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6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

6.1.6 Grau de escolarização dos genitores

Quando analisada a escolarização dos genitores dos licenciandos, verifica-se uma tendência das mães possuírem maior grau de escolarização em relação aos pais. Dessa maneira, enquanto 35% das mães possuem até o Ensino Fundamental completo, incluídas as não escolarizados (3%), o percentual de pais que possuem no máximo o Ensino Fundamental completo, igualmente incluídos os não escolarizados (5,6%), somam 48,3%. Considerando o percentual dos progenitores possuidores de maior escolarização, percebe-se igualmente que as mães são mais escolarizadas, pois aproximadamente 19% delas possui o nível superior completo e mais de 32% completaram o Ensino Médio. Quando analisado esse mesmo nível de escolarização dos pais, verifica-se que aproximadamente 9% deles possuem o nível superior e aproximadamente 26% completaram o Ensino Médio.

A Figura 15 apresenta graficamente a distribuição dos sujeitos pesquisados, de acordo com o nível de escolaridade do pai de cada um desses indivíduos. Verifica-se que a maioria dos sujeitos é filho de pai que possui um baixo nível de escolarização, sendo uma minoria os que possuem nível superior. De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, realizada pelo IBGE (2011) o brasileiro atualmente possui uma média de 7,3 anos de estudo, sendo que na Região Norte do país essa média é de 6,6 anos de estudo. Os homens brasileiros possuem uma média de 7,1 anos de estudo, sendo que os residentes nos Estados localizados na Região Norte essa média é de 6,3 anos.

GRAU DE ESCOLARIDADE DO PAI

Não resposta 3,1%

Não escolarizado 6,2%

Ensino Fundamental Incompleto 35,2%

Ensino Fundamental completo 12,8%

Ensino Médio incompleto 7,1%

Ensino Médio completo 26,2%

Ensino Superior 9,5%

Figura 15: Distribuição dos sujeitos, de acordo com o grau de escolaridade do pai.

Os dados do IBGE (2011) demonstram também que a taxa de analfabetismo brasileira é de 8,6%, sendo que no município de Santarém 11,7% da população são analfabetos, valores superiores aos encontrados na presente pesquisa, que foi de 6,2% de homens não escolarizados.

GRAU DE ESCOLARIDADE DA MÃE

Não resposta 0,3%

Não escolarizado 4,0%

Ensino Fundamental Incompleto 27,2%

Ensino Fundamental completo 9,1%

Ensino Médio incompleto 7,4%

Ensino Médio completo 32,8%

Ensino Superior 19,1%

Figura 16: Distribuição dos sujeitos, de acordo com o grau de escolaridade da mãe.

A distribuição do nível de escolarização da mãe dos sujeitos está representada graficamente na Figura 16. A análise dessa figura permite verificar que as mães dos sujeitos pesquisados possuem um maior nível de escolarização, comparadas aos pais desses sujeitos.

Esses dados vão ao encontro dos publicados pelo IBGE (2011), pois o número médio de anos de estudo das mulheres brasileiras é de 7,5 anos, sendo que na Região Norte do país essa média é de sete anos de estudo. O percentual encontrado no presente estudo, referente às mães não escolarizadas (4,0%), é inferior aos 11% de taxa de analfabetismo do município de Santarém, bem como dos 8,6% de taxa de analfabetismo feminino brasileiro.

Comparando-se os dados encontrados no presente estudo com os divulgados pelo Censo Demográfico de 2010, verifica-se que os sujeitos pesquisados provêm de famílias cujo

nível de escolarização é superior às médias nacional, da Região Norte, do Estado do Pará e do município de Santarém. A quantidade de brasileiros que possui formação em nível superior é de 8,3%, sendo que na Região Norte do país esse percentual é de aproximadamente 5%, no Estado do Pará 4% e, em Santarém, 4,7% da população alcançou uma titulação nesse nível (IBGE, 2010).

Embora as comparações demonstrem que o percentual de genitores com formação superior esteja acima das médias, a maioria dos sujeitos pesquisados atingiram um grau de escolarização superior de seus pais (pai e mãe), demonstrando assim, que a opção em cursar uma licenciatura lhes proporcionou, de certa forma, uma ascensão social e cultural.

Da forma como os dados são apresentados nas Figuras 15 e 16, tendem a mascarar eventuais diferenças que, por ventura, possam existir entre a escolaridade dos genitores dos licenciandos matriculados em diferentes cursos. Por esse motivo, procedeu-se a uma análise fatorial de correspondência (AFC), com o intuito de verificar as possíveis diferenças, semelhanças e correlações entre os níveis de escolaridade dos pais dos sujeitos pesquisados e os diferentes cursos de licenciatura nos quais esses sujeitos estavam matriculados.

A Figura 17 apresenta uma distribuição espacial, por meio de uma AFC que representa graficamente as correlações entre as duas varáveis categóricas em questão: curso de licenciatura no qual os sujeitos estavam matriculados e o grau de escolaridade desses sujeitos.

Os números inscritos dentro dos quadrados amarelos indicam os possíveis níveis de escolarização dos genitores dos sujeitos pesquisados. As letras dentro dos quadrados azuis informam os cursos nos quais esses sujeitos estavam matriculados. Os mais baixos níveis de escolaridade estão representados graficamente pelos números um, dois e três, que correspondem aos não escolarizados, os que ainda não finalizaram os estudos no Ensino Fundamental e os que possuem ou já finalizaram o Ensino Fundamental respectivamente. Da mesma maneira que os números mais elevados (quatro, cinco e seis) representam espaços associados aos níveis mais altos da escolarização (Ensino Médio ainda não finalizado, Ensino Médio integralizado o Ensino Superior).

Figura 17: AFC entre os cursos e o grau de escolarização dos genitores.

A proximidade espacial entre os quadrados azuis e amarelos demonstra uma maior correlação entre as duas variáveis analisadas: curso em que os licenciandos estavam matriculados e o grau de escolaridade de seus genitores. Dessa maneira, verifica-se que os cursos de Geografia (D), História (E), Matemática (G) e Pedagogia (I) são os mais próximos ao número dois, indicando que os pais dos acadêmicos matriculados nesses cursos são os que

possuem os graus de escolarização mais baixos, correlacionados ao Ensino Fundamental Incompleto.

Confere-se também que a escolaridade dos pais dos sujeitos matriculados nos cursos de Biologia (A), Educação Física (B), Física (C) e História (H), está mais fortemente correlacionada com os níveis educacionais mais elevados, como o Ensino Médio Completo (5) e Superior Completo (6). Analisando-se o curso de Letras (F) separadamente, é possível constatar que o mesmo está representado aproximadamente no meio do espaço entre os números um (1) e três (3), com uma pequena inclinação para esse último. Isso indica que os pais dos acadêmicos matriculados nesse curso também possuem baixa escolarização, sendo que alguns não são escolarizados e outros (mais da metade) completaram o Ensino Fundamental.

Na amostra pesquisada, percebe-se uma forte correlação entre os níveis de escolarização dos pais e a matrícula do sujeito em determinados cursos de formação de professor. Os cursos que se destinam à formação de professores generalistas, como o de Pedagogia, bem como os que formam professores para as disciplinas que compõem os currículos escolares desde os anos iniciais da Educação Básica, como a Matemática, a História, a Geografia e a Língua Portuguesa (Letras), possuem uma maior correlação com a baixa escolaridade dos pais dos licenciandos matriculados nesses cursos.

Em contrapartida, no presente estudo ocorreu uma maior inclinação para que os genitores dos acadêmicos matriculados nos cursos destinados à formação de professores para as disciplinas mais técnicas, as quais compõem o currículo das séries (ou anos) mais avançadas da Educação Básica, como a Biologia e a Física, possuíssem um nível de escolarização mais elevado. A mesma tendência ocorreu com os cursos destinados ao desenvolvimento das habilidades artísticas e culturais, como o de Música e o de Educação Física, nos quais estavam matriculados acadêmicos cujos pais possuíam uma maior escolaridade.

Como afirmam Gatti e Barretto (2009, p. 166), a bagagem cultural dos pais “[...] pode ser tomada como um indicador importante da bagagem cultural das famílias de que provêm os estudantes”. A bagagem cultural das famílias dos licenciandos, contudo, não determinam a bagagem cultural individual dos mesmos, pois a mesma foi sendo adquirida e desenvolvida a partir das suas interações sociais em diferentes ambientes, cuja família representa apenas um deles. Para Arroyo (2011, p. 126), “a posição familiar marcada pela posição de classe ou expressão concreta da condição de classe tem uma projeção decisiva não apenas na

socialização que acontece nas relações familiares, mas na socialização posterior, em outras instâncias como a rua e a escola”.

Sendo a escola um ambiente social para a aquisição e ampliação da bagagem cultural dos sujeitos, no tópico seguinte são apresentados e discutidos os dados inerentes ao tipo de escola e de curso, frequentado pelos sujeitos da presente pesquisa durante o Ensino Médio.