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SÃO TOMÉ

E PRÍNCIPE

E PRÍNCIPE

1. SÍNTESE

A actividade económica de São Tomé e Príncipe evoluiu de forma positiva, seguindo a boa prestação do sector agrícola (confirmando assim a tendência verificada nos últimos anos). As primeiras estimativas apontam para um crescimento económico de 4% em 2001, que compara com 3% no ano anterior. A taxa de inflação média baixou para os 9.2%, mas ficou aquém do que estava programado (6.9%). A posição externa do país registou uma melhoria, com uma diminuição do défice corrente externo de 24.2% do PIB em 2000 para 10.5% do PIB em 2001, tendo sido essencialmente conseguida através da entrada de fundos extraordinários relativos ao sector petrolífero.

Não obstante, ocorreram incumprimentos de algumas das metas acordadas com o FMI e o Banco Mundial. 2001 foi o segundo ano de implementação do programa económico elaborado ao abrigo da Facilidade de Redução da Pobreza e Crescimento (PRGF), apoiado pelo Fundo. No entanto, nesse mesmo ano, derrapagens nas contas públicas, atrasos nas reformas estruturais e problemas governativos (associados em grande parte aos desenvolvimentos no sector petrolífero) levaram ao não cumprimento dos objectivos do programa.

A implementação das políticas deteriorou-se substancialmente em 2001. Apesar da forte mobilização de receitas, os excessos cometidos ao nível da despesa pública levaram a uma diminuição do saldo primário público para os –7.4% do PIB (+2.1% em 2000). Os atrasos nas reformas estruturais também são fonte de preocupação, dado que quase nenhum dos objectivos para esta área foi cumprido.

O programa acordado com o FMI em 2002 tem como objectivo corrigir as derrapagens ocorridas em 2001 e restabelecer uma base de partida para a implementação de políticas macro-económicas no ano em curso. Na área orçamental, o programa procura reduzir o défice público de 15% do PIB em 2001 para 4.6% em 2002. Outros objectivos macro-económicos do programa consistem na redução da taxa de inflação homóloga para 7% em 2002 e na diminuição do défice corrente externo (incluindo transferências oficiais) para menos de 1% do PIB em 2002. A política monetária deverá manter o seu teor restritivo, o que se deverá traduzir num crescimento de 12.3% da massa monetária. Existem, no entanto, alguns factores que podem dificultar uma implementação bem sucedida deste programa, tais como a limitação da capacidade administrativa e a instabilidade política. A possibilidade de um aumento substancial em 2002 da entrada de capitais no país relacionados com o sector petrolífero poderá colocar problemas às autoridades na gestão das políticas macro-económicas, sobretudo no lado da política monetária. Outro factor problemático é a continuação da excessiva dependência do país relativamente à assistência externa e aos preços internacionais do cacau.

Quadro I

Principais Indicadores Económicos 1999 2000 2001 2002

Est. Est. Prog. PIB real(t.v. anual) 2.5 3.0 4.0 5.0 Inflação(t.v. média) 12.7 12.2 9.2 8.0 Massa monetária(t.v.a.) -2.9 28.7 20.0 12.3 Saldo Bal. Corrente(% PIB) -26.2 -24.2 -10.5 -0.4 Saldo orçamental(% PIB) -25.9 -16.5 -15.0 -4.6 Dívida externa(% PIB) 626.9 648.0 635.5 611.4

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ALOP 2. PROCURA, PRODUÇÃO E PREÇOS

A actividade económica em S. Tomé e Príncipe continuou a recuperar em 2001, apesar dos objectivos para a inflação não terem sido concretizados. Para além de uma melhoria nos termos de troca, a economia beneficiou de uma forte recuperação da produção agrícola de bens alimentares e do dinamismo dos sectores da construção, comércio e turismo, estimando-se uma taxa de crescimento real do PIB na ordem dos 4% em 2001 (3% em 2000).

A componente mais dinâmica da despesa tem sido o investimento, que registou um forte crescimento nos últimos anos. Em 2001, esta classe da despesa aumentou, em termos nominais, cerca de 31%. A expansão foi mais acentuada no investimento público, onde as despesas produtivas ficaram 45% acima do valor registado em 2000. Em consequência, a construção foi um dos sectores que mais beneficiou do aumento na taxa de implementação do programa de investimento público durante 2001. O consumo assistiu também a uma melhoria em termos nominais, embora perdendo peso

no conjunto das despesas. Em relação à procura externa, as estimativas apresentadas para as exportações de bens, dada a sua maior importância relativa, indiciam um aumento das exportações totais.

Gráfico I 1.2 0.7 1.1 2.2 2.0 1.5 1.0 2.5 2.5 3.0 4.0 5.0 0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 (proj.) (est.)

(taxa de variação anual em percentagem)

PIB Real (1991 - 2002)

Apesar do abrandamento da taxa de crescimento dos preços no consumidor evidenciado durante 2001, a taxa de inflação homóloga não conseguiu atingir no final do ano o valor programado. A taxa de inflação homóloga registou, no final do ano, 9.4%, o que compara com um objectivo de 5%. A combinação de aumentos dos preços dos produtos petrolíferos e da depreciação da dobra face ao USD condicionou a redução da inflação nesse ano.

Gráfico II 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 J F M A M J J A S O N D 1999 2000 2001 2002 IPC - S. Tomé (1999 - 2002)

(variação mensal em percentagem)

Os primeiros dados avançados para 2002 demonstram uma certa aceleração da taxa de inflação média anual, que se situou em Quadro II

Decomposição do PIB (em percentagem)

2000 2001 2002

Est. Est. Proj.

Sector Primário 20.1 --- --- Sector Secundário 17.3 --- --- Sector Terciário 62.6 --- --- PIBpm 100.0 100.0 100.0 Consumo 103.7 98.4 98.0 Investimento 43.5 49.9 45.3 Privado 17.5 16.9 16.9 Público 26.0 33.0 28.4 Exportações (1) 35.3 --- --- Importações (1) 82.4 --- --- (1) Bens e Serviços

Março de 2002 nos 9.5%, acima dos valores para Dezembro de 2001, mas ainda 1.5 p.p. abaixo do valor no mesmo período de 2001. Estes desenvolvimentos reflectem, com algum desfasamento, a degradação das contas públicas evidenciada no último trimestre de 2001. Até ao final do corrente ano, as projecções do FMI esperam a continuação da tendência para a redução da inflação registada em 2001, de forma a atingir o objectivo de 8% expresso no programa. Gráfico III 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 T. v. homóloga T. v. média 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 IPC - S. Tomé (1992 - 2002)

(variação mensal em percentagem)

2000 2001 Gráfico IV 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 J M M J S N J M M J S N J M M J S N J M M J S N J M M J S N J M T. v. homóloga T. v. média IPC - S. Tomé (1997 - 2002)

(variação mensal em percentagem)

1997 1998 1999 2000 2001

O ano de 2001 assistiu também a uma derrapagem no processo de reformas estruturais. Nenhuma das reformas programadas se concretizou, com a excepção das alterações no ajustamento dos preços a retalho dos produtos petrolíferos e a

submissão mensal ao Fundo de estatísticas monetárias.

Num contexto de derrapagens orçamentais e estruturais, bem como de problemas governativos associados à gestão do sector petrolífero, as discussões com o FMI, no âmbito da missão de Janeiro de 2002, centraram-se nas políticas e medidas necessárias para reverter estas derrapagens, restabelecer a credibilidade na implementação da política económica, e assegurar para S. Tomé e Príncipe um desenvolvimento sustentado da economia. Nesse sentido, as autoridades são-tomenses, em colaboração com o FMI, decidiram implementar um Staff-Monitored Program (SMP), com a duração de seis meses, como ponto de partida para a discussão de um novo programa de médio-prazo no âmbito da PRGF.

Para compensar os atrasos na implementação de medidas estruturais, as autoridades são-tomenses adoptaram algumas acções à priori no âmbito do novo programa acordado com o FMI:

- a introdução de um mecanismo de ajustamento dos preços para o fornecimento de água e electricidade; - a implementação de um programa para a

reforma e redução do serviço público; - a aprovação de uma auditoria sobre três

contratos governamentais relacionados com o sector petrolífero.

Para 2002, o SMP prevê uma taxa de crescimento real da economia de 5%, suportada pelo dinamismo dos sectores da construção e do turismo, e pelo prosseguimento das reformas estruturais.

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3. CONTAS EXTERNAS

O ano de 2001 assistiu a uma melhoria significativa nas contas externas. De acordo com as primeiras estimativas, o défice corrente externo (incluindo transferências oficiais) atingiu os USD 5 milhões (10.5% do PIB), que compara com USD 11.2 milhões em 2000 e com uma projecção inicial de USD 10.3 milhões para 2001. Gráfico V -15.6 -16.2 -10.7 2.5 -15.5 -5.8 -6.5 8.0 9.2 -50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Bal.Global Bal.Comercial Bal.Corrente

(SMP)

(Saldos, em percentagem do PIB) Balança de Pagamentos (1994 - 2002)

(est.)

A balança comercial registou uma ligeira melhoria no seu saldo, embora as exportações e as importações tenham ficado aquém do que estava programado. Em termos nominais, as exportações de mercadorias expandiram-se em cerca de 37%, com o cacau, o principal produto de exportação do país, a subir um terço em relação ao valor registado em 2000. As importações contraíram-se em cerca de 15%, em grande parte devido a uma significativa redução das importações de bens de investimento.

No entanto, a melhoria na posição corrente externa reflecte principalmente o aumento das transferências unilaterais, para o qual contribuiu o recebimento de um bónus, não programado, relacionado com o sector petrolífero. A balança de serviços e rendimentos registou uma ligeira

deterioração, em resultado de um aumento significativo dos fretes e seguros.

Gráfico VI 0% 20% 40% 60% 80% 100% 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 0 1 2 3 4 5 6 7 8

Holanda Alemanha Portugal Outros Total

Exportações de Mercadorias (1992 - 2000)

(Destinos em percentagem, total em milhões de USD)

Gráfico VII 0% 20% 40% 60% 80% 100% 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 0 4 8 12 16 20 24 28

Portugal França Japão Angola Bélgica Outros Total

(Destinos em percentagem, total em milhões de USD)

Importações de Mercadorias (1992 - 2000)

Apesar da redução do endividamento externo, causada em grande parte pela quebra dos empréstimos para projectos, a balança de capitais e financeira conseguiu em 2001 atingir um saldo de USD 8.8 milhões, o que representa uma melhoria face aos USD 8.1 milhões registados em 2000. Para este comportamento positivo contribuiu o aumento do investimento directo estrangeiro líquido no mesmo período. A redução evidenciada pelo défice corrente externo contribuiu para que a balança global atingisse, no final do ano, e de acordo com os primeiros dados avançados, um saldo de USD 3,8 milhões (que compara com défice de USD 3 milhões em 2000). Este saldo positivo da balança global permitiu que os fundos provenientes do alívio de dívida

fossem utilizados para financiar a redução do volume de atrasados e para o aumento das reservas oficiais.

Em 2002, o programa acordado com o FMI prevê que a conta corrente externa assista a uma nova melhoria, suportada por um novo aumento das transferências unilaterais, em particular das transferências oficiais. No entanto, a recuperação das importações deverá ultrapassar a retoma das exportações, conduzindo a um agravamento do défice comercial. O saldo positivo da balança global permitirá um novo aumento das reservas oficiais, impulsionado uma vez mais pelo alívio de dívida.

Gráfico VIII 0 50 100 150 200 250 300 350 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 100% 200% 300% 400% 500% 600% 700% 800% em milhões de USD em % do PIB (est.) Dívida Externa (1994 - 2002) (SMP)

A dívida externa do país situou-se, em Dezembro de 2001, nos USD 303.3 milhões, o que corresponde a 635.5% do PIB. Apesar do alívio conseguido, os montantes da dívida permanecem a um nível elevado. O ponto de decisão relativo à HIPC foi atingido em Dezembro de 2000, mas as derrapagens ocorridas em 2001 levaram à necessidade de implementar um novo programa com o FMI, de modo a que o país reúna as condições necessárias para atingir o ponto de conclusão da Iniciativa.

Na área da exploração de petróleo, uma das que terá no futuro mais peso nas contas externas, as autoridades são-tomenses

concluíram em 2001 vários acordos contratuais. Em Fevereiro de 2001, assinaram um tratado internacional com o governo nigeriano estabelecendo uma zona conjunta de desenvolvimento petrolífero. O tratado, que concede 60% das receitas petrolíferas à Nigéria e 40% a S. Tomé e Príncipe, também reconhece os direitos exclusivos da Nigéria sobre uma área de regime especial. O tratado garante a S. Tomé e Príncipe o recebimento de uma compensação por parte da Nigéria, cujo montante está ainda a ser discutido.

No mesmo mês, as autoridades são-tomenses assinaram também dois contratos com a empresa norueguesa PGS, através dos quais lhe concede direitos exclusivos para produzir e comercializar estudos sísmicos na zona económica exclusiva de S. Tomé e Príncipe e na zona de desenvolvimento conjunto, e a opção de primeira escolha em três blocos de licenças. Em Maio de 2001, o governo chegou a acordo com a empresa

U.S.–Nigerian Environmental Remediation Holding Company (ERHC), atribuindo-lhe

uma parte substancial da potencial receita petrolífera de S. Tomé e Príncipe.

A falta de transparência que caracterizou estas negociações e o alegado desvio de potenciais receitas petrolíferas do país originaram sérios problemas governativos. Em Dezembro de 2001, as autoridades solicitaram assistência ao Banco Mundial na área de políticas relativas ao sector petrolífero, incluindo uma análise de custos-benefícios do contrato assinado com a ERHC e um estudo detalhado sobre os procedimentos de negociação dos contratos governamentais assinados em 2001 neste sector.

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ALOP 4. FINANÇAS PÚBLICAS

As contas do sector público são-tomense em 2001 ficaram marcadas pela ocorrência de algumas derrapagens fiscais. Invertendo a tendência decrescente nos últimos cinco anos (em percentagem do PIB), o défice público corrente atingiu 9.3% do PIB em 2001, face a 2.7% no ano anterior.

QUADRO III

Operações Financeiras do Estado (em percentagem do PIB)

2000 2001 2002 (est.) (est.) (SMP) Donativos 28.0 39.2 45.5 Receitas correntes 21.6 22.3 22.5 Receitas não-tributárias 5.6 4.5 4.1 Receitas tributárias 16.1 17.8 18.4 dq: Imp. s/ importações 4.8 4.8 4.9 dq: Imp. s/ exportações 0.1 0.0 0.0 dq: Imp. s/ consumo 5.4 6.2 6.5 Empréstimos Líquidos -0.2 0.4 1.0 Despesas de capital 42.0 44.5 41.4 Despesas correntes 24.3 31.6 30.1 dq: Com o Pessoal 7.8 8.5 8.1 dq: Bens e Serviços 4.1 3.8 4.3 dq: Transferências 2.0 7.3 6.6 dq: Juros programados 6.6 7.8 7.1 Saldo corrente -2.7 -9.3 -7.6

Saldo global (compromissos) -16.5 -15.0 -4.6

Uma melhoria na colecta dos impostos sobre o consumo e na arrecadação de taxas alfandegárias permitiu às autoridades são-tomenses uma mobilização de receitas públicas superior ao que estava projectado para 2000 e 2001. Neste último ano, as receitas governamentais aumentaram em cerca de 41%, ficando 18% acima do valor programado. Os donativos atingiram um crescimento de quase 60%.

Não obstante o bom desempenho das receitas públicas, alguns excessos cometidos do lado das despesas levaram a uma derrapagem na execução do orçamento de 2001. As despesas públicas aumentaram

32% em relação a 2000, o que representa uma subida de 10.3 p.p. do PIB. A assistência intercalar ao abrigo da Iniciativa HIPC fez-se sentir novamente em 2001, possibilitando um aumento substancial das despesas sociais registadas na rubrica das transferências correntes.

O comité criado para controlar e monitorar a despesa social financiada pela HIPC, que foi criado em Janeiro de 2001, reuniu-se várias vezes ao longo do ano para aprovar o financiamento de despesa social, tendo conseguido progressos nesse sentido mais rápidos que o esperado. Estima-se que a despesa social financiada pela HIPC tenha atingido em 2001 cerca de 4% do PIB, o dobro do previsto no programa.

Gráfico IX -80 -70 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Corrente Global Corrente s/ juros Global s/ donativos

(est.) (SMP)

(Saldos, em percentagem do PIB)

Finanças Públicas (1994 - 2002)

(est.)

Outro factor importante por detrás desta derrapagem é o aumento dos encargos salariais, devido a aumentos generalizados nas remunerações do sector público e a atrasos na implementação do programa de reforma e redução da administração pública. O governo são-tomense concedeu um aumento salarial na ordem dos 30% aos trabalhadores da área da saúde e da educação, a ser aplicado a partir de Janeiro de 2001. Decidiu também pagar dois bónus excepcionais transversais, em Fevereiro e Dezembro de 2001. Desta forma, as despesas com pessoal registaram em 2001

um aumento de 25% relativamente ao ano anterior, atingindo cerca de 8.5% do PIB (que compara com uma projecção inicial de 7.5% para 2001). Gráfico X 0 10 20 30 40 50 60 70 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Donativos Tributárias Não-Tributárias

(est.) (SMP) Receitas Públicas (1994 - 2002)

(em percentagem do PIB)

(est.) Gráfico XI 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Capital Pessoal Bens Serv. Juros Transf. Outras

(est.) (SMP) Despesas Públicas (1994 - 2002)

(em percentagem do PIB)

(est.)

Este aumento extraordinário da despesa pública está também relacionado, entre outros factores, com gastos substanciais inerentes ao processo de negociação das fronteiras marítimas com a Nigéria (viagens, despesas legais, entre outros), ao aumento dos custos associados ao consumo de produtos petrolíferos – em resultado do ajustamento em alta dos preços – e a uma indemnização compensatória de cerca de 1% do PIB para a empresa pública de fornecimento de água e electricidade, decorrente dos atrasos no ajustamento das taxas aos custos dos combustíveis. As eleições presidenciais de Julho de 2001 também tiveram um impacto negativo nas contas orçamentais.

Estas despesas extraordinárias foram em parte financiadas pelo pagamento, em Março de 2001, de um bónus, não programado, por parte da empresa norueguesa PGS relativamente à assinatura de um contrato de exploração de petróleo. No final de Outubro de 2001, dos USD 2 milhões recebidos, USD 0.6 milhões tinham sido gastos em despesas de viagens, salários e licenças, ligados em grande parte, mas não exclusivamente, ao sector petrolífero. O governo implementou também projectos de infra-estruturas no valor de USD 0.6 milhões.

As autoridades indicaram como objectivo para o seu programa orçamental de 2002 uma correcção significativa das derrapagens ocorridas em 2001, através da continuação dos esforços para uma forte mobilização de receitas públicas e uma contenção das despesas primárias. O programa acordado com o FMI procura reduzir o défice público de 15% do PIB em 2001 para 4.6% em 2002, com o défice corrente público a registar uma quebra de 1.7 p.p., para 7.6% do PIB.

Para este ano está previsto o desembolso de um único bónus relacionado com o sector petrolífero, a ocorrer durante o quarto trimestre de 2002. No entanto, e apesar das incertezas ligadas às negociações relativamente a este sector, as autoridades são-tomenses indicaram que as receitas da compensação a serem pagas pela Nigéria, os bónus relativos a estas negociações e a assistência financeira poderão vir a ser mais elevadas que as projecções. Nesse caso, estas receitas extraordinárias seriam utilizadas para financiar algumas necessidades prementes que não puderam ser acomodadas no orçamento para 2002.

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5. SITUAÇÃO MONETÁRIA E CAMBIAL

O descontrolo das finanças públicas afectou o desempenho dos agregados monetários durante 2001. A evolução do défice público conduziu a um aumento de 20% no crédito líquido ao SPA, comprometendo as metas acordadas com as instituições de Bretton Woods. Gráfico XII -1200 -1000 -800 -600 -400 -200 0 200 400 1997 1998 1999 2000 2001e 2002p

S.P.A. (líq.) Economia Total

Crédito Interno Total (1997 - 2002)

(taxas de variação homóloga)

Por seu lado, o crédito à economia evidenciou um crescimento de 6% em termos nominais. Deste modo, a quebra esperada para 2001 no crédito interno total não se verificou, registando-se antes um aumento de STD 7.5 mil milhões, chegando a STD 5.2 mil milhões nesse ano.

No entanto, o acesso ao crédito pelo sector privado continua a ser dificultado pelas elevadas taxas de juro activas praticadas pelo sistema bancário, pelas garantias exigidas e pelos processamentos judiciais dos devedores em mora. Do total do crédito concedido durante o último trimestre do ano, o crédito ao comércio ocupa a maior parcela, seguido pelo crédito à habitação e ao consumo, enquanto que o crédito ao sector produtivo representa apenas uma pequena percentagem, o que não deixa de ser preocupante dada a sua importância para o desenvolvimento da economia.

Os activos líquidos sobre o exterior do sistema bancário são-tomense registaram um aumento de cerca de 24%, reflectindo o desembolso da primeira tranche do empréstimo concedido pelo Banco Mundial e o pagamento de um bónus de USD 2 milhões relativo a um contrato petrolífero. Gráfico XIII -20 0 20 40 60 80 100 120 140 1997 1998 1999 2000e 2001e 2002p

Circulação Dep. à ordem Quase-moeda Massa monetária

Meios de Pagamento (1997 - 2002)

(taxas de variação homóloga)

Assim, o agregado M2 subiu 20% em 2001, e deverá crescer a uma taxa de 12% em 2002. Com a assistência externa esperada para o ano corrente, respeitante à mobilização do financiamento projectado pelo Banco Mundial e pelo Banco Africano de Desenvolvimento e à continuação da assistência intercalar no âmbito da Iniciativa HIPC, e com os bónus relacionados com o sector petrolífero, o crédito líquido ao SPA deverá assistir a uma redução significativa, permitindo um aumento significativo do crédito à economia.

O Banco Central de S. Tomé e Príncipe (BCSTP) não voltou a alterar a sua taxa de referência após a descida decidida em Fevereiro de 2001, mantendo-se nos 15.5%. No entanto, após as alterações registadas em Setembro e Outubro de 2000, as taxas de juro das operações activas e passivas dos bancos comerciais permanecem em níveis elevados. O sistema bancário continua a demonstrar alguns receios sobre o impacto

da diminuição das taxas de juro nas suas contas de exploração e alguma insegurança associada à lentidão do sistema judicial são-tomense.

Ao nível do sistema financeiro, o ano de 2001 foi de alguma perturbação, motivada pelo arrastamento da situação do Banco Comercial do Equador (BCE), cuja actividade foi suspensa pelo BCSTP. O BCE é um dos dois bancos comerciais a operar em S. Tomé e Príncipe, e representava, em finais de 2000, pouco mais de metade do crédito bancário concedido e cerca de 40% dos depósitos. Em Novembro de 2001, investidores privados de origem angolana concordaram em recapitalizar e assumir a gestão do BCE. As autoridades assumiram perante o FMI o compromisso de que, no caso do processo de recapitalização falhar, não haver envolvimento financeiro do banco central nem do tesouro.

A potencial recuperação do BCE, proporcionada pela entrada de novos accionistas e a possível entrada no mercado de outros bancos e de uma companhia de seguros, deverão criar uma nova dinâmica no sistema financeiro em 2002. Neste contexto, o BCSTP, com assistência técnica do Fundo, pretende em 2002 reforçar as suas operações de controlo interno e melhorar a sua capacidade de supervisão, de forma a assegurar que os bancos privados cumpram as normas prudenciais. O banco central continua empenhado em mandar elaborar e publicar auditorias externas anuais às suas contas.

O mercado cambial manteve-se relativamente estável ao longo do ano, tendo a dobra acusado uma depreciação acumulada de 5% face ao dólar norte-americano ao

longo de 2001. Durante 2000 e 2001, o BCSTP desviou-se em algumas ocasiões da actual regra de cálculo da taxa de câmbio

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