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Grupo colaborativo e desenvolvimento profissional

No documento EDUCAÇÃO, ARTE E HISTÓRIA DA CULTURA (páginas 52-55)

1.9. Grupos colaborativos

1.9.1 Grupo colaborativo e desenvolvimento profissional

A literatura sobre trabalhos realizados em grupo com o intuito de desenvolvimento e/ou aperfeiçoamento profissional vem se expandindo, e com esta expansão acaba-se por ter uma grande e, heterogênea, quantidade de nomes e significados atribuídos aos conceitos de trabalho em grupo, aprendizagem cooperativa e colaboração. Alguns estudos adotam, alternadamente, ou até mesmo como sinônimos, os termos colaboração e cooperação. Porém, uma breve análise etimológica de ambas as palavras já é suficiente para revelar as diferentes matizes que cada termo sucinto e com que termo pretende-se trabalhar nesta tese.

Ambas palavras iniciam-se com o prefixo (co), que designa ação em conjunto, termina aí a semelhança. Cooperar deriva da palavra latina operare – que significa: operar, executar, fazer funcionar de acordo com o sistema (DAMIANI,2008). Colaborar, por sua vez, deriva do verbo laborare – trabalhar, produzir, elaborar uma atividade com um propósito.

Assim, para esse autor, na cooperação, há ajuda mútua na execução de tarefas, embora suas finalidades geralmente não sejam fruto de negociação conjunta do grupo, podendo existir relações desiguais e hierárquicas entre os seus membros. Na colaboração, por outro lado, ao trabalharem juntos, os membros de um grupo se apóiam, visando atingir objetivos comuns negociados pelo coletivo, estabelecendo relações que tendem à não-hierarquização, liderança compartilhada, confiança mútua e co-responsabilidade pela condução das ações ( DAMIANI,2008,p.215).

Segundo Montalvão (2008), as distinções entre cooperação e colaboração podem ser resumidas de acordo com o quadro a seguir:

Quadro 2: Comparativo entre Colaboração e Cooperação.

COLABORAÇÃO COOPERAÇÃO

Reciprocidade e equidade; Tomada de decisão conjunta;

Metas comuns: maior esforço, recursos e compromisso.

Envolvimento por motivo externo; Pouco poder de decisão e autonomia; Responsabilidade e papéis variados; Proporcionada por uma parte.

Fonte: Elaborado pelo autor

Com o exposto até o momento, pode-se dizer que a colaboração é a dimensão a ser adotada neste trabalho. Com isto, vale salientar, em maior profundidade, suas características.

Na colaboração, cada indivíduo participa da maioria das decisões: escolher a meta, definir estratégias, definir as tarefas, avaliar o resultado; e o faz consciente de que é algo realmente importante para ele, algo que tanto beneficia o grupo como um todo, quanto a ele diretamente (FERREIRA,2003,p.82).

Porém, tem-se que nem todos os membros do grupo possam estar em um mesmo nível de emancipação em relação ao seu processo de investigação-formação. Os participantes de um grupo podem não disponibilizar o mesmo grau de tempo, energia, ou até mesmo interesse. Por isso, talvez, mais importante do que partilhar um trabalho de pesquisa, seja compreender o trabalho do outro. Não há porque considerar que o ato de colaboração seja sinônimo de participação de todos em todas as fases do projeto de pesquisa Mizukami (2002).

O trabalho colaborativo é sobretudo relacional; possui um potencial transformador para a formação docente, no seu desenvolvimento profissional e até mesmo no clima organizacional da instituição educadora, mas para que seja efetiva, a colaboração

[...] não pode ser imposta, ela deve ser construída. Ela é construída dentro de relacionamentos nos quais os indivíduos sentem vontade de compartilhar suas diferenças e, ao contrário das formas típicas de autoridade atribuídas aos papeis e relacionamentos institucionais, busca por formas mais inclusivas de envolver múltiplas perspectivas e fala através das questões da confiança, mutualidade e equidade. Estabelecer relacionamentos leva tempo. Os projetos podem parecer ineficientes e sem foco, especialmente no começo, porque os aspectos relacionais devem ser considerados bem como as metas e procedimentos do projeto (JOHNSTON; KIRSCHNER apud FERREIRA,2003,p.83).

JohnSteiner,Weber e Minnis (1998) propõem que um quadro referencial teórico possa ser construído para a compreensão da colaboração, com o intuito de preserrvar as narrativas bem como os procedimentos adotados pelo grupo , com isso, os resultados obtidos podem ser comunicados e , talvez, reproduzidos

Os princípios de uma verdadeira colaboração representam domínios complementares de “expertise”. Como colaboradores , eles não apenas planejam , decidem e agem em conjunto , eles também pensam juntos , combinando esquemas conceituais independentes para criar quadros de referência originais. Além disso, em uma verdadeira colaboração , há um comprometimento de recursos energia e talento compartilhados ,: nenhum ponto de vista individual prevalesce , a autoridade para decisões e ações reside no grupo , e o resultado reflete uma mistura de contribuições de todos os participantes . Reconhecemos que grupos colaborativos diferem na sua conformidade com este perfil e que um único grupo pode apresentar algumas das funcionalidades esporadicamente ou apenas após um longo período de associação (MINNIS, JOHN-STEINER, & WEBER, 1998, p.2).13

De acordo com Mizukami (2002) as várias concepções sobre colaboração e sobre pesquisa colaborativa possuem um denominador comum: o potencial de melhorar o desenvolvimento profissional ao criar condições para a reflexão sobre a

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The principals in a true collaboration represent complementary domains of expertise. As collaborators, they not only plan, decide, and act jointly, they also think together, combining independent conceptual schemes to create original frameworks. Also, in a true collaboration, there is a commitment to shared resources, power, and talent: no individual's point of view dominates, authority for decisions and actions resides in the group, and work products reflect a blending of all participants' contributions. We recognize that collaborative groups differ in their conformance to this profile and that any single group may exhibit some of the features only episodically or only after long association. (Minnis, John-Steiner, & Weber, 1994, p. C-2)

prática, o compartilhamento das críticas e o apoio à mudanças entre um grupo de professores.

No documento EDUCAÇÃO, ARTE E HISTÓRIA DA CULTURA (páginas 52-55)

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