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CAPÍTULO 6: RESULTADOS DA ANÁLISE DO PÓS-TESTE

7.2 RESULTADOS DAS ANÁLISES DAS PROPOSTAS DIDÁTICAS

7.2.1 GRUPO 1

Como se mencionou anteriormente, os participantes da oficina foram divididos em 5 grupos. G1 foi composto por 4 indivíduos, identificados no Capítulo 4 como PO1, PO2, PO3 e PP1. Somente o indivíduo PP1 participou de todos os momentos da oficina e da pesquisa. Os outros não responderam ao pré e pós-testes, mas participaram de pelo menos três momentos presenciais da oficina.

O grupo optou por apresentar a proposta didática em slides (Power Point), acompanhada de uma versão escrita detalhada e de dois textos “elaborados” para tratar dos dois episódios históricos selecionados. Na apresentação apontaram o objetivo geral, os objetivos específicos e as seis atividades que compunham a proposta pedagógica (linha do tempo, discussão do texto 1 e leitura extraclasse, discussão do texto 2 e leitura extraclasse, discussão acerca da natureza da atividade científica, leitura compartilhada dos textos 1 e 2 em, construção em grupo do jornal histórico), além das sugestões de seções para o jornal histórico. Na versão escrita, o grupo estruturou e detalhou objetivos, conteúdos, recursos, informações sobre tempo previsto e a dinâmica de cada uma das seis atividades.

Abaixo segue o Slide utilizado pelo grupo durante a apresentação para sintetizar parte da proposta didática.

Figura 25 – Slide utilizado pelo grupo 1 para sintetizar sua proposta durante a apresentação por meio de uma tabela

Inicia-se a análise propriamente dita por meio da tabela abaixo, a qual resume os resultados qualitativos relativos à proposta didática elaborada pelo grupo 1.

Tabela 14: Análise da proposta do Grupo 1

GRUPO PART CRITÉRIOS COMENTÁRIOS

G1

PO1, PO2, PO3

e PP1

A) Qual o objetivo geral da proposta? Foi expresso com clareza?

Objetivo geral: “Propiciar a problematização e reflexão sobre aspectos da Natureza da Ciência utilizando o episódio da História do

Vácuo, com ênfase no confronto entre as ideias de Aristóteles e dos pensadores da

Idade Média”.

O propósito da intervenção didática foi claramente expresso

B) Quais os objetivos específicos da proposta? Foram expressos com clareza? Apresenta(m) coerência com o objetivo geral?

Objetivos específicos: “Ao final desta atividade pretende-se que os alunos tenham

refletido sobre os seguintes questões de NdC: O conflito entre os cientistas é sempre

possível, Observações são influenciadas teoricamente, A ciência tem caráter

provisório”.

Os objetivos específicos foram claramente expressos e estavam corentes com o

objetivo geral.

C) Escolheu as mensagens da Natureza da Ciência? Elas são explícitas ou implícitas?

Escolheu 3 mensagens: “O conflito entre os cientistas sempre é possível” (explícita);

“Observações são influenciadas teoricamente” (explícita); “A ciência tem

caráter provisório” (implícita). Nos textos “elaborados”53 pelo grupo 1 para

tratar dos dois episódios com os alunos são abordadas outras duas mensagens acerca

da NdC: O raciocínio científico não se estabelece sem apelar para fontes sociais, morais, espirituais e culturais; Os cientistas são criativos na invenção de conceitos e

explicações.

D) As mensagens de Natureza da Ciência escolhidas são coerentes com os objetivos?

As 3 mensagens acerca da NdC estão em concordância com os objetivos geral e

específicos da proposta.

Outras duas mensagens acerca da NdC que aparecem nos textos “elaborados” pelo grupo (destinados aos alunos) para tratar dos episódios históricos não estavam entre

os objetivos da proposta didática.

E) Selecionou os aspectos históricos a enfatizar em cada episódio? Eles se relacionam com as mensagens de NdC selecionadas?

Selecionou como aspectos históricos a enfatizar as ideias aristotélicas sobre o Vácuo e as críticas ao pensamento aristotélico durante o período do medievo.

Existem coerência entre os aspectos históricos e as mensagens de NdC selecionadas, embora sejam abordados, no

nosso entendimento, conteúdos históricos desnecessários.

F) Qual o nível de Em vários trechos dos textos “elaborados”

53

O termo “elaborados” apareceu entre aspas, pois os indivíduos desse grupo fizeram recortes do texto “Uma breve história do vácuo” (de subsídio ao professor) sem realizarem uma transposição didática para o Ensino Médio. Essa questão será abordada detalhadamente nas discussões acerca do critério J mais adiante.

aprofundamento dos aspectos históricos?

pelo grupo são aprofundados aspectos históricos desnecessários, tendo em vista especificamente os propósitos pedagógicos

das atividades e o público alvo (alunos do EM), como por exemplo, a teoria aristotélica

acerca do movimento. Além disso, os aspectos históricos não vêm acompanhados

de explicações mais claras para os alunos do EM.

G) O contexto não científico é abordado? Qual o nível de detalhamento?

O contexto não científico é abordado. De acordo com a proposta didática do grupo

utilizariam a atividade 1 (Linha do tempo) para auxiliar na localização temporal dos

episódios históricos. A proposta não sobrevaloriza o contexto não científico em

detrimento ao científico.

H) Qual o nível de

aprofundamento dos aspectos epistemológicos?

Em vários trechos, os textos “elaborados” pelo grupo aprofundam aspectos epistemológicos, como por exemplo:

hipóteses, evidências empíricas e elaboração de teorias. O grupo parece não se preocupar se os alunos do EM já haviam

ou não estudado tais conteúdos. I) Utilizou trechos de fontes

primárias para o aluno? A utilização foi adequada?

Os textos “elaborados” a serem utilizados como apoio aos alunos do EM trazem 10

trechos de fontes primárias.

As fontes primárias não vêm acompanhadas de explicações mais claras e discussões

adequadas ao EM. J) Apresentou textos e/ou

atividades para os alunos? A formulação discursiva estava

adequada ao nível de

escolaridade visado?

Os textos “elaborados” pelo grupo podem vir acompanhados de explicações mais claras,

na perspectiva de contribuir para a autonomia do aluno no entendimento acerca

das mensagens de NdC, dos conteúdos históricos e dos aspectos epistemológicos. L) Levou em consideração as

diferenças entre a concepção

de ciência em distintas

épocas?

A proposta não tinha como objetivo discutir acerca de diferentes concepções de ciência em épocas distintas, mas não apresentou

elementos que desconsiderassem essas diferenças.

M) Há dificuldade de tratar diacronicamente pensadores

de épocas e culturas

diferentes das nossas?

A proposta não apresentou anacronismo.

N) Apresentou

adequadamente conteúdos da história da ciência que não são de fácil compreensão para uma pessoa atualmente?

Os conteúdos históricos necessitam de uma seleção mais adequada, tendo em vista os

objetivos da proposta e o nível de escolaridade dos alunos (Ensino Médio).

O) Agregou ficção aos

episódios históricos para criar atividades pedagogicamente adequadas?

A proposta didática apresenta um recurso interessante como atividade final: jornal histórico. A sala seria dividida em grupos

para construção de seções do jornal.

O primeiro critério trouxe os seguintes questionamentos: “Qual o objetivo geral da proposta? Foi expresso com clareza?” Tencionou-se com esse critério avaliar se os componentes dos grupos conseguiram definir e expressar claramente o

propósito geral da intervenção didática elaborada por eles: ensinar ciência, sobre ciência ou os dois de modo correlacionado. Vale à pena lembrar que explicitamente solicitou-se aos participantes durante a oficina que as propostas didáticas elaboradas pro eles deveriam ter a NdC como preocupação central.

Os componentes do G1 explicitaram com clareza que objetivavam ensinar aos alunos do Ensino Médio sobre ciência, ou seja, optaram por discutir por meio da proposta didática a natureza da atividade científica. Dessa forma, o grupo demonstrou-se sensibilizado quanto a relevância da temática NdC no contexto educacional.

O critério “B) Quais os objetivos específicos da proposta? Foram expressos com clareza? Apresenta(m) coerência com o objetivo geral?”, segundo item da análise, pôde ser analisado em conjunto com o critério anterior. Avaliou-se se os grupos haviam definido e expressado os objetivos específicos da proposta didática, e se houve coerência entre esses e o objetivo geral.

Pode-se perceber que o grupo definiu os objetivos (geral e específicos) de forma articulada e coerente com as orientações ocorridas durante a oficina (ensinar sobre a natureza da atividade científica).

O terceiro critério de avaliação “C) Escolheu as mensagens de Natureza da Ciência? Elas são explícitas ou implícitas?” visou identificar se as mensagens acerca da NdC, além de selecionadas, foram explicitadas nas propostas de cada grupo. Ao elaborar uma proposta didática para ensinar sobre NdC é fundamental ter clareza acerca de quais concepções sobre a ciência se deseja ensinar (FORATO, 2009; FORATO, MARTINS e PIETROCOLA, 2012b).

O G1 selecionou três mensagens de NdC, as quais foram explicitadas nos objetivos específicos de sua proposta: “O conflito entre os cientistas sempre é possível”, “Observações são influenciadas teoricamente” e “A ciência tem um caráter provisório”. Ao longo dos textos “elaborados” para os alunos com o intuito de tratar de NdC por meio dos episódios históricos, as duas primeiras mensagens acerca da NdC foram discutidas explicitamente, seguindo as orientações da oficina. Porém, a terceira mensagem foi abordada de modo exclusivamente implícito, contrariando as indicações de que a abordagem desses conteúdos deve ser preferencialmente explícita (ABD-EL-KHALICK e LEDERMAN, 2000; FORATO, 2009b; MCCOMAS, 2008).

Percebeu-se que na seleção desses três aspectos, o grupo pareceu ter bastante clareza quanto à relação intrínseca entre o objetivo pedagógico tencionado (objetivo geral) e o tempo estimado para a aplicação da proposta didática (8 aulas de 50 minutos cada). Destacou essa ligação tanto na versão escrita quanto em momentos da apresentação, o que encontra ressonância em recomendações expressas pela literatura (FORATO, 2009).

Observou-se na análise da proposta que outras duas mensagens acerca da NdC (além das citadas pelo grupo nos objetivos específicos) apareceram nos textos “elaborados” destinados aos alunos: “O raciocínio científico não se estabelece sem apelar para fontes sociais, morais, espirituais e culturais”; “Os cientistas são criativos na invenção de conceitos e explicações”. Supõe-se que o grupo optou por não discutir essas mensagens, já que essas não estavam previstas entre os objetivos da proposta didática, mas apareciam realçadas em itálico em meio ao texto.

No item D avaliou-se a coerência entre seleção das mensagens de Natureza da Ciência e os objetivos. O propósito desse critério foi analisar se houve coerência entre a escolha de mensagens acerca atividade científica e os propósitos da intervenção explicitados por cada grupo. No que se refere a esse critério, observaram-se escolhas harmoniosas já que entre os objetivos específicos da proposta construída pelo Grupo 1 estavam as reflexões sobre as 3 mensagens de NdC selecionadas.

De acordo com o critério E, os grupos foram avaliados quanto aos aspectos históricos enfatizados em cada episódio e a relação entre esses aspectos e as mensagens de NdC selecionadas. O objetivo foi analisar se os grupos enfatizaram aspectos históricos adequados tendo em vista a contextualização das mensagens de NdC selecionadas. Entende-se que a escolha dos aspectos históricos a destacar pode influenciar na almejada compreensão sobre a natureza do empreendimento científico. Já de acordo com o critério F as propostas foram avaliadas quanto ao nível de aprofundamento dos aspectos históricos. Esse critério pode ser analisado conjuntamente ao anterior, levando-se em conta que o público-alvo da proposta didática é formado por alunos do Ensino Médio.

Seguindo orientações da oficina e demonstrando sensibilização quanto ao uso da HFC no Ensino, o grupo 1 explicitou a escolha dos episódios históricos. No primeiro texto foram discutidas as ideias aristotélicas sobre o vácuo, enquanto o

segundo trouxe à tona as críticas ao pensamento aristotélico acerca do vácuo durante o medievo.

Percebeu-se, a priori, que as mensagens de NdC escolhidas podem, de fato, ser ilustradas pelos aspectos históricos destacados. Porém, a análise atenta dos materiais “elaborados” pelo grupo para utilização no Ensino Médio, indica a alusão a aspectos históricos que podem ser considerados “desnecessários” tendo em vista o objetivo geral da proposta expresso pelo grupo (figura 25).54

SEQUÊNCIA DIDÁTICA

Objetivo Geral:

Propiciar a problematização e reflexão sobre aspectos da Natureza da Ciência utilizando o episódio da história do vácuo, com ênfase no confronto entre as ideias de Aristóteles e dos pensadores da Idade Média.

Figura 26 – Slide utilizado pelo grupo 1 para apresentar o objetivo geral da sua proposta

Percebeu-se em vários trechos dos textos “elaborados” pelo grupo 1 que esses aspectos históricos “desnecessários” excediam também quanto ao nível de aprofundamento tendo em vista os propósitos pedagógicos das atividades e o contexto educacional ao qual as mesmas se dirigem.

Três das quatro páginas do texto acerca das ideias sobre o vácuo (Anexo B) tratavam da teoria aristotélica sobre o movimento dos corpos. Tendo em vista que o objetivo geral da proposta foi discutir sobre NdC tornam-se pertinente, portanto, os seguintes questionamentos: Seria mesmo relevante que, nessas circunstâncias, os alunos discutissem acerca da teoria aristotélica sobre o movimento dos corpos? Havia necessidade de enfatizar esse complexo aspecto histórico?

Considerou-se pouco adequado o aprofundamento no texto de aspectos da teoria de Aristóteles sobre o movimento dos corpos. Na construção da intervenção didática é necessário manter o foco nos objetivos gerais e específicos, avaliando

54 É importante

ressaltar que o termo “desnecessário” refere-se ao contexto dessa proposta específica. Os mesmos aspectos históricos podem ser considerados fundamentais no âmbito de outras propostas.

criteriosamente o nível aprofundamento das informações explicitadas à luz desses objetivos, os quais se relacionam intrinsecamente ao contexto educacional visado (FORATO, 2009).

Pode-se notar, ainda, que, nos textos elaborados pelo G1, o aprofundamento de aspectos “desnecessários” se choca com a ausência de explicações mais claras sobre os aspectos históricos que se relacionam diretamente com as mensagens de NdC selecionadas. Nesse sentido, precisariam ser explorados episódios históricos fundamentais citados, os quais podem mostrar-se obscuros para o aluno do EM: os argumentos aristotélicos contrários ao vácuo e as críticas a esses argumentos na Idade Média.

Outro critério avaliado foi “G) O contexto não científico é abordado? Qual o nível de detalhamento?”

Na apresentação inicial da proposta didática do grupo 1 não foi destacado com um dos objetivos em termos de NdC mostrar ciência como uma atividade humana, influenciada pelo contexto sociocultural. No entanto, o grupo demonstrou explicitamente essa preocupação ao apresentar o uso de linha do tempo como atividade 1 (ver Anexo B): “uma visão de ciência construída por diversos povos, no contexto sociocultural de cada época”. Na seção “Dinâmica da atividade”, destacou que na linha temporal constariam os pensadores e eventos históricos relevantes para auxiliarem a localização temporal. Esses elementos indicam que o grupo tencionou em sua proposta abordar o contexto não científico, mas sem supervalorizá-lo em relação ao científico.

O critério H referiu-se aos aspectos epistemológicos. A proposta de cada grupo foi avaliada na perspectiva do seguinte questionamento: Qual o nível de aprofundamento dos aspectos epistemológicos?

O grupo 1 pareceu desconsiderar que os alunos do Ensino Médio muito possivelmente nunca haviam estudado sobre temas epistemológicos e não lhes seriam familiares, portanto, expressões como formulação de hipóteses, evidências empíricas, argumentos racionais e elaboração de teorias. Esses aspectos epistemológicos são importantes para a compreensão das mensagens de NdC selecionadas pelo grupo 1. Estavam presentes nos textos propostos pelo grupo, o qual parece não ter se preocupado em explicá-los e/ou discuti-los.

Avaliaram-se também as propostas dos grupos participantes da oficina quanto à utilização ou não de trechos de fontes primárias para o aluno e sua adequação em

caso de uso (critério I). Vale salientar que os grupos foram orientados durante a oficina quanto a optar ou não pelo uso de fontes primárias na elaboração da proposta didática voltada para o Ensino Médio. A fim de que se possa compreender a análise realizada, retomam-se aqui alguns aspectos abordados na discussão realizada na oficina.

A reflexão constante é fundamental para aqueles que desejam realizar a transposição didática para o Ensino Médio de trechos de fontes primárias. Segundo Forato (2009), os desafios de utilizar essas fontes tem início desde os trabalhos de interpretação pelos historiadores da ciência. A autora reforça a existência dos desafios da utilização das fontes primárias por meio de um exemplo: “Compreender Aristóteles falando sobre a luz e seu sistema de mundo, certamente requereu muitos anos de dedicação dos especialistas” (FORATO, 2009, P. 104).

Na perspectiva das dificuldades existentes na utilização desse tipo de fonte avaliou-se cada grupo. Na proposta didática do grupo 1, percebeu-se claramente problemas quanto à inserção adequada dessas fontes nos textos histórico- pedagógicos elaborados. Foram utilizados 10 trechos de fontes primárias ao longo dos dois textos sugeridos pelo grupo, o que parece uma recorrência excessiva a essas fontes, especialmente considerando o contexto educacional ao qual a proposta se dirige. Além disso, considerando que o trabalho de interpretação de trechos de fontes primárias não é trivial mesmo para o historiador da ciência, sua transcrição para os textos histórico-pedagógicos é pouco recomendável na forma como o grupo a realizou, isto é, sem trechos explicativos “contornem” o intrínseco caráter obscuro das mesmas.

Na avaliação da proposta didática, buscou-se analisar também a utilização de textos e/ou atividades destinadas aos alunos do Ensino Médio e a adequação da formulação discursiva ao nível de escolaridade visado.

Percebeu-se que o grupo 1 teve dificuldades na transposição didática da História da Ciência apresentada nos textos de subsídio ao professor para os dois textos históricos-pedagógicos propostos para o Ensino Médio. O nível da formulação discursiva desses textos é elevado. Foram “elaborados” a partir de recortes de trechos do texto “Uma breve história do vácuo”, o qual é voltado para professore. Esses trechos não sofreram reformulação discursiva para que pudessem se mostrar adequado para o contexto de aplicação visado.

Observou-se, ainda, a utilização de termos e expressões provavelmente desconhecidos para os alunos do EM, sem explicações ou contextualizações nos próprios textos que possibilitem a compreensão dos mesmos. Sendo assim, impede- se certa autonomia do aluno na leitura. Nesse sentido, os textos elaborados pelo grupo 1 vão de encontro ao que vem sendo recomendado pela literatura da área, segundo a qual a autonomia no entendimento da maior parte das novas expressões estaria relacionada à aceitação do material didático pelos estudantes(FORATO, 2009, P.106).

Já os critérios L, M e N foram tratados conjuntamente. Esses itens avaliavam se as propostas elaboradas durante a oficina levaram em consideração as diferenças entre a concepção de ciência e pensadores em distintas épocas e a abordagem adequada de conteúdos da história da ciência de difícil compreensão na atualidade.

A proposta do grupo 1 não apresentou problemas quanto à presença de interpretações anacrônicas. Não há, por exemplo, trechos nas duas narrativas históricas elaboradas que explicitem tal equívoco. Entende-se, ainda, que o grupo não se preocupou em problematizar as diferentes concepções de ciência em épocas distintas, por esse não ser um dos propósitos da intervenção didática sugerida.

Quanto ao critério N, observou-se quanto à proposta do grupo 1 que os conteúdos históricos necessitariam de uma seleção e de uma abordagem mais adequada, tendo em vista os objetivos explicitados (ver Anexo B) e o nível de escolaridade visado. De acordo com os argumentos já citados na presente análise, acredita-se que, considerando o contexto educacional do EM, por um lado, nas duas narrativas “elaboradas”, há excesso de conteúdos históricos (tendo em vista os objetivos propostos), bem como, por outro lado, faltam explicações para termos pouco usuais e para fontes primárias obscuras utilizadas. Seria necessária a reelaboração dos textos, a qual implicaria maior reflexão sobre desafios e riscos na transposição didática (FORATO, 2009): recortes adequados, omissão de informações históricas desnecessárias, contextualização de conteúdos e fontes primárias.

Ainda no que se refere a esse item, notou-se como aspecto positivo que o grupo 1 pareceu se preocupar em discutir explicitamente os aspectos de NdC por meio de outra atividade além dos textos. Na atividade 5, sugere-se que os alunos do EM contraponham os dois episódios abordados nos textos elaborados por meio de

um debate (ver Anexo B). Tal estratégia poderia contribuir para minimizar as dificuldades de compreensão acerca das mensagens de NdC e dos conteúdos de

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