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(taxas médias)

Mercado oficial Mercado livre Diferencial (%)

M.O. M.L. M.L./M.O. Nominal Real

2 191.10 2 702.13 23.32 100.00 100.00 3 561.78 4 345.28 22.00 67.47 96.44 6 921.30 7 464.05 7.84 34.53 77.01 10 081.90 10 506.20 4.21 27.36 85.75 12 892.05 13 136.38 1.90 21.80 74.20 18 072.53 18 432.53 1.99 14.56 68.37 26 373.42 26 908.35 2.03 10.50 71.06 583.67 --- --- 100.29 86.60 589.95 --- --- 104.82 109.25 615.63 --- --- 104.82 103.70 711.58 --- --- 101.61 105.16 732.89 731.58 -0.18 102.21 104.29 1998 1º trimestre 609.67 --- --- 102.20 102.17 2º trimestre 601.55 --- --- 103.76 104.92 3º trimestre 590.82 --- --- 105.85 110.76 4º trimestre 557.78 --- --- 107.56 119.37 1999 1º trimestre 584.41 --- --- 106.07 112.85 2º trimestre 620.74 --- --- 104.43 104.40 3º trimestre 625.76 --- --- 104.57 101.55 4º trimestre 631.60 --- --- 104.31 96.42 2000 Janeiro 647.86 --- --- 103.52 97.60 Fevereiro 665.66 --- --- 102.90 99.17 Março 679.34 --- --- 102.17 102.35 Abril 693.73 --- --- 101.38 110.17 Maio 719.99 --- --- 101.33 112.86 Junho 691.52 --- --- 102.22 111.62 Julho 698.17 --- --- 102.20 113.78 Agosto 725.63 --- --- 101.51 102.43 Setembro 752.34 --- --- 100.51 104.22 Outubro 767.36 --- --- 99.54 103.85 Novembro 766.05 --- --- 100.56 99.54 Dezembro 731.35 --- --- 101.95 104.24 2001 Janeiro 699.09 717.15 2.58 103.26 103.20 Fevereiro 711.68 720.72 1.27 102.68 102.37 Março 721.23 726.77 0.77 102.33 102.17 Abril 735.38 733.16 -0.30 101.84 104.08 Maio 750.35 740.21 -1.35 101.30 103.25 Junho 768.82 709.72 -7.69 100.60 106.09 Julho 762.12 768.74 0.87 100.96 103.68 Agosto 728.44 735.10 0.91 102.36 108.88 Setembro 719.96 722.47 0.35 103.07 108.75 Outubro 724.09 727.02 0.40 103.14 108.60 Novembro 738.44 738.71 0.04 102.51 101.75 Dezembro 735.05 739.17 0.56 102.60 98.78 2002 Janeiro 743.00 731.25 -1.58 102.48 102.39 Fevereiro 758.42 731.25 -3.58 101.70 103.03 Março 751.04 736.25 -1.97 102.26 103.88 Abril 731.20 733.75 0.35 104.33 107.24 Maio 717.41 738.21 2.90 103.86 107.36 Junho 688.29 716.31 4.07 105.20 111.42 Julho 662.50 678.70 2.45 106.33

---Fontes: Agência do BCEAO na Guiné-Bissau, Fundo Monetário Internacional e cálculos do BP.

ITCE 1 (base 100: Maio de 1997) 1994 1990 1991 1992 1993 1995 1996 1997

XOF/USD (GWP/USD até Abril de 1997)

2001 2000 1998 1999

Área: 799 380 Km2

Capital: Maputo

MOÇAMBIQUE

MOÇAMBIQUE

1. SÍNTESE

A economia moçambicana em 2001 foi marcada de forma positiva pelo retomar de níveis elevados de crescimento, na sequência do primeiro ano de funcionamento efectivo da fundição de alumínio Mozal, da recuperação de alguma produção agrícola e dos fortes ritmos de investimento (com repercussões também no sector da construção).

Contribuíram ainda para o clima favorável registado no ano passado a obtenção do ponto de conclusão da Iniciativa HIPC reforçada, o que irá permitir uma poupança adicional de 600 milhões de USD em serviço de dívida, e a finalização da terceira revisão do acordo com o FMI ao abrigo da PRGF, dando acesso a um novo desembolso de cerca de 10.5 milhões de USD.

Os reflexos positivos fizeram-se sentir sobretudo na taxa de crescimento real do produto interno, que acelerou de forma significativa para 13.9%, valor que não se registava desde 1993 e que assume alguma importância num contexto pouco favorável tanto a nível internacional (abrandamento económico global) como regional (dificuldades sentidas pela África do Sul e pelo Zimbabué).

O impacto da Mozal traduziu-se também ao nível das contas externas pela melhoria dos saldos comercial e corrente. A forte subida das exportações (principalmente de alumínio) fez reduzir drasticamente o défice comercial e determinou a diminuição do défice corrente, apesar das evoluções desfavoráveis das suas restantes componentes.

Quadro I

Principais Indicadores Económicos 1999 2000 2001 2002

Est. Prog. PIB real(t.v. anual) 7.5 1.6 13.9 9.0 Inflação(t.v. média) 2.0 12.2 9.1 16.6 Massa monetária(t.v.a.) 35.1 42.4 29.7 19.2 Saldo Bal. Corrente(% PIB) -17.5 -12.3 -10.4 -28.9 Saldo orçamental(% PIB) -1.5 -4.5 -4.9 -7.7 Dívida externa(% PIB) 137.9 131.8 134.7 --

As principais dificuldades fizeram-se sentir na esfera monetária, com a forte expansão dos meios de pagamento. A taxa de crescimento da massa monetária, que se manteve acima dos 40% em termos homólogos até Outubro, reflectiu-se na desvalorização acentuada do metical face ao dólar norte-americano, acabando por arrastar os níveis de inflação para valores muito elevados (21.9% em termos homólogos no final de 2001). Estas evoluções levaram as autoridades a adoptar um carácter mais restritivo na política monetária, conseguindo inverter aquelas tendências. O banco central debateu-se ainda com problemas no sector bancário, com as complicações surgidas no processo de recapitalização de um banco comercial, que obrigou à sua intervenção. Como consequência, foi reforçada a supervisão bancária (agora feita também em base consolidada) e aumentado o montante mínimo de capital próprio para a constituição de instituições financeiras. As contas públicas denotaram uma evolução algo negativa ao longo de 2001. O reforço substancial dos donativos e a arrecadação acima do programado de receitas fiscais não foram suficientes para compensar as pressões sobre a despesa, pelo que o saldo global evidenciou algum agravamento do seu peso no PIB, chegando aos 4.9% no final de Dezembro.

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2. PROCURA, PRODUÇÃO E PREÇOS

Após um ano de 2000 de fraco crescimento económico, na sequência das calamidades naturais que assolaram o país, 2001 caracterizou-se pela retoma de níveis elevados de actividade económica. O produto interno moçambicano apresentou no final de 2001 um ritmo de crescimento bastante vigoroso, atingindo uma taxa de variação real de 13.9%, a mais elevada desde 1993.

Para este comportamento contribuíram diversos factores, com destaque para a recuperação da produção agrícola (mais significativa nos sectores do açúcar, algodão e milho, apesar das cheias do início do ano), para a actividade de construção (ainda centrada na recuperação de infra-estruturas danificadas em 2000) e, principalmente, para o primeiro ano de laboração efectiva da fundição de alumínio Mozal. Estima-se em 30% o impacto total deste mega-projecto na evolução do produto interno em 2001, sendo o principal contributo para a dinâmica apresentada pela indústria transformadora. Quadro II Decomposição do PIB (em percentagem) 1998 1999 2000 2001 Est. Est. Sector Primário 30.2 27.9 22.3 20.8 Sector Secundário 21.5 21.8 22.7 24.8 Sector Terciário 41.8 42.9 47.4 46.9 PIBpm 100.0 100.0 100.0 100.0 Consumo 93.2 90.8 88.1 74.9 Privado 10.4 12.2 12.9 10.7 Público 82.7 78.5 75.3 64.2 Investimento 24.2 36.9 39.6 41.6 Exportações (1) 10.5 10.1 12.3 21.9 Importações (1) 27.9 37.8 40.0 38.5 (1) Bens e Serviços Gráfico I 4.9 -0.8 19.3 7.5 1.4 6.2 11.1 12.6 7.5 1.6 13.9 9.0 -3 0 3 6 9 12 15 18 21 24 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

(taxa de variação anual em percentagem)

(est.) PIB Real (1991 - 2002)

(est.) (prog.)

Como reflexo do comportamento patenteado pela indústria transformadora e pela construção, o sector secundário viu reforçado o seu peso no PIB, prosseguindo a tendência dos últimos anos. Apesar de ter registado uma forte subida, o sector terciário acabou por perder alguma importância em termos relativos, vendo ligeiramente reduzida a sua contribuição para o produto interno.

Em termos da despesa, a evolução do produto interno de Moçambique teve principalmente por base o crescimento dos níveis de investimento (que rondou os 33%, tanto de origem privada como pública) e na dinâmica das exportações (estas maioritariamente ligadas à produção de alumínio da fundição Mozal, que se destina quase exclusivamente ao mercado exportador). Note-se ainda que o aumento verificado no valor das importações reflecte apenas a desvalorização do metical face ao dólar norte-americano, dado que se registou uma redução do volume de produtos oriundos do exterior. A consequente subida do preço das importações teve reflexos importantes nos preços internos, a partir do segundo semestre de 2001, tendo sido agravada pelos aumentos não esperados de alguns preços administrados.

Gráfico II -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 2000 2001 2002

IPC - Maputo (2000 - 2002)

(variação mensal em percentagem)

Gráfico III -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 T. v. homóloga T. v. média 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 IPC - Maputo (1992 - 2002)

(variação mensal em percentagem)

2001 2002 Abril Gráfico IV -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 J M M J S N J M M J S N J M M J S N J M M J S N J M M J S N J M M J S N T. v. homóloga T. v. média IPC - Maputo (1997 - 2002)

(variação mensal em percentagem)

1997 1998 1999 2000 2001 2002

A inflação disparou então a partir de Julho, chegando aos 21.9% em termos homólogos no final de 2001. Em termos de produtos, a classe alimentação, bebidas e tabaco foi a que mais contribuiu para o crescimento dos preços ao longo do ano (aumento de 26.9%), logo seguida de vestuário e calçado (19.2%) e de transportes e comunicações (18.9%). Na génese deste comportamento do nível de preços estiveram as dificuldades de controlo da expansão monetária, que se começaram a

sentir desde 2000 e que acabaram por ter repercussões mais fortes ao longo de 2001, agravadas pelo aumento de alguns preços administrados no quarto trimestre do ano. As estimativas elaboradas para 2002 apontam para novo vigoroso crescimento do produto, prevendo-se um aumento real de 9% no final do ano. Na sequência das tendências de 2001, o comportamento do produto em 2002 voltará a ser dinamizado pelas actividades agrícola e industrial. Na óptica da despesa, o principal motor do crescimento económico em 2002 deverá ser novamente o investimento, sobretudo privado, com destaque para elevados níveis de investimento directo estrangeiro.

Em termos gerais, o programa económico delineado para 2002 pretende impulsionar o crescimento e fomentar a orientação da despesa para as áreas prioritárias de redução da pobreza. Por forma a assegurar a estabilidade macro-económica, proteger as classes mais vulneráveis e retomar as directrizes traçadas no programa de redução de pobreza, o principal objectivo da política económica de 2002 será a redução da taxa de inflação, procurando conter o crescimento dos preços nos 8% no final do ano (em termos homólogos). Para tal, as autoridades moçambicanas contarão com medidas de índole orçamental (contendo a massa salarial da administração pública e os gastos em bens e serviços) e na esfera monetária (procurando limitar o aumento da massa monetária à acomodação das necessidades de crédito por parte do sector privado). Através de uma mais estreita coordenação entre o banco central e o tesouro, as autoridades procurarão melhorar a gestão de liquidez do sistema.

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3. CONTAS EXTERNAS

A evolução das contas externas em 2001 foi determinada pelo comportamento favorável da balança comercial. A quase duplicação do valor das exportações, conjugada com a manutenção do nível de importações, resultou numa redução substancial no défice da balança comercial (que atingiu 9.2 p.p em relação ao seu peso no PIB, fixando-se -11.3% no final de 2001). O primeiro ano de laboração efectiva da fundição de alumínio Mozal foi o grande responsável por aquele crescimento, o qual beneficiou ainda da retoma de alguma produção agrícola de cariz exportador (açúcar e castanha de cajú, entre outras), tendo inclusivamente atingido valores superiores ao programado.

As restantes componentes da balança corrente evoluíram negativamente. O défice da balança de serviços e rendimentos deteriorou-se em 5.7 p.p., em relação ao peso no PIB, conjugando quebras nas receitas de transportes e remessas de emigrantes com aumentos das saídas relativas a lucros e dividendos e a serviços da Mozal. O volume de transferências oficiais registou alguma redução ao longo de 2001 (1.6 p.p., em relação ao peso no PIB), essencialmente nas ligadas à ajuda de emergência e ao apoio ao comércio.

A balança corrente acabou assim por evidenciar alguma melhoria, registando um défice de 10.4% do PIB em Dezembro de 2001, o que constitui uma redução de 1.9 p.p. face ao final do ano anterior. Estes valores são mais favoráveis que os programados, com a redução do défice comercial a superar o esperado e a diminuição das transferências a ficar aquém do previsto. Gráfico V 0% 20% 40% 60% 80% 100% 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 0 100 200 300 400 500 600 700 800

África do Sul Espanha E.U.A. Japão Portugal Outros Total

Exportações de Mercadorias (1992 - 2001)

(Destinos em percentagem, total em milhões de USD)

Gráfico VI 0% 20% 40% 60% 80% 100% 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 0 200 400 600 800 1000 1200 1400

África do Sul França E.U.A. Japão Portugal Outros Total

(Destinos em percentagem, total em milhões de USD) Importações de Mercadorias (1992 - 2001)

A significativa redução de novos desembolsos em 2001 reflectiu-se na deterioração do saldo da balança de capitais e financeira, tendo inclusivamente passado a deficitária. O agravamento daquele saldo ficou ainda assim abaixo do programado, na sequência do aumento não previsto do investimento directo estrangeiro. O défice da balança global acabou por subir mais uma vez, chegando aos 11.5% do PIB (+2.4 p.p. que em 2000), tendo o seu financiamento ficado novamente a cargo do alívio de dívida.

Em Setembro de 2001, Moçambique atingiu o ponto de conclusão da Iniciativa HIPC reforçada, acedendo a um alívio adicional da dívida externa de 600 milhões de USD. Considerando a assistência já garantida na HIPC original, a redução total acumulada do serviço de dívida chegará aos 3.8 mil milhões de USD.

Gráfico VII -40 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Bal.Corrente Bal.Global Bal.comercial Bal.Serv.Rend. (prog.)

(Saldos, em percentagem do PIB) Balança de Pagamentos (1994 - 2002)

(est.) Gráfico VIII 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 0% 40% 80% 120% 160% 200% 240% 280% Curto Prazo M-L Prazo - Bilaterais M-L Prazo - Multilaterais em % do PIB (est.) Dívida Externa (1994 - 2001) (est.)

Para determinar a obtenção do ponto de conclusão, o FMI e o Banco Mundial consideraram que Moçambique tinha atingido as metas traçadas no ponto de decisão: elaboração de um Poverty

Reduction Strategy Paper completo

(aprovado em Abril de 2001, oficialmente designado de Programa de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta); continuação da implementação de políticas estruturais e macro-económicas ao abrigo de um programa do FMI (foi concluída também em Setembro daquele ano a terceira revisão do acordo Poverty Reduction and Growth

Facility, permitindo o acesso a novos

desembolsos num total de 10.5 mil milhões de USD em meados de 2002); e, fortalecimento de políticas-chave nos domínios social, estrutural e institucional (nos sectores da saúde, educação e gestão pública).

O aumento substancial do volume de importações previstas para 2002 condicionará a evolução das contas externas no corrente ano. Os novos investimentos previstos para os próximos anos (que incluem já para 2002 o início da instalação da Mozal II, que se destina a duplicar a capacidade da fundição), apesar da prevista manutenção da procura externa de alumínio, acarretarão elevadas necessidades de produtos e equipamentos oriundos do exterior, arrastando o défice comercial para valores bastante elevados (27.3% do PIB). O saldo corrente deverá repercutir o agravamento comercial, com o défice a quase triplicar o seu peso no produto interno, chegando aos 28.9%. Para esta evolução concorrerão ainda o aumento previsto do défice da balança de serviços e rendimentos (+1 p.p.) e a redução das transferências oficiais (-1.6 p.p.).

Ao invés, a balança de capitais e financeira deverá apresentar uma melhoria bastante significativa (passando de um défice de 1.1% do PIB em 2001 para um saldo positivo de 29% no final do corrente ano), decorrente das previsões de fortes entradas de capitais do exterior (não só do acesso a novos desembolsos como também do impulso que se espera no investimento directo estrangeiro) e da redução do volume de amortizações programadas.

A verificarem-se estas estimativas, a balança global deverá apresentar no final de 2002 um pequeno saldo positivo (0.2% do PIB), no que constituirá uma clara inversão da tendência dos últimos anos.

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4. FINANÇAS PÚBLICAS

As contas públicas registaram algum agravamento em 2001, embora muito aquém do programado. O défice global do sector público ficou nos 4.9% do PIB no final do ano, o que corresponde a um aumento de 0.4 p.p. face aos valores da execução anterior. Este resultado foi, no entanto, bastante mais favorável que o inicialmente previsto, que apontava para um défice na ordem dos 8.3% do produto interno.

A pressão sobre as despesas públicas (que já constava do programa, mas que se mostrou sobrevalorizada) decorreu das despesas de reconstrução ainda ligadas às cheias de 2000, dos encargos com o sector social decorrentes do programa de redução de pobreza ao abrigo da HIPC, dos aumentos salariais transversais na administração pública (de 17%, efectuados em Abril de 2001) e dos custos com a recapitalização de um banco comercial.

QUADRO III

Operações Financeiras do Estado (em percentagem do PIB)

2000 2001 2002 Est. Orç. Donativos 11.6 12.9 9.3 Receitas correntes 12.7 12.9 11.8 Receitas não-tributárias 1.0 1.4 1.1 Receitas tributárias 11.6 11.5 10.6 Imp. s/ rendimento 1.7 2.0 1.7 Imp. s/ consumo 7.4 7.2 6.4

Imp. s/ comércio intern. 2.2 2.0 2.2

Empréstimos Líquidos 1.8 3.1 2.9 Despesas de capital 13.3 14.0 12.1 Despesas correntes 13.3 14.0 13.7 Com o Pessoal 6.5 6.6 6.3 Bens e Serviços 3.8 3.9 3.3 Transferências 2.8 3.0 2.9 Juros programados 0.2 0.6 1.2 Saldo corrente -0.6 -1.2 -2.0

Saldo global (compromissos) -4.5 -4.9 -7.7

Gráfico IX -25 -20 -15 -10 -5 0 5 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Corrente Global Corrente s/ juros Global s/ donativos

(est.)

(Saldos, em percentagem do PIB)

Finanças Públicas (1994 - 2002)

(orç.)

As despesas totais acabaram por se fixar nos 31.1% do PIB, +2.3 p.p. que em 2000, principalmente como reflexo do crescimento de 1.3 p.p. dos empréstimos líquidos (associados aos custos de recapitalização). O aumento daquela rubrica ficou, no entanto abaixo do esperado (em cerca de 20%), uma vez que, em lugar de uma emissão única das obrigações de recapitalização do Banco Austral, se procedeu de forma faseada (duas tranches, em Dezembro de 2001 e Março de 2002).

O bom nível de arrecadação de receitas conseguida ao longo de 2001 mitigou o efeito do crescimento das despesas. A execução orçamental revela um aumento significativo (mais de 20% acima do programado) do volume cobrado de impostos sobre o rendimento, de impostos sobre o comércio internacional e de receitas não-tributárias, conjugando efeitos da desvalorização do metical e do aumento da cobertura do sistema tributário. O importante (e esperado) reforço de donativos, na ordem dos 1.3 p.p. em relação ao peso no PIB, acabou por ser o principal responsável pelo incremento registado nas receitas totais. Estas atingiram 26.2% do PIB no final do ano, correspondendo a uma subida de 1.9 p.p. em relação a 2000.

Gráfico X 0 5 10 15 20 25 30 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Donativos Tributárias Não-tributárias

(est.) (orç.) Receitas Públicas (1994 - 2002)

(em percentagem do PIB)

Gráfico XI 0 5 10 15 20 25 30 35 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Investimento Pessoal Bens e Serviços Juros prog. Transf.

(est.) (orç.)

não desagreg.

não desag.

não desag.

Despesas Públicas (1994 - 2002)

(em percentagem do PIB)

Uma vez mais, o financiamento do défice ficou principalmente a cargo do acesso a desembolsos externos. No entanto, as autoridades reforçaram o uso do sistema bancário interno para completar as suas necessidades de financiamento, com este recurso representar já cerca de 38% do total. A estrutura orçamental moçambicana tem vindo a apresentar uma tendência vincada para a degradação do saldo corrente. Este saldo, que tem vindo a demonstrar uma trajectória descendente desde 1996, atingiu -1.2% do PIB no final de 2001. Esta evolução denota a necessidade de introduzir algumas reformas do sistema tributário moçambicano, nomeadamente nos impostos sobre o rendimento (foi submetido ao parlamento o projecto da nova lei de base do sistema tributário, que deverá produzir resultados sobre os rendimentos de 2003).

O orçamento para 2002 antevê uma deterioração significativa das contas públicas, com estimativas para o défice global que atingem os 7.7% do PIB, o que representa um agravamento de 2.8 p.p. face a 2001. Para este aumento do défice concorrerão sobretudo a redução prevista dos donativos (em 3.6 p.p.) e a subida dos juros programados (em 0.6 p.p.). O crescimento destas despesas decorrerá do fim do período de deferimento concedido pelo Clube de Paris na sequência das cheias e dos encargos com as obrigações de recapitalização emitidas em 2001 e 2002. Num quadro de consolidação orçamental, a prevista diminuição do peso das despesas no produto interno deverá fazer-se, sobretudo através das despesas de capital (na sequência da finalização da reconstrução das infra-estruturas danificadas pelas cheias). Esperam-se ainda poupanças ao nível de algumas despesas correntes, em particular na massa salarial (de 0.3 p.p., ainda assim acomodando um aumento generalizado de salários de 11.7%, as actualizações automáticas ao abrigo do novo sistema de carreiras e a contratação de professores e de pessoal para o sector da saúde prevista no programa de redução de pobreza) e nas despesas em bens e serviços (de 0.6 p.p., nas áreas consideradas não prioritárias).

As receitas deverão também ver reduzido o seu peso no produto interno, repercutindo principalmente a quebra referida nos donativos e a diminuição estimada do peso dos impostos sobre o consumo (avaliada em 0.8 p.p.). A expansão da rede do sistema tributário em Maputo e na Beira realizada em 2001 deverá produzir alguns ganhos na arrecadação.

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5. SITUAÇÃO MONETÁRIA, FINANCEIRA E CAMBIAL

As dificuldades em controlar a massa monetária foram novamente sentidas em 2001, a qual foi pressionada pela acumulação de activos líquidos sobre o exterior (com um impacto expansionista de 20.9%) e pela procura de crédito por parte do sector privado (responsável pelo crescimento de 15.5% da liquidez). O crescimento dos meios de pagamento manteve-se acima dos 40% (em termos homólogos) até Outubro de 2001, altura em que se começaram a fazer sentir os efeitos das medidas tomadas pelo banco central. A elevada depreciação do metical e o disparar da inflação levaram o banco central a adoptar medidas restritivas: subida do coeficiente de reservas de caixa, redução do seu período de constituição e introdução de penalizações automáticas e progressivas para os incumpridores; aumento da frequência das suas operações no mercado interbancário, com o consequente incremento do montante emitido de Bilhetes do Tesouro; subida das taxas directoras; e, intensificação das suas operações no mercado cambial interbancário.

Como resultado daquele conjunto de medidas, a massa monetária inverteu a trajectória ascendente, tendo acabado o ano registando um crescimento de 29.7% face aos valores de final de 2000. O ritmo de desvalorização da moeda nacional face ao dólar norte-americano abrandou também significativamente e atenuou-se a apetência por moeda estrangeira (patente na redução da cadência de constituição de depósitos em moeda estrangeira). Gráfico XII -20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 1996 1997 1998 1999 2000 2001 (est.) 2002 (prog.) Activos Líq. s/ Exterior Crédito Interno Líquido Outros Activos Líq.

Factores de Variação da Liquidez (1996-2002)

(variações em % do stock inicial da massa monetária)

Gráfico XIII 0 10 20 30 40 50 60 70 80 1996 1997 1998 1999 2000 2001e 2002p Circulação Dep. à ordem Quase-moeda Massa monetária

Meios de Pagamento (1996 - 2002)

(taxas de variação homóloga)

A forte expansão monetária de 2001 acabou por ter reflexos na procura de moeda nacional como reserva de valor, como fica patente pela contínua quebra do peso da circulação na massa monetária (de 30% em 1996, representava apenas cerca de 16% em 2001) e no crescimento da percentagem dos depósitos em moeda estrangeira nos depósitos totais (que no final de 2001 chegava a 66%, embora com tendência para alguma redução tendo em conta as medidas entretanto tomadas pela autoridade monetária).

O aumento do coeficiente de reservas, e o consequente crescimento da base monetária, mais do que compensou a diminuição da preferência pela liquidez, pelo que o multiplicador monetário registou alguma redução em 2001, invertendo a tendência dos últimos anos.

Gráfico XIV 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 Mercado oficial Mercado paralelo 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999

Taxa de Câmbio MZM/USD (1990 - 2002)

(médias trimestrais) 2000 2001 2002 Gráfico XV 0 20 40 60 80 100 120 Nominal Real (apreciação: +; depreciação: -)

Taxa de Câmbio Efectiva (1990 - 2002)

(índices base 100: 1990, médias trimestrais)

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

O ano de 2001 foi ainda marcado pelas dificuldades sentidas no processo de recapitalização do Banco Austral, causadas pela retirada do investidor privado em Abril. O banco central, procurando evitar o risco sistémico, resolveu intervir, assumindo interinamente a sua administração. O caso foi resolvido com a revenda da instituição em Dezembro a um banco sul-africano. Este processo contribuiu para o reforço da supervisão bancária, incluindo a introdução de regulamentação mais restritiva sobre os empréstimos bancários aos accionistas das instituições e o desenvolvimento da supervisão em base consolidada, agregando as instituições relacionadas. O Banco de Moçambique aproveitou ainda para aumentar significativamente o montante mínimo de capital próprio exigido na constituição de instituições financeiras.

O principal objectivo da política monetária

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