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2 CICLO IDEOLÓGICO DESENVOLVIMENTISMO E AUTOCRACIA BURGUESA

2.1 Notas sobre a ideologia, hegemonia e política na tradição marxista

2.1.2 Hegemonia e Política em Gramsc

Adentrar o pensamento de Gramsci é tarefa tão difícil quanto necessária. Escrita na grande maioria com os cuidados de evitar a censura no cárcere, sua obra se apresenta cifrada e descontínua, passível de interpretações por vezes descoladas dos problemas históricos e da visão de mundo que o autor intencionava aprofundar. Várias de suas categorias foram, nas últimas décadas, incorporadas ao senso comum acadêmico com significados muito diferentes da impostação que caracterizava sua obra. Em décadas de descenso das lutas de massa foram muitas as tentativas de domesticação de seu pensamento. Conceitos como hegemonia e sociedade civil foram esvaziados de seu conteúdo de classe, reinterpretados de forma a distanciar seu pensamento da tradição teórico-política do marxismo revolucionário.

Se passa com o pensamento de Gramsci algo semelhante ao que o próprio autor indicava suceder em seu tempo com a obra marxiana. Uma das questões centrais de Gramsci nos cadernos do cárcere era justamente entender porque a absorção do marxismo pela cultura da época coincidia, paradoxalmente, com seu enfraquecimento na disputa de ideias e projetos na sociedade. A adoção do termo filosofia da práxis, não obstante ter sido motivada pela censura tem, segundo Bianchi (2008, p.60) “um significado teórico-político por meio do qual Gramsci indicava aquilo que caracterizava a filosofia do marxismo e, ao mesmo tempo, a linha sobre a qual ela deveria se desenvolver”. Para Gramsci o sentido das categorias de Marx está na articulação entre estrutura e superestrutura, na forma como a mudança mais lenta e profunda das estruturas sociais se expressa na forma de ideias, da política e da cultura. Em outras palavras, na forma como os seres humanos fazem a sua história não de sua livre escolha, mas sob as condições que lhe

são legadas e transmitidas pelas gerações passadas.

A tarefa de recuperar a criticidade do pensamento de Gramsci exige, segundo Bianchi, buscar a unidade em meio à diversidade de tempos presentes nos cadernos, tentando recompor a evolução diacrônica de suas categorias. Gramsci define-se muito mais como um autor da política do que da cultura. Pode-se, inclusive, dizer que há nos cadernos do cárcere uma subordinação dessa segunda temática à primeira.

Ao estudar os desafios para a tomada do poder político na Itália sob o domínio do capital monopolista, Gramsci renova a concepção marxista do Estado. A exigência de dominar não só pela força faz com que a burguesia opere uma socialização da política desenvolvendo o equilíbrio entre as funções de força e consenso no exercício da dominação, ou seja, pela construção de

hegemonia. O termo sociedade civil, corresponde aqui à ampliação do Estado

para além do uso da coerção, atuando na esfera onde as classes se organizam para defender seus interesses e colocam em disputa projetos societários antagônicos. Ao contrário do uso corrente do termo hoje em dia, em Gramsci, sociedade civil descreve um momento do próprio Estado (sociedade política). Dessa forma não existiria distinção orgânica, mas apenas funcional entre sociedade civil e sociedade política, esta última mais identificada com a função de dominação pela força. Significa dizer que é a dinâmica da sociedade civil, com suas contradições de classe, que determina a ação estatal. As formas que o Estado assume são também “um ato da vontade consciente dos próprios objetivos e não a expressão espontânea, automática do fato econômico” (SADER, 2005, p. 23).

Dessa forma, a atuação da classe dominante deixa de estar ora confinada na determinação econômica pura e simples, ora numa simples expressão da vontade dos governantes. É na sociedade civil que uma classe transforma seu domínio econômico em domínio ético-político, porque é nela também que os interesses das classes subalternas devem ser levados em consideração, ou seja, ela exprime a forma como certos interesses particulares podem ser apresentados como interesses gerais.

A atividade política é entendida aqui como o primeiro momento das superestruturas, como a forma de traduzir na prática dos homens a contradição que emana dos meios de produção. A questão central para Gramsci é a do processo de formação de uma determinada vontade coletiva, questão importante para os dominados, pois reflete tanto o processo pelo qual os interesses burgueses transformam-se em consentimento dos subalternos, quanto a forma como estes elaboram as contradições vividas na forma de um projeto alternativo ao do capital. Trata-se sempre da capacidade das duas grandes classes de formar uma vontade coletiva no meio do povo. Para entender como isso torna-se, ou tornou-se no caso do fascismo, possível é necessária, segundo Bianchi

a análise do conjunto das relações sociais que permitiam o desenvolvimento da vontade social, uma “análise histórica (econômica) da estrutura social do país”. Somente a partir dessa análise seria possível identificar o “campo de possibilidades que as forças relativamente permanentes e contrapostas utilizam, na medida de sua capacidade política em sentido oposto”. (Bianchi, 2008, p. 158)

Os critérios metodológicos para a compreensão da atuação das classes na política são extraídos por Gramsci do Prefácio de 1859. Nele o autor se atém a forma como a contradição que emana dos meios de produção se converte em formas ideológicas, políticas, filosóficas, culturais através das quais os homens tomam ciência do conflito e o levam até o fim. Dessa forma, o autor identifica, segundo Bianchi (2008), uma assincronia entre as mudanças econômicas que advém daquelas contradições e o tempo da política. Daí a importância da noção gramsciana de conjuntura:

no estudo de uma estrutura, devem-se distinguir os movimentos orgânicos (relativamente permanentes) dos movimentos que podem ser chamados de conjuntura (e que se apresentam como ocasionais, imediatos, quase acidentais). Também os fenômenos de conjuntura dependem, certamente, de movimentos orgânicos, mas seu significado não tem um amplo alcance histórico: eles dão lugar a uma crítica política miúda, do dia a dia, que envolve os pequenos

grupos dirigentes e as personalidades imediatamente responsáveis pelo poder. Os fenômenos orgânicos dão lugar à crítica histórico- social, que envolve os grandes agrupamentos, para além das pessoas imediatamente responsáveis e do pessoal dirigente. Quando se estuda um período histórico, revela-se de grande importância essa distinção. (Gramsci, 2011, p. 250)

Esta distinção nos ajuda a situar as diferenças entre a grande e a pequena política. Esta última, fundamental para se entender a ação das classes no Brasil no período ao qual este trabalho se dedica, teria em vista apenas a substituição de uma fração da classe dominante por outra. O termo pequena política, entretanto, não deve ser confundido com a mera aparência da política ou aspecto sem importância para a relação de forças entre as classes. Aquilo que aparece aos dominados como pequena política é expressão da alta política das classes dominantes na necessidade de ocultamento dos antagonismos de classe.

Daí a importância também da distinção em Gramsci entre a “conjuntura, na qual se revela a crise do capital, da situação, o tempo no qual tinha lugar a crise orgânica” (Bianchi, 2008, p. 164). Dessa forma, o autor fornece um antídoto tanto para o economicismo que tende a resumir o conjunto dos fenômenos sociais à um reflexo das mudanças na economia, quanto ao imediatismo da análise, buscando “encontrar na contingência da conjuntura as formas estruturadas e estruturantes que configuram o campo do possível” (idem, p. 165). Novamente, é da análise do Prefácio de 1859 que Gramsci irá extrair os critérios e níveis de análise da realidade.

O primeiro seria aquele relacionado às relações entre forças

vinculadas à estrutura objetiva do desenvolvimento das classes

enquanto posição dada na divisão social do trabalho. Gramsci, entretanto, o considera apenas como o ponto de partida da análise, já que está mais interessado na forma como, a partir desse determinante mais geral as classes se movimentam na luta pela conservação ou transformação do poder vigente. O segundo momento da análise seria, dessa forma, o da relação de

autoconsciência e organização (fatores “subjetivos”) dos vários grupos sociais. Esses dois níveis não são apenas formulados pelo pensamento como instrumento de análise, eles correspondem ao próprio processo de formação da classe, processo anteriormente descrito por Marx como movimento que vai do reconhecimento da classe em si (processo pelo qual a classe se descobre em luta, ainda que imediata e reivindicativa, contra outra classe) para a transformação da classe em classe para si (onde o grupo social se reconhece como projeto alternativo de poder e organização societária).

O terceiro momento, o da relação de forças militares, reflete a passagem “da estrutura à esfera das superestruturas complexas”. Trata-se do momento de conformação da hegemonia de um grupo social fundamental sobre uma série de grupos subordinados (Cf. GRAMSCI, 2011, p. 252 – 254).

As notas de Gramsci sobre Maquiavel representam esse exercício de buscar no marxismo a especificidade do político, buscando traduzir para essa visão de mundo algumas categorias maquiavelianas e, ao mesmo tempo, buscando uma interpretação da obra do pensador florentino coerente com o pensamento marxista. Nesse sentido a noção em Gramsci do partido como príncipe moderno refere-se a esse momento da construção de um grupo social como projeto hegemônico, onde as ideologias gestadas precedentemente transformam-se em “partido”, no sentido de que têm agora de levar em consideração não apenas os interesses econômico-corporativos do grupo social a que se vinculam, mas têm de apresentar-se como portadoras de interesses universais. O Estado, em Gramsci assim como em Lênin (2007), atua como o partido maior da classe dominante, mas em Gramsci essa função inclui sempre a necessidade de apresentar os particularismos de classe como interesses universais o que obriga os dominantes a incluir reivindicações também dos grupos subalternos. Tais incorporações são sempre o resultado contraditório das lutas de classe e da formação de equilíbrios e arranjos de forças instáveis entre classes e frações de classe.

levar em conta os interesses e as tendências dos grupos sobre os quais ela é exercida. É necessário balancear os interesses econômicos com as necessidades da dominação não só pela força, mas também pelo consenso gerando certo equilíbrio de compromisso, o que exige do grupo dirigente certos sacrifícios em seus interesses imediatos de classe. Tais sacrifícios ou reformas na ideologia burguesa têm, contudo, um limite bem determinado. Elas não podem atingir, evidentemente, o núcleo estratégico da dominação. Eis, em Gramsci, os limites objetivos para as diversas tentativas de conciliação dos interesses de classe:

o fato da hegemonia pressupõe indubitavelmente que se deve levar em conta os interesses e as tendências dos grupos sobre os quais a hegemonia será exercida, que se forme um certo equilíbrio de compromisso, isto é, que o grupo dirigente faça sacrifícios de ordem econômico-corporativa; mas é também indubitável que tais sacrifícios e tal compromisso não podem envolver o essencial, dado que, se a hegemonia é ético-política não pode deixar de ser também econômica, não pode deixar de ter seu fundamento na função decisiva que o grupo dirigente exerce no núcleo decisivo da atividade econômica. (Gramsci, 2011, p. 287)

Note-se que a expressão utilizada por Gramsci se refere aos grupos aos quais a hegemonia será estabelecida e não apenas aos “grupos sociais fundamentais”. Em outras palavras, trata-se não somente das classes antagônicas, mas também das diversas outras classes (campesinato, pequena burguesia, etc.) e também das frações e cisões internas das classes. Uma determinada fração de classe deve ser capaz de exercer hegemonia fazendo concessões tanto às classes opositoras quanto aos setores de sua própria classe que participam de forma subordinada do poder de Estado.

Os critérios de análise constitutivos da categoria gramsciana de hegemonia ganham forma ainda mais definida na formulação do conceito de revolução passiva, definido como a forma como um grupo torna-se politicamente dirigente antes de chegar ao controle do aparelho de Estado. As funções de coerção e consenso aparecem aqui como dominação e direção.

Trata-se de determinações constitutivas do Estado moderno que não surgem à época de Gramsci, mas que adquirem um caráter mais nítido a partir da constituição do capital monopolista em uma fase de término da era das revoluções burguesas, na consolidação do modo de produção e do capital monopolista.

O ponto de partida de Gramsci, assim como o de Marx e Engels é a experiência da revolução francesa como parâmetro de comparação. Se essa revolução (assim como a revolução inglesa e norte-americana) constitui um exemplo clássico de transição ao capitalismo, isso não se dá por ser majoritária mesmo na Europa. Ela é clássica porque expõe na sua forma mais pura as determinações políticas e ideológicas da classe que subia ao poder e, mais do que isso, expunha também os limites e contradições da dominação burguesa. A revolução de tipo jacobino aprofundava o sentido histórico das transformações burguesas ao incorporar ao processo revolucionário o campesinato e a nascente classe operária e suas demandas. Os partidários de Robespierre cumpriam a função não apenas de traçar um caminho para o poder burguês, mas de tornar a burguesia politicamente dirigente de toda a sociedade. Entretanto, esse mesmo processo aprofundava as contradições dos ideais burgueses, fazendo com que as massas exigissem que o processo político revolucionário fosse além de suas frases, demonstrando os limites da hegemonia e do universalismo burguês. É este processo que é analisado por Marx em Lutas de Classe em França e no 18 Brumário de Luís Bonaparte.

As novas classes dominantes chegavam rapidamente a um ponto de saturação, fechando o acesso das classes subalternas à política e retornando “à concepção do Estado como pura força”. Atingido esse ponto, a “classe burguesa é saturada: não apenas não assimila novos elementos, mas desassimila uma parte de si própria (ou pelo menos as desassimilações são muito maiores do que as assimilações).” (BIANCHI, 2008, pg. 260)

revolucionário. A maioria dos países da Europa não contou com um partido forte de tipo jacobino que envolvesse as massas na conquista do poder político. Ao contrário, tornaram-se cada vez mais frequentes as alianças com as classes do antigo regime para impedir a entrada em cena das classes subalternas: as concessões que antes sinalizavam o aprofundamento do sentido do progresso histórico (a reforma agrária, a reforma urbana, os direitos sociais, etc.) davam lugar a concessões às classes conservadoras. Esse era, precisamente o caso da transformação burguesa da Itália de Antônio Gramsci.

O conceito de revolução passiva é então uma chave de interpretação importante para entendermos os processos de transição ao capitalismo feitos pelo alto, ou seja, sem a participação e inclusão das demandas das classes dominadas. O termo passivo aqui se refere, portanto, somente aos dominados e não às classes dominantes. A análise da relação entre estrutura e superestrutura assume o caráter de relação entre condições objetivas e subjetivas da dominação de uma classe sobre outra. Os processos de revolução passiva refletem o momento onde os interesses econômico- corporativos (onde subsistem os interesses egoísticos das diversas frações das classes dominantes) impedem o nascimento das condições subjetivas mesmo diante do amadurecimento das condições objetivas da transformação histórica. Daí a centralidade do Estado como instrumento de unidade dos interesses do conjunto da burguesia nesses processos em reação preventiva à entrada em cena das classes populares.

[...] elas exprimem, talvez, o fato histórico da ausência de uma iniciativa popular unitária no desenvolvimento da história italiana, bem como o fato de que o desenvolvimento se verificou como reação das classes dominantes ao subversivismo esporádico, elementar, não orgânico das massas populares, através de “restaurações que acolheram uma certa parte das exigências que vinham de baixo; trata-se, portanto, de “restaurações progressistas” ou “revoluções restaurações”, ou, ainda, “revoluções passivas”. (Gramsci, 2011, p. 319)

A burguesia passa a se adiantar, portanto, ao movimento espontâneo das massas e a atuar para impedir ou atrasar a sua organização como força social autônoma. Daí a importância dos processos de transformismo operados pelo Estado e pelos intelectuais vinculados à classe dominante. Por transformismo Gramsci entende a incorporação de lideranças, intelectuais (“transformismo molecular”) ou mesmo grupos inteiros aos grupos políticos que ocupam o aparelho de Estado ou à ideologia dominante.

O partido forte de tipo jacobino era substituído aqui pela categoria social dos intelectuais. A ideologia passa a cumprir papel determinante no apaziguamento dos conflitos de classe que os processos de tipo clássico despertavam. Também aqui o principal fio condutor da análise gramsciana é a relação necessária entre economia e política, entre determinações estruturais e o movimento pelo qual elas se convertem em fatores subjetivos, em superestrutura. O autor parte da afirmação de Marx na crítica da filosofia do direito de Hegel, segundo a qual as ideias ganham força material sempre que se apoderam das massas para afirmar a ideologia como uma realidade prática. Toda ideologia necessita de certa correspondência com a realidade material e essa correspondência é dada pela forma como as classes incorporam esse conjunto de ideias como orientação à ação ou, dito de outra forma, quando as ideologias se tornam “orgânicas” a determinado grupo social.

Isso é importante porque, partindo dessa concepção, a “ideologia burguesa” deixa de ser entendida como mera falsificação intencional da realidade. O necessário aspecto de encobrimento das contradições sociais presente em toda ideologia burguesa corresponde ao lugar objetivo dessa classe na divisão social do trabalho e no Estado. Dessa forma, mesmo as reformas na ideologia e pensamento dominantes não são simples adaptações com vistas a “ludibriar as massas”, mas correspondem a mudanças concretas na correlação de forças entre as classes e frações de classe na disputa pelo poder.

Segundo Eagleton (1996) a categoria da hegemonia em Gramsci amplia e enriquece a noção de ideologia, fornecendo a esta um corpo material e um

caráter dinâmico relacionado à luta política entre as classes. Contudo, Eagleton assimila, em sua crítica à Gramsci, uma interpretação unilateral do termo hegemonia, relacionada apenas à dominação pela via do convencimento, da disputa de ideias na sociedade civil. Segundo esta interpretação o Estado, enquanto sociedade política seria apenas a esfera voltada à coerção enquanto a sociedade civil seria o terreno da hegemonia.

Com algumas incoerências notáveis, Gramsci associa a hegemonia ao campo da “sociedade civil”, termo com o qual se refere a toda a gama de instituições intermediárias entre o Estado e a economia. As estações de televisão pertencentes à iniciativa privada, a família, o movimento dos escoteiros, a Igreja Metodista, as escolas maternais, a Legião Britânica, o jornal The Sun, todos seriam aparelhos de hegemonia que ligam os indivíduos ao poder dominante através do consentimento, e não da coerção. A coerção, em contraste, fica reservada ao Estado, que detém o monopólio da violência “legítima” (EAGLETON, 1996, p. 197).

Cabe registrar que tal dualidade entre Estado e sociedade civil é estranha à formulação gramsciana acerca da hegemonia. Segundo tal interpretação a esfera da ideologia ficaria restrita à sociedade civil e o uso da coerção (aqui associada somente à violência legítima) à esfera da sociedade política. O próprio Eagleton alerta para o fato de que o uso da coerção necessita obter o consentimento para legitimar-se. O próprio Gramsci também o afirma, mas vai além disso: também o consentimento dos dominados necessita da coerção. Aliás, toda instituição conformadora de consensos, implica também certa coerção de seus membros: os escoteiros (para ficarmos em um dos exemplos mais curiosos listados pelo autor) definem-se por certas normas de comportamento que devem ser não apenas aceitas mas cumpridas pelo conjunto. O não cumprimento de certas regras de comportamento implicaria em formas diferenciadas de punição, na exclusão do grupo ou, no mínimo, numa rejeição por parte deste.

Segundo Bianchi (2008), esse dualismo entre coerção e consentimento,