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IMUNODEFICIÊNCIA E SAÚDE BUCAL

2 - ENFOQUE DADO AOS TEXTOS DE ORIENTAÇÕES PREVENTIVAS ÀS DCVS

2.6 Guerra sem armas

Estamos constantemente expostos a muitas condições de estresse. Antigamente, ape-nas os adultos se estressavam, embora menos do que hoje. Atualmente, o estresse também é condição comumente encontrada em crianças e adolescentes (KLIEMANN et al., 2012).

O estresse pode causar defeitos nas nossas células, incluindo aquelas que revestem os vasos sanguíneos. A principal forma de estresse é o estresse oxidativo, o qual apresenta relação com as DCVs (PICADA et al., 2003; LEE et al., 2011; KAWADA, 2012; HEINONEM et al., 2014). O estresse oxidativo ataca as nossas células e o campo de batalha é o nosso corpo. Os soldados inimigos são radicais livres em excesso. Mas, nós podemos combater estes radicais livres nos armando. E como podemos nos armar? Consumindo diariamente frutas e vegetais!

As frutas e verduras auxiliam o corpo a lutar contra o estresse oxidativo e auxiliam os sistemas de defesa do nosso organismo.

A proteção contra danos nas artérias causados pelo excesso dos radicais livres pode ser obtida pelo consumo de frutas e vegetais. Esses alimentos contêm vitaminas e minerais antioxidantes, bem como compostos fenólicos que podem impedir ou diminuir os problemas causados pelos radicais livres. Recomenda-se o consumo de, no mínimo, 5 porções de vegetais diariamente (AMES; GOLD, 1998; BLISSETT, 2011) ou 400g de frutas e verduras (IBGE, 2010),

assim como a prática regular de atividade física, no mínimo três vezes por semana (DE SOUSA;

VIRTUOSO JR., 2005; ENES; SLATER, 2010), numa intensidade moderada, que, por exemplo, é aquela caminhada que você consegue ao mesmo tempo conversar com as pessoas que andam contigo, sem que você se sinta ofegante.

A luta não é tão árdua se começarmos alterando pequenos detalhes dos nossos hábi-tos, e a vitória é certa e duradoura. Então, comecem incluindo na sua alimentação, no mínimo 5 porções de frutas e verduras, fique o menor tempo em frente a TV e convide seus amigos e filhos para caminhar, andar de bicicleta, ou brincar na rua o maior número de dias possíveis;

assim você estará começando a primar pela sua qualidade de vida e a prevenir as DCVs.

3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

A prevenção à obesidade e à hipertensão arterial sistêmica, fatores de risco às DCVs, pode ser alcançada por meio de orientações visando os hábitos alimentares e a níveis de atividades físicas adequados na infância e adolescência. Portanto, orientar os indivíduos nessas fases da vida é fundamental! Os temas abordados podem despertar o interesse das crianças e adolescentes se forem trabalhados de forma condizente com a capacidade de entendimento para a faixa etária, considerando, ainda, a realidade das crianças e o grau de dificuldade para mudar o estilo de vida. Os exemplos e analogias utilizados na abordagem dos temas podem manter as crianças atentas e participantes.

REFERÊNCIAS

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1 - INTRODUÇÃO

A desnutrição ou, mais corretamente, as deficiências nutricionais – porque são várias as modalidades de desnutrição – são doenças que decorrem do aporte alimentar insuficiente em energia e nutrientes ou, ainda, com alguma frequência, do inadequado aproveitamento biológico dos alimentos ingeridos – geralmente motivado pela presença de doenças, em par-ticular doenças infecciosas (LIMA et al., 2010; MONTEIRO, 2003). Dados mundiais do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF; United Nations Children´s Fund) estimam que 115 milhões de crianças com menos de 5 anos de idade tenham déficit de peso. Além disso, 178 milhões teriam déficit de estatura para a idade (UNICEF, 2009).

É bem conhecido o quadro epidemiológico das doenças relacionadas à alimentação.

O ciclo de desnutrição leva à redução da imunidade, que aumenta o risco para doenças e, em seguida, a própria doença leva à desnutrição e assim por diante (VIEIRA et al., 2013;

DARNTON-HILL; AHMED, 2010). Como consequência, causa perda de peso, crescimento de-ficiente, deficiência intelectual, baixa imunidade, danos na mucosa gastrointestinal, perda de apetite, má absorção do alimento e alterações importantes no metabolismo. A desnutrição é responsável por 55% das mortes de crianças no mundo inteiro. Está associada a várias outras doenças e ainda hoje é considerada a doença que mais mata crianças abaixo de cinco anos (LANDGRAF; LANDGRAF; FORTES, 2010; SAWAYA, 2006). Um estudo atual de Dadhes e Goudar (2014) vai de encontro com essas informações, afirmando que a desnutrição traz consequências para o desenvolvimento das crianças, retardando seu crescimento físico e aumentando a suscetibilidade de doenças.

Entre as crianças com desnutrição moderada em tratamento, cerca de 80% apresentam pelo menos um episódio infeccioso no último mês, e, entre aquelas com desnutrição grave, essa prevalência sobe para cerca de 90%. A diferença, portanto, é dada pela frequência de infecções. Além disso, 60% apresentam parasitoses. Outra ocorrência bastante comum é a anemia, constatada em 62% das crianças com desnutrição (SAWAYA, 2006; MONTEIRO, 2003).

Ainda sobre as infecções, é importante ressaltar que frequentemente se tratam de situações muito simples, que numa criança nutrida corretamente não teriam grandes conse-quências, mas que em crianças desnutridas, podem prejudicar não só o ganho de peso, como também a estatura. Assunção e colaboradores (2007) desenvolveram um trabalho com crian-ças em recuperação. Elas passavam o dia inteiro (7h30 às 17h30) alimentando-se com dieta balanceada cinco vezes por dia, recebiam tratamento adequado para as infecções e tinham acompanhamento médico e psicológico. Entretanto, ainda assim foi constatado que uma otite, uma faringite ou uma gripe prejudicam o crescimento, ou seja, se elas estivessem em casa (sem acesso a esse tipo de atendimento), dificilmente ultrapassariam a curva abaixo da qual uma

1Farmacêutico-Bioquímico. Doutor em Ciências - Biologia Celular e Molecular. Professor do Departamento de Biologia e Far-mácia e do Mestrado em Promoção da Saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.

2Médica. Mestre em Promoção da Saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.

criança é considerada desnutrida. Neste sentido, o objetivo deste texto é esclarecer sobre as implicações da desnutrição e sua relação com a imunodeficiência.