus, e Silene longicilla, tendem a estar confinados a subgrupos de sítios. Em termos de habitats, os elementos diferenciais também estão associados à presença de substratos calcários, incluindo por exemplo as grutas não exploradas pelo turismo (8310), as florestas de Quercus rotundifolia (9340), os carvalhais ibéricos de Quercus faginea (9240), os prados secos de Festuco-Brometalia (6210), os prados rupícolas calcários (6110), as vertentes rochosas calcárias com vegetação casmofítica (8210), e as lajes calcárias (8240), entre outros menos bem representados.

Representatividade

Este tipo representa cerca de 7% da superfície terrestre total, 4% da SAU, 6% da superfície florestal estreme e 1% da superfície de montado da rede Natura 2000 em Portugal Continental.

Grandes usos do território

A agricultura e o pastoreio utilizam cerca de 21% da superfície terrestre destas áreas. A floresta é apenas significativa no Maciço Calcário e na Arrábida/Espichel (níveis mais elevados de precipitação), onde ocupa entre 27% e 35% da superfície terrestre. O montado tem apenas alguma expressão na Arrábida (6%). A restante superfície terrestre destas áreas está ocupada por mosaicos de vegetação herbácea, subarbustiva e arbustiva, em que se incluem também áreas abandonadas de olival e/ou de pomar misto de sequeiro.

Usos da superfície florestal

A área florestal é de 22%, inferior à taxa de arborização média nacional, o que se relaciona com as limitações que o calcário impõe. Em termos de distribuição das diferentes espécies, este factor traduz-se, assim, numa reduzida representatividade do sobreiro, substituído pela azinheira e, principalmente, por outras quercíneas mais adaptadas às diferentes condições (Quercus faginea e Quercus pyrenaica), quercíneas estas substituídas por outras folhosas de características mais mediterrâneas na Arrábida e no Barrocal. O pinheiro-bravo é a espécie que predomina nas serras do Maciço Calcário Estremenho, aproveitando as vertentes mais atlânticas e os solos mais ligeiros mas, em termos de área global (35%), apresenta uma área equivalente às quercíneas e outras folhosas típicas da vegetação mediterrânea (40%). O eucalipto, tal como, em determinadas áreas, o pinheiro-bravo, encontra-se em estações desadequadas, constituindo povoamentos cujas condições aconselham a sua substituição. Os incultos apresentam um peso em termos de área superior ao da floresta, com tendência para o seu aumento em resposta à regressão da área agrícola.

Usos da superfície agrícola utilizada (SAU)

A paisagem agrária das Terras Calcárias é o domínio do pomar extensivo de sequeiro e do olival, com as excepções vitícolas e pastoris das Serras da Arrábida e Montejunto. De facto, com excepção destas mesmas serras, as culturas permanentes ocupam sempre mais de metade da SAU: cerca de 60% no Maciço Calcário e 80% nas áreas do Barrocal Algarvio. As culturas permanentes predominantes são a vinha na Arrábida e Montejunto, o olival nas restantes áreas do Maciço Calcário Estremenho, e os frutos secos e citrinos nas áreas do Barrocal Algarvio.

As terras aráveis – em parte, sob coberto de olival – ocupam entre 40 e 60% da SAU, no Maciço Calcário, e menos de 17% da SAU no Barrocal Algarvio. As culturas forrageiras anuais (em média, 15% da SAU), os pousios (9%) e os cereais (7%) ocupam a maior parte da terra arável.

Os prados e pastagens permanentes apenas têm um peso significativo na Arrábida/Espichel (40%), ocupando 10-15% da SAU no Maciço Calcário e sendo praticamente inexistentes nas áreas do Barrocal Algarvio.

O regadio tem alguma expressão, representando, em média, cerca de 27% da SAU.

Orientação produtiva das explorações agrícolas

A especialização das explorações agrícolas apresenta 4 padrões distintos:

• Especialização em fruticultura (57-97% da SAU) e culturas permanentes mistas (3-38% da SAU), nas áreas do Barrocal Algarvio;

• Especialização em olivicultura (13-24%), culturas permanentes mistas (21%), e pecuária extensiva (11-31%), com 7-13% da SAU em policultura, no Maciço Calcário (Aires e Sicó);

• Especialização em pecuária extensiva (33%), sobretudo ovinos, e viticultura (13%), com 15% da SAU em policultura, na Arrábida/Espichel;

• Especialização em viticultura (68%) na Serra de Montejunto.

Intensidade dos usos agrícolas

O índice de intensidade cultural é médio (aproximadamente uma cultura por ano) e o índice de intensidade económica da terra é elevado (cerca de 1,8 vezes a média comunitária). Tais indicadores traduzem essencialmente um elevado nível de emprego de trabalho (cerca de 25 UTA/100ha) e não um nível elevado de intensidade no que se refere aos inputs químicos ou à alimentação animal comprada (com algumas excepções, muito localizadas, como a suinicultura, no Maciço Calcário, ou a citricultura, no Barrocal).

Dinâmica do uso agrícola e sua sustentabilidade futura

Na década de 90, a tendência foi de uma certa estabilização do uso do solo pela agricultura e pelo pastoreio, com excepção de duas áreas do Maciço Calcário (Sicó/Alvaiázere e Aires/Candeeiros), em que a SAU sofreu um declínio de 20%.

Com pouco mais de 1/3 da SAU incluída em explorações de média ou grande dimensão económica e apenas 1/3 da SAU gerando um rendimento do trabalho agrícola igual ou superior a 75% da média comunitária, a sustentabilidade económica futura de uma grande parte da SAU afigura-se problemática. A situação é um pouco melhor que a média do tipo, no Barrocal Algarvio, e claramente pior que a média no Maciço Calcário.

O ajustamento estrutural das explorações agrícolas tem sido lento e não promete resolver rapidamente estas fragilidades. Assim, apesar de um declínio de aproximadamente 30% no número de explorações e no emprego agrícola, durante a década de 90, a área média por exploração é ainda de 6 hectares, e as pequenas e muito pequenas explorações representam mais de 90% do número de explorações e quase 2/3 da SAU.

A natureza das actividades agrícolas principais, leva-nos a concluir que a dinâmica futura dos usos agrícolas se afigura muito pouco sensível ao desligamento das ajudas directas, exceptuando-se

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