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CAPITULO II – NOVAS ESTRATÉGIAS DE AÇÃO REGIONAL NO GRANDE ABC

2.2 Guerra Fiscal e o “Custo ABC”

Se a globalização e ao regime de acumulação financeirizado, já impõem dificuldades para a era da modernidade liquida (BAUMAN, 2001), a “Guerra Fiscal” assegura dificuldades adicionais para os Estados Nacionais. Este termo é utilizado para denominar políticas de atração ou retenção de investimentos através de isenção fiscal, ou de acordo com a definição de Calciolari (2006):

“A chamada guerra fiscal é conceituada como a exacerbação de práticas competitivas entre entes de uma mesma federação em busca de investimentos privados. Benesses fiscais atrativas incentivariam a migração de determinados agentes privados, os quais, segundo postulados econômicos clássicos, tendem sempre a buscar o menor custo produtivo e, consequentemente, maior lucro”. (CALCIOLARI, 2006, p. p. 5)

Segundo Piancastelli (2004), o Guerra Fiscal foi implementado de maneira mais acelerada a partir de 1988, quando boa parte dos estados brasileiros cederam parte de sua receita própria, baseadas no Imposto sobre Circulação de Mercadorias19, em

razão do montante de recursos de transferências recebidos do Governo Federal, deixando-os em uma posição confortável. A região Nordeste, enquadrada na política de incentivos da Sudene, aproveitava deste tipo de incentivo. Contudo, somente quando esta pratica espalhou-se pela federação, a situação assumiu contornos importantes, refletindo-se de maneira quase que exclusiva no ICMS, o principal tributo do país representando entre 7% e 8% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. A situação, contudo, só assumiria contornos mais dilatados com a entrada em vigor do Plano Real em 1994. A administração pública já havia habituado a trabalhar em um ambiente de inflação, onde o crescimento da arrecadação estancadas durante anos

19 Definição oficial de ICMS: Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre

Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação. Fonte: Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo.

eram compensadas por uma ciranda financeira, ou seja, qualquer despesa com um atraso de dois ou três meses era garantido seu pagamento pela inflação. Com a estabilização da inflação em níveis atuais, a “receita” proveniente da inflação deixou de existir, causando enorme impacto na administração pública. (PIANCASTELLI, 2004)

No contexto regional do Grande ABC, o impacto deu-se principalmente no segmento automotivo, onde a evolução da indústria automobilística se confunde com a história da região, 47% dos empregados eram das linhas de produção em 1985, este valor se reduz a 20,5% em 1999. A taxa de desemprego na região que era de 12,8% em 1985, atingiu o valor recorde histórico de 23,1% em agosto de 1999, segundo dados do Seade- Dieese (CORREIA, 2008).

Estes números são justificados, em partes, pela preferência dos estados e municípios pelas indústrias automobilísticas e consequentemente a indústria de autopeças. Essa preferência traduz-se em artifícios de atração que vão desde a renúncia fiscal e diferimento de impostos a doação de imensas áreas de terras com toda infraestrutura básica inclusa. Em números absolutos a indústria automobilística representa 23% do PIB industrial do país (ANFAVEA, 2014) representando um impulsionador da economia reunida ao seu redor, imenso prestigio político entre os eleitores e por ser identificados como o mais rápido e eficaz caminho para o emprego abundante, a alta tecnologia e a modernidade.

Na Guerra Fiscal, o pacote de bondades é despendido mesmo diante de um importante paradoxo: a administração pública dos estados e municípios em situação financeira precária realizando investimentos para grandes empresas da indústria automobilística, como por exemplo o Paraná, que gasta hoje entre 70% a 80% de suas receitas com pagamento de pessoal, concedeu considerável volume de recursos, por meio de renúncia fiscal e infraestrutura a Renault, com participação acionaria do estado. (PIANCASTELLI, 2004)

Para entender melhor a dimensão da renúncia fiscal assumiu no Brasil durante a década de 1990, o DIEESE/ABC preparou um comparativo (tabela 3) fundamentado nos estudos de Arbix (2000), evidenciando o real custo médio de um emprego criado mediante o montante investido, em relação a mesma pratica em outros países. (CORREIA, 2008)

Tabela 3: Exemplo de Atração de Investimentos

Fonte: Arbix (2000)

A política de renúncia fiscal, levou ao questionamento dos resultados, mediante o volume de recursos aplicados. Para Correia (2008), as indústrias automobilísticas não promovem nenhum benefício direto as regiões onde instalam-se, ao contrário, exigindo do poder público municipal maior capacidade de investimentos em infraestrutura, particularmente no sistema viário, a fim de evitar os transtornos logísticos na movimentação de materiais, autopeças e distribuição de seus produtos.

Mesmo possuindo uma montadora instalada no município, os ganhos de qualidade de vida não são assegurados, é inquestionável o número de outras empresas e de empregos qualificados que uma indústria deste segmento atrai. Nos municípios de São Bernardo do Campo e de São Caetano do Sul, com plantas industriais automotivas instaladas a mais de 50 anos é visível o dinamismo econômico em muitos dos indicadores socioeconômicos, como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) formulado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), sem a concessão de renúncia fiscal. Porém, questionável os ganhos deste poder dinamismo econômico quando comparados com outros municípios de São Paulo, onde a concentração industrial não tem a mesma dimensão, complexidade ou seja tão significativo. (CORREIA, 2008)

Além das benesses contidas na guerra fiscal, existiriam outros motivos que possam motivar a desconcentração industrial na região do ABC? Para Arbix (2000), em revisão a literatura especializada, aponta três motivos em ordem de importância que podem nos ajudar a compreender este fenômeno:

Local Ano Empresa Investimento

Estado Investimento Montadora Empregos diretos Incentivos / empregos Ohio 1980 Honda 20,0 800,0 5.000 4.000 Michigan 1984 Mazda 48,5 747,0 3.500 13.857 Kentucky 1985 Toyota 149,7 823,9 3.000 49.900 Indiana 1986 Isuzu 86,0 490,0 1.700 50.588 Carolina 1994 BMW 130,0 450,0 1.200 108.333 França 1995 Swatch 110,0 370,0 1.950 56.410 Gravataí 1999 GM 226,6 600,0 1.300 174.308

valores em milhões de US$ (o ICMS)

i. Custos trabalhistas, a região do ABC estaria fora dos novos planos indústrias, principalmente das montadoras em função de seu alto nível de organização sindical e da sua história de conflitos trabalhistas20.

ii. Disposição das empresas de afastar-se das áreas industriais mais consolidadas em função do alto nível de mobilização sindical que, geralmente, acarreta custos maiores ao fator trabalho. Por essa segunda hipótese, a região do ABC também estaria fora dos novos planos das montadoras em razão de seu alto nível de mobilização sindical e da sua longa história de conflitos e impasses trabalhistas. iii. Alteração nas condições que impulsionaram a concentração de

investimentos automotivos no ABC nas décadas de 1950 e 1960. Neste período, a pouca infraestrutura rodoviária e ferroviária do país e a concentração do mercado e do trabalho qualificado na região Sudeste contribuíram para a escolha do ABC.

Complementando o ponto de vista de Arbix (2000), Lima (1998) afirma que a competitividade da região está abalada pelo custo ABC, ressalta a incorporação de custos pelas empresas de serviços de responsabilidade do estado, como saúde e transporte, com contribuição residual dos trabalhadores nestes custos, além de derrubar o mito da qualificação da mão de obra da região do ABC como um fator preponderante:

“O mito da qualificação da mão-de-obra metalúrgica do Grande ABC não passa mesmo disso — mito. Cada vez mais não tem sentido o discurso de louvação demagógica à mão-de-obra regional como fator de atratividade de investimentos. Uma verdade que há alguns anos é comentada como segredo, porque a propagação poderia gerar contratempos, agora integra o relatório da Câmara Regional”. (LIMA, 1998, p. p. 5)

No entanto, em oposição as ideias de Arbix (2000) e Lima (1998), Daniel (1999) afirma que o equilíbrio entre os benefícios sociais e os custos locais é o que determina a competitividade de uma região, responsabilizando a ausência de ações dos agentes públicos voltadas ao fomento da economia local, considerados fatores que condena a

20 Cada hora trabalhada na Ford do ABC custa cerca de US$ 14. Na fábrica de motores da VW (interior

de São Paulo) esse mesmo custo é de US$ 6,80. Na Fiat em Betim (Minas Gerais) o custo médio é de US$ 7,30 (LIMA, 1998)

região a estagnação e a decadência, ou no mínimo o subaproveitamento de seu potencial, salientando:

“Na opinião pública tem prevalecido a ideia de que o decisivo, para as escolhas locacionais das empresas, são os baixos custos da localidade, em termos de tributos, preços públicos, salários etc. A guerra fiscal, nesse contexto, é a expressão mais viva da opção por reduzir custos para atrair empreendimentos privados. Trata-se, porém, de uma visão equivocada (porque simplificadora) e de uma escolha política, entre outras possíveis. Na verdade, contam igualmente os benefícios locais postos à disposição das empresas, que guardam relação com as novas tecnologias, formas de organização do trabalho e configurações da concorrência, tais como: educação e formação profissional adequadas às vocações econômicas, instituições voltadas a pesquisa e desenvolvimento tecnológico (bem como a apoio e difusão tecnológica), fatores logísticos (sistema de transportes, terminais de carga, aeroportos, portos), qualidade de vida urbana, ambiental, relações capital-trabalho (propícias a elevações de produtividade), proximidade de fornecedores, ambiente favorável a inovações e à cooperação etc. (DANIEL, 1999, p. p. 191)

Não na mesma linha que Daniel (1999), mas polemizando a respeito do “custo ABC” ou o “custo Brasil”, o jornalista Joel Silveira Leite (2012), especializado na cobertura do setor automobilístico, escreveu um artigo na Folha de São Paulo em 14 de Dezembro de 2012, intitulado: O “lucro Brasil” das montadoras, revelando o reverso da moeda:

“Os dirigentes das montadoras disseminam há décadas a tese de que a causa do alto preço do carro no Brasil é o imposto. O mantra pegou e é quase senso comum que a carga tributária é que faz o brasileiro pagar o carro mais caro do mundo. Outro fator que costuma ser citado é o custo Brasil, um conjunto de dificuldades estruturais e burocráticas, destacando-se a falta de qualificação profissional e uma estrutura logística cara, insuficiente e arcaica... Realizada na semana passada, com a presença de representantes do Ministério da Fazenda, do Ministério do Desenvolvimento, do Ministério Público Federal, do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) e deste jornalista. Lamentada ausência da Anfavea, a audiência revelou (por um estudo apresentado pelo Sindipeças) que a margem de lucro das montadoras instaladas no Brasil é três vezes maior que nos EUA: no Brasil é de 10%, nos EUA é 3% e a média mundial é de 5%” (LEITE, 2012, p. p. 3)

Diante do exposto, isso pode ajudar esclarecer parte da motivação da desconcentração industrial em curso na região do ABC. A instalação de fabricas novas nos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia e Paraná tem pouco a ver com a diferença dos custos trabalhistas entre a região do ABC e outras regiões, com

menor ou maior grau de mobilização sindical, ou mesmo a falta ou presença de infraestrutura, assunto presente em quase todos os discursos financistas. O elemento fundamental mais conveniente apto a explicar o processo relativo de desconcentração industrial na região do ABC é a guerra fiscal e as ofertas deflagrada entre estados e municípios brasileiros à procura de investimento privado.

A guerra fiscal, no que tange a redução das desigualdades regionais, segundo Calciolari (2006), é política inócua, afirma ainda que as empresas ao apresentarem custos menores com estas políticas, passam a investir maciçamente na contratação de burocracia especializada na negociação destas concessões em detrimento dos investimentos tecnológicos e melhoria da capacidade produtiva. Numa inversão de valores, o grau de competitividade das empresas passa a ser medido não pela sua capacidade em reduzir custos de produção, mas pela capacidade de negociar tirando melhor proveito deste ambiente de guerra fiscal (CALCIOLARI, 2006)

2.3 – Reestruturação produtiva e o setor terciário

O trabalho na região do grande ABC, em razão da reestruturação produtiva industrial intensificada no início da década de 1990 com a abertura de mercados, vem passando por alterações que produzem indagações sobre o futuro da região, pois sempre foi considerado como fator preponderante no progresso social e econômico da região, e qualquer modificação em suas relações cause imediato medo e apreensão.

Exposto as frequentes oscilações do mercado, o trabalho ganha novas formas em contrapartida ao que conhecíamos na modernidade sólida21. Entretanto, devemos

examinar com mais cautela esta questão, em razão do dinamismo do próprio mercado de trabalho, que no caso do Brasil, formou-se precariamente a partir de um capitalismo tardio, com todos os impactos deste modelo.

De qualquer maneira, o modelo adotado na região do grande ABC, fornecia uma ideia de longa duração ligado ao modelo fordista de acumulação, eliminado pela

21 A modernidade sólida, com sua proposta de durabilidade, pautou-se pela busca da ordem, eliminando

e excluindo todo o tipo de imprevisto e desordem. A intenção era deixar o lugar limpo, sempre em busca de algo novo, melhor e mais sólido, em contrapartida ao que Bauman chamou de modernidade líquida para caracterizar a sociedade contemporânea. Esta, por sua vez, não mais pautada pela durabilidade, pela ordem e pela racionalidade, mas, sim, pela liquidez na qual nada consegue manter sua forma por muito tempo; uma época em que a rotina e a mesmice não são bem vistas e tudo que é sólido se desmancha no ar. (BUNGENSTAB, 2014)

curta duração inerente a modernidade liquida, com características mais leves e flexível. Para Bauman (2001):

“Quem, como jovem aprendiz, tivesse seu primeiro emprego na Ford, poderia ter certeza de terminar sua vida profissional no mesmo lugar. Os horizontes temporais do capitalismo pesado eram de longo prazo. Para os trabalhadores, os horizontes eram desenhados pela perspectiva de emprego por toda a vida dentro de uma empresa que poderia ou não ser imortal, mas cuja a vida seria, (...), muito mais longa que a deles mesmos.” (BAUMAN, 2001, p. p.168)

Neste contexto, a relação do trabalhador com a localidade de trabalho é, em termos qualitativos, outra comparados com a modernidade sólida. Antes, poderia até haver um ambiente de colaboração e engajamento entre o trabalho e o capital, devido a mutua dependência, porém observamos uma mudança nestas relações, ocasionando um ambiente de insegurança e incertezas, principalmente quando analisado diante da conjuntura de empresas que deixam a região.

A consequência imediata é o desemprego estrutural22 e a deterioração dos

níveis de renda e queda na qualidade de vida. Em oposição a estes acontecimentos, a expansão do setor terciário na região do Grande ABC também chama atenção. Novos centros comerciais, novos arranjos produtivos, grandes empreendimentos imobiliários e grandes empreendimentos públicos-privados surgem na região e outros segmentos favorecidos pelo processo de abertura do mercado, efeito acentuado já referido com a globalização na década de 1990. No entanto, estes empregos gerados pelo setor terciário não neutralizam os efeitos dos empregos perdidos, nem em termos de qualidade ou mesmo em quantidade, resultando em baixos níveis salariais para um número de empregados menor que o liberado pelo setor industrial, intensificando o desemprego estrutural causado pela restruturação produtiva da região. (ANAU, 2004)

Obviamente isso causa maior tendência de estratificação social e urbana causado pelos níveis salariais inferiores dos empregados do setor terciário, causando maior impacto meio ambiente. O agravamento das condições sociais leva a ocupação

22 Desemprego Estrutural é uma forma particularmente grave e generalizada de desemprego que ocorre

pelo desequilíbrio entre a oferta e a procura de competências de trabalho numa dada economia. É causado pelo fato da força de trabalho disponível não possuir as competências que as organizações procuram. Uma vez que as pessoas desempregadas necessitam dispender tempo e esforço para se ajustarem às necessidades do mercado de trabalho, o desemprego estrutural pode manter-se durante um período longo de tempo.

desordenada, de áreas ambientalmente frágeis, como as áreas protegidas dos mananciais.

Porém, ao considerarmos o desemprego na região do ABC, que em 1999 chegou a atingir 21,4% da População Economicamente Ativa (PEA), percebe-se uma crise relacionada ao emprego, comparando-se com o índice de 10,3% da PEA de 2013, e não a atividade industrial da região que emprega menos atualmente, porém mantem-se estável ao longo do tempo (DIEESE, 2009).

Está em curso uma transformação do mercado de trabalho na região do grande ABC. Nos últimos anos quem mais emprega são as empresas de serviço e comercio, que respondem hoje por quase metade da força produtiva de trabalho da região23,

consolidando sua função estratégica para a região, principalmente dos serviços auxiliares ligados a produção industrial, servindo como apoio as indústrias do segmento químico, as montadoras de veículos, as indústrias de maquinas e equipamentos, e propriamente as ligadas aos serviços, como informática, telecomunicações, educação, logística, etc.

Estes dados nos revelam a capacidade de transformação da região do grande ABC, evidenciando as mudanças nos aspectos produtivos local, contudo não invalidando os argumentos relativos a desindustrialização da região, principalmente se compararmos os dados do Instituto de Pesquisa Econômicas Aplicadas (IPEA). De acordo com estes dados, em 1975 a produção da região do grande ABC representava 4,72% do PIB brasileiro, e em 2012 apenas 1,98%, uma queda de quase 60%24,

enquanto o PIB do estado de São Paulo representava em 1975, 39,05% (AZZONI, 1993) contra 33%25 em 2012, representando uma variação de 18%, uma queda bem

menos agressiva que na região do grande ABC.

Em diversas oportunidades, Somekh (2013) chama atenção para não confundirmos transformação e reestruturação do tecido industrial com esvaziamento do tecido urbano, comumente atribuído a este fenômeno a localidades que passam por este tipo de transformação da estrutura produtiva predominante, porém sem perda

23 Estudo apresentando no boletim trimestral Observatório Econômico (nº 2, Ano I,

Setembro/Outubro/Novembro de 2003), baseia-se em dados da PED-ABC/SEADE/DIEESE ano 2002, e também da Atividade do Setor de Serviços Empresariais do Grande ABC (PASSE/ABC), publicado igualmente em 2002 pela Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC.

24 AMARAL, Anderson. DGABC. Com indústria em queda, PIB do ABC encolheu pelo 2º ano seguido

em 2012. De 12 de Dezembro de 2014

25 Cf. informações contidas no site da fundação SEADE, no sitio: http://www.seade.gov.br/pibmensal/,

do dinamismo econômico. Ao verificarmos os extensos estudos de ANAU (2004) sobre o Valor Adicionado (VA), desde a década de 1990, mostram que a participação do ABC permanece em torno de 15% do total do VA do estado de São Paulo, mantem- se estáveis. Ao debruçarmo-nos sobre os investimentos direcionados para a região do grande ABC, verificamos que as indústrias estabelecidas na região irão investir cerca de R$ 10 bilhões entre 2015 e 201926 mantendo a importância no segmento

industrial da região, pelo menos a médio prazo. Outra importante informação, que vai na contramão da tese da desindustrialização, é referente ao “Polo de Defesa do Grande ABC” que começa a ser implementado na região em razão da aquisição de 36 caças Gripen NG da sueca SAAB, que serão fornecidas a Força Área Brasileira (FAB) ao custo de R$13,4 bilhões27. Há ainda investimentos de alta monta em

infraestrutura de mobilidade, como a linha 18 – Bronze do metro de R$4,2 bilhões28 e

do Aeroporto de Cargas de São Bernardo, de R$6 bilhões29, estes dois últimos

investimentos devem aumentar a dinâmica econômica em torno do setor terciário da região do ABC, confirmando o caráter de reestruturação produtiva e mantendo sua atratividade para investimentos, tanto na esfera pública como privada.

Outros fatores privilegiam a escolha destes investimentos na região, a localização intermediaria entre o Porto de Santos e a cidade de São Paulo, principal mercado consumidor do País, facilitado pelas rodovias Anchieta e Imigrantes, recentemente modernizadas e ampliadas, acrescentam condições ideias para interações com os mercados internos e externos potencializados pela cultura consumista do mercado apoiado em um modelo com dinâmica just-in-time30 exige proximidade ou rapidez na circulação de mercadorias e serviços.

Estes fatos podem indicar que a economia do grande ABC já consolidou os ajustes exigidos pelo mercado em nome da competitividade, o que permitiria a

26 FARIAS, Leone. DGABC. Setor metalúrgico deve investir R$ 10 bilhões na região. De 10 de Outubro

de 2014.

27 FARIAS, Leone. DGABC. Setor aeronáutico é aposta de indústria do Grande ABC. De 22 de

Setembro de 2014.

28 Ministério do Planejamento. Assinado contrato para a construção de monotrilho entre São Paulo e

Grande ABC. De 22 de Agosto de 2014, disponível no sitio: http://www.pac.gov.br/noticia/4db3fab8, acesso em 23 de Dezembro de 2014.

29 CRISTINA, Paula. DCI. Aeroporto em São Bernardo deve custar até R$ 6 bilhões. De23 de Setembro

de 2014.

30 A produção, nos parâmetros do just-in-time, deve estar associada à demanda, com número zero de

estoques, aproximando os componentes ou matérias-primas do operador, reduzindo-lhe o número de movimentos, e, consequentemente, aumentando a produtividade, com eliminação de postos de trabalhos (HEIDMANN, 2004)

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