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2.3 Base teórica para a GTI: interconexão de conceitos

2.3.2 GTI e Educação: diálogo formativo

Ao discutirmos GTI e educação, necessariamente estabelecemos elos de ligação entre o desenvolvimento institucional, a formação enquanto processo e o desenvolvimento social enquanto resultado.

As empresas baseadas no conhecimento dependem da inovação (criar, modificar e melhorar produtos e serviços), mais do que a reprodução recorrente do mesmo produto, como uma empresa industrial (BATES; SANGRÁ, 2014, p. 38).

É notório que a inovação trazida para educação, associada ao desenvolvimento tecnológico, em diversas realidades, tem trazido a reprodução de práticas industriais de ensino, sem legitimar o sentido real do ato de inovar, sobretudo com tecnologias.

Entende-se que a escola possui uma lógica de inserção social que procura contextualizar de modo estruturado o que se aprende no dia a dia. “O uso da tecnologia para o ensino é requisito necessário, porém não suficiente, para desenvolvimento do conhecimento e habilidades que exige o século XXI” (BATES; SANGRÁ, 2014, p. 49).

ser uma decisão acadêmica, que virá em função do tipo de estudante que vamos ensinar, a natureza da disciplina e as possibilidades das diferentes tecnologias (BATES; SANGRÁ, 2014, p. 79).

Uma questão que deve ser considerada no processo de inserção tecnológica é a de avaliar, não apenas qual tecnologia utilizar-se-á nas atividades, mas como a aprendizagem será potencializada, e, como o estudante aprenderá a partir desta mediação.

Para a gestão institucional, olhar sobre o processo de inserção torna-se estratégico, criando um cenário global para desenvolvimento das atividades, integrando as ações do setor administrativo e pedagógico, criando um ecossistema tecnologizado em torno da aprendizagem corporativa, para além do ensino formal.

Objetivos estratégicos para melhorar as instituições de ensino para o século XXI: i. infraestrutura tecnológica; ii. conectividade; iii. processos administrativos internos; iv. comunicação; v. pesquisa; iv. ampliar o ensino e a aprendizagem (BATES; SANGRÁ, 2014, p. 83).

No planejamento estratégico o gestor deve considerar todo o contexto de realidade institucional com TICs, respeitando as questões de investimento e capacidade de condução dos planos de ação. Para tanto, a gestão necessita de colaboradores engajados e focados no desenvolvimento institucional.

Uma boa integração da tecnologia requer um completo entorno que favoreça a mudança, com a implicação de uma série de pessoas- chave, todas trabalhando de modo uníssono, desenvolvendo e compartilhando uma visão comum a uma série de objetivos para o uso da tecnologia (BATES; SANGRÁ, 2014, p. 112).

Apesar desta caracterização ideal do processo de inserção tecnológica, historicamente, as instituições de ensino sempre reduziram, o ainda o fazem nos dias atuais, o processo de inserção tecnológica à aquisição de tecnologias para criação de infraestruturas de apoio ao docente. É fato que, ao se pensar que a tecnologia seria o fator principal de geração da aprendizagem significativa, moderna ou inovadora, trouxe à tona que sem a real integração entre os setores administrativo e pedagógico não ocorreria a consolidação das ações integradoras com TICs.

Uma característica das iniciativas tecnológicas nas instituições sem plano algum era o empenho na própria tecnologia, por exemplo, na criação de uma infraestrutura de redes ou de programas para ações administrativas, ao invés da autêntica integração da tecnologia com os processos administrativos e de ensino (BATES; SANGRÁ, 2014, p. 125).

Esta questão remete à necessidade do plano de ação para inserção tecnológica, considerando o entorno social e cultural do seu uso, não apenas o uso administrativo ou pedagógico, dissociado, mas uma horizontalização prática e conceitual, ao se construir socialmente e coletivamente o conceito de tecnologia e o seu papel na construção do conhecimento.

Uma função importante de um processo permanente de planificação estratégica é a de identificar as inovações e as estratégias emergentes para a aplicação da tecnologia cuja possibilidades transcendem o contexto do docente e do curso individualmente, e incorporar esses conhecimentos a futuras direções estratégicas (BATES; SANGRÁ, 2014, p. 126).

Atualmente, diversas instituições de ensino têm buscado na inovação a detecção da necessidade de investimento em TIC para o ensino e processos administrativos. Algumas organizações têm buscado orientações que permitem olhar para “fora” do instrumentalismo, olhando a tecnologia como mobilizadora da mudança.

A integração da tecnologia é mais previsível que se produza em instituições que tem um plano institucional flexível e onde se reconheça a importância estratégica da tecnologia, algo de especial relevância para garantir que as compreendam e assumam as implicações econômicas da integração da tecnologia, e para transmitir a importância desta integração a todas as pessoas chave (BATES; SANGRÁ, 2014, p. 128).

A gestão e suas equipes procuram estabelecer uma descentralização paradigmática acerca do uso pedagógico das TICs, permitindo um diálogo aberto e potencialmente edificante, fortalecendo a continuidade das ações, reduzindo os riscos de perda precoce dos investimentos realizados. “Uma boa planificação requer desenvolver visões e objetivos estimulantes para o uso da tecnologia nas instituições” (BATES; SANGRÁ, 2014, p. 128).

É mais previsível que na integração e inovação se produza um processo de implicação dos professores na visão e pensamento

estratégico sobre o papel da tecnologia para o ensino e a aprendizagem (BATES; SANGRÁ, 2014, p. 128).

Os ambientes institucionais que acomodam a integração das TICs numa perspectiva orgânica fortalecem as bases de discussão e planejamento para o processo de inserção se desenvolver adequadamente. A GTI, portanto, considera o pensar sobre as TICs no processo de ensino e aprendizagem como uma atividade comunitária, uníssona, incorporada à missão e valores da instituição.

Para uma boa integração da tecnologia, deve existir uma estratégia institucional que conte com o apoio incondicional de todos os membros da gestão, com respaldo mantido por tempo considerável, mesmo que haja mudanças nesta equipe (BATES; SANGRÁ, 2014, p. 128).

É fato que a falta de comprometimento dos colaboradores com a gestão institucional impede a adequada inserção tecnológica no contexto do ensino e aprendizagem, sobretudo pelo estabelecimento da visão utilitarista da tecnologia, que reduz ao sistema de gestão acadêmica todo o investimento para o setor administrativo, desconsiderando a relação com a gestão da aprendizagem, suportada por TICs.

A planificação da tecnologia deve ser um processo contínuo. É previsível que no futuro sejam produzidos avanços tecnológicos com profundas implicações para o ensino, a pesquisa e administração, e que as mudanças nos contextos sociais e econômicas sigam exercendo sobre as instituições pressões em certa medida para que possam abordar de forma inteligente a tecnologia (BATES; SANGRÁ, 2014, p. 129).

O planejamento estratégico institucional, ao considerar o processo de inserção tecnológica para uso pedagógico como fundamental, integrando os setores administrativo e pedagógico, cria uma base sólida para legitimar as ações, a curto, médio e longo prazos, pois “uma vez fixada uma direção para a integração da tecnologia, há de alavancar um processo de criação e manutenção de um entorno que respalde e estimule esta integração” (BATES; SANGRÁ, 2014, p. 129). E, para além da visão pragmática da TI, os projetos especiais de infraestrutura tecnológica exigem uma inversão e uma atuação complementares (BATES; SANGRÁ, 2014, p. 134).

A prioridade destes projetos especiais deve-se vincular a uma sequência de objetivos funcionais, por exemplo, sobre serviços mais

interativos para os estudantes, melhoras nos resultados da aprendizagem e redução dos gastos de funcionamento, para que possam se consolidar como parte de um processo de planificação integrado, e não em razão de ser a última tendência tecnológica ou por forte demanda de grupos de pressão (BATES; SANGRÁ, 2014, p. 134).

Nesta perspectiva, o investimento em tecnologia deixa de ser a razão de mobilizar a gestão para a mudança, mas o investimento em entender como inseri-la adequadamente, consultando e analisando a opinião de toda a comunidade educativa, produz a segurança e coerência necessárias para a continuidade do processo de inserção tecnológica.

A maioria das instituições necessitarão, pelo menos, de uma comissão de tecnologia de alto nível, cujo compromisso será planificar a tecnologia, estabelecer políticas e procedimentos tecnológicos, fomentar o uso criativo da tecnologia para o ensino e a aprendizagem, aprovar projetos e gerir e supervisionar a governança da tecnologia em toda a instituição (BATES; SANGRÁ, 2014, p. 257).

Fica evidente, então, que a GTI é mais do que um suporte técnico para a gestão institucional, mas apoio estratégico e especializado, permitindo a reflexão aprofundada sobre o impacto, a necessidade, a demanda e todas as questões em torno da inserção tecnológica.

Portanto, a GTI deve considerar, ao estabelecer a necessária integração entre os setores administrativo e pedagógico, o cuidado “para que a integração da tecnologia tenha êxito, é necessário prestar a atenção aos três elementos principais: pedagogia (métodos de ensino), a tecnologia e a organização” (BATES; SANGRÁ, 2014, p. 267).

Figura 10 | Áreas de tomada de decisões sobre as tecnologias acadêmicas (BATES; SANGRÁ, 2014, p. 247).

Conforme apresentado na Figura 10, a cadeia de gestão deve estar em sintonia e sincronia com todos os eventos em torno da GTI, favorecendo, assim, o adequado processo de inserção tecnológica.