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3. GEOLOGIA LOCAL E PETROGRAFIA

4.3. Granulito monzogranítico-charnockitico (MCH2)

Na caracterização geoquímica dos granulitos monzogranítico-charnockíticos (MCH2) utilizou-se 22 amostras (Anexo 3). São rochas ácidas que apresentam teores de SiO2 variando de69.20 a 74.70% (média de 72.71%), quando comparadas

com os outros granulitos da área (MCH1, MCH3 e MCH4) (Anexo 3), apresentam teores, relativamente mais baixos de silício. Nas análises desses granulitos destacam-se o Al2O3 com teores variando de 12.30 a 13.10% (média de 13.22%), e

o Fe2O3 com teores situados entre 3.18 a 6.59% (média de 3.57%). Inversamente

observa-se baixos teores de MgO, que variam de 0.14 a 0.33% (média de 0.21%). Os resultados analíticos dos elementos traço das amostras dos granulitos (MCH2) mostram que alguns elementos apresentam valores destacados positivamente, em relação aos outros granulitos, como por exemplo, o Ba, P, Zr, Rb, e Ce.

No diagrama ternário Q-A-P normativo de Streckeisen (1976) (Figura IV.15), contendo os trends cálcio-alcalino de baixo e intermediário K de Lameyre & Bowden (1982), verificou-se que as amostras desses granulitos (MCH2) concentraram-se no domínio dos monzogranítos-charnockíticos, além de situarem-se entre os trends cálcio-alcalino intermediário e de baixo K de Lameyre & Bowden (1982). Essa classificação pode ser confirmada se comparados esses resultados com o diagrama modal (Figura III.6).

Quando plotadas as amostras desse granulito (MCH2) no diagrama ternário (AFM) de Invine & Baragar (1971) (Figura IV.16), com os trends toleítico (TH), cálcio- alcalino (CA) e alcalino (AL), elas se situam próximo à linha (AF) do diagrama, sendo os termos menos diferenciados próximos da zona de transição toleítica/cálcio- alcalina, embora os termos mais diferenciados situem-se no campo cálcio-alcalino.

De acordo com a classificação de Shand (1943) as amostras dos granulitos (MCH2) (Figura IV.17) correspondem à rochas dominantemente peraluminosas, com termos metaluminosos subordinados. É possível ainda observar que as rochas que apresentam composições com maior tendência a peraluminosas, em sua maioria, correspondem às rochas mais evoluídas.

Nos diagramas bivariantes de Harker (1909) (Figura IV.18), observou-se que à medida que o teor de SiO2 aumenta há uma tendência decrescente (correlação

94 negativa) do TiO2, Al2O3, CaO, P2O5, FeOt e MgO refletindo o comportamento

compatível destes elementos com o magma durante os processos de diferenciação que geraram os protólitos do (MCH2). Em contrapartida, nota-se um acréscimo dos teores (correlação positiva) do Na2O e K2O que, ao contrário dos outros elementos

maiores, exibe um comportamento incompatível, restando no líquido magmático durante a diferenciação / cristalização fracionada.

Na interpretação dos elementos traço plotados em diagramas tipo Harker (1909), observou-se que, com o aumento dos teores de SiO2, houve uma tendência

decrescente (correlação negativa) para os elementos La, Ce, Ba, Nb,Y, Sr e Zr, que foram considerados compatíveis durante os processos de diferenciação. Por outro lado, verificou-se uma correlação positiva para o Rb, refletindo seu caráter incompatível (Figura IV.19). Com efeito, esse elemento incompatível pode entrar nas mesopertitas, que basicamente se formam no final da cristalização do magma dessas rochas, antes delas serem deformadas e recristalizadas na fácies granulito.

Em relação aos elementos Terras Raras (ETR), os espectros obtidos mostram forte enriquecimento em (ETR) leves em relação aos (ETR) pesados. Apresentam razões de La (233.23-1088.06)N de Yb (6.22-11.48)N e razões de La/Yb (30.47- 133.77)N, La/Sm (6.41-10.09)N e Eu/Yb (1.19-3.37)N, mostrando significante fracionamento, além de forte anomalia negativa do Eu, razão Eu/Eu* (0.19-0.47) (Figura IV.20).

Os pontos representativos das amostras dos granulitos (MCH2) colocados nos diagramas para a interpretação da ambiência tectônica de Pearce et al. (1984) e Pearce & Norry (1979) (Figura IV.21), nota-se que eles são predominantemente de ambiente sincolisional, embora apresentem tendência para os tipos arco magmático e intra-placa.

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Figura IV.15 Diagrama triangular Q-A-P normativo de Streckeisen (1976), com a localização das amostras do granulito (MCH2). As linhas tracejadas são de Lameyre & Bowden (1982): (A) trend cálcio-alcalino de baixo K; (B) trend cálcio-alcalino intermediário K.

Figura IV.16 Diagrama triangular A-F-M (Irvine & Baragar 1971). Th: toleítico; CA: cálcio-alcalino; AL: alcalino para os granulitos (MCH2).

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Figura IV.17 Diagrama Al2O3/(Na2+K2O) versus Al2O3/(CaO+Na2O+K2O), em moles, segundo Shand

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Figura IV.18 Diagrama SiO2 (% em peso) versus elementos maiores (% em peso), segundo Harker

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Figura IV.19 Diagrama SiO2 (% em peso) versus elementos maiores (em ppm), segundo Harker

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Figura IV.20 Espectro dos Elementos Terras Raras, normalizado pelo Condrito de Boynton (1984), para as amostras dos granulitos (MCH2)

Figura IV.21 Diagramas para a interpretação da ambiência tectônico, segundo Pearce et al. (1984) e Pearce & Norry (1979) para os granulitos (MCH2)

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4.4. Granulito monzogranítico-charnockitico (MCH1)

Para o estudo geoquímico desses granulitos foram utilizadas 07 amostras (Anexo 3). Em se tratando dos teores de SiO2, estas rochas ácidas apresentam

valores entre 70.40 e 77.00%, contra os baixos teores do MgO entre 0.14 e 0.29%. Nessas rochas destacam-se, o Al2O3 com teores variando de 12.50 a 13.30%, e o

Fe2O3 com teores de 2.96 a 5.00%. Também, verifica-se teores altos para os

elementos traço, a exemplo do Ba que varia entre 577 a 942ppm, seguido pelo Rb com valores entre 90.50 a 180ppm, o P com valores de 135 a 266ppm, o Ce com teores entre 111.10 e 176.70ppm e o La com teores de 58 a 258.30ppm (média de 98.94ppm).

No diagrama ternário Q-A-P normativo de Streckeisen (1976) (Figura IV.22), contendo os trends cálcio-alcalino de baixo e intermediário K de Lameyre & Bowden (1982), foram plotados os valores calculados da norma CIPW desses granulitos. Verificou-se que eles se dispersam no campo dos monzogranítos ou charnockitos, situando-se entre os trends cálcio-alcalino, intermediário e baixo K de Lameyre & Bowden (1982) essa classificação é confirmada, quando comparado com os valores modais das mesmas amostras (Figura III.7).

Por sua vez, no diagrama ternário (AFM) de Invine & Baragar (1971) (Figura IV.23), contendo os trends toleítico (TH), cálcio-alcalino (CA) e alcalino (AL), verifica- se que essas rochas se situam preferencialmente sobre o trend cálcio-alcalino, próximo à linha (AF) do diagrama, representando os termos menos diferenciados do magma original que formou essas rochas.

No diagrama de Shand (1943), com a separação dos corpos peraluminosos [Al2O3>(Na2O+K2O+CaO)], metaluminosos [(Na2O+K2O)<Al2O3< (Na2O+K2O+CaO)]

e peralcalinos [Al2O3<(Na2O+K2O)], verifica-se que esses granulitos situam-se no

campo peraluminoso (Figura IV.24).

Apesar de serem poucas as amostras analisadas para esses granulitos, nos diagramas binários do tipo Harker (1909), versus os elementos maiores (Figura IV.25), observa-se uma tendência decrescente (correlação negativa) do TiO2, FeOt,

MgO, CaO, e P2O5. Isso reflete o comportamento compatível destes elementos com

o magma durante os processos de diferenciação. Em contrapartida, nota-se um acréscimo dos teores (correlação positiva) do Na2O e K2O, que exibem

101 comportamento incompatível, restando no líquido magmático durante a diferenciação magmática. Em relação aos elementos traço, não foi possível na maioria deles estabelecer tendências, a não ser para o Rb, Zr, e La (Figura IV.26).

Para elaboração dos padrões dos elementos Terras Raras desses granulitos (MCH1), usou-se os valores do condrito de Boynton (1984) como fator de normalização. De forma geral, todos os espectros obtidos para os granulito monzograníticos-charnockíticos (MCH1) (Figura IV.27) mostram forte enriquecimento em (ETR) leves em relação aos (ETR) pesados, bem como a ausência de anomalia do európio, razão Eu/Eu* (0.37-1.11), sugerindo possivelmente, que o fracionamento do plagioclásio foi pouco expressivo. Também, apresentam uma pequena anomalia negativa, do Tm. Estes espectros apresentam razões de La (169.35-301.94)N, de Yb (2.87-7.18)N e, razões de La/Yb (35.19-63.10)N, La/Sm (6.51-9.65)N e Eu/Yb (2.04- 5.32)N.

No que diz respeito à ambiência tectônica, os pontos representativos das análises químicas dos elementos Rb, Y e de Nb, das amostras dos granulitos (MCH1), elementos esses considerados imóveis durante o metamorfismo, eles distribuem-se no campo arco magmático, no diagrama de Pearce et al. (1984), mas no outro, o de Pearce & Norry (1979), caem no campo sincolisional/arco magmático (Figura IV.28).

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Figura IV.22 Diagrama triangular Q(quartzo) - A(feldspato alcalino) - P(plagioclásio) normativo (STRECKEISEN 1976), com as amostras do granulito (MCH1). As linhas tracejadas são de Lameyre & Bowden (1982): (A) trend cálcio-alcalino de baixo K; (B) trend cálcio-alcalino intermediário K.

Figura IV.23 Diagrama triangular A-F-M (IRVINE & BARAGAR 1971), para as amostras do granulito (MCH1). Th: Toleítico; CA: cálcio-alcalino; AL: alcalino.

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Figura IV.24 Diagrama Al2O3/(Na2O+K2O) versus Al2O3/(CaO+Na2O+K2O), em moles, segundo

Shand (1943) para as amostras do granulitos (MCH1).

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Figura IV.25 Diagrama SiO2 (% em peso) versus elemento traço (em ppm) tipo Harker (1909) com a

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Figura IV.26 Diagrama SiO2 (% em peso) versus elementos traço (em ppm), segundo Harker (1909)

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Figura IV.27 Espectro dos elementos Terras Raras normalizado pelo Condrito Boynton 1984, com as amostras do granulito (MCH1).

Figura IV.28 Diagramas para interpretação da ambiência tectônica de Pearce et al. (1984) e Pearce & Norry (1979), com as amostras do granulitos (MCH1).

107 A comparação entre os espectros dos elementos Terras Raras, mostrou que o granulito monzogranítico-charnockítico (MCH2) é o mais fracionado com razão La/Yb (30.47-133.77)N, seguido pelo granulito (MCH4) de razão La/Yb (10.62-97.76)N, depois o granulito (MCH1) com razão La/Yb (35.19-63.10)N e, com menor fracionamento, o granulito (MCH3) de razão La/Yb (5.11-17.01)N (Figura VI.29). Os valores de ETRL e ETRP atribuíram espectros distintos a cada grupo, possibilitando a separação desses granulitos em quatro tipos referidos. De forma geral, mostram significante enriquecimento em ETR leves em relação aos ETR pesados e anomalias negativas de európio, apresentada pelos granulitos (MCH2), (MCH3) e (MCH4), fato sugestivo, de que, durante os processos de diferenciação o plagioclásio, provavelmente tenha ficado em boa parte no líquido residual. Enquanto que apenas os granulitos (MCH1) demonstram ausência de anomalia do Eu, indicando possivelmente, que o fracionamento do plagioclásio tenha sido pouco expressivo. A análise dos ETR poderia sugerir um padrão de distribuição normal para essas rochas, fato que pode ser interpretado como de processos de fusão e fracionamento, visto que o paralelismo entre os diversos padrões poderia indicar cogeneticidade entre as fácies.

Usando SiO2 como índice de diferenciação observou-se que os granulitos

(MCH4), (MCH3) e (MCH1) são rochas ácidas, cácio-alcalinas de intermediário a baixo K, estando nas proximidades das rochas mais desenvolvidas do trend cálcio- alcalino. Tendo como compatíveis os elementos maiores TiO2, Al2O3, CaO, P2O5,

FeOt e MgO e, incompatíveis K2O e Na2O. Já os elementos Terras Raras

incompatíveis são o Rb, o La e o Ce, sendo que para o granulito (MCH1) não foi possível diagnosticar. Diferentemente dos demais, o granulito (MCH3) é ácido a intermediário, cálcio-alcalino de intermediário a baixo K, com termos menos diferenciados próximo a transição toleíto cálcio-alcalino e, também são dominantemente metaluminosos. Os elementos maiores compatíveis desse grupo são CaO, P2O5 e FeOt, tendo como incompatíveis K2O e Na2O, já para os elementos

traço, destaca-se Ba, Y, Nb e Zr como elementos compatíveis e, La e Ce como elementos incompatíveis do granulito (MCH3). Em relação à ambiência tectônica, tem-se que o granulito (MCH3) é de intraplaca, o (MCH1) é predominantemente de arco magmático e, os granulitos (MCH2) e (MCH4) não mostram distinção clara, se de ambiente sincolisional ou intraplaca.

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Figura IV.29 Espectro dos elementos Terras Raras (em ppm), normalizado pelo condrito de Boynton (1984), para os granulitos monzograníticos-charnockíticos (MCH1), (MCH2), (MCH3) e (MCH4).

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4.5. Gabro (GD)

As três amostras utilizadas para caracterização desses litotipos (Anexo 3), apresentam teores de SiO2 variando de 49.60 a 54.20% e baixos teores de MgO,

variando de 0.68 a 1.60%. Ressalta-se, também teores de Al2O3 com 23.60 a 4.90%,

e CaO com teores de 8.63 a 11.50%, e apresentam baixos teores para o Fe2O3 e

TiO2. Os elementos traço, mostram altos valores para o P variando de 117 a 953

ppm, seguido pelo Sr variando de 148.70 a 217.40 ppm, pelo Ba situados entre 93 e 174ppm e pelo V com teores entre 30 e 251ppm.

O diagrama TAS de classificação de rochas plutônicas (Na2O+K2O) versus

SiO2 de Cox et al. (1979) mostra que essas rochas, básicas a intermediárias situam-

se no campo dos gabros e são de filiação toleítica subalcalina (Figura IV.30). Esta classificação é confirmada no diagrama de classificação de rochas plutônicas R1R2 de De La Roche et al. (1980), embora a amostra AB31 tenha caído no campo do gabro-diorito (Figura IV.31). Talvez esta distinção esteja relacionada ao fato deste pequeno corpo, onde foi colhida esta amostra, tenha intrudido no corpo do GB1 e esteja na zona de contato com a porção do granulito MCH1 que sobrou, resultado da intrusão do gabronorito (GB1) (Figura III.1), essa tendência diorítica pode significar alteração do plagioclásio. Não foram utilizados os diagramas de Harker (1909) em função da pequena quantidade de amostras para os gabros (GD). Do ponto de vista químico, estas amostras podem ser classificadas como gabros (GD).

Os espectros dos ETR para essas rochas (Figura IV.32), normalizados segundo condrito de Boynton (1984), mostram moderado enriquecimento em ETR leves em relação aos ETR pesados. Seu fracionamento moderado é sugerido com base nos valores das razões La(15.16-187.1)N, Yb(3.83-9.57)N e, de La/Yb(3.96- 15.55)N, La/Sm(1.97-5.07)N e Eu/Yb(3.37-3.91)N. Exibem, anomalia positiva de európio com razão Eu/Eu*(0.79-2.35), sugerindo o acúmulo de plagioclásio devido ao processo de fracionamento e, apenas a amostra AB31 demonstrou anomalia negativa do Eu, possivelmente durante os processos de diferenciação dos plagioclásios deste corpo, tenham ficado em boa parte no líquido residual. Quanto à ambiência tectônica todas as amostras situam-se claramente no domínio de arco magmático (Figura IV.33).

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Figura IV.30 Diagrama TAS de classificação de rochas plutônicas SiO2-(Na2O+K2O) de Cox et al.

(1979) com as amostras dos gabros (GD).

Figura VI.31 Diagrama de classificação de rochas plutônicas R1R2, segundo De La Roche et al. (1980) com a localização dos gabros (GD). (1.rocha ultramáfica; 2.gabro-norito; 3.gabro; 4.alcali- gabro; 5.teralito; 6.melteigito; 7.gabro-diorito; 8.monzogabro; 9.sieno-gabro; 10.essexito; 11.ijolito; 12.sieno-drito; 13.monzonito; 14.monzodiorito; 15.diorito; 16.tonalito; 17.granodiorito; 18.granito; 19.quartzo monzonito; 20.alcali-granito; 21.quartzo sienito; 22.sienito; 23.nefelina sienito).

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Figura IV.32 Espectros dos elementos Terras Raras, normalizado pelo Condrito de Boynton (1984), com a localização das amostras dos gabros (GD).

Figura IV.33 Diagramas para interpretação da ambiência tectônica de Pearce et al. (1984) e Pearce & Norry (1979), com a localização das amostras dos gabros (GD).

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4.6. Gabrodioritos (GB2)

São rochas intermediárias que apresentam teores de SiO2 variando de 53.50

a 55.90% e de MgO com teores situados entre 1.15 a 11.00%. Observa-se que os teores do Al2O3 variam de 15.00 a 22.20%, de CaO com teores variando de 6.28 a

8.00% e de Fe2O3 com teores variando de 4.28 a 10.60%. Em relação aos

elementos traço dessas amostras, apresentaram teores altos, a exemplo do P, Ba , Ce, Sr, La (Anexo 3).

Conforme mostra o diagrama TAS de classificação de rochas plutônicas (Na2O+K2O) versus SiO2 de Cox et al. (1979) essas rochas são intermediárias, de

filiação toleítica subalcalina e plotam no campo dos gabros (Figura IV.34). Por outro lado, todas as amostras situaram-se no campo de classificação dos gabrodioritos, como está representado no diagrama de classificação de rochas plutônicas R1 R2 de De La Roche et al. (1980) (Figura IV.3), que por sua vez, sugere ser o mais indicado para adoção da nomenclatura química dessas rochas.

Em função de ter sido possível obter, somente três amostras com análises químicas, não se utilizou, para os gabrodioritos (GB2) os diagramas bivariantes de Harker (1909).

Os espectros dos elementos Terras Raras (ETR) para essas rochas, normalizados pelo condrito de Boynton (1984) (Figura IV.36), apresentam forte enriquecimento em (ETR) leves em relação aos (ETR) pesados, bem como forte anomalia negativas do európio com razões Eu/Eu* (0.26-0.62), que sugerem o fracionamento do plagioclásio. E, mostram significativo fracionamento com as razões de La(50-75.48)N, de Yb(16.75-51.67)N e razões de La/Yb(2.99-22.75)N, La/Sm(2.64-6.16)N e Eu/Yb(0.58-1.23).

Não se pode chegar a uma conclusão razoável com relação à ambiência geotectônica desses gabrodioritos (GB2), uma vez que as amostras apresentam comportamentos distintos, mostrado nos diagramas para interpretação da ambiência tectônica, segundo Pearce et al. (1984) e Pearce & Norry (1979). Verificou-se que eles ficam dispersos, situando-se entre os campos sincolisional, arco magmático, intraplaca e dorsal mesoceânica (Figura IV.37).

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Figura IV.34 Diagrama TAS de classificação de rochas plutônicas SiO2-(Na2O+K2O) de Cox et al. (1979) com a localização dos gabrodioritos (GB2).

Figura IV.35 Diagrama de classificação de rochas plutônicas R1R2, segundo De La Roche et al. (1980) com a localização dos gabrodioritos (GB2). (1.rocha ultramáfica; 2.gabro-norito; 3.gabro; 4.alcali-gabro; 5.teralito; 6.melteigito; 7.gabro-diorito; 8.monzogabro; 9.sieno-gabro; 10.essexito; 11.ijolito; 12.sieno-drito; 13.monzonito; 14.monzodiorito; 15.diorito; 16.tonalito; 17.granodiorito; 18.granito; 19.quartzo monzonito; 20.alcali-granito; 21.quartzo sienito; 22.sienito; 23.nefelina sienito).

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Figura IV.36 Espectro dos elementos Terras Raras, normalizado pelo Condrito de Boynton (1984). Para os gabrodioritos (GB2)

Figura IV.37 Diagramas para interpretação da ambiência tectônica de Pearce et al. (1984) e Pearce & Norry (1979), com a localização das amostras dos gabrodioritos (GB2).

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4.7. Gabronorito (GB1)

Essas rochas são intermediárias, possuem teores de SiO2 variando de 50.70

a 57.50%, enquanto que os teores de MgO variam de 1.40 a 1.62%. Em destaque os valores do AL2O3 com teores variando de 20.10 a 24.10%, os teores do Fe2O3

situados entre 7.04 e 7.53 %, e os teores do CaO variando de 5.62 a 11.60%, os demais elementos apresentam valores relativamente baixos (Anexo3).

Quanto aos elementos traço das amostras dos gabronoritos (GB1) exibem valores do P com teores variando de 202 a 1332 ppm, seguido pelo Sr com teores situados entre 189 a 252.40 ppm, pelo Ba com teores entre 97e 283ppm, pelo Cu com teores entre 4 e 150ppm, e pelo V com teores situados entre 61 e 189ppm.

Como mostra o diagrama TAS de classificação de rochas plutônicas (Na2O+K2O) versus SiO2 de Cox et al. (1979) essas rochas classificam-se como

gabros intermediários a básicos, de filiação toleítica e subalcalina (Figura IV.38). Por sua vez, no diagrama R1 R2 de De La Roche et al. (1980) essas amostras dispersaram-se, caindo no campo do gabro-norito, do gabro e do gabro-diorito. Coniderando esse espalhamento, e a maioria das amostras terem plotado nos campos dos gabrodioritos e gabronoritos (Figura IV.39). Neste caso adotou-se a nomenclatura química do gabronorito.

O MgO foi utilizado como índice de diferenciação, onde os valores percentuais são inversamente proporcionais à evolução magmática, ou seja, quanto maior seu teor, mais primitivo e menos fracionado será o magma. Comportamento contrário é observado com o SiO2 onde, quanto maior seus teores, mais evoluídos serão os

produtos da cristalização. Assim, usando este óxido, nos diagramas bivariantes tipo Harker (1909), tanto para os elementos maiores quanto para os traço (Figura IV.41), observa-se que os teores de SiO2, TiO2, Al2O3, CaO, FeOt, P2O5 aumentam com a

cristalização (diminuição dos teores de MgO), enquanto que os teores de Na2O, K2O

e MgO, decrescem com a diferenciação magmática.

As análises químicas dos elementos traço das amostras dos gabronoritos (GB1), também foram plotadas em diagramas tipo Harker (1909), e verificou-se que os teores do Ba, Rb, Y, Nb, Sr e Zr aumentaram com a diferenciação magmática, embora na maioria, apresentem pontos dispersos, estes possuem caráter incompatível, indicando concentração no líquido residual. Em relação aos teores de

116 Ni, Cr, La e Ce, estes decrescem com a evolução magmática e consequente redução do MgO (Figura IV.42).

Os espectros dos elementos Terras Raras, normalizados para os valores do condrito de Boynton (1984), mostram moderado enriquecimento em (ETR) leves em relação aos ETR pesados, bem como anomalias positivas de európio, para as amostras AB115 (razão Eu/Eu* 1.84) e AB129 (razão Eu/Eu*1.61), que sugerem o fracionamento do plagioclásio. As demais amostras não apresentam anomalias do Eu, o que sugere o não fracionamento do plagioclásio. Também apresentam anomalias positivas do Yb e Lu e anomalias negativas do Tb e Tm. De forma geral o fracionamento dos ETR é expresso pelas razões do La (20.32-295.81)N, do Yb (2.39-18.66)N e pelas razões de La/Yb (5.71-21.52)N, La/Sm (3.95-5.15)N, Eu/Yb (1.41-5.48)N e Eu/Eu* (1.05-2.76) (Figura IV.43). Com relação à ambiência tectônica os pontos relativos aos gabronoritos (GB1) distribuem-se nos diagramas de Pearce

et al. (1984) no campodearco magmático e dorsal mesoceânica e, para o diagrama

de Pearce & Norry (1979) caem no campo sincolisional e arco magmático (Figura IV.4).

De forma análoga ao que foi realizado no capítulo da geologia local e petrografia, aqui foram reunidas as análises químicas representativas dos elementos maiores, menores e traço, referentes aos gabronoritos (GD, GB2 e GB1), juntamente com dados de outros autores que estudaram rochas gabróicas e anortositos, regionalmente à área de pesquisa (CRUZ 1989; ABRAM 1993; MACÊDO 2000; BORDINI 2003), e também, análises químicas de anortosito de bacia oceânica (ELTHON 1987), de complexo ofiolítico (KOMOR & ELTHON 1989) e de anortosito extraterrestre (LSPET 1972) (Tabela IV.1). Do ponto de vista químico os teores dos elementos maiores, traço e ETR das amostras gabróicas do maciço do Rio Piau e da intrusão da Fazenda Mirabela são em geral muito semelhantes aos teores desses mesmos elementos das amostras da área de pesquisa, confirmando a interpretação apresentada pelos dados mineralógicos modais, comparados anteriormente (Tabela III.2). Já em relação às amostras dos anortositos relacionados, não mostram semelhanças com as rochas da área de pesquisa.

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Figura IV.38 Diagrama TAS de classificação de rochas plutônicas SiO2-(Na2O+K2O) de Cox et al.

(1979) com a localização dos gabronoritos (GB1).

Figura IV.39 Diagrama de classificação de rochas plutônicas R1R2, segundo De La Roche et al. (1980) a localização dos gabronoritos (GB1). (1.rocha ultramáfica; 2.gabro-norito; 3.gabro; 4.alcali- gabro; 5.teralito; 6.melteigito; 7.gabro-diorito; 8.monzogabro; 9.sieno-gabro; 10.essexito; 11.ijolito; 12.sieno-drito; 13.monzonito; 14.monzodiorito; 15.diorito; 16.tonalito; 17.granodiorito; 18.granito; 19.quartzo monzonito; 20.alcali-granito; 21.quartzo sienito; 22.sienito; 23.nefelina sienito).

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Figura IV.40 Diagrama SiO2 (% em peso) versus elementos maiores (% em peso), segundo Harker (1909) para as amostras dos gabronoritos (GB1).

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Figura IV.41 Diagrama SiO2 (% em peso) versus elementos traço (em ppm), segundo Harker (1909) para as amostras dos gabronoritos (GB1).

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Figura IV.42 Espectro dos elementos Terras Raras normalizado pelo Condrito de Boynton (1984), para os gabronoritos (GB1).

(a) (b)

Figura IV.43 Diagramas para interpretação da ambiência tectônica de Pearce et al. (1984) em (a) e Pearce & Norry (1979) em (b), para as amostras dos gabronoritos (GB1).

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Tabela IV.1 Análises químicas de elementos maiores(%), traço (ppm) e ETR(ppm) das rochas gabroicas de Baixão de Ipiúna e exemplos de outros autores.

Origem Baixão de Ipiuna Baixão de Ipiuna Baixão de Ipiuna Rio Piau F. Mirabela F. Mirabela Potiraguá Carapussê Rio Piau Lunar Mid-Cayman Rise Bay of Island

Litologia Gabro (GD) Gabrodiorito (GB2) Gabronorito (GB1) gabronorito gabronorito gabronorito anortosito anortosito anortosito anortosito anortosito anortosito Fino

Amostra AB31 AB91 AB116 AB28-b AB43 AB100 AB77 AB78 AB115 AB125 AB129 1 2 3 4 5 6 7 8 9 SiO2 54.20 52.00 49.60 53.90 55.50 53.50 53.10 53.60 52.30 50.70 54.70 51.41 55.94 52.82 47.2 53.4 53.16 44.08 49.24 46.99 TiO2 0.70 0.83 1.09 0.37 0.12 0.46 0.69 0.73 1.01 0.85 1.16 0.85 0.33 0.20 0.33 0.52 0.42 0.02 0.05 0.03 Al2O3 23.60 24.40 24.90 15.00 22.20 16.10 22.90 22.30 23.30 24.10 22.10 24.49 15.93 16.04 30.1 22.4 24.18 35.49 26.55 33.94 MnO 0.06 0.06 0.07 0.18 0.08 0.18 0.08 0.10 0.07 0.08 0.08 0.07 0.14 0.11 0.05 0.03 0.8 0.00 0.06 0.00 MgO 0.79 0.68 1.60 11.00 1.15 7.87 1.83 2.10 1.53 1.62 1.97 1.33 5.44 10.12 0.61 1.7 1.5 0.09 6.26 0.44 CaO 8.63 10.70 11.50 6.90 8.00 6.28 10.50 9.45 9.33 11.60 7.64 11.61 9.48 11.73 14.1 11.4 11.02 19.68 12.01 16.27 Na2O 4.93 3.99 3.37 2.18 5.24 3.39 3.17 4.04 4.13 2.85 4.66 3.77 2.92 2.41 3.7 2.9 4.11 0.34 2.63 1.62 K2O 0.65 0.72 0.40 0.61 0.96 0.82 0.54 0.69 0.55 0.28 0.79 0.31 0.54 0.16 0.4 0.4 0.47 <0.01 0.06 0.03 P2O5 0.10 0.22 0.03 0.20 1.15 0.59 0.05 0.03 0.07 0.04 0.46 0.07 0.05 0.03 0.04 0 0.01 Fe2O3 0.67 0.69 0.78 1.06 0.43 1.04 0.68 0.81 0.82 0.75 0.59 4.3 0.96 0.50a FeO 6.02 6.20 6.97 9.54 3.85 9.36 6.14 7.24 7.36 6.78 5.26 7.07 4.9 5.45 1.85 6.01 5.21 0.23 3.02a SOMA 100.35 100.49 100.31 100.93 98.68 99.59 99.68 101.09 100.47 99.64 99.41 100.98 99.99 100.00 98.39 98.79 100.19 99.94 99.88 99.83 Ba 93.00 174.00 118.00 1328.0 243.00 87.00 90.00 206.00 94.00 97.00 253.00 180 334 239 6.000 Rb 1.80 3.90 2.00 19.50 6.90 20.10 5.90 5.20 3.90 2.60 5.70 5 11 6 <5 8 9 0.160 Sr 148.70 210.00 217.40 109.70 361.60 151.60 170.00 181.70 186.60 189.00 413.10 272 180 230 2675 262 278 202.00 Zr 38.30 17.50 13.70 62.20 108.30 20.00 29.40 19.60 27.30 18.30 78.00 28 61 14 89 9 30 Nb 10.40 4.40 3.40 3.50 1.90 9.90 4.70 13.10 15.50 1.70 36.80 5 5 68 4 Ni 21.00 16.60 67.90 138.90 18.40 110.40 37.70 36.20 64.70 38.70 15.90 33 230 250 22 12.200 Cr 3.00 2.00 7.00 170.00 22.00 94.00 22.00 11.00 15.00 11.00 8.00 68 270 19.300 Y 19.04 12.82 8.67 29.51 140.97 66.09 24.52 26.85 9.31 7.33 27.49 13 39 23 <3 10 7 La 58.00 16.90 4.70 15.50 364.40 57.00 18.70 23.70 13.20 6.30 73.40 4.1 8.398 2.453 2.7 8 11.76 0.130 Ce 54.20 28.80 9.30 29.90 588.00 111.20 32.20 36.60 22.50 11.50 121.20 5.54 12.09 7.770 5.4 16 14.58 0.320 Nd 40.70 13.30 4.90 15.50 220.60 56.10 13.20 15.00 9.20 5.70 52.90 3.77 7.057 3.438 2.6 8 7.57 Sm 7.20 2.80 1.50 3.70 37.20 12.90 2.80 3.70 2.10 0.80 9.10 0.75 1.037 0.763 0.38 1 1.07 0.056 Eu 1.67 1.29 1.10 0.80 4.68 1.13 1.05 1.39 1.21 0.78 4.43 0.61 0.351 0.309 0.68 0.59 1.03 0.805 Gd 5.86 2.82 1.37 4.25 35.71 13.38 3.27 4.46 1.93 0.93 7.76 0.98 1.07 0.714 0.37 1 1.05 Dy 4.40 2.47 1.73 4.70 27.09 11.40 3.27 4.46 2.23 0.89 5.42 1.23 1.043 0.869 0.21 1 1.1 Ho 0.83 0.47 0.31 1.01 5.33 2.23 0.61 0.97 0.42 0.15 0.97 0.23 0.232 0.179 0.05 0.31 0.19 Er 2.10 1.35 0.91 3.28 13.80 6.76 1.65 3.01 1.19 0.46 2.59 0.66 0.612 0.508 0.09 0.84 0.59 Yb 2.00 1.20 0.80 3.50 10.80 5.50 1.70 2.80 0.90 0.50 2.30 0.95 0.626 0.441 0.09 0.62 0.71 0.029 Lu 0.42 0.11 0.07 0.47 1.61 0.61 0.27 0.46 0.28 0.03 0.24 0.12 0.07 0.060 0.03 0.1 0.11 0.0036 AB31, AB91 e AB116. Gabros (GD), Baixão de Ipiúna, Bahia-Brasil (dados da área de pesquisa) 5. Anortosito, Maciço Anortosítico de Carapussê, Bahia-Brasil (MACÊDO 2000)

AB28-b, Ab43, e AB100.Gabrodioritos (GB2) Baixão de Ipiúna, Bahia-Brasil (dados da área de pesquisa) 6. Anortosito RP-01, Maciço do Rio Piau, Bahia-Brasil (CRUZ 1989)

AB77, AB78, Ab115, 125 e AB129. Gabronoríto (GB1), Baixão de Ipiúna, Bahia-Brasil (dados da área de pesquisa) 7 b. Anortosito ferrico granoblástico 14415 (extraterrestre - Lunar), "Genesis Rock"(LSPET 1972) 1. Gabronorito RP-23, Maciço do Rio Piau, Bahia-Brasil (CRUZ 1989)

8 b. Anortosito 611-6-1 (bacia oceânica), southern dive area (near Swan F.Z.) (Elthon 1987)

2. Gabronorito Fino, Corpo Máfico Ultramáfico da Fazenda Mirabela, Bahia-Brasil (ABRAM 1993) 9b. Anortosito NA-300U (complexo ofiolitico), North Arm Mountain, Bay of Islands, Newfoundland (Komor & Elthon 1989) 3. Gabronorito, Corpo Máfico Ultramáfico da Fazenda Mirabela, Bahia-Brasil (ABRAM 1993) a = Total Fe + FeO

4. Anortosito PO-21, Maciço Anortosítico de Potiraguá, Bahia-Brasil (BORDINI 2003)

b

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CAPÍTULO V

5. GEOCRONOLOGIA

O Bloco Jequié, tem sido alvo de inúmeros estudos geocronológicos, e isotópicos mais modernos, a partir de 1986, e desde então, variados trabalhos foram

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