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Pode-se concluir que esta dissertação foi gestada nesta capitulo, e que os capítulos anteriores gravitam entorno deste tópico.

Entender as grandes intervenções Urbanas e sua relação com a cidade contemporânea, os impactos no tecido urbano e projetos de desenvolvimento local, foram cuidadosamente escolhidos como base argumentativa para entender como e porque surgiu uma iniciativa deste porte pra a área da antiga Tecelagem e Fiação Tognato.

Descrever os impactos da globalização, da guerra fiscal, do custo ABC é entender porque a Tecelagem combaliu, mesmo chegando deficitária no início da década de 1990. Mas importante para entender porque uma iniciativa privada quase centenária cerrou-se diante das várias mudanças econômicas, de costumes e de maneira resumida como afirmam os mais idosos: “do tempo”. Seria diferente em outro país, outro segmento? Talvez não, arriscamos a traçar um paralelo com a renovação celular de nosso corpo, gradativamente eliminadas e substituídas por outras, mas em determinado tempo entra em colapso e cerra-se.

Dissertar sobre a “Cidade Tognato”, sem conhecer a história da Tecelagem Tognato descrita no Capitulo Três, teria a mesma lógica que escrever um detalhamento funcional de um determinado objeto, sem nunca tê-lo visto.

Neste capítulo apresenta-se o tema e procura-se justificar a sua pertinência. 4.1 – Projeto Cidade Tognato

Articulados por Mauricio Sores, prefeito de São Bernardo do Campo (1997 – 2003) e Celso Daniel, prefeito de Santo André (1997 – 2002), duas maiores cidades da região, nasce em 1988 a Agência de Desenvolvimento do ABC inspirada na Agência de Desenvolvimento de Sesto San Giovanni, com a missão de unir as forças de instituições públicas e privadas para promover o fomento e desenvolvimento econômico sustentável da região do Grande ABC. (DANIEL & SOMEKH, 1014)

Em uma das missões patrocinadas pela Agência que esteve em Sesto San Giovanni, na Itália, no início de maio de 1999, inspirando iniciativas como a “Cidade Pirelli” e “Cidade Tognato”57, esse modelo de projeto começava a fazer sentido na

57 CARDOSO, Adriana. Cidade Tognato depende de parceiros. Diário do Grande ABC, 31 de maio de

região do Grande ABC que enfrentava problemas da desindustrialização. Os efeitos dessas transformações se fez sentir através de vários indicadores econômicos regionais, Pamplona (2001) descreveu a situação de maneira bem objetiva:

“Estimativas realizadas com base na PED (Seade/Dieese) revelaram que, ao longo dos anos 90, a indústria do Grande ABC eliminou cerca de 120 mil postos de trabalho. Isso fez com que a participação do setor industrial no total da ocupação da região caísse de aproximadamente 45% (no biênio 1988-1989) para algo em torno de 26% (em 1999). Essa redução brutal da ocupação industrial na região produziu aumento do desemprego e queda da qualidade do emprego. Em agosto de 1999, o desemprego no ABC atingiu o nível de 23,1%.” (PAMPLONA, 2001, p. p. 3)

A localização da área da tecelagem somado ao quadro econômico-financeira da empresa se encaixavam nos moldes para a aplicação das práticas do projeto urbano Milão Pirelli La Bicocca (SOMEKH & EIGENHEER, 2012), necessitando de articulação do poder público, um projeto arquitetônico que valorizasse a infraestrutura já instalada para atrair o capital da iniciativa privada, constituindo assim uma nova centralidade e reconversão desta área industrial ociosa em um polo gerador de renda, dentro da mesma concepção do projeto Eixo Tamanduateí.

Contratado pela Tecelagem Tognato, para desenvolver o projeto o arquiteto e ex-prefeito de Mauá, José Carlos Grecco apresentou um esboço do projeto para a prefeitura de São Bernardo do Campo na gestão do prefeito Mauricio Soares durante o mandato de 1997 – 2003. A prefeitura aprovou o projeto, conforme reportagem publicada nos jornais da região:

“Representantes da sociedade civil e políticos encaram como positivo o projeto do prefeito de São Bernardo, Maurício Soares, de construir um centro de negócios, serviços e lazer no terreno da fábrica Tognato, na avenida Pereira Barreto, Centro. O empreendimento, pensado nos mesmos moldes da Cidade Pirelli, de Santo André, já está sendo chamado de Cidade Tognato.” (DGABC, 1999, p. p. A4)

O projeto adotado pela prefeitura, deveria ser executado em parceria com a iniciativa privada, deveria seguir as diretrizes no projeto “Cidade Pirelli”, desenvolvido no município de Santo André, pelo arquiteto Edo Rocha, conforme descreve Nobre (2013):

“Edo Rocha desenvolveu o Master Plan considerando um programa bastante complexo e ousado para a Vila Homero Thon, um típico bairro residencial que cresceu no entorno da fábrica. O Master Plan foi revisado algumas vezes, mas sempre mantendo o mesmo programa que buscava atrair empresas de pequeno, médio e brande porte para o local. Esses edifícios corporativos seriam servidos com muitos

equipamentos comerciais e de serviços, como lojas, restaurantes, cinemas, hotéis com centro de convenções, salas de reunião e auditório, além de um edifício garagem e um espaço multiuso para trazer grandes espetáculos e shows à região.” (NOBRE, 2013, p. p. 121)

O projeto de requalificação urbana “Cidade Tognato” previa a instalação de um centro de negócios, serviços e lazer no terreno de 220 mil m² da antiga Tecelagem Tognato em uma parceria público-privada. O projeto original era a construção de 3.500 apartamentos residenciais de 3 e 4 dormitórios, 400 unidades flats, um hotel de 4 ou 5 estrelas com oferta de 400 quartos, um novo Shopping Center com 150 lojas58

próximo a uma área de lazer com 10 mil m² para recreação e galerias para exposição de obras de artes e amostras itinerantes.

O projeto ambicionava atrair a atenção da iniciativa privada para as oportunidades desta nova centralidade, em uma área considerada nobre pelos empreendedores, localizada na divisa de São Bernardo do Campo com Santo André, o projeto “Cidade Tognato” posicionado a pouco mais de 600 metros da prefeitura, incrustado entre os Bairros Baeta Neves e Jardim do Mar aproveitando toda uma infraestrutura existente desde a década de 1960 com a construção do novo paço municipal.

Foram criadas duas empresas pelos acionistas da Tecelagem Tognato, denominada Cidade Tognato S/A Empreendimentos Imobiliários e a Pereira Barreto Empreendimentos Imobiliários SPE Ltda para administração do projeto junto a Prefeitura e aos empreendedores interessados no projeto,

Assim, com a mudança da tecelagem em 2001 a área estava preparada para sofrer duas intervenções programadas pela Prefeitura e incluída no “Programa São Bernardo Moderna”, qualificada dentro do programa como obra de Integração Urbana, obras previstas para serem realizadas com recursos próprios do município, as intervenções previstas que estavam inseridas dentro da área da tecelagem foram o prolongamento da avenida Lauro Gomes até a Avenida Pereira Barreto, interligação com a Praça Samuel Sabatini e prolongamento da Rua Kara até a Rua Atibaia59, além

do alargamento da avenida Pereira Barreto, porém esta já existente e fora dos limites da área da tecelagem.

58 O projeto do Shopping era um opcional, pois o projeto trabalhava a possibilidade de uma renovação

do Shopping Metrópole, o que realmente ocorreu em 2011, com ampliação de 150 para 192 lojas.

Em uma reportagem no site da prefeitura de São Bernardo do Campo sobre o leilão da área da tecelagem Tognato entregue para quitação dos débitos municipais, as intervenções do Programa São Bernardo Moderna são destacadas:

“A boa localização do terreno somada às intervenções que estão sendo feitas no município pelo Programa São Bernardo Moderna são consideradas importantes para o investimento nos lotes, já que o espaço fica próximo ao Paço Municipal e às obras que serão feitas no entorno.” (SIVIERO, 1997)

No entanto, o projeto “Cidade Tognato” orçado inicialmente em R$800 milhões60, enfrentou os primeiros obstáculos quando as construtoras interessadas no

projeto desistiram da iniciativa pouco tempo depois da mudança da tecelagem para o galpão alugado na Via Anchieta, um dos motivos alegados na época pelo secretário de desenvolvimento econômico de São Bernardo do Campo, o advogado Fernando Longo, afirmou que o impasse dos acionistas em relação a destinação do terreno, que não chegaram em um consenso, desestimulou os potenciais investidores61, um dos

acionistas da Cidade Tognato S/A Empreendimentos Imobiliários confirmou: “O fato é que é muita gente - 27 acionistas - para decidir e isso acaba atrasando o processo. Faremos de tudo para que a Tognato continue viva”62.

Além do impasse entre os acionistas, algumas ações começaram a surgir na justiça, interpelando a venda do terreno. Em uma delas a Justiça do Trabalho de São Bernardo do Campo considerou precedente uma medida cautelar em favor do Sindicato dos Trabalhadores da Industria de Tecelagem e Fiação de São Bernardo e Diadema, em 15 de Julho de 2005, para o arresto do terreno da tecelagem63.

Em 2006 a Fazenda Nacional e o INSS, também interpelava na justiça da Cidade Tognato S/A Empreendimentos Imobiliários, em função dos débitos da Tecelagem e Fiação Tognato S/A, em um dos autos do processo a referencial textual ao processo de cisão:

“Compulsando os autos, verifica-se pela bem lançada decisão de fls. 344/349 que o redirecionamento da execução fiscal para a pessoa jurídica denominada Cidade Tognato S/A Empreendimentos Imobiliários, bem como a pessoa dos respectivos sócios, resultou da

60 OLIVEIRA, Mariana. Perto dos 100 anos, Tognato paralisa produção e venda. Diário do Grande ABC,

13 de jun. de 2005.

61 IDEM 62 IDEM

63 REDAÇÃO. Justiça torna indisponível para venda terreno da Tognato. Diário do Grande ABC, 19 de

conclusão inequívoca, destacada brilhantemente pelo ilustre magistrado atuante no presente feito, no sentido da pratica de atos fraudulentos pela executada para se esquivar do pagamento dos tributos devidos. Com efeito, infere-se dos documentos carreados aos autos, que a executada Tecelagem e Fiação Tognato S/A utilizou-se de expediente fraudulento, consistente na realização de cisão parcial, para a constituição de outra pessoa jurídica, Cidade Tognato S/A Empreendimentos Imobiliários, como forma de alcançar a blindagem de seu patrimônio e viabilizar a transferência de imóvel de sua propriedade para a empresa constituída, valendo-se da adesão a parcelamentos tributários antes deferidos como forma de afastar eventuais entraves na transferência patrimonial.” (Fiação e Tecelagem Tognato S.A. X Fazenda/INSS, 2011)

Entre os questionamentos judiciais e dividas com a esfera pública, depois de 2001 a inciativa “Cidade Tognato”, em sua concepção original foi abandonada, contudo a Prefeitura de São Bernardo manteve o planejamento de abertura das vias públicas Lauro Gomes e Kara – atual Rua Doutor Marcel Preotesco.

Depois de 5 anos de ostracismo, em 2006 uma alternativa ao projeto “Cidade Tognato” surge, duas incorporadoras – Cyrela & Agra e Setin – se interessaram por 100 mil m² da área total de 200 mil m² para a construção de um condomínio dividido para uso residencial e comercial64, a partir deste momento toda referência ao projeto

“Cidade Tognato” desaparece dando lugar a denominação “Complexo Domo” (figura 7), composto pelas torres comerciais Domo Business e Domo Corporate, e pelas torres de uso residencial: Domo Prime, Domo Home e Domo Life. (SÍGOLO, 2011)

O projeto faz alusão direta ao conceito de condomínios-clube como estratégia de marketing imobiliário para segmentos sociais de renda média e alta, utilizando a arquitetura para projetar e construir de simulacros como garantia de segurança, tranquilidade, status e bem-estar. Esta tendência crescente de privatização do espaço-público, expressa o conflito de classes, isolando uma parcela da comunidade, produzindo a não-convivência, inerente ao uma cidade harmonizada e plural. A cidade tona-se então, campo dos excluídos, uma vez que o controle de quem transita nos condomínios-clubes, selecionando quem pode transitar e ter acesso, convertendo este espaço em uma utopia de uma comunidade de iguais.

Figura 10: Complexo Domo.

Fonte: ficherimoveis.com.br (2015)

Em sua obra intitulada Comunidade, Bauman (2003) tece considerações sobre a separação e a criação de guetos. O autor afirma que existem dois tipos de guetos: os voluntários e os involuntários. Os guetos voluntários não são verdadeiros, pois diferem dos verdadeiros em um aspecto decisivo. Nos guetos reais não há possibilidade de sair, pois não podem casualmente atravessar a rua para ir ao bairro branco vizinho, pois seria hostilizado, quando não detido pela polícia. E no gueto voluntário, ao contrário o principal objetivo seria impedir a entrada de indesejados, porém os seus habitantes podem sair quando bem desejarem. Quanto a atratividade destes guetos, diz:

“Realmente, as pessoas que dão um braço e uma perna pelo privilégio do “confinamento espacial e fechamento social” são zelosas na justificação do investimento pintando a selva do lado de fora dos portões com cores mais carregadas, exatamente como pode parecer aos habitantes dos guetos reais. Nada, contudo, inspiraria os que se decidem pelo isolamento estilo gueto a trancar os portões se não fosse a tranquilizante consciência de que não há nada de final ou irrevogável na decisão de comprar uma casa dentro dos muros do quase-gueto. Os guetos reais implicam na negação da liberdade. Os guetos voluntários pretendem servir à causa da liberdade.” (BAUMAN, 2003, p. p. 106)

Figura 11: Divulgação do empreendimento DOMO

(Folha de São Paulo apud SÍGOLO) em Outubro de 2007

A ideia de todo o marketing utilizado pelas incorporadoras no projeto denominado DOMO, foi capturado esplendidamente por Sígolo (2011) ao analisar o anuncio publicitário publicado no Jornal Folha de São Paulo em Outubro de 2007 (figura 11) sobre o DOMO HOME em São Bernardo do Campo, demonstra claramente as estratégias de valorização utilizadas pelo setor imobiliário, a figura da redoma sobre o empreendimento é auto explicativa e pictural para elucidar o conceito de enclave enclausurado. Temos ainda o uso da frase “Uma cidade dentro da cidade”

Outra área de 44,5 mil m² foram entregues para a prefeitura do município para pagamento de dívidas, estimada em R$30 milhões da Tecelagem Tognato com o erário municipal65 em 2006, esta operação foi autorizada pela lei n° 5.732 de 20 de

setembro de 2007.

A área de 44,5 mil m² entregue para a prefeitura foi parcelada em três áreas de 34,4 mil m², 5,9 mil m² e 4,1 mil m² conforme figura 4. Estas áreas foram ofertadas pela prefeitura em quatro ocasiões diferentes em leilões realizados entre 2007 e 2008, as três primeiras tentativas sem sucesso por falta de interessados.

No quarto leilão, realizado em 2008, obteve êxito na venda do menor lote de 4,1 mil m² por R$2,8 milhões dividido em 9 parcelas fixas arrematado pela Absoluta Construtora e Incorporadora Ltda – única credenciada a participar do leilão. Os lotes de 34,4 mil m² e 5,9 mil m² estavam à venda pelo lance mínimo de R$32,3 milhões e

65 DONATO, Rita. São Bernardo vende terreno da antiga fábrica Tognato. Diário do Grande ABC, 24

R$4 milhões respectivamente, nesta opção os interessados poderiam dividir o valor em nove parcelas fixas, não foram vendidos.

Figura 12: As três áreas destinadas a leilão pela prefeitura de São Bernardo do Campo.

Fonte: http://www.metodista.br/rronline/noticias/cidades/pasta-10/sao-bernardo-faz-leilao-de-tres- terrenos

Posterior ao insucesso do leilão das duas maiores áreas, a prefeitura destinou do lote maior de 34,4 mil m², uma área de 9,5 mil m² que serão destinados a construção de um terminal rodoviário junto a futura estação Baeta Neves da linha 18 - Bronze do metro.

A Prefeitura de São Bernardo do Campo, na gestão do prefeito Willian Dib, utilizou uma área de aproximadamente 10,7 mil m² na permuta com a administradora do Shopping Metrópole, Sonae Sierra Brasil em setembro de 2007, recebendo críticas na época.

“A Prefeitura de São Bernardo é brasileira e não desiste nunca. Depois de quatro tentativas fracassadas de leiloar o antigo terreno das indústrias Tognato, apossado pela Administração para cobrir uma dívida de IPTU de R$ 40 milhões, a Câmara aprovou hoje uma permuta de terrenos que pode ter como objetivo melhorar as condições de venda da área. O terreno público que será repassado para uma empreiteira é onde funciona hoje uma "garagem informal" de ônibus, na Avenida Aldino Pinotti, atrás do Shopping Metrópole. Com a transferência do terreno, a Prefeitura deixará de pagar R$ 3 milhões para a empresa por conta de um processo que envolve a

construção da própria avenida Aldino Pinotti e a expansão da Pereira Barreto. A Administração de William Dib (PSB) teria construído sobre solo particular sem consultar os donos do terreno. “Mas, no final, saímos ganhando. O terreno que vamos receber vale mais do que o que estamos doando, que seria difícil de vender, porque tem formato de meia-lua", justificou o líder de governo, Ary de Oliveira (PR). De acordo com o parlamentar, a troca de terrenos possibilitará que a rua Cara, no Jardim do Mar, seja estendida para fazer a ligação com o bairro Baeta Neves. Já o oposicionista Wagner Lino (PT) não tem certeza de que o negócio foi assim tão bom. "Não nos enviaram laudos que comprovam o valor dos terrenos, nem plantas, nada. Como posso saber se realmente é uma boa troca, sem nenhuma informação?", questionou. "E é muito estranha essa história de a Prefeitura construir em cima de terreno particular. Aquela avenida com certeza valorizou muito os imóveis nos entornos", alfinetou.” (MAIOR, 2007)

Houve ainda uma tentativa em 2007 do Ministro da Previdência Luiz Marinho e do Ministro da Educação Fernando Haddad junto ao prefeito Willian Dib, para cessão de parte da área, especificamente a área negociada com a Sonae Sierra Brasil, da tecelagem Tognato para a construção do Campus da UFABC, mas o prefeito ofereceu outra na Rodovia Índio Tibiriçá nos limites da área de proteção aos mananciais, vetada pelo presidente66.

O restante da área foi convertido na avenida Aldino Pinotti, nas ruas José Versolato e Doutor Marcel Preotesco, alargamento da avenida Pereira Barreto e respectivos passeios.

Assim o desfecho final do projeto “Cidade Tognato” que converteu-se em um projeto de parceria público privada para um projeto privado, porém com investimentos públicos em infraestrutura, para a um projeto de condomínios de alto padrão voltado exclusivamente para classe mais abastada.

As iniciativas de inserção de equipamentos urbanos como o terminal rodoviário e a estação Baeta Neves da Linha 18-Bronze do metro nesta área, enfrentam oposição resistência dos moradores que ali se estabeleceram, conforme noticiado pelo Jornal Destak, em Novembro de 2012:

“O processo licitatório da linha 18/Bronze do Metrô, que ligará o ABC a São Paulo pelo sistema de monotrilho, nem foi aberto. Mas a construção dos 20 km de extensão e 18 estações já provoca polêmica na região. Um grupo de moradores da região central de São Bernardo reivindica mudanças no traçado do modal. Entre elas, a alteração do

66 NEGRIN, Illena. Lula veta UFABC em área doada por São Bernardo. DGABC, 13 de junho de 2007

e

SARTORATO, Diego. Câmara de S. Bernardo aprova permuta duvidosa de terreno. ABCD Maior, 19 de set. de 2007. SARTORATO, Diego. Leilão da Prefeitura fracassa pela terceira vez em S. Bernardo. ABCD MAIOR, 30 de maio de 2007.

trajeto na avenida Aldino Pinotti, via aberta entre 2007 e 2008 pela prefeitura, para a avenida Pereira Barreto, que liga São Bernardo a Santo André. O Metrô informou ontem, por nota, que não há decisão para mudança do referido traçado. "O projeto funcional do monotrilho foi feito em 2005 pela prefeitura e está totalmente desatualizado", afirmou o analista de sistemas Felipe Nyitry, um dos 11 integrantes da Comissão São Bernardo Melhor e que reivindica a mudança do trajeto. Questionada sobre o assunto, a Prefeitura de São Bernardo não respondeu. Pelo projeto funcional, a estação Baeta Neves será construída na frente da garagem de entrada e saída de veículos do condomínio Domo Home, residencial de alto padrão composto por 784 apartamentos, distribuídos entre sete torres e no total representam cerca de 3 mil moradores. "A avenida Pereira Barreto possui maior movimento e comércios, ao contrário da Aldino Pinotti que é estritamente residencial", reforçou o representante da comissão formada em fevereiro de 2011.O Metrô confirmou que o projeto foi feito por empresa privada, contratada pela administração de São Bernardo, com acompanhamento da Secretaria dos Transportes Metropolitanos, Metrô, e prefeituras de Santo André, São Caetano e São Paulo. A previsão do início das obras é 2013.” (DESTAK, 2012, p. p. B2)

Outras ações articuladas por esta associação de moradores, já conseguiu pressionando a prefeitura de São Bernardo a mudança do Carnaval de rua da cidade, realizado nesta mesma Avenida desde 2004, conforme reportagem:

“Realizado na avenida Aldino Pinotti desde 2004, o Carnaval de São Bernardo será transferido para outro endereço a partir do ano que vem. A mudança atenderá solicitação dos moradores dos condomínios residenciais localizados na via, que nos últimos três anos pedem à prefeitura a transferência do evento. Para as pessoas que residem na região, o Carnaval causa uma série de transtornos. Em entrevista exclusiva ao, o secretário municipal de Cultura, Osvaldo de Oliveira Neto garantiu a mudança e ainda falou de projetos, investimentos, e também da polêmica sobre a construção do Museu do Trabalhador,

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