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2 MELHORIA CONTÍNUA DA PRODUÇÃO

2.6 Habilidades para a Melhoria Contínua da Produção

Nesta seção são tratadas as habilidades devido à sua aplicação dentro da abordagem para melhoria contínua da produção. O tema habilidades foi tratado aqui como sendo comportamentos básicos que as organizações necessitam desenvolver para sustentar as boas práticas da melhoria contínua.

vantagem competitiva sustentável para as organizações, considerando que a evolução das melhorias do produto seguem freqüentemente as trajetórias previstas, inovações revolucionárias envolvem saltos inesperados de criatividade e de introspecção (MASCITELLI, 2000). A proposta deste autor é que inovações revolucionárias resultem do aproveitamento do conhecimento tácito dotado por indivíduos e times de projeto, sendo apresentado como objetivo deste, explorar a natureza da inovação revolucionária e sugerir métodos pelos quais esta capacidade vital possa ser ampliada entre indivíduos e organizações.

A habilidade para criar novas e valiosas revoluções oferece às empresas uma clara vantagem competitiva, embora tais pensamentos originais possam manifestar-se de várias maneiras, sua fonte é sempre a mesma: o poder criativo da mente humana (MASCITELLI, 1993). Esse autor destaca o papel do conhecimento tácito na inovação revolucionária, a natureza do conhecimento tácito e a importância estratégica do mesmo.

MASCITELLI (2000) manifesta que está somente começando entender o papel do conhecimento tácito no contexto da inovação revolucionária, mas ainda podem ser propostas muitas implicações: a) se um dos mais valiosos recursos que é o conhecimento, está na cabeça dos empregados, os gerentes não devem economizar esforços para proteger a riqueza desse conhecimento contra os concorrentes; b) os gerentes inspiram o compromisso emocional e envolvimento do grupo, que é um catalizador para a inovação revolucionária; c) há fortes indicações que inovação revolucionária pode ser facilitada através do envolvimento físico com objetos tangíveis, tais como modelos, mock-ups e protótipos; d) interação do cara- a-cara entre os membros do time de projeto podem ser uma importante vantagem na busca pela inovação revolucionária.

BESSANT et al. (2000) apresentam as rotinas para melhoria contínua, identificando na experiência relatada por várias empresas, que os desapontamentos e falhas com os programas de melhoria contínua ocorreram em função de uma carência de

entendimento da dimensão comportamental.

As habilidades e normas comportamentais propostas por CAFFYN (1999) estão apresentadas no Quadro 2.2, sendo que na primeira coluna são apresentadas as habilidades básicas que uma organização deve possuir para ser capaz de promover a boa prática da melhoria contínua. E na segunda coluna estão as normas comportamentais relacionadas a cada uma das habilidades básicas, sendo que elas representam os padrões de comportamentos que devem estar presentes na organização para que a empresa passe a possuir a habilidade básica associada à norma comportamental.

HABILIDADES NORMAS COMPORTAMENTAIS

1. Empregados demonstram consciência e entendimento das metas e objetivos da organização.

(A) Habilidades de ligar as atividades de MC em todos os níveis de estratégia

da empresa. 2. Indivíduos e grupos usam as metas e objetivos estratégicos da organização para focar e priorizar suas

atividades de melhoria.

3. Sistema de melhoria é continuamente monitorado e desenvolvido.

(B) Habilidades de gerenciar

estrategicamente o desenvolvimento do sistema de MC dentro das estruturas da organização.

4. A avaliação progressiva assegura que a estrutura e a infra-estrutura da organização e o sistema de MC, consistentemente, reforcem e apóiem a um outro.

5. Gerentes de todos os níveis mostram compromisso ativo e liderança em relação à MC.

(C) Habilidade de gerar envolvimento sustentado em inovação incremental.

6. Participação pró-ativa em melhoria incremental. (D) Habilidade de trabalhar

efetivamente através das divisões internas e externas.

7. Trabalho efetivo por indivíduos e grupos por todos os níveis das divisões internas e externas.

8. Aprendizagem através de experiências próprias e de outros, tanto positiva como negativa.

(E) Habilidade de garantir que a aprendizagem ocorra e seja capturada e

compartilhada em todos os níveis. 9. A organização articula e desdobra a aprendizagem de

indivíduos e grupos. (F) Habilidade de articular, demonstrar

e comunicar os valores da MC.

10. As pessoas vivem os valores da melhoria contínua.

QUADRO 2.2 – Habilidades e normas comportamentais Fonte: CAFFYN (1999)

BESSANT et al. (2000) apresentam uma pesquisa de habilidades de MC no programa CIRCA (Continuous Improvement Research for Competitive Advantage – Pesquisa

de MC para Vantagem Competitiva) com a finalidade de desenvolver uma metodologia básica para implementar e manter a melhoria contínua e uma caixa de ferramentas de recursos para dar suporte a ela. O projeto desta pesquisa teve dois elementos: pesquisa-ação e experiência compartilhada. Foi desenvolvido estudo de caso em 100 empresas, onde o principal objetivo em cada caso foi explorar a experiência de implementação de MC e os dados foram coletados sobre os seguintes temas: caracterização da empresa; história da melhoria contínua; medidas de desempenho; barreiras e facilitadores.

Foram analisados seis casos, e a pesquisa sugeriu que o desenvolvimento e o reforço de comportamentos e rotinas poderiam ser capacitados por uma variedade de idéias: treinamento, estruturas, ferramentas, procedimentos e outros. A metodologia proposta pelos autores basicamente envolveu um processo cíclico feito dos seguintes estágios: diagnóstico através de ferramentas de auditoria desenvolvida sobre o modelo comportamental; visualização, mudanças implementadas e revisão e repetição.

BESSANT et al. (2000) argumentam que melhoria contínua é de considerável importância estratégica, mas que a gestão é pouco entendida. O problema ocorre freqüentemente devido a confusão do próprio termo, visto que melhoria contínua refere-se não somente aos resultados, mas também ao processo através dos quais estes podem ser alcançados.

Uma das questões discutidas trata da melhoria contínua como um ajuste de rotinas para fazer melhor o que já se faz. Mas, uma vez estabelecida essa rotina, pode também contribuir para fazer novas atividades, as rotinas de inovação.

Na visão dos autores MASCITELLI (2000), CAFFYN (1999) e BESSANT et al. (2000), a habilidade no processo de melhoria envolve não só o poder da criatividade da mente humana, mas também meios que as organizações necessitam desenvolver para implementar e manter as boas práticas da melhoria contínua, incluindo o comportamental.